Capítulo 1 - Um Anúncio Indesejável
Henri e eu chegamos cansados, o treino de hoje foi pesado. Só porque somos da realeza, não significa que somos indefesos, acho que justamente por sermos da família real, nosso pai insiste muito em segurança pessoal.
Entrando no castelo, suspiro cansada, acabei de fazer exercícios muito exaustivos e tudo que preciso é relaxar agora. Henri me olha confuso.
- Lah, você lembra que dia é hoje não é?
Henri me olha preocupado, sei que espera algum drama da minha parte, mas estou cansada demais pra isso agora.
- Claro que sei, como poderia esquecer? - dou-lhe um olhar frustrado.
- Mesmo nos ocupando, é impossível não lembrar dela - falo dando um sorriso triste.
- O mais triste é que nem pudemos nos despedir - Ele fala me dando um abraço.
Olho em volta do corredor em que estamos, sempre me surpreendendo em como nosso castelo é enorme, e deparo-me com o quadro da mulher que tanto nos amou e protegeu, nossa querida mãe.
-Vamos maninho, precisamos relaxar. - Eu digo, saindo desse momento triste que tanto queríamos que nunca houvesse acontecido. Me despeço do meu irmão numa bifurcação e marcho em direção ao meu quarto, enquanto meu irmão vai para o jardim do castelo.
Quando entro no meu quarto, caminho lentamente até a cama. Não percebo a primeira lágrima cair, mas é difícil perder algo depois disso. Os próximos minutos são dedicados a chorar como uma criança porque... eu ainda sou humana, merda!
Todo esse tempo, nós poderíamos estar juntas... tantos anos desperdiçados... as memórias me cercam de um jeito torturante, me fazendo lembrar de nosso tempo juntas. Ela sempre me disse que queria nos ver felizes...
Chega dessa palhaçada. Enxugo os olhos e percebo que um banho é mais do que necessário.
Minutos depois, um pouco mais calma e com a cabeça em ordem, decido descer rumo ao jardim do castelo. Quando já estava descendo os últimos degraus, Justine vem ao meu encontro. Minha irmã é uma pessoa muito doce, temos sorte em ter alguém como essa garota em nossas vidas, afinal foi pura sorte papai acha-lá perdida nas ruas e criá-la como filha.
- Antonella, onde você estava? - Pergunta-me com carinha de decepcionada. - Te procuro a horas.
- Fui treinar. - digo a ela.
- Hum, o que importa é que você chegou. - Ela me diz com os olhos brilhando.
- Tenho uma notícia para você. - avisa ela eufórica.
Olho para os lados já imaginando o que seja. Por favor Deus que não seja isso, por favor, por favor...
- O rei de Nifgaard, pai do príncipe Ian Allen, solicitou sua presença para o jantar que haverá de noivado...
Minha irmã fala, mas não já consigo ouvi-la estou imersa em meus pensamentos. Não conseguindo acreditar que realmente essa tragédia vai acontecer.
- Olá? Terra chamando Antonella? - Ela estala os dedos em meu rosto, tirando-me do meu devaneio.
- N-Não pode estar falando sério?! - Brado insatisfeita e com uma raiva contida.
- Felizmente sim. - Me diz com um sorriso amarelo. - Porém veja pelo lado bom, o príncipe Ian é um rapaz muito lindo e parece ser legal... - Ela me diz e só consigo pensar o quanto isso é irritante, quase reviro os olhos de tanto que é chato.
- Justine, desculpe os modos mas não estou interessada. Se quiser fique com ele para você! - dito isso me retiro com raiva, marchando em direção ao jardim.
- Era só o que me faltava agora! - Murmuro para mim mesma.
Chegando no meu lugar favorito do jardim, vejo que os empregados deixaram ao meu gosto um cobertor no chão com uma cesta repleta de lanches, talvez a pedido do meu irmão? Agora procuro digerir a informação que acabei de receber. Eu sei tenho o gênio forte, mas custava me avisar outro dia, acho que peguei pesado com a Justine.
Porém, eu não quero me casar agora ainda mais com ele, não é que ele seja feio e tal ao contrário dizem que ele é muito lindo e galanteador. No entanto como ficaria minha vida,perderia minha liberdade? Não, não mesmo.
Resolvo me deitar e contemplar o céu, esse dia apesar de triste está... tão bonito. Nossa, eu aqui pensando em mim e esquecendo como meus irmãos se sentem, principalmente o Henri, temos uma ligação muito forte.
Saio dos meus devaneios quando escuto um galho se quebrando. E tomo um susto, quando Henri deita ao meu lado.
- Seu idiota, me assustou! - Ele só consegue gargalhar alto enquanto falo isso para ele com uma cara séria, mas não me contenho e começo a rir.
- Viu? Te fiz sorrir. - Ele me fala, com um sorriso bobo no rosto.
- Já sei sobre o jantar de noivado, não fica pensando muito nisso. - Ele tenta me confortar com um beijo na testa. - Deixa pra lá, vamos esquecer por hoje.
