Capítulo 18

Tinha acordado bem-disposto hoje, isso porque ontem à noite tive uma ideia brilhante. Ok, brilhante era exagero, mas era muito boa.

Fazia duas semanas desde a última eliminação, junto com a expulsão de Naomi. Desde aquele dia andei muito ocupado. Tínhamos conseguido fazer com que nosso prisioneiro falasse, na verdade, ele apenas soltou algumas coisas que juntando ali e aqui nós conseguimos chegar a uma conclusão: Havia um informante no palácio.

Sim, alguém aqui de dentro tinha passado informações privilegiadas, digamos assim, sobre nossa segurança, agenda e atividades. Por isso conseguiram se infiltrar facilmente no festival. Eles sabiam qual era nossa segurança e como dribla-la.

Mas voltando a minha ideia, Mabel e eu iriamos fazer um piquenique hoje de manhã. Com essa correria toda não tivemos muito tempo juntos e isso era péssimo, pelo menos para mim.

Pretendia ir ao seu quarto e chama-la, mas assim que estava no segundo andar vi Mabel no corredor e apresei o passo chegando até ela. Toquei sua mão fazendo com que se virasse e me olhasse.

— Bom dia, — Cumprimentei chamando a atenção — Ma Belle.

— Bom dia. — Vi seu bonito sorriso.

— Estive pensando se você não gostaria de fazer o desjejum comigo. — Convidei enquanto acariciava sua mão.

— Você diz... Só nós dois? — Arqueou uma sobrancelha.

— Só nós dois. — Afirmei beijando sua mão.

— Isso seria ótimo. — Concordou sorrindo mais abertamente.

— Vem! — Chamei puxando Mabel para terminarmos de descer a escada.

Seguimos juntos para fora do palácio. Tinha pedido que duas criadas arrumassem um lindo e gostoso café para nós, à beira do lago.

— Onde estamos indo? — Me olhou curiosa.

— Preparei algo para nós. — Avisei quando já entravamos na pequena trilha que nos levaria ao lago.

Chegamos à clareira e sorri ao ver a toalha xadrez sobre a grama, já com alguma variedade de comidas em cima.

— Piquenique? — Questionou visivelmente surpresa.

— Gosta? — A olhei com expectativa.

— Nunca fiz. — Confessou.

Como assim Mabel nunca tinha feito um piquenique? Era algo tão simples. Já ia questiona-la sobre o motivo quando lembrei que seus pais morreram cedo e que ela tinha sido criada pelos avós, não era como se sobrasse muito tempo para essas coisas.

— Faremos muitos, — Prometi beijando sua testa — Quando tivermos nossos filhos vamos fazer todos os dias. — Completei.

— Todos os dias? — Deu uma risada baixa.

— Nós vamos ser felizes Bel, — Toquei seu rosto carinhosamente — Vou te fazer muito feliz.

— Você já me faz. — Sussurrou inclinando a cabeça para o lado e apreciando mais do toque.

Segurei seu rosto com as duas mãos e colei nossos lábios.

— Agora sim começamos o dia bem. — Brinquei sorrindo e lhe dando um selinho rápido.

— Podemos comer agora? — Sussurrou piscando.

Comilona. — Brinquei mordendo seu nariz.

Peguei sua mão novamente e a puxei até nosso café da manhã. Com cuidado a ajudei a sentar e me acomodei ao seu lado. Mabel olhou toda a comida e pegou um dos bolinhos, dando uma generosa mordida.

Dei uma risada e Mabel me olhou feio com a boca ainda cheia, o que me fazendo rir mais alto.

— Uma lady... — Sussurrei tirando o cabelo do lado do seu pescoço e deixando um beijo ali, aproveitando para dar um cheiro.

— Achei que nós fossemos tomar café. — Mabel comentou e vi que estava toda arrepiada.

As coisas estavam esquentando mais todas as vezes que ficávamos juntos. Isso era perigoso.

— E vamos, — Concordei sentando novamente, mas dessa vez a uma distância segura — É que você fica me distraindo.

— Eu... Claro. — Desdenhou revirando os olhos enquanto mordia mais um pedaço do bolinho.

Dei risada e peguei uma maça. Acabamos comemos um pouco de tudo. Mabel deve ter provado de cada coisa ali, mas eu disfarçava e tentava segurar a risada. Vez ou outra nós trocávamos algum carinho ou rápidos selinhos.

— Satisfeita? — Sorri quando Mabel deixou o copo vazio sobre a toalha.

