Capítulo 60
Avalon sentiu que um pedaço dela havia ficado com o dragão quando teve que voltar para a floresta úmida, mas teve certeza, que havia trazido um pedaço de algo completamente novo com ela. A sua postura mais confiante e tranquila transparecia isso para a sua tia, a qual estava empolgada para a noite e não conseguia disfarçar.
Durante todo o caminho de volta, a princesa parecia ter sido cercada pelas benças dos Filhos da Floresta que reconheciam ela, verdadeiramente, como a nova rainha, como descendente de Celina. Sempre com uma coroa de flores nova, cabelo feito durante a noite e comida deixada com muito cuidado por aí, deixava isso ainda mais claro. Blair em algum momento, pegou-se perguntando se a aparência tão próxima a primeira rainha não estava trazendo mais atenção a ela.
Na noite que as três se aproximavam da tribo, foram capazes de sentir o cheiro, ainda antes de escurecer e, logo em seguida, o barulho dos tambores. Aloïsia riu, falando que, as árvores devem ter denunciado a volta delas e alertava para a sua sobrinha se preparar. Muitas vezes, ela parecia ficar ainda mais misteriosa, comentando coisas como preparar o braço ou as pernas... algumas vezes até o coração.
Quando, enfim, a tribo ficou visível por entre as árvores, Avalon sorriu enormemente diante a festa que estava acontecendo. As danças sendo feitas ao redor da fogueira, os tambores ecoando pelo seu corpo e as pinturas nos corpos semi-desnudos, era tudo tão familiar e diferente, que fazia seu corpo pedir para participar daquilo completamente.
- Bem-vindas mais uma vez... - Moacir disse indo na direção das moças - Como foi?
Aloïsia foi capaz de ouvir um certo receio na voz do amigo, mas quando levantou suavemente sua sobrancelha e olhou para a sobrinha que ia sendo arrastada por nativas para ter seus cabelos soltos e corpo pintado, ele entendeu o recado. Se virando para o resto das pessoas ali, as quais tentavam disfarçar seus olhos curiosos, disse:
- Um salve para a nossa futura rainha!
As tribo gritou em comemoração e voltou para a festa ainda mais animados. O cacique que do seu lugar observava tudo, sorriu discretamente e cumprimentou com a mão a líder das Guerreiras. Em breve teria que puxar a princesa para mais uma conversa, precisava firmar mais uma vez o acordo de Celina.
- Terá de fazer uma tatuagem... - Blair disse vendo Avalon com o rosto completamente pintado e uma blusa curta com saias longas e pés descalços, parecia mais confortável.
- Que? - ela disse rindo e pegando uma bebida que uma das nativas oferecia.
- O símbolo de proteção da floresta e suas criaturas... - ela disse mostrando o braço - Todas as Guerreiras tem, assim como as rainhas e alguns nativos.
Era o padrão de corrente, o qual a moça tinha percebido que as moças tinham, sutilmente diferente um do outro. Com delicadeza ela passou os dedos pelo braço de Blair, sentindo a textura da pele, sorriu.
- Uma marca para guarda um segredo?
- É um tremendo de um segredo! - a moça riu - Muitas pessoas perderiam a cabeça se descobrisse que estão cercadas de tantos perigos! Isso é para nos lembrar o quanto...
- O quanto isso é precioso e perigoso. - Aloïsia disse, aparecendo produzida - E o quanto é melhor morrer do que revelar esse segredo para alguém.
Avalon tomou um grande gole de bebida, sentido o álcool entrar em seu corpo. Estava pronta para isso, mesmo que não fosse concordar em virar rainha, só de ver o dragão, era capaz de concordar em morrer para protegê-lo.
Assim que a bebida fez efeito em seu corpo, a princesa começou a dançar no meio dos nativos, cantar as músicas que conhecia e aprender as coreografias mais antigas e perdidas pelos povos, os quais se misturaram com os que vierem depois para Aron. Quando a noite estava no seu auge e a fumaça da fogueira subia pelos céus até as estrelas, o cacique a chamou com gentileza para a sua tenda. Aloïsia sorriu para a sobrinha, quando o tecido tapava a sua visão dela.
- Acho que você conheceu nossos segredos... - o homem disse apontando para um lugar na sua frente, a princesa sentou - E nossos amigos.
- São no mínimo interessantes... - ela disse rindo e vendo o senhor pegar uma especie de agulha e tinta - Adorei esse mundo.