Então, o resto da tarde foi dedicado a conversas e memórias de nossos melhores momentos com nossa mãe.
Acabamos perdendo um pouco a noção do tempo e quando entramos dentro do castelo já estava escuro. Ao entrarmos, um empregado diz que nosso pai solicita nossa presença em seu escritório real. Andamos tão tensos rumo ao escritório, que imagino parecermos soldados marchando. O que nosso papai tem a nos falar?
O corredor que nos leva até nosso destino, tem tonalidades escuras e é repleto de quadros de reis e rainhas, príncipes e princesas passados, me pergunto se eles gostavam da realeza, será que também já se sentiram presos? Os muros do palácio aparentam uma prisão, as vezes.
Chegando em frente a porta, Henri e eu nos entreolhamos antes de ele dar uma batida na porta e abrir. Nosso pai, levanta os olhos rapidamente e faz um gesto com as mãos para a cadeira, já sentada, olho ao redor e vejo como a decoração mudou, o ambiente se encontra mais escuro, tem uma estante nova de livros, um novo computador e a mesa enorme se encontra cheia de documentos. Saio de meus devaneios, quando meu pai solta um pigarro.
- Bem, meus filhos chamei vocês aqui... Primeiro Antonella, como você sabe seu jantar para anúncio do noivado está próximo.
Ele pronuncia um tanto ríspido.
- E espero mesmo querida, que não tente nenhuma gracinha, essa aliança é muito importante para mim e não hesitarei em castigá-la.
Termina de falar frio e com o rosto impassível.
Eu admito não estou nem um tanto chocada, meu pai era mais feliz e amoroso antes da morte de mamãe, agora são raros seus momentos verdadeiros com os filhos. Olho para meu irmão, e ele segura minha mão de forma confortante.
- Pai, não prometo que irei me comportar mas vou fazer o possível. - Respondo com um sorrisinho cínico e no mesmo tom que ele agora pouco.
- Além do mais, o nosso querido rei nem ao menos se importa com os filhos agora.
Esse imbecil quer mesmo falar disso hoje? De todos os outros dias? Ele ao menos sabe que dia é hoje?
- Já acabou com esse show, querida!? - Fala batendo com as mãos na mesa e se pondo de pé. Sua voz é calma, mas consigo ver a raiva em seus olhos.
Os mesmos olhos que eu tenho.
- O que foi, não aguentou a pressão!? - me pronuncio me pondo de pé e com raiva. Henri só observa a cena, com receio de se envolver.
- NÃO OUSE ME DESAFIAR! - Ele berra com os olhos fervendo de pura raiva.
Ele respira fundo, com a mão pressionando o nariz e olha para mim.
- Ouça bem Antonella, faça o que lhe ordenei ou pagará caro por isso. - Fala com uma voz mais calma porém fria e cortante.
- Como quiser meu rei. - Eu digo com um sorriso, mas odiei participar daquilo.
Meu irmão vendo que eu só pioraria a situação se põe de pé.
- Meu pai, tem mais alguma coisa para nos falar? - Ele pergunta, calmo, tentando amenizar a situação.
- Essa conversa com minha filha me distraiu, mas boa pergunta, meu filho, pois me lembrei de algo - Ele esboça um meio sorriso.
- Meus filhos, vocês irão sair em uma missão rápida, pois preciso de algumas informações.
Já imagino que teremos que fazer de tudo, até nos fazer de vítima como fizemos com aquele velhote, tudo teatro para extrair informações de algo para nosso pai.
- Quando a missão estiver próxima chamarei vocês, até lá os treinos serão ainda mais rigorosos.
Quando ele fala isso bufo irritada, não acreditando que os treinos vão ser ainda piores.
- Tudo certo, filhos!? - Brada nosso pai com um sorriso satisfeito.
- Sim, senhor! - Falamos em uníssono.
- Podem se retirar, nos vemos no jantar, com vocês devidamente arrumados.
Saímos rumo a porta e já reviro meus olhos e suspiro por essa conversa finalmente ter acabado, estou morta de fome e acreditando que Henri também. Quando cruzamos o corredor que nos leva até a sala principal do castelo, meu maninho me dá um olhar suplicante.
- Lah, custava ficar quietinha!? - Ele diz, frustrado. - Se você tivesse falado mais alguma coisa, iríamos pagar caro.
De repente, sua expressão fica meio triste como se estivesse lembrando de um dia ruim.
- Não quero passar por isso mais uma vez, da próxima pense em nós dois, não só em você. - Ele me olha sério e entendo o que ele quis dizer.
- Maninho não prometo, mas vou tentar.
Meu tom é de frustrada, não queria deixar barato para o rei, ele pode ser meu pai, porém muitas vezes o culpo pela morte da nossa mãe.
- Vem cá, me dá um abraço.
- Te amo, ruivinho chato!
- Também te amo, minha ruiva!
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