Capítulo 46
Asterin sentia o vento da chuva beijar seu rosto e balançando seus cabelos meio trançados delicadamente. O vestido verde com as mangas transparentes cheia de flores coloridas caindo pouco a pouco até a saia mais cheia, a qual parecia prestes a voar, estremeceu diante do vento nas suas costas nua. A cabeça dela pesava diante o diadema com borboletas douradas, os brincos e as demais joias, as quais todos os nobres insistiram que ela usasse.
Marlon estava mais desconfortável ao seu lado direito e um pouco mais atrás. Os nobres tinham insistido que ele usasse um manto de pele com uma corrente de ferro prendendo em seus ombros, além de uma camisa de um tecido mais nobre e calças novas com sapatos extremamente cuidados. Ele bufou ajustando a pequena coroa que arrumaram em sua cabeça.
- Você está odiando isso... - ela disse rindo.
- Estou tentando disfarçar. - ele disse calmo - Mas a roupa está apertada.
- Acho que antes de arrumar uma costureira para mim vamos precisar de uma para você. - ela disse pegando na mão dele a medida que os cavalos do exército de Canavil iam surgindo.
Era uma força pequena em comparação aos nobres e as Guerreiras, mas significava muita coisa, uma vez que quem brigasse com Zaark estava brigando com outro continente. A moça respirou fundo quando uma carruagem de madeira simples parou e a porta foi aberta.
As Guerreiras estavam bem posicionadas para formar um corredor para os nobres enviados por Edgar, irmão de Adam, passassem (ideia de Aloïsia), o Conselho estava reunido um pouco atrás de Avalon, sendo os únicos na mesma direção que ela Ravena, com seu bebê no colo, Adam, o qual, vale destacar, que estava extremamente bem vestido e Aloïsia de braços cruzados e um certo desinteresse nas feições.
Primeiro saiu um homem grande, talvez mais gordo do que forte, mas com um rosto sério e cheio de rugas, carregava em suas mãos uma caixa de madeira e parecia extremamente cansado, depois um homem de cabelos ruivos, mas com alguns fios brancos surgiu com um enorme sorriso no rosto. A princesa estranhou um momento em ver alguém que não era das terras dos Saeb ruivo, principalmente, porque dava para ver que ele não era de lá, magro e com um rosto liso e fino, ele parecia muito mais as ilustrações de uma fada travessa de um livro infantil.
- General Colin. - Adam disse apertando a mão do homem gordo, o qual deu um sorriso contido - Tailin.
- Formalidades Adam? - o homem ruivo disse rindo e o abraçando - Depois de três anos com você longe de casa, acha mesmo que vou só apertar sua mão, velho amigo?
O general Colin tentou disfarçar a cara de reprovação diante da atitude de Tailin, mas não resistiu de torcer a boca e bufar, o que arrancou risadas dos outros dois.
- Continua o mesmo, senhor. - Adam disse dando um tapa leve em seu ombro - Venha!
Subindo as escadas Adam parou na frente da princesa Avalon e a conduziu pela mão mais para frente, com muito respeito ambos os homem se curvaram diante da moça que corou, talvez nunca se achasse aquilo normal.
- Vossa Alteza. - Collin disse abrindo um sorriso com dentes pela primeira vez, como eram brancos! - Eu sou um dos generais de meu rei Edgar. Trabalhei com Adam durante todo o processo de unificação de Canavil, aceite nosso humilde exército e meus serviços para ajudá-la.
- Você é bem nova... - Tailin observou sem pensar, arrancando risadas de Asterin - Que dizer... sou Tailin, amigo de Adam e diplomata de Canavil, meu rei me enviou para que, quando possível pudéssemos firmar uma parceria.
- É um prazer tê-los aqui... - ela disse nervosa e respirando com dificuldade - Que isso seja o início de uma grande amizade entre nossas nações!
Ambos os homens sorriam em aprovação as palavras da mulher, que gentilmente se virou para seu Conselho e calmamente foi dizendo os nomes dos nobres.
- Não se preocupem se não lembrar de todos de primeira... - ela disse rindo no final - Por fim, meu primo, Malakay e braço direito, minha tia, Aloïsia, senhora das Guerreiras, meu companheiro Marlon e a coruja Oto.
