Capítulo 3 - A Missão

Marcho em direção ao meu quarto, subo correndo as escadas na tentativa de chegar rapidamente ao meu destino. Quando já me encontro no final do corredor, girando a maçaneta para entrar, sou surpreendida por Henri tocando em meu ombro.

- Lah, vamos voltar para o jantar. - Olho para ele frustrada, respiro fundo, nosso pai deve ter notado que não retornei com o meu noivo, estranho? Ele nem se importa com os filhos, mas sou só uma moeda de troca para ele. Por isso, meu irmão deve ter vindo me buscar, para não sofrermos as consequências.

- Vamos, conhece nosso pai! - Dito isso, me encara praticamente implorando para irmos logo.

- Claro, não queremos desapontar o rei não é mesmo?! - Me pronuncio deixando claro minha insatisfação.

- Ei, calma estarei lá para te apoiar. - ele fala, me dando um sorriso tranquilizador.

- Você pode contar comigo. - ele se aproxima me oferecendo um abraço. - Eu sei que apesar de se mostrar forte nesse dia, tem sido bem difícil para você. Eu sinto muito, Antonella. - Ao falar isso, saio do seu abraço e enxugo as lágrimas que nem percebi que haviam caído, lágrimas de raiva e frustração. Tomo seu braço e tento sorrir.

- Obrigada pelo abraço mano, nem havia percebido que estava precisando tanto dele. - Eu beijo sua bochecha e bagunço seu cabelo na tentativa de fugir desse clima frustrante que me tomou agora pouco. Henri faz uma careta, mas acaba rindo. Esse dia está sendo muito difícil para nós.

- Vamos logo, senão nosso pai virá aqui. - Dito isso, saímos do corredor de nossos quartos, descemos as escadas indo em direção ao jantar razoavelmente suportável.

Quando cruzamos o salão onde ocorre o jantar, nosso pai aparenta alívio com nossa chegada. Nossa, que estranho... Talvez, esteja sofrendo alguma pressão por causa do casamento?

Retornamos ao nossos assentos, percebo que a mesa está repleta de sobremesas dos mais variados sabores e cores, parece até que um batalhão irá comer tudo isso. Opto por um pudim, afim de acalmar meus nervos. Todos parecem muito animados em suas conversas, procuro conversar com a princesa Scarlet.

- Antonella, você se encontra melhor? - Scarlet questiona, me mostrando um sorriso simpático. Meneio a cabeça confirmando sua pergunta. Quem contou essa desculpa? Provavelmente meu noivo, talvez?

Saio dos meus pensamentos, quando o rei de Nilfgaard se põe de pé, fazendo todos os olhares da mesa irem ao seu encontro.

- Gostaria de comunicar a decisão tomada entre a família dos prometidos. - volta seu olhar em minha direção e a de seu filho. - O anúncio do casamento será no reino do noivo. - Nossa, por essa eu não esperava, porém por mim tanto faz! - Ocorrerá daqui há 5 dias e a família da noiva irá daqui a dois dias para os preparativos, com exceção somente do rei por ter assuntos a tratar e só poder ir um dia antes do noivado. - Graças a Deus, pelo menos uns dias ficarei livre dos treinamentos. Confesso que o pronunciamento, me deixou apreensiva.

Miro os olhos em direção ao meu noivo, vendo que o mesmo já me observava, todos parecem ter retornado a conversarem. Enquanto, Ian e eu permanecemos com os olhares conectados, então me permito apreciar a vista, esse príncipe é um babaca, isso é certeza, mas ninguém pode negar que é lindo, os olhos são muito claros, as vezes o azul oscilante pode ser facilmente confundido com um cinza, de todo modo, é difícil parar de olhar, mas me recomponho virando o rosto. Por fim, o jantar chega ao fim. Todos se despedem, eu faço questão de sorrir amavelmente para Scarlet, o rei e a rainha, e ignoro Ian com maestria. E em alguns segundos, somente nossa família se faz presente no salão.

