Capitulo 7
Gayla corria mais do que suas pernas permitiam, mas não adiantava. Havia sangue em seu cabelo e a terra suja seus pés descalços, pensou em algum momento como odiava o vestido e sua completa falta de mobilidade, mas não conseguia parar, até que o monstro com chifre de cervo, aquele que matou seus pais pareceu em seu campo de visão.
A guarda acordou com Aires segurando o seus ombros e um grito morto na sua garganta. O príncipe estava assustado na sua frente, seus olhos brilhavam contra a vela que carregava e seu cabelo bagunçado. Ela não precisava perguntar, deveria está gritando em plenos pulmões há alguns segundos e os soldados que passavam pelo corredor, já sabendo do que tratava tinham chamado o rapaz.
Não deu tempo para nada, Gayla apenas começou a chorar e soluçar compulsivamente. Aires subiu na cama e a abraçou contra o peito sussurrando coisas para fazê-la acalmar. Tinha sido assim desde sempre, mas no início era o rei que fazia esse trabalho, depois parou, então era o príncipe que a tirava daquele mundo confuso para longe do monstro.
Ele fez um sinal dispensando os soldados e se manteve ali até a menina simplesmente voltar a dormir, por um momento pensou em levantar da cama, mas a vontade de ficar ali contra o corpo quente da moça era mais forte, apenas a abraçou mais e voltou a dormir ali mesmo.
Enquanto isso acontecia, os soldados caminhavam até os aposentos do rei informar sobre o episódio novo da menina e relatar que o príncipe havia ficado para cuidar dela. Nunca compreenderam o motivo de tanta preocupação do rei em relação aos pesadelos da moça, mas ordens são ordens.
O rei, que raramente dormia uma noite inteira, escutou o aviso e voltou a olhar a constelação do veado chegar no ápice, o animal símbolo do reino agora brilhava no céu em sua forma mais esplêndida. Só que a sua cabeça ficou apenas no aviso de que seu filho ficará no quarto com Gayla, apenas os dois lá.
Ah, a corte era fofoqueira! Em breve mais conversas sobre como ele deveria separar os dois chegariam em seus ouvidos. No início ele não dava ouvidos, afinal ele tinha criado Aires como irmão de Gayla era impossível em sua cabeça que em algum momento qualquer relação romântica poderia crescer entre os dois. Infelizmente, o olhar novo do filho não lhe enganava.
Aires estava apaixonado por Gayla e isso, fato. Não sabia como a moça se sentia em relação a isso, mas também não importava, precisava desesperadamente cortar esse tipo de aproximação que ambos tinha.
Bem, ele não precisava ser criativo, Gayla estava preste a completar seus dezoito anos e pedidos de casamento seriam inevitáveis, era uma pena que o coração de seu filho seria partido no processo.
Temendo que a sua pequena caísse nas mãos de um nobre qualquer sua mente foi para a imagem de Gayla, Aires e Darlan andando para dentro do palácio após uma de suas várias brincadeiras. Aires estava suado e desalinhado, Darlan cheio de feno e Gayla mancando um pouco. Mesmo bem longe deles ele foi capaz de perceber os olhares de desejo que seu sobrinho lançava na direção dela.
Sim, Darlan era murelhego, mas era esperto o suficiente para não desrespeitar Gayla, sem contar que com algumas ofertas a mais, além da mão da menina... Jhon não ficaria feliz com esse tipo de acordo, mas há treze anos a trás ele também foi contra ele ir a Zaark e ainda assim ele foi. "
Suspirei, havia muita coisa para contar e a noite estava passando rapidamente.
- Bem... - sorri - Creio que devo resumir um pouco, os dias foram passando e a história de Gayla ser Avalon cresceu e várias novas histórias foram criadas, mas é claro, de modo silencioso, ninguém queria ser condenado por nenhuma besteira falada. Os rebeldes estavam se organizando para recuperar Gayla a sua terra natal e constatar se ela era ou não a sua princesa perdida.
"Por cima dos panos a festa do equinócio de primavera estava para acontecer. Zaark estava sendo completamente colorida por flores, as moças se preparando com roupas mais ousadas e pinturas corporais voltadas para esperança e renascimento, não havia um único lugar naquele país que não estivesse recebendo as vidas da estação. Quer dizer, aquela era a única festividade de estação, a qual os rebeldes não animavam em participar, na realidade era um época de tristeza e opressão para muitos.
Já Catalan, também se preparava..."
- Como assim? - Stefan ao meu lado disse assustado - Achei que isso era um costume apenas de Zaark, uma festa tradicional e ancestral!
- E é! - disse sorrindo - Não se lembra? Esse foi o dia que Catalan atacou Zaark, nos treze anos que seguiram ao ataque o rei Vincent incorporou essa tradição. Claro que não se comparava a festa original, enquanto em Zaark uma grande fogueira era feita, várias pessoas dançavam e cantavam, em meio a comida e história, Catalan tinha apenas um baile no qual as damas tinha uma desculpa para mostrar um pouco de pele e tentar agarrar um marido com um prestígio maior que elas.