— Muito, — Confirmou colocando a mão em sua barriga — Até demais.

Dei risada e deitei na grama. Estendi a mão a Mabel que a aceitou rapidamente. A puxei para se deitar e ela apoiou a cabeça em meu braço, que estava servindo de travesseiro. Comecei a acariciar seus cabelos, fazendo cafuné. Fechei os olhos e apenas aproveitei o momento.

— Nós podíamos ficar aqui para sempre. — Sugeri.

— E seus pais, o povo de Thompson? — Lembrou colocando a mão sobre meu peito.

— Sempre tive tantas responsabilidades, mas... — Fiz uma pequena pausa e abri os olhos novamente — Com você elas não tem sentido nenhum. — Confessei.

Nossos olhos estavam presos um no outro e sempre me perdia quando isso acontecia. Segurei seu queixo com cuidado e encostei nossos lábios levemente.

Ma Belle. — Sussurrei enquanto a puxava para perto.

Mabel sentou sobre minhas pernas e automaticamente segurei sua cintura, a acariciando. Devagar ela se inclinou e beijou meus lábios demoradamente, logo se transformando em um daqueles perigosos.

Nossas línguas se enroscavam, claramente testando meu autocontrole. Sem me conter comecei a subir a mão pela sua perna, indo até a coxa.

— Sua pele é tão macia... — Sussurrei.

Minha respiração estava descompassada, mas não tanto quanto meu coração. Ele simplesmente queria saltar.

Precisava respirar um pouco, então desgrudei nossas bocas e a desci ao seu pescoço. O que não foi uma boa ideia, pois seu cheiro me atingiu. Lavanda. Pensei enquanto deixava alguns beijos na região perto do seu ouvido.

Antes que conseguisse pensar direito já estava deitado sobre Mabel. Minha mão ousada foi para a sua perna, acariciando-a enquanto ela colocava as suas dentro da minha camisa, nas costas.

— Temos que parar. — Sussurrou quando nos separamos minimamente.

— Mas não estamos fazendo nada. — Mordi seu lábio.

— Imagina se estivéssemos. — Debochou fazendo com que desse uma risada baixa.

— Se nós estivéssemos fazendo mesmo... — Comecei mordendo seu queixo e descendo a boca até a orelha — Você com certeza não estaria falando agora e sim...

— Alexander! — Repreendeu com o rosto já vermelho.

Dei mais uma risada baixa. Sabia que Mabel ficaria com vergonha e por isso a provoquei. Não que não fosse verdade, estava louco por ela, mas sabia que tinha o momento certo e que não era agora.

— Te quero tanto Ma Belle, — Confessei encarando seus olhos — Para sempre.

— Eu também... Para sempre. — Sussurrou me puxando para mais perto.

Nossos lábios se encontraram novamente, mas dessa vez lentos, sem nenhuma pressa em acabar com aquele momento.

Algum tempo depois ouvimos um pigarro perto de nós. Rapidamente sentamos, ou melhor, Mabel me empurrou, aliás ela estava com essa mania. Ainda lembrava do dia no seu quarto em que Victor nos interrompeu e levei um belo tombo de sua cama.

Olhamos para o lado e vimos Ian e Bianca, que acabavam de chegar à clareira. Eles estavam parados a alguns poucos metros de nós.

— Oi. — Mabel os cumprimentou.

— Não queríamos atrapalhar. — Ian se desculpou visivelmente embaraçado com a situação.

— Não, nós já estávamos indo, não é? — Mabel explicou tocando meu braço para que me pronunciasse também.

— Sim, nós estávamos. — Concordei rapidamente.

Levantei e estendi a mão a ela, ajudando a ficar de pé.

— Não parecia. — Bianca comentou nos olhando e sorrindo.

— Mas estávamos. — Mabel insistiu.

— E nós estávamos passeando um pouco, não é Ian. — Bianca o encarou.

Já tinha sentido que Mabel e ela não se davam bem, mas rezei para que não fosse como no caso de Naomi e nem terminasse tão mal quanto.

— Sim, — Ian concordou — Sua mãe achou educado levar Bianca para passear um pouco. — Explicou sorrindo gentilmente.

— Apesar de já conhecer muito bem o palácio... Não é Lorenzo? — Bianca comentou me olhando diretamente.

— Um pouco. — Dei de ombros.

Bianca já tinha vindo ao palácio algumas vezes e quando namorávamos íamos até o lago. Mas isso era passado.