- Parabéns Antonella, se comportou direitinho. Só quase comete o erro de me envergonhar.

Quando fala isso, sinto minhas bochechas vermelhas de irritação.

- No entanto, só de não ter aprontado estou muito satisfeito.

- Ele direciona seu olhar para mim, enquanto fala: - Ao meus filhos, não tenho do que reclamar, tenham uma boa noite

Ao dizer isto, beija Justine na cabeça, oferece a Lucca um abraço, Henri um aperto de mãos e eu, surpreendentemente, um beijo na testa. Nossa... isso eu não esperava. Será, que o coração do rei está voltando a amolecer?

Duvido muito.

Terminado suas despedidas de boa noite, todos nós seguimos para dormimos, estamos exaustos.

Essa noite foi longa... muito longa. Exausta, me jogo na minha grande e confortável cama, estou cansada demais para me trocar. Minhas pálpebras logo se fecham, fazendo me cair em um sono bom.

Acordo, na madrugada, sentindo meu colchão afundar. Não acredito, essa hora!

- Henri, não me diga que é uma missão! - Exclamo sonolenta, esfregando meus olhos, ainda deitada.

- Irmã, é sim, vamos levanta! - Ele diz com um mal humor nítido.

Sabe, como detesto essas missões durante a madrugada.

Essas missões durante a madrugada são as que mais odiamos, ninguém gosta de ser interrompido na hora do sono.

O quarto está escuro, Henri prontamente vai até o interruptor e acende a luz. A claridade irritou um pouco meus olhos, me ponho de pé indo ao meu closet pôr uma roupa preta. Devidamente vestida para essa missão, vou até meu irmão, o puxo pelo braço e nos levo até meu closet. Pego um controle que fica na penteadeira branca, próxima ao meu enorme guarda- roupa, acionando em seguida a abertura da passagem que deve nos levar ao local de treinamento.

- Vamos logo, mano! - Ao dizer isto, ele entra na frente, acionando antes com o botão que as luzes sejam acesas.

- Dessa vez, Lah você usa seus dons. - Fala, enquanto percorremos o corredor que está muitíssimo empoeirado. - Posso te proteger claro, mas somos nós contra mundo lembra?! - Ele brada com um sorriso convencido.

Nossa, não me recordava a imensidão desse corredor, sei que existem várias passagens no castelo, essa faz um tempo que não usamos. Poderíamos muito bem usar as escadas, porém uma hora dessas, nosso pai não ficaria muito satisfeito se fizermos barulho e acordássemos algum dos nossos irmãos ou ele mesmo.

Percebo que Henri, está muito calado. Sinto que ele está com um sorriso bobo, e suas emoções estão mais fortes e aparentes do que o normal como se... sua mente estivesse longe. Quando ele se sentir no dever de me contar, estarei aqui para ouvir. Seja o que for. Talvez..? Fito seu rosto novamente, ele está distraído, e com um sorriso pequeno marcando o maxilar. Ele está... apaixonado?

Não posso evitar o sorriso que me cobre a face, fico muito contente com isso, só não acho que nosso pai aprovaria, ele é muito controlador e tenho certeza que escolherá também um casamento para Henri. Mas mesmo assim... quem será?

Encontramos-nos em frente a porta que nos dá acesso, a sala de treinamentos, meu irmão abre a mesma, aparenta que houve umas mudanças aqui. Agora, possui um espaço só para luta, as armas estão presentes em um painel enorme, contendo arco e flecha, armas de todos os tipos, e os armários pesados foram removidos daqui, talvez nosso pai tenha pedido para colocar na outra sala de treinamento? Sim, temos mais de uma sala de treinamento. Esta é usada para as missões. Henri pigarreia, tirando-me dos meus devaneios. Me entrega as mochilas que iremos usar, indo sentar no banco, usado para descanso após as lutas, para calçar as botas ideais para uma missão como essa. Me junto a ele, calçando minhas botas. Depois de selercionarmos o que iríamos levar para a missão, nos preparamos para ir. Nos colocamos de pé.

