Capítulo 41
Apesar de Marlon ter se colocado como participante do plano, ele não foi na cidade, estava encarregado de cuidar das crianças, mais precisamente tocar músicas para elas e a distrairem. No fundo, ele se incomodou o quão rápido foi descartado pelos nobres em um serviço como o de luta, mesmo mostrando que era capaz disso, se questionou quanto tempo levaria até um deles reclamar do relacionamento dele com a menina.
Já na cidade, Asterin andava com Kay e Valentina ao seu lado, os soldados haviam sido enviados para as outras cidades ainda no dia anterior e o plano era que no meio dia todos eles atacariam ao mesmo tempo. A moça sentia um costanre frio na barriga e garoa suave que caía deixava a cidade com um tom deprimente.
Mais a frente havia um grande palco montado no meio da praça, as pessoas que ali estavam estavam com expressões de choque e medo. O sangue que cobria a madeira dali não conseguiria ser limpa com aquela pouca água que caia do céu, as garota estavam amarradas e de cabeças baixas, com os rostos desfigurados e respirando com dificuldade, aquela cena fez o estômago da moça revirar. Teve que olhar para o outro lado, segurando-se em Kay e respirando com dificuldades.
- Tudo bem, minha rainha? - Val disse tocando no ombro dela com cuidado.
- Não gosto de sangue. - ela disse tentando se acalmar e sendo, para sua própria surpresa, honesta - Na verdade eu odeio. Só me de um minuto.
Ela queria vomitar, mas respirou fundo e tentou se controlar, aquilo não seria o suficiente para impedi-la. Bufou quando a coroa, que alguém esperto tinha arrumado para ela, tombou na sua cabeça, talvez ela fosse impedida por todo aqueles enfeites fora de contexto, pelo menos para ela.
- Eles estão posicionados... - Kay disse olhando para o brilho que alguém fez no telhado de uma casa com o pouco Sol que as nuvens deixavam entrar.
- Ótimo... - a princesa disse respirando fundo e virando seu olhar para o horror no palco, se arrependeu, mas conseguiu se manter firme.
- Não acha que esse plano vai fazer uma boa cena? - Valentina disse sorrindo.
- Mas não é isso que queremos? - Asterin disse vendo Alec do outro lado da praça com soldados indo para o palco, por instinto ajeitou o capuz, escondendo o rosto - Que melhor maneira de fazer todos eles aqui falarem da volta da princesa do que realizar uma boa peça?
Com essas palavras ela começou a andar em direção ao palco, tentando não ser notada pelo Alec. Val e Kay estavam do seu lado e sem cerimônias já avançaram com seus capuzes abaixados e armas a postos, já atrás das casas eles puderam ver os Knightley, homens e mulheres de cabelos escuros ou olhos pretos, com sorrisos cativantes.
Os soldados de Catalan pararam, assustados e tocaram no ombro de seu chefe que iniciava sua subida nas escadas e iniciar a execução das meninas, um raio caiu em algum lugar e a garoa se transformava em uma chuva. Asterin já estava próxima e quase riu diante do choque que percorreu seu rosto.
- Pode deixar isso conosco... - ela disse já próxima e tirando o capuz para o homem, ele ficou branco.
- Gayla, o que pensa...?
- Não sei quem é essa. - ela o interrompeu - Saia da minha frente.
Alec foi colocando a mão no cabo da espada, mas uma flecha vinda do telhado passou entre dos dois, caindo no chão como uma ameaça. A princesa sorriu surpresa, tinha ouvido falar que as Guerreiras eram boas, mas nem tanto assim.
- Estamos tomando o que é nosso... - ela disse o empurrando com o ombro e subindo os degraus com Kay e Valentina logo atrás.
Nesses três segundos em que ela atingia o palco, ela desamarrou a capa e a deixou cair no chão, enquanto seus soldados iam em direção aos estrangeiros e invasores, os quais, se fossem espertos, fugiriam, claro que o orgulho de muitos impediriam. Assim que ela atingiu o topo, no meio daquelas garotas sofridas estendeu a mão para Kay, que entregou a sua espada extra.
Com cuidado a moça, junto com seus amigos começaram a libertar aquelas mulheres, no telhado as Guerreiras estavam prontas para acabar com qualquer um que tentasse se aproximar deles, mas os Knightley estavam dando trabalho necessário. Na confusão ninguém viu Alec fugir para o meio das árvores.
- Povo de Zaark! - a voz da princesa soou alto e cronometrado com um raio - Meu nome é Avalon Breindal II e sinto muito por ter demorado!
Até a briga estava acontecendo atrás do palco pararam. A garota tentou olhar para o rosto de todas os camponeses, mas é claro que isso era impossível, o quanto ela queria se desculpar um por um, principalmente por aquelas moças que eram retiradas por outros rebeldes do palco e seu sangue dourado sendo lavado pela chuva. Mas ninguém estava pensando nisso, só estavam assustados em ver Avalon pela primeira vez, mesmo molhada, o vestido dourado cheio de bordados de estrelas, tinha uma capa presa em suas costas que estava suja pelas atrocidades feitas por Catalan, o rosto dela tinha uma beleza e força assustadora e a coroa com a estrela e a luz, brilhante pelas joias, deixava claro quem era ela.