— Bom, nós já vamos. — Ian avisou oferecendo o braço novamente a Bianca — Nos vemos no almoço.

— Até logo. — Bianca se despediu e sorriu acenando.

Ouvi o suspiro de Mabel quando os dois tinham finalmente ido. Ela se abaixou e começou a colocar as coisas na cesta, e me abaixei a ajudando.

Quando tudo estava pronto peguei a cesta e estendi a mão a Mabel, que aceitou e juntos nós caminhamos em silêncio de volta ao palácio.

— Você chegou a conversar com Naomi? — Me olhou de canto.

— Não sozinhos. Naomi apenas se desculpou e disse que se descontrolou, mas que estava arrependida. — Expliquei dando de ombros.

— Não foi a primeira vez que se descontrolou, —Comentou suspirando baixo — Não queria que fosse assim, mas se aconteceu é porque era para ser.

— Assim como você me aconteceu, — Confessei sorrindo de canto — E sei que era para ser.

— Sabe, — Mabel me olhou e sorriu — Você consegue ser irresistível quando quer... Isso não vale. — Acusou fazendo um bico adorável.

— E você consegue ser irresistível até quando não quer. — Pisquei e me inclinei para morder levemente seu lábio.

Voltamos a andar e alguns minutos depois já entravamos no palácio, seguindo ao salão principal.

— Aí está você querido. — Minha mãe sorria docemente enquanto vinha até nós.

— Fomos fazer um piquenique. — Expliquei beijando sua testa.

— Que delícia. Faz muito tempo que não faço um piquenique. — Confessou ainda sorrindo.

— Podemos fazer um algum dia desses. — Sugeri.

— Não tenho mais idade para isso, — Comentou dando uma risada baixa — Mas só queria avisar que estamos com visitas.

— Visitas? — Franzi a testa.

Não lembrava de meu pai ter dito que teríamos visitas, então provavelmente não era nada agendado. Mas então quem seria?

— Sim, o filho de um velho amigo de seu pai. —Explicou e logo nós ouvíamos as vozes e risadas se aproximando.

— Ah, aí está ele. — Meu pai sorriu já entrando no salão.

Ele não estava sozinho, junto estava um homem de aparentemente trinta e poucos anos. Tinha o cabelo loiro mais comprido, amarrado, e sorria abertamente.

— Filho esse é Nolan Crowlle. — Nos apresentou

O homem estendeu a mão em minha direção e prontamente a aceitei, cumprimentando-o cordialmente.

— É um prazer Lorenzo. — Apertou minha mão.

O saudei de volta e então seus olhos foram a Mabel, que estava ao meu lado.

— Vejo que esse palácio só tem mulheres bonitas. — Comentou de forma galante.

— Esta é Mabel. — Minha mãe os apresentou.

— É um prazer senhorita. — Pegou a mão dela e beijou o dorso.

— Igualmente. — Mabel sussurrou.

— Bom, acho que já foi apresentado a todos... Que tal tomarmos alguma coisa no escritório? — Meu pai questionou tocando o ombro de Nolan.

— Ótima ideia Philliph, — Concordou sorrindo — Até mais senhoritas. — Se despediu acenando.

— Nos vemos mais tarde. — Beijei a bochecha de Mabel e os acompanhei para fora do salão.

Seguimos para o escritório, onde meu pai sentou em sua cadeira e Nolan na da frente. Fui até o aparador servindo uma dose de uísque para eles e em seguida peguei uma, sentando na cadeira vaga ao lado do nosso visitante.

Começamos uma conversa sobre a província de Nolan, Heneck, que fica mais ao norte. Meu pai era muito amigo do dele. Segundo o que entendi antigamente eles costumavam manter mais contato, mas com o tempo foram perdendo isso, mas não a amizade.

Nolan estava de passagem, seu destino verdadeiro era a província de Maycon, os pais de Bianca. Eles tinham fechado um contrato de comércio, troca de produtos e então na volta ele resolveu passar e nos visitar.

Quando era hora do almoço uma criada veio nos chamar. Nós agradecemos e seguimos ao salão das refeições. Minha mãe já estava lá, assim como Victor e Bianca. Logo Ian e seu assessor chegaram e alguns minutos depois as garotas, que na verdade, se resumiam a Betina, Kelly, Amanda, Alisson e Mabel.

Nos acomodamos e o almoço foi finalmente servido. Como o número de garotas estava bem reduzido, elas estavam sentando mais perto de nós. O que fez Mabel ficar a duas cadeiras de distância.