O velho disse rindo e pedindo o braço dela com gentileza, Avalon estendeu seu braço e viu o homem mergulhando a agulha na tinta e em seguida perfurar a sua pele, um dor percorreu todo o seu corpo até sua espinha. Franziu as sobrancelhas e tentou conter uma careta em vão.
- Isso doí mesmo... - o cacique riu - Mas, então, está pronta? Para renunciar uma vida de paz e sossego?
- Acho que nunca tive muita escolha, mesmo que eu não quisesse, eu iria caminhar para esses lados... - ela riu - Nunca me perdoaria se eu descobrisse que um dia... um dia eu poderia fazer algo para evitar morte e... e eu não fiz.
- Assumir uma guerra não é a melhor maneira de evitar mortes... - o homem disse sorrindo.
- Eu sei disso... - ela apertou a boca e olhou para o cacique mais uma vez - Acho que eu deveria fazer uma promessa ou algo assim...
O homem sorriu e continuou fazendo a tatuagem com calma e assim que terminou, passou uma mistura de ervas amassadas em cima do lugar. Levantou-se e chamou a moça com a mão, do lado de fora Avalon foi recebida pelos nativos e Guerreiras sentados e a observando com olhos ansiosos. Uma criança veio em sua direção e colocou um coroa de galhos em sua cabeça e deu um machado pequeno e simples, de galhos e pedras.
- Avalon, filha de Brenda e Erick, filha do sangue dourado e de Zaark, futura rainha e nascida sobre o vagalume... - o cacique começou a falar - Nessa noite, selamos os laços de amizade e proteção feitos pela sua antepassada Celina, na intenção manter seu dragão e o mundo mágico longe das mãos de pessoas ruins e manter nossos costumes e vidas intactos. Como rainha, vai aceitar fazer o mesmo?
- Sim.
- Deseja algo a mais do mundo mágico?
- Não.
- E algo da floresta?
- Que ela fique longe das mão humanas...
Os nativos sorriram e alguns tambores ecoaram mais timidamente.
- Então, camponesa no lugar de rainha, tem a benção dos nativos para despenhar seu papel no mundo. Faça um bom uso disso.
Avalon concordou sorrindo muito, de certa forma, sabia que em algum lugar Brenda e Erick estavam orgulhosos dela.
Assim, as três semanas que Aloïsia havia pedido para o Conselho estavam terminando e o medo da sua princesa se atrasar para a guerra estava pairando ao redor dos nobres, além do temor que Akanta morresse da doença ou da enfermidade ser muito contagiosa e todos caírem doentes. Marlon, andava um pouco diferente nesses últimos dias e, até o mais desatento, era capaz de perceber a sua aparente falta de atenção e sua restrição de lugares para achar, os quais ficavam entre o quarto e a clareira de treinamentos.
Valentina ficou presa no quarto de Akanta e o lorde Lillac parecia satisfeito de levar e buscar a comida dela todos os dias, já Liam e Em, sumiam na mesma hora do dia todos os dias e Mael e Nora, decidiram assumir a cozinha do castelo, como modo de agradecer a hospitalidade nesses momentos de dificuldade.
O lorde Knightley sabia que a princesa estrangeira estava ficando melhor a cada dia e tinha plena noção que ela ainda comia uma sopa no almoço todos os dias, sofrendo variações apenas de sabor. Por isso, nem olhou quando a comida passou por ele com o lorde Lillac a levando.
Calmamente o lorde passou pelos vários corredores até chegar no quarto onde sua neta estava presa, bateu algumas vezes e Valentina abriu uma pequena fresta para pegar o prato e colocá-lo na mesa. Akanta, bem de saúde, mas com raiva só de pensar que alguém estava tentando envenená-la, cruzou os braços.
- Nos últimos dias não tinha veneno... - a moça mexeu a colher na sopa algumas vezes - Será que...?
Val não disse uma única palavra, apenas pegou a colher e cheirou a sopa de cogumelos, sentindo o cheiro do acônito. Olhou para a gaiola com o canário dentro e praguejou, precisavam de provas no final das contas, chamou o sino dos empregados e esperou com certa impaciência Marlon chegar com Mael e Liam.
- Não podemos testar no próprio Knightely? - a ruiva disse pegando o pássaro delicadamente e levando para perto da sopa.
- Mineradores levam esses animais para verificar se o ar não está impuro... - Akanta resmungou - Ainda não é a pior forma dele morrer.
- Não acho que isso seja desculpa!
