Capítulo 61
- Marlon! - a voz de Em chegou antes dela abrir a porta do quarto - Ela voltou!
Não foi preciso dizer mais nada, o rapaz não conseguiu pegar seu bastão na ansiedade e Oto teve de voar para acompanhar sua correria, graças a isso ele caiu duas vezes e trombou com algumas coisas, deixando seu braço e joelhos doloridos. Quando ele, enfim estava na parte da frente do castelo e escutou os cavalos parando, juntamente com uma voz que ressoou até o fundo da sua alma.
- Disse que estaria de volta...
Os passos corridos dela vieram ao seu encontro e seus corpos se trombaram, sentiu os braços dela se agarrarem em seu pescoço e o peso dela ficar ali. Os lábios dos dois se encontraram em um desespero próprio da saudade e uma risada tranquila vinha, quando os dois tomavam um pouco de ar. Nenhum dos dois soube quem chorou de fato, só que seus rostos ficaram molhados.
- Eca... - Avalon escutou Blair disse rindo.
Os dois pararam, constrangidos com a plateia que esqueceram por alguns segundos, mas ainda assim, ambos não se soltaram.
- Princesa... - Val disse tocando no ombro dela, levantando uma sobrancelha e segurando uma risada - Deu tudo certo?
- Tenho a benção dos nativos e ... - ela mostrou a tatuagem - E escolhi ser o que nasci para ser.
- Isso é bom! - Marlon disse apertando a cintura dela - Mas temos algumas notícias para passar...
Os lordes que receberam a notícia tardia da volta de sua governante estavam chegando, faziam uma mesura meio afobados e sorriam sem graça para ela, até o lorde Knightely chegar e sorrir calmamente.
- Não é melhor deixar ela descansar um pouco e tomar um banho? - ele disse travando a mandíbula.
- Bem... - Marlon disse dando de ombros - Vamos arrumar seu banho.
Enquanto o rapaz cego e os amigos da princesa estavam a levando para o quarto, o lorde e a senhora das Guerreiras trocaram olhares de reprovação.
Não muito longe dali, um exercito de Catalan caminhava em direção da capital."
- Eu, sinceramente, achei na época que Marlon ia se trancar no quarto com essa menina durante uns dois dias. - o ruivo disse rindo - Eles ficaram durante um tempo mais melosos do que antes.
- Sempre quis entender essas pessoas de relacionamentos melosos... - Gwen disse rindo - Entendo você querer ficar ao lado de alguém, mas abraçado?
A moça estremeceu, mas riu em seguida. Os dois trocaram mais olhares cúmplices e seguraram um sorriso mais honesto. Aqueles dois... será?
- Bem, no quarto, com Avalon na banheira ela contava animada para Marlon tudo o que ela viveu na floresta, escondendo apenas a existência do dragão, aquilo só seria revelado para Em anos depois. A nossa rainha sempre vai achar estranho esconder algo tão grande do seu marido, mas nunca iria se sentir confortável de passar um segredo desse para frente. Contudo, o rapaz já acreditava em coisas mágicas então falar sobre fadas e mundo mágico não causou nenhuma grande surpresa, tirando...
"- Um familiar... - Marlon disse passando os dedos sobre a cabeça de Oto - Isso explica muita coisa.
Avalon riu e jogou a cabeça para trás sentindo o calor confortável da água em seu corpo, não tinha reparado o seu cansaço diante essa aventura até agora, quando todas as suas descobertas, horas no cavalo e noites sobre a estrela faziam seus olhos ficarem pesados. Sentiu os dedos de Marlon em seus ombros apertando eles com suavidade.
- As coisas aqui saíram um pouco do controle. - ele disse hesitante e ela apenas resmungou, deixando claro que ainda estava o ouvindo - Tentaram envenenar Akanta.
O barulho repentino da água e a pele que estava sob os dedos do rapaz, deixou claro a agitação e, provavelmente, os olhos dela está nele, o fez apressar a notícia.
- Ela está bem! - ele disse calmo - Sentimos o cheiro de acônito na sopa antes dela tomar e criamos uma armadilha para pegar o responsável.
- E então?
