Capítulo 7.2 - Bônus

Não estou acostumada a receber atenção.

Desde bem pequena, sempre me misturei com facilidade. Claro, em um lugar onde conseguir comida é a prioridade máxima, cabelo e roupas sempre seriam ignorados.

Mas, eu duvido muito que alguém pudesse adivinhar o lugar de onde vim agora. Porque estou em um palácio real, em um baile real. Este vestido branco que Antonella me deu é simplesmente perfeito. Enquanto ela provava dezenas de vestidos, e eu ajudava com uma inveja guardada a chave em meu peito, ela se deparou com um branco simples, mas ela não chegou a vesti-lo. Só pediu que me aproximasse e provasse.

Hesitei, ela insistiu e alguns minutos depois eu me olhava no espelho e via o vestido mais perfeito do mundo, Antonella sorriu e disse que eu deveria ir com ele na festa. Não hesitei em aceitar e agradecer muito. Como eu poderia? Não me lembro de já ter ficado tão… linda. 

Eu não pareço uma empregada agora, com certeza. Não tenho exatamente aonde ir, então só fico andando pelo salão enorme, que tenho certeza que levou horas para ficar pronto, faxina, organização e algumas outras coisas. As empregadas daqui fizeram um bom trabalho.

Olhando ao redor, procuro um cabelo ruivo chamativo e não leva muito tempo para encontrar dois. Eles conversam parecendo um pouco frustrados, então olham para mim e suas expressões mudam, não presto atenção em Antonella foco na expressão de Henri, que relaxou o cenho e arregalou levemente os olhos.

Sinto a sensação familiar nas minhas bochechas e olho para baixo, quero me afastar, mas seria rude sair depois que já me viram, certo?

Minha dúvida não permanece por muito tempo, pois vejo sapatos incrivelmente limpos se aproximando de mim e ergo a cabeça, para encontrar um Henri com olhos brilhantes. Sorrio imediatamente, ele é… tão fofo.

— Boa noite, Eli! — Ele me cumprimenta, educadamente. Eu sorrio, boba, procurando as palavras — Se importa de dançar comigo?

Isso me confunde. Henri está chamando atenção, obviamente, todas as mulheres do salão o olham pelo menos duas vezes. Por que ele quer dançar comigo?

— Co...migo? 

Ele abre um sorriso, só para para me deixar mais boba.

— Sim, Eli. Com você. — Ele responde lentamente, num tom gentil enquanto estende a mão para mim. E com minhas bochechas pegando fogo, eu sorrio e pego sua mão.

Ele me puxa para mais perto, suavemente, e coloca sua outra mão em minha cintura, o que me faz puxar o ar pelo nariz, lentamente. Espero muito que ele não tenha percebido. Então coloco minha mão trêmula em seu ombro, foi aí que um fato entra em minha mente bruscamente, e antes que eu posso processa-lo direito, falo:

— Eu não sei dançar.

O semblante de Henri fica surpreso, então sorri calmamente. Por que eu tinha que falar isso em voz alta!? Eu não tenho o mínimo auto-controle!?

— Não é nenhum segredo. — Ele tinha um cheiro herbáceo e perfumado… eucalipto? Não… hortelã — Quando eu colocar meu pé para trás, você coloca na frente, e vice-versa. Tente.

Eu abaixo minha cabeça e coloco devagar um pé para frente, ao mesmo tempo, ele coloca um para trás. Sorrio para ele, não é tão difícil. Então, ele move seu outro pé na minha direção e eu movo meu outro pé para trás. Ficamos assim por alguns segundos até que Henri me conduz para a direita e começamos a girar.

Não posso evitar sorrir. Se algumas semanas atrás alguém me falasse que um dia eu estaria em um baile real, dançando com um príncipe… eu provavelmente me afastaria da pessoa rapidamente. Não seria o primeiro louco que me disse besteiras no caminho de casa. Mas agora era momento de apreciar o presente, não pensar no passado.

A paciência de Henri era admirável, eu já pisei em seu pé duas vezes e ele só nega com a cabeça e diz que está tudo bem. Até pisou no meu pé de brincadeira uma vez. Minha mão agora está em seu bíceps, mas a mão de Henri não sai da minha cintura, e sinceramente, não estou odiando ela lá.

Isso me lembra de quando passamos a tarde no jardim e quando nos despedimos, passou pela minha cabeça dar-lhe um beijo de despedida, mas mudei de ideia na última hora, além de não ser aceitável, minha covardia era grande demais.

O formigamento em minha barriga é delicioso, e não acho que já tenho ficado tão feliz assim desde… o dia em que fui aceita no castelo. Cada detalhe do rosto de Henri é lindo, cada centímetro é coberto de sardas, que quase são ofuscadas por seus olhos verdes e sobrancelhas definidas. Ele tem um sorriso calmo e o jeito como me olha me faz tremer. Eu poderia ficar aqui para sempre.

— Saudações! — Alguém interrompe um dos momentos mais perfeitos da minha vida, eu e Henri paramos a dança imediatamente e olhamos para a origem da voz, o rei Rufus, no meio de um palco enorme.

— É um prazer estar com vocês nessa noite. — Ele fala com um sorriso e um tom amigável.

— Foi solicitado a presença de todos para anunciar um comunicado importante.

As pessoas começam a falar baixinho umas com as outras, mas o rei as silencia com um gesto.

— Gostaria que a família Crawford subisse ao palco para o anúncio.

Vários pares de olhos se viram na nossa direção, e me afasto de Henri depressa.

— Acho que você tem que ir. — Eu abro um sorriso — Obrigada, pela dança!

Ele fica surpreso, mas então abre um sorriso que… me faz esquecer de como respirar por um momento.

— Não, não… — Ele dá um passo em minha direção — Eu que agradeço. De verdade.

Ele se afasta antes de ver minha face virando um tomate, o que me deixa um pouco aliviada.

Quando ele já está bem longe de mim, e eu o observo caminhando para longe, a verdade me atinge como um raio.

Eu gosto dele.

É óbvio que eu tinha uma queda por ele, mas agora eu acho… que estou começando a realmente me importar… a me apaixonar por ele. Uma quedinha qualquer um supera, mas paixão? Isso… vai ser muito difícil. Minha nossa, ele é um príncipe! Isso nunca daria certo. Devem existir no mínimo uma dúzia de regras e leis que proíbem tal coisa…

É mais fácil chover pedras do que nós dois tivermos uma chance.

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