- Pronto? - Pergunto, segurando em sua mão.

- Vamos lá! - Ao concordar, aperta minha mão pondo sua mochila nas costas, fechando os olhos em seguida.

- Segura firme, agora estamos mais do que prontos! - Digo, fechando os olhos, visualizando o local da missão.

Com muita força, meu irmão aperta meu braço na intenção de não cair quando nos teletransporto. Quando abro os olhos, vejo que já chegamos. Como nos foi informado, estamos em um jardim muito grande e verde, cheio e flores, arbustos e uma ou duas fontes, a certa distância, um casarão branco gigante é visível, como estamos perto do portão, é difícil alguém nos ver daqui. Viro para o lado e vejo que meu gêmeo ainda continua com os olhos fechados.

- Henri, já chegamos! - Digo, o mesmo abre os olhos e dá um sorriso de alívio.

- Vamos, teremos que ser rápidos. - Meu irmão anuncia, enquanto contemplo o belo jardim a nossa frente, apesar de a propriedade parecer meio abandonada.

- Lah, vou dá uma olhada no mapa da propriedade. - Ele fala, entregando a mim o celular que usamos para as missões e revira da mochila dele em busca do mapa. - Enquanto isso, pode derrotar os seguranças.

Essa vai ser muito fácil.

- Já volto, maninho! - Eu exclamo sorridente, o mesmo fica concentrado em examinar o perímetro.

Me teletransporto rapidamente pelo local, passando em todos os lugares da propriedade, coloco todos os seguranças para dormir sem dificuldade, afinal, um simples golpe numa área certa da cabeça pode fazer alguém dormir por um bom tempo, mesmo que o golpe seja fraco. Retorno aonde Henri estava mas... cadê ele?

Não tenho tempo de raciocinar pois sinto um baque forte na cabeça, porém não forte o suficiente para me derrubar. Deparo- me com o idiota que me acertou.

- Você mexeu com a garota errada! - Dito isso, avanço em sua direção dando-lhe um soco no queixo. Ele resiste, puxando meu braço, me pondo de costas para ela, enquanto tenta inutilmente me segurar.

- Você é muito interessante garota, irei me divertir muito! - Ele põe seu rosto próximo ao meu pescoço, cheirando-me, aproveito isso e faço um golpe com minha cabeça derrubando-o no chão.

- Nunca vai acontecer, seu covarde! - Berro com o rosto vermelho de raiva, avisto atrás desse idiota e vejo Henri dando-lhe um murro na nuca, deixando o babaca desacordado.

Olho para Henri, não estou nada contente, mas fico feliz que ele está bem e seguro.

- Você me assustou, pensei que tinha sido atacado! - Eu digo insatisfeita e com resquícios de preocupação.

- Perdão, deveria ter avisado. - Ele diz claramente, o que deu uma acalmada nos meus nervos. Vejo nas mãos de meu irmão, algo bem pequeno e pergunto na hora:

- O que é isso? - Ele sorri e abre a mão para eu ver, um pendrive, onde provavelmente estão as informações que nosso pai tanto almeja. Deparo-me com o sol nascendo, pelo menos, esse ruivinho conseguiu cumprir a missão. Suspiro de alívio.

- Estou cansada, vamos!?

- Sério ruiva, me perdoa, estou com a cabeça cheia.

O que será que distraiu o Henri fazendo-o me esquecer? Será que está mesmo...? Gostando de alguém? Ainda bem, que somos irmãos pois somos difíceis de lidar, porém nos amamos.

- Tudo bem! - Digo, e tudo que quero é descobrir quem deu esse sorriso e distração á ele, mas seguro minha língua, existe lugar e hora para perguntar ao seu irmão se ele está apaixonado, e no meio da madrugada em um território inimigo definitivamente não é certo.

Ele segura em minha mão, e não demoro para nos teletransportar ao meu quarto.

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