- Não conseguimos... - ele começou a disser - Quer dizer, não conseguimos pegar o mandante da trama, mas sim quem foi enviado.
- Então vocês tinham um suspeito desde o inicio? - ela disse parando para pensar por alguns segundos - Tio Aran...
- Ele sabe o que quer e...
- Eu tinha percebido. - ela engoliu seco - Só não queria pensar que seria capaz disso! Como Val e Liam estão?
- Decepcionados. Tristes...
Avalon bufou e cruzou os braços, sabia bem como era difícil sentir afeição por uma pessoa, a qual poderia machucar.
- Sabe o que me veio a mente agora? - ela disse saindo do banho - Kay, quando estava... bem... ele tinha me falado algo sobre pesquisas na biblioteca e que não tinha a necessidade de seguir os passos de nossos pais. Me pergunto o que ele quis dizer com isso.
- Deve ter achado algo?
- Será que Liam e Em não se interessariam em explorar os livros infinitos daquele lugar? - ela disse colocando uma blusa cheia de bordados e uma saia rodada mais simples.
Marlon riu e caminhou até onde os barulhos dela mexendo vinham, sentiu os ombros pequenos dela e sentiu as mãos dela guiando ele para abraçá-la. Respirou fundo e sentiu algo dentro de si se contorcer. Céus! Como ele sentia falta dessa menina. O coração dele doía de saudades e seus braços pesavam ao redor dela, com medo de que ela sumisse.
A moça se virou e nas pontas dos pés deu um beijo na bochecha dele, o abraçando com força e sentindo a respiração dele. Ela estava se sentindo em casa, finalmente.
- Prometo que eu não vou deixar você ir embora tão cedo... - ele sussurrou.
- Já percebeu que vamos entrar em guerra agora? - ela deu um selinho nele - A gente não pode ficar juntos assim.
- Tem o seu tio também. - ele suspirou e beijou a testa dela - E muitas coisas mais, antes que eu possa ficar um dia inteiro na cama com você olhando para o teto.
- No que nós metemos? - ela disse rindo e roubando um selinho dele o puxando para fora do quarto - Consegue convocar o Conselho para mim?
- Sim, minha rainha..."
Gwen tomou um longo gole de cerveja e pagou um pequeno pedaço de carne, por alguns segundos ela pareceu distante.
- Depois disso, Marlon buscou as duas crianças e pediu para que os ajudassem na questão da biblioteca, Em reclamou bastante do trabalho recebido, mas Liam a convenceu com doces. Já no Conselho reunido, a princesa, com roupas bem mais simples e um leve sorriso no rosto, começou a repassar o plano para os homens, além de pegar novas notícias de Catalan.
" Uma coisa estava clara: Aires estava vindo na direção deles na paz, guardando energias para todos os nobres reunidos em um único local. Os olhos da princesa foram para todas as pessoas animadas com a batalha se aproximando ali.
- Então basicamente nada mudou. - a princesa cruzou os braços e apertou os lábios - Vamos ter de esperar e treinar.
- Ótimo! - Val disse com uns papeis na mão - Já dividimos nossas forças e planejamos o melhor treinamento possível. Nossas crianças vão ser enviadas para a cidade e disfarçadas de camponeses e serão deixadas com aqueles que teriam melhor condições de protegê-los, bebês de colo com as mães e grávidas também serão deixadas de fora dessa bagunça.
- Pensei em deixar você, princesa, protegida também. - o lorde Knightley disse calmamente.
- Perdão? - Avalon cruzou os braços - É de costume que os governantes fiquem na linha de frente e eu pretendo seguir isso! Assim como Marlon...
- Não acho que seja prudente que ambos se arrisquem assim. - a voz de um dos nobres veio no meio do desconforto - Minha princesa, a senhorita nunca foi treinada como nossas antigas rainhas e seu parceiro e...
- Já viram algum deles lutar? - Val disse batendo a mão na mesa - Sabiam que a nossa prisioneira não foi envenenada por causa de Marlon? Vocês se quer sabem sobre o que esses dois são capazes?