Ela se sentiu tola em apresentar até a coruja, mas sabia que o animal se ofenderia se não fizesse.
- Creio que Adam deseja fazer as duas últimas apresentações... - a princesa disse olhando para o homem que se apressou em chamar sua esposa.
Ravena sem hesitar abraçou Tailin e sorriu com muita empolgação.
- Como vai Amélia e as crianças?
- Estão ótimos. - ele riu - A pequena Raven já está tão grande e os irmãos dela são incríveis!
- Ravena, esse é Colin.
- Ouvi muito ao seu respeito! - a moça disse apertando a mão dele e segurando Eloi no outro braço.
- E essa é novata... - Adam disse abraçando a esposa pela cintura - Eloi.
Ravena delicadamente tirou os panos que dificultavam a visão do rosto tranquilo da bebê que curiosa, a qual olhava ao redor com seus olhos azuis cheios de raios verdes escuros, ela riu, tirando um sorriso do rosto de todos ali perto."
- Depois que cresce esses trecos deixa de ser tão fofo... - o ruivo bufou revirando os olhos.
- O que aconteceu com Liam e Em? - eu disse dando espaço para que uma servente desse cerveja para nossa contadora de histórias.
- Por eles estarem machucados? - ela disse dando um gole - Foram para o reino das fadas. Isso custou caro para Em, teve que salvar Liam e...
- Ah fala sério! - um dos ouvintes bufou - Vai tentar nos passar uma história de crianças agora?
- Estou contando as aventuras de Liam e Em? - a moça disse irritada - Além disso, você está dizendo que isso é história de criança, mas duvido que você já entrou na floresta em época a específicas. Não tem uma única alma de Zaark que não carrega um pouco de superstição. Ou vocês acham que Catalan negociou com a mulher do além mar mágica por que não temem pela vida?
- Já ouvi histórias sobre essa mulher. - o homem estremeceu.
- Pois é... - o rapaz disse rindo.
- Enfim, em Catalan a notícia de que as terras dos Breindal voltou ao poder da filha dos falecidos reis chegou como um estrondo, a corte ficou em silêncio, enquanto olhavam o rosto pacífico de Aires. O rapaz suspirou e fez um sinal para que um de seus soldados que vieram com a notícia continuassem falando.
"- Ela estava com estrelas na cabeça e seus homens lutavam como enlouquecidos! Não deveríamos nunca ter tocado nas terras daquele povo, agora a ira da princesa vai nos destruir.
- Fala como se a moça tivesse poderes. - Aires disse cruzando os braços.
- Já ouvi histórias que os Breindal eram capazes de controlar as estrelas! - um outro soldados gaguejou.
- Minha irmã tem uma tiara com jóias em formato de estrelas. Isso não é nada sobrenatural.
- Você não estava lá! - insistiu o homem.
- Onde está Alec? - o rei disse suspirando, talvez aquele homem tivesse algo mais racional para falar.
- Não sabemos.
- Sabe se Zaark está fazendo prisioneiros? - a cor do rosto do rapaz sumiu, mesmo que ele não demonstrasse.
- Pelo o que a princesa deles falaram, não, Vossa Majestade.
- Então não estamos apenas lutando com as forças dos Knightley... - Darlan bufou - Os outros clãs entraram de cabeça nessa história também. Além das Guerreiras.
- Elas não são mulheres! - um dele disse gritado - Não vi nenhuma delas errando um tiro ou sendo feridas! Vossa Majestade, não entre nessa guerra sem sentido do seu pai! Isso apenas causará mortes...
- Não é sem sentido. - Aires disse interrompendo o surto do homem.
Silêncio, então o rapaz sabia dos motivos do pai, esperaram uma explicação que nunca veio.
- Também, pouco importa. - ele deu de ombros - Não acho que uma bandeira branca ia fazer com que Zaark parasse de nos odiar, muito menos desistisse de lutar. Se todos forem igual ao que conhecemos... eles não vão falar não para uma boa briga.
- O que pretende fazer? - Darlan disse já empolgado para o que seguiria.