Depois que terminamos e nos retirávamos do salão, meu pai entregou algumas planilhas e pediu para que analisasse. Com isso passei à tarde no quarto trabalhando. Minha cabeça doía um pouco e já estava na terceira xícara de chá.

— Alteza. — Uma criada chamou minha atenção.

— Sim. — Virei na cadeira a olhando.

Ela estava parada com a porta do meu quarto aberta, mas não tinha entrado ainda.

— Chamei e o senhor não ouviu. — Se justificou.

— Tudo bem. — A tranquilizei dando um pequeno sorriso.

— O jantar será servido em alguns minutos e sua mãe pediu que o chamasse. — Explicou e assenti concordando.

— Obrigado. Já desço. — Agradeci.

A criada saiu rapidamente. Levantei e segui ao banheiro, onde tomei um banho rápido e me vesti. Confesso que estava meio cansado, afinal passar à tarde em meio a cálculos cansava mais do que parecia.

Quando cheguei ao salão principal todos já estavam, ou quase todos, faltava apenas Mabel. Sentei ao lado de minha mãe e beijei sua mão, recebendo seu sorriso tranquilo como resposta. Algum tempo depois Mabel apareceu e nós jantamos tranquilamente. Nem tinha percebido que estava tão faminto.

Depois da sobremesa Nolan sugeriu que fossemos ao salão para tomar uma xícara de café ou licor, na verdade, preferia uma dose de uísque. Quem sabe assim meu cansaço passasse um pouco.

Em certo momento enquanto conversava com meu pai, vi Mabel e Bianca sentadas em um sofá, também conversando. Franzi a testa meio confuso. O que estariam falando? Minha curiosidade se aguçou, mas logo meu pai chamava a atenção novamente.

— Sim, consegui terminar. — Concordei me referindo as planilhas — Amanhã apresento ao senhor.

— Sei que vai estar ótimo. — Afirmou me fazendo sorrir.

Meu pai me apoiava muito e eu reconhecia isso, sua dedicação em me fazer um futuro rei tão bom quanto ele.

Victor e Nolan se juntaram a nós, engatando em uma conversa sobre cavalgada e golfe. Não que tivéssemos muito tempo para isso, afinal andávamos ocupados com assuntos não tão agradáveis, leia-se: Os ataques.

Era tarde quando passei os olhos pelo salão quase vazio. As garotas não estavam mais ali e dei um pequeno sorriso já sabendo o que faria. Me despedi dos homens dizendo que estava cansado e precisava de uma boa noite de sono.

Em seguida segui para fora do salão, mas ao invés de ir até as escadas, andei para a porta de entrada do palácio. Cumprimentei dois guardas e continuei pelo jardim.

Assim que cheguei à parte lateral olhei para cima e respirei fundo, já começando a habitual escalada noturna. Quando estava enfim em pé na varanda de Mabel, suspirei aliviado indo até as portas. A luz estava ligada e pela cortina meio transparente a vi sentada a beirada da cama, de costas.

Abri as portas fazendo Mabel dar um pulo de susto e se virar com os olhos meio arregalados.

— Você sumiu de repente. — Me justifiquei.

— E você ainda me mata um dia. — Acusou.

— Nem brinque com isso. — Bati na madeira da porta da sacada, isolando.

— Achei que estivesse lá em baixo no salão. — Comentou.

— E estava, pelo menos até ver que quem eu queria não estava mais lá. — Expliquei encarando seus olhos.

— Que pena. Espero que encontre. — Sussurrou sorrindo de canto.

Abusada. Como se não soubesse que me referia a ela. A única coisa que queria era Mabel.

— Obrigada, mas... — Comecei andando em sua direção — Acho que já encontrei.

Segurei sua cintura e a puxei para perto. Mabel espalmou as mãos em meu peito e o acariciou levemente. Nos encaramos em silêncio por incontáveis minutos.

— Estive pensando, — Sussurrou enlaçando meu pescoço — Queria mandar uma carta aos meus avós, será que...

— Mas é claro. — Concordei imediatamente — Sei que sente saudade deles.

Mabel era muito apegada à família e principalmente ao avô. Isso era mais do que claro sempre que falava neles.

— Sinto. — Concordou suspirando baixo.

— Quando nos casarmos poderá trazê-los para morarem no palácio. — Toquei sua bochecha carinhosamente.

— Posso? — Me olhou meio surpresa.