- Val... - Avalon disse calmamente - Eu sei que não fui treinada da forma tradicional e eu pretendo aprender a lutar do jeito do nosso povo, mas quero lembrar a todos que o rei Vincent acabou por me treinar e eu fui colocada para proteger o filho dele. Posso não ser a melhor nessa mesa, mas consigo de defender.
- E eu... - Marlon suspirou - Sei da minha condição e não preciso de ajuda.
- Se vocês ainda assim, não se sintam confortáveis conosco, podemos lutar com uma das guerreiras. - Avalon disse apontando para a tia - Mas eu também quero estabelecer uma coisa, não sou uma boneca de porcelana e Marlon não é frágil! Gostaria de ser tratada como rainha e não ser mais desrespeitada ou subestimada. Teremos que tomar decisões complicadas e eu não quero brigar por cada coisa que eu disser e decidir!
Os olhos dos nobres foram em cima do lorde Knightley, o qual estava vermelho de raiva.
- Seus pais... - o homem começou a disser.
- Meus pais esperariam que eu fosse uma grande rainha! - a voz dela saiu bem alta - Não coloque eles nessa conversa para tentar me convencer do que quer!
O homem se levantou e saiu da sala batendo a porta com força.
- Lamento por isso... - a princesa disse após um tempo de silêncio - Mais uma vez, vocês desejam que lutemos para provar nossa capacidade?
Os nobres se entreolharam e Aloïsia sorriu.
Não demorou muito para todos estarem organizados do lado de fora e Marlon com a seu bastão de metal novo sendo girado algumas vezes. Avalon tinha ido para o quarto trocando a saia por uma calça, uma vez que não se sentia obrigada a seguir uma convenção, a qual não fazia sentido para ela.
- Não está preocupada? - um dos nobres disse olhando para a moça que sorria a medida que Blair ia para o centro do circulo de pessoas com seu amado.
- Com a Blair? - ela riu - Bastante!"
- Foi uma luta interessante! - o ruivo disse rindo - Ninguém nunca mais teve coragem de fazer nada contra Marlon, apesar de Blair ter dado um tremendo trabalho.
- Resumindo a luta... - a moça riu - O nosso Marlon atacou primeiro e conseguiu acertar a moça em um golpe, ela bufou e apenas girou o bastão dela para cima dele, que desviou, apenas caindo no último segundo.
"Foi bonito de ver aquela dança elaborada, o barulho das armas se batendo e desviando por pouco. No fim daquilo tudo, Marlon conseguiu jogar a arma de Blair para longe e a colocá-la na direção da sua.
O silêncio admirado seguidas das palmas vindas de Avalon, deixou claro qual seria a resposta do Conselho para a participação daquele rapaz na guerra. A vez da princesa veio e a supresa de que a sua tia seria quem lutaria com ela ficou bem claro em seu rosto.
O machado ainda não tinha sido pego por ela e quando um dos nobres o entregou em sua mão, seu coração disparou e sua respiração falhou, por um momento ela foi capaz de ver o sangue manchando a lâmina. Então, ela respirou fundo, tentou se acalmar e pensou: não podemos mudar o passado.
Deu mais um suspiro e sorriu meio vacilante indo em direção a roda. Arrumou o cabelo em um rabo de cavalo.
- Estou enferrujada. - ela tirou a arma duas vezes e engoliu seco, aquela observação era um fato - Será que você vai pegar leve?
- Para você sobrinha? - Aloïsia riu - Depois da floresta? Nunca!
A menina suspirou e testou alguns golpes. Avalon perdeu aquela luta, mas foi muito bem para alguém que anunciou esta enferrujada e lutou contra a senhora das Guerreiras.
No final de tudo, a princesa sorriu para tia enquanto limpava o sangue da boca e sentia a arma no chão e a lança apontada para a sua garganta. Aloïsia tinha um grande hematoma nas bochechas e um corte que deixou uma pequena cicatriz em seu queixo. As duas riram e a princesa foi puxada de pé mais uma vez.
Dessa forma, quando a noite veio o lorde Knightley tentou convencer mais nobres a ficar do seu lado na questão de manter a princesa em segurança, não encontrou apoio. Muito pelo contrário, ouviu muito sobre as habilidades da garota e de Marlon.
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