- Nada... - o rei apenas se ajeitou no trono e a coroa na sua cabeça - Manteremos o plano em curso.
Mais uma vez, silêncio. Ninguém era capaz de compreender a cabeça de Aires perfeitamente nesses tempos, porém eram todos obrigados a respeitar.
- Irei sair. - o rapaz disse se levantando e deixando sua capa escorregar até o chão.
Todos os nobres se levantaram e fizeram uma reverência a medida que o menino se dirigia a porta. Demorou o caminho da sala do trono até o seu quarto para desabar. Não foi um choro, como ele achou que seria, muito menos um grito que saia de sua garganta, mas sentiu as pernas falharem e seus joelhos baterem com o chão. A dor do impacto deu choque em todo o seu corpo e uma tontura chegou em sua cabeça, as ideias se juntaram e se transformaram em nada e seu estômago revirou a medida que o ar saia de seus pulmões.
Agora a briga era séria! Akanta havia ido em direção dos braços inimigos, os mesmos braços que tiraram tudo o que ele tinha. Os braços de Gayla. Não! Os braços de Avalon.
Não sabia exatamente o que tinha acontecido naquele reino maldito, mas a sua guarda costas, a menina que havia crescido com ele havia se transformado em outra pessoa. Talvez, só talvez, ele um dia fosse capaz de reavê-la, mas por hora, tinha uma maldita bárbara controlando seus inimigos e usando sua cara.
O dia em que ele teria a sua vingança estava chegando e não havia motivo algum para que ele acelerrase o processo. Queria realizar em parte o último plano do pai, desejava tirar a felicidade deles da mesma forma que foi tirada a dele.
No meio da Floresta da Fronteira, longe um do outro, havia uma princesa que deitava na grama ao lado do seu guarda. Não havia necessidade de cobertas, ele a aquecia, o medo havia deixado seus ombros nas duas primeiras horas de viagem e, agora, ela só não se sentia mais forte, como também mais preparada para usar a faca.
Caleb se perguntava os motivos da menina por ir tão longe, achava loucura e besteira, mas não ia deixá-la seguir esse caminho sozinha. Agora, sentindo a respiração da menina acalmar e os olhos dela fecharem para um descanso merecido depois de muita caminhada, achava cada vez mais que ela caminhava um local de vingança, mesmo que não houvesse o que vingar exatamente.
No outro lugar, um par de olhos observava a bárbara desfilar por aí com um vestido leve de tons brancos e uma coroa de ouro com pedras vermelhas. Dessa forma ela poderia até enganar o mais desatento, poderia facilmente se passar por mais de uma menina bonita de Zaark, aquelas com suas feições delicadas pareciam ser novas demais o tempo todo, mas ele sabia que ela não era nem mesmo uma criança.
A guarda traidora havia arrumado um namorado, um rapaz de dois metros de altura que andava ao lado dela como uma sombra e, mesmo que ele fosse cego, Alec havia visto o estrago que ele era capaz de fazer em uma luta. Gayla também, mas seu tamanho permitia uma dominação rápida. Teria que achar uma oportunidade em que ela estivesse sozinha.
Aquela mulher sem um seio apareceu ao lado dela e as semelhanças da senhora das Guerreiras com a menina eram assustadoras. Engoliu seco, aquela mulher lhe dava medo! Tinha a mesma postura que a Gayla assumiu quando subiu naquele palco, só que era o tempo todo, além disso havia sempre uma outra com ela, uma mulher negra e com a expressão sempre fechada, a qual apareceu com dois daqueles cavalos de guerra sendo guiados até o grupo.
O rapaz ruivo e a irmã bonita desceram as escadas e despediram de modo seco Aloïsia, depois os outros nobres que se acovardaram esse tempo todo trocaram abraços, por fim, Malakay, Gayla e o armário também se despediram.
A senhora da guerra estava deixando o castelo? Olhou ao redor e percebeu que tirando a mulher negra que nunca saia de perto dela, mais ninguém ia. Então, Aloïsia estaca indo, mas deveria voltar. O peso da faca ficou maior no bolso do homem que percebia sua chance de acabar com a rainha daqueles homens insolentes ficar bem maior.
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