Amor, sua família vai ser a minha e a minha vai ser a sua. — Expliquei ainda acariciando sua bochecha.

— Obrigada. — Agradeceu sorrindo.

— Não agradeça. Só quero sua felicidade. — Beijei seu nariz, fazendo Mabel dar risada.

Vê-la feliz era a única coisa que importava. Queria faze-la feliz até o ultimo dia de nossas vidas.

— Todos já subiram? — Questionou.

— Sim. Aproveitei que ficou apenas meu pai e Nolan conversando e vim te ver. — Expliquei.

— Seu pai está com Nolan? — Me olhou meio estranho.

— Sim, então vamos aproveitar. — Sussurrei buscando seus lábios.

Não importa quantas vezes nós nos beijássemos, sempre que sentisse a macies da sua boca e o seu sabor doce, meu coração aceleraria.

Quando nos separamos Mabel encostou a cabeça em meu peito e aproveitei para beijar sua testa, e inspirar seu perfume.

— Queria te contar uma coisa. — Sussurrou.

— Estou ouvindo. — Inspirei o perfume dos seus cabelos.

Mabel saiu dos meus braços e pegou minha mão, puxando até a cama. Sentou e fez com que me acomodasse ao seu lado.

— Vou contar desde o começo, mas quero que me escute e só fale no final. — Pediu encarando meus olhos.

— Está me deixando preocupado. — Confessei.

O que teria de tão importante assim para me falar? Mabel suspirou e começou seu relato. Conforme ela ia contando as coisas com todos os detalhes, eu ia tentando encaixar aquilo em minha mente, mas era muita loucura.

Mabel tinha sonhado com Nolan machucando meu pai, mas como isso? Meu pai tinha falado com tanto apreso sobre o velho amigo e os tempos antigos, que era impossível pensar em uma hipótese de Nolan nos ferindo. Mas como dizem: Aparências enganam.

— Alexander... — Mabel chamou.

— Mais alguém além de mim sabe? — Questionei voltando a encarando.

— Victor. — Sussurrou.

— Victor? — Franzi a testa — Porque ele sabe?

Mabel tinha contado para ele? Por quê? E antes de me contar. Será que Victor era tão mais confiável assim?

— Acabei contando, — Deu de ombros — Ele percebeu meu desconforto perto de Nolan. — Explicou.

— Sabia que eram amigos, mas... — Parei no meio da frase, apenas a olhando.

— E somos... Só amigos. — Afirmou.

Mabel pegou uma das minhas mãos e me encarou intensamente.

— Sei que Victor gosta de você, nós já conversamos sobre isso. — Confessei suspirando alto.

— Conversaram? — Me olhou surpresa.

— Sim, — Concordei dando de ombros — Sempre fomos muito amigos e sinceros um com o outro. Victor disse que se declarou, mas que você disse que não correspondia aos sentimentos dele. — Expliquei.

— E não correspondo. — Afirmou me encarando.

— É bom saber disso... Da sua boca. — Sorri de canto — Tento controlar e racionalizar meus ciúmes toda vez que vejo vocês. — Confessei suspirando baixo.

Sabia que podia confiar em Mabel. Ela jamais me trairia ou machucaria meus sentimentos propositalmente, mas a insegurança batia forte às vezes. Era inevitável.

— Você não precisa disso, — Assegurou tocando meu rosto — É você que eu quero.

— Também só quero você. — Admiti segurando seu rosto com as duas mãos e beijando seus lábios demoradamente.

— Acredita em mim? — Questionou esperançosa.

— Óbvio que acredito e assim como Victor vou tomar providências. — Afirmei encarando seus olhos — Vou proteger Thompson e todos vocês.

— Vai fazer o que? — Me olhou curiosa.

— Não quero que meu pai saiba de nada. — Comentei pensativo — Vou me reunir com os guardas e montar uma estratégia. — Expliquei levantando.

— Se Nolan está pensando em fazer algo... Não vai conseguir!

— Só tome cuidado, por favor. — Pediu ficando em pé a minha frente.

— Sempre tomo Amor... — A tranquilizei tocando seu rosto.

Fiquei algum tempo ali com Mabel, apenas aproveitando a companhia. Depois de mais sessões de beijos e carinhos me despedi, subindo ao terceiro andar.

Agora deitado em minha cama só conseguia pensar no sonho que Mabel contou, na possibilidade de ser mesmo verdade e se fosse, que providências poderiam ser tomadas. Eram muitas coisas a pensar e iria fazer isso com calma.

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