"Enfim, o castelo de Catalan estava ficando cheio de cravos por toda a sua extensão, o cheiro floral estava até dando dores de cabeça em Akanta. A coitada era encarregada de todas as festas no castelo, afinal, como irmã mais nova do príncipe e mulher era esperado que a moça tivesse essas habilidades, além, é claro, de negociar e apoiar um futuro marido. Catalan ainda tem modelos muito arcaicos em encarar as mulheres.
Gayla já havia se preparado de modo mais tradicional, não adiantava se vestir como alguém de Catalan, não combinava e ela nem conseguia andar dentro dos vestidos gigantes e cheios de laços e babados, era melhor que ela usasse o vestido azul de tecido leve e quase transparente cheio de pedras em forma de flores e pintasse a barriga e os braços com os símbolos tradicionais. Akanta estava orgulhosa com o seu trabalho na guarda e feliz por usar um vestido azul claro como o céu com os padrões de desenhos da pele da bárbara bordados nele em prata, além é claro da coroa que remetia os chifres de veado da família.
Caleb também estava com uma abordagem mais tradicional, uma camisa aberta e tinta espalhada por todo o abdômen e braços, estava constrangedor os olhares das nobres em sua direção e, mesmo que tentasse, Akanta não estava muito atrás delas. Aires simplesmente tinha colocado uma roupa formal e permitiu que a guarda fizesse alguns padrões no seu rosto de modo delicado, apenas o rei parecia não se contaminado a festa antiga, mesmo que ela ocontecesse a pedido dele.
Os nobres dançavam, conversavam e os mais alterados cortejavam. Só os cinco se encontravam acima de todos observando tudo, chegava a ser entediante, principalmente para a guarda, que daria tudo para dançar.
- Licença... - a porta que tinha atrás deles foi batida e Darlan apareceu sorrindo - Vossa Majestade, com sua permissão poderia retirar sua protegida para dançar?
O rei estava sereno e tranquilo, olhou para Gayla que concordou sorrindo, ele fez apenas um sinal com a mão desinteressado. A moça pedindo licença dos amigos saiu da cabine e desceu as escadas até o salão.
Uma nova música começou a tocar, bem mais lenta que a anterior, o que obrigou ela permitir que o amigo segurasse sua cintura nua e a conduzisse, não era o tipo de dança que ela gostava, mas era melhor do que ficar lá em cima. Enquanto isso, Aires observava sua guarda com um ciúmes evidente.
- Está linda! - Darlan disse radiante - Deveria usar esse tipo de roupa mais vezes.
- Claro, principalmente com o barão Spielberg me olhando como se fosse um pedaço de carne.
O rapaz olhou para trás e viu um velho com a barba suja de molho encarando a menina de forma desconfortável, meio sem jeito Darlan começou a levá-la dançando até o outro lado do salão. Ela agradeceu com o olhar.
- Deixa o que eu falei para lá! - ele riu - Gostaria de conversar com você com mais calma.
- Está com mais problemas, Darlan? - ela falou levantando a sobrancelha - Da última vez que você veio com esse papo seu pai te enviou para longe.
O rapaz olhou para baixo rindo, depois levantou os olhos e olhou para a garota durante um tempo. Estava claramente constrangido e nervoso, aquilo preocupou a guarda.
- Darlan?
- Gayla, você e eu somos amigos desde sempre e eu nunca parei para pensar em você como uma garota... - ele riu - Me expressei mal, eu quero diz que...
- Que antes eu era um amigo para você. - ela disse rindo, mas nervosa pelo caminho da conversa.
- Sim. - ele puxou ela mais para perto - Gayla, isso vai ser inesperado para você, mas eu quero deixar claro que eu nunca, jamais irei fazer nada para de magoar e não irei te desrespeita em nenhum aspecto.
- Darlan, você não está sendo claro!
O rapaz suspirou, a música parou e ele foi ajoelhado no chão. Lá em cima Aires viu a cena em câmera lenta, o choque no rosto da guarda, seu primo de joelhos na frente da menina que ama e, então todos os nobres ao redor se viraram para eles, felizes pelo pedido de casamento.
- Gayla Bijouxis, ontem a noite pedi ao rei sua mão em casamento. - ele disse aquelas palavras, com o rosto completamente vermelho, ele pegou algo do bolso e apresentou um anel com uma pedra azul enorme - Vincent foi bondoso e aceitou meu pedido, espero que você fique feliz com a nossa escolha.
Sua mão foi pega com gentileza e o anel colocado ali, o rapaz se levantou e puxou a menina em choque na sua direção sem cerimônia deu um beijo no seus lábios de leve, arrancando suspiros das damas solteiras, em seguida, ainda abraçado a Gayla acenou para o rei que se levantou batendo palmas.
As pessoas acompanharam esse movimento e rapidamente todos começaram a parabenizar os dois. Gayla estava extasiada e de tempos em tempos procurava o olhar do rei, mas ele apenas mantinha os olhos em qualquer lugar, enquanto isso Aires estava desesperado no seu lugar.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top