- Val... - Marlon disse triste - Tentei pensar em algo para fazer, desculpa, mas não consegui arrumar uma solução melhor do que ao pássaro para termos provas e eu convocar o Conselho.
- Está bem, mas... - ela se voltou ao irmão - O lorde foi na cozinha hoje?
Liam hesitou, olhou para Marlon e depois para a irmã com a boca seca.
- Não... - Mael suspirou, tirando do bolso algo - Apenas um dos homens dele, que minha mulher roubou isso do bolso.
Era um pequeno saco de tecido, o cheiro dele era indiscutivelmente de acônito.
- Isso não incrimina o lorde! - Val bufou - Não vou matar uma criatura inocente para colocar um capanga dele na prisão! Caramba! Ele me criou, não posso...
- Me dá esse bicho! - Akanta disse já sem paciência e tomando o animalzinho que piava assustado.
Marlon suspirou, tinha achado que o homem seria um pouco mais arrogante ao realizar esse plano, mas tinha tomado cuidados mais básicos para não ser facilmente pego na mentira. Apertou os lábios e respirou fundo.
- Val, se quiser, não precisa participar disso. Nem você Liam... - ele tentou sorri - Não quero que fiquem desconfortáveis...
- Ainda não compreendeu Marlon... - Liam disse com calma - O problema não é fazer algo contra as coisas erradas que Aran faz, mas as coisas em si...
O futuro príncipe regente, apertou os lábios e não soube o que dizer. Enquanto isso, Akanta dava algumas gotas da sopa para o pássaro e observava o bichinho ficar imóvel pouco a pouco.
- Esta envenenado... - ela disse sentindo o coração disparar e o sangue sair do seu rosto, assim que ela deixou o animal nas mãos de Liam, desmaiou.
Val se assustou duas vezes nesse momento, uma por ver o pássaro que queria manter vivo, morto e depois a pancada que o corpo da princesa no chão. Imediatamente ela agachou e carregou a garota até a cama.
- Ela não pensa muito no próprio emocional quando faz as coisas... - Liam observou, depois olhou para o bicho morto - Temos as provas.
- Não vai ser o suficiente para o lorde... - Mael observou - Mas vai deixar as pessoas mais tensas em relação a ele, com sorte manteremos essa menina bem até Aste... Avalon voltar.
Não demorou muito para o Conselho está reunido e, mais uma vez, de cara fechada, diante ao Marlon que não era capaz de perceber isso, a grande maioria estava treinando ou indo para descansar. O rapaz tentou de todas as formas manter um expressão séria e preocupada, a qual trouxe tensão ao grupo.
- Podemos começar? - ele disse se levantando.
Os homens perceberam que Valentina não estava na cedeira Saeb e, sim, Liam. O garoto parecia arrasado e extremamente cansado. O lorde Knightely segurou o sorriso.
- Bem... tivemos maus um problema com a princesa Akanta.
- Não me diga que ela morreu? - um dos nobres disse, procurando o lorde Lillac, sereno no seu lugar.
- Não. - Marlon sorriu - Para falar a verdade, ela nunca esteve doente... desculpe por mentir para os senhores, mas isso foi necessário.
O lordes fizeram um silêncio desconfortável, tentando compreender o que ele quis dizer.
- A comida da princesa havia sido envenenada e por sorte descobrimos antes dela comer. - Marlon continuou suspirando - Mentimos no intuito de fazer quem decidiu desobedecer a nossa princesa de modo tão deliberado fosse pega. Como prova temos um pássaro morto que comeu da sopa e a própria sopa que ficou nas mãos de Liam.
- Já tem um suspeito? - o lorde Knightely disse suspirando.
- Sim. Val!
A porta do Conselho se abriu com Valentina e Mael trazendo um homem mais velho do clã Knightely sendo levado a força e colocado na frente de todos. O coitado estava vermelho e suava nervoso, seus olhos foram para o seu lorde discretamente, mas preferiu se manter no chão.
- Foi esse que entrou na cozinha e deixou isso para trás. - Mael falou colocando a bolsa na mesa.
Silêncio.
- Você fez isso sozinho? - o lorde Lillac falou tenso.
O homem hesitou várias vezes até dizer que sim, rapidamente, foi decidido a sua punição e ele levado para longe. Durante todo esse tempo, Liam encarrou o homem que havia o acolhido, tentando desesperadamente ver alguma coisa nele, contudo, ele evitou seus olhos o tempo todo.
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