- Mas agora que eu voltei não vou descansar até que vocês voltem a ser livres! - ela disse ainda mais alto - Nem hesitarei em punir o estrangeiro que decidir machucá-los! Essa guerra começou quando o rei Vincent matou meus pais e eu irei acabar com ela!
As pessoas começaram a se olhar, estavam se acendendo. Kay se surpreendeu perante a esperança quase imediata que a moça conseguiu iluminar naquelas pessoas, Valentina sorriu e deixou sentir a chuva bem mais forte passar pelo seu corpo. O sangue dourado derramado estava sendo lavado.
- Sangue de Zaark! - a menina gritou - Irão me apoiar? Irão me ajudar a retirar esses bastardos de nossas terras? Das terras dos nossos antepassados?
Um grito alto foi feito pela multidão que, quase imediatamente, se uniram a briga contra os soldados de Catalan, raivosos e violentos. Agora eles aceitariam os xingamentos de bárbaros, os quais sofreram durante esses treze anos injustamente. Asterin se virou para ver a cena com um enorme sorriso no rosto, até que se virou e viu duas crianças assustadas ali ao lado do pai.
- Princesa... - os três disseram ao mesmo tempo e realizando uma mesura tímida - Bem vinda ao lar."
- Faltou os vagalumes brilhando por aí... - o rapaz ruivo disse rindo.
- Era de dia e todos aqui lembram que era um dia de chuva. - a moça disse revirando os olhos com um sorriso na boca - Não ia ficar verossímil.
- E você se importa com isso?
Ela cruzou os braços e tentou fingir está irritada.
- Vai deixar eu terminar minha história ou continuará me interrompendo?
O rapaz deu mais uma golada em seu copo de cerveja e apresentou um sorriso próximo de ser galanteador. Estava claramente bêbado.
- Já em Catalan, a qual nem sonhava com o que estava acontecendo nas terras Briendal, via aquele dia como o início de um novo ciclo, era o dia da coroação de Aires.
"O castelo tinha ficado impressionante, não tinha um único lugar que as bandeiras com ursos, animal padroeiro de Aires, bem pintados sobre o azul escuro, os cravos estavam por todos os lugares com arranjos perfeitamente construídos e preenchendo o ar com seu cheiro. A sala do trono tinha sido decorada com ainda mais zelo, os tronos haviam sido reduzidos para o único e imenso de Vincent, as cores azuis e prata estavam em todo o ambiente, a princesa tinha conseguido mudar a enorme vidraça por outra com os vidros azuis em vários tons.
Os nobre tinham ficado surpreso com a grandiosidade do evento, até Darlan em seu paletó cheio de medalhas sem muito sentido ou significância, na realidade honrarias do seu pai, ficou maravilhado. Akanta entrou pelo salão com o guarda logo atrás, com seu vestido devidamente no lugar, tinha um corpete branco que ia descendo e pouco a pouco se transformar nas saias azul, tinha uma gargantilha com topázio e uma coroa prata cuidadosamente desenhada em formatos de estrelas. Caleb, bem mais simples com roupas já usadas antes e apenas botas de couro polidas, olhava no chão, tomando cuidado para não pisar na imensa cauda do vestido.
A moça vários momentos agradecia ou comprimentava os comerciantes mais importantes, os quais ela tinha chegado a conclusão de convidá-los, o ato foi reprovado pelos nobres, até o momento em que os presentes começaram a chegar e melhores acordos surgindo. Depois ela abriu um enorme sorriso para os nobres enviados diplomaticamente para lá dos outros países, muitos não pareciam confortáveis ou satisfeitos, pois temiam que Catalan exigisse uma postura deles perante a guerra, mas a atitude gentil e simpática da menina foi impossível de não correspondida, muitos se surpreenderam pelos boatos de sua beleza serem verdadeiros.
Por fim ela se sentou ao lado de Darlan e Caleb indo para próximo de uma parede, junto aos vários soldados que vigiaria o evento. O rapaz reparou no cabelo solto da garota, talvez um resquício do seu recente comportamento rebelde.
- É bom vê-la como uma princesa. - ele disse com um tom provocativo - Além de que, ver essa festa comprova a minha teoria de que você é muito boa no que faz. Não tente...
- Não me diga o que fazer. - ela o cortou o olhando feio - Já tivemos essa conversa e eu não quero mais me relacionar com você! Estou fazendo a política da boa vizinhança, mas não vou me forçar a fingir.
Darlan revirou os olhos, a garota era orgulhosa demais.
- Vai tentar se manter assim, então? - ele riu - Espero, então, que nenhum nobre estrangeiro queira se casar com você. Seria um tremendo acordo se nessa altura um deles decidisse ajudar por causa de seu lindo rosto.
- Eu lhe garanto que isso não vai acontecer. - ela disse confiante.
- Como?
Antes de que ela tentasse imaginar uma desculpa para suas próximas atitudes a porta foi mais uma vez aberta, só que dessa vez as trombetas foram tocadas e Aires surgiu. O rapaz nunca esteve tão bonito e tão vazio. A cor dos olhos estava realçada pelo paletó azul escuro com os botões prateados que quase cobriam tudo, as medalhas (essas verdadeiras e que ele havia conquistado) impunha um respeito considerável, usava um manto simples de cores claras e no cinto uma espada decorativa tinha em toda sua extensão ursos desenhados.
Apesar de tudo, Akanta não conseguia parar de ver seu irmão caminhar para um corda, a qual tiraria sua vida. Nada da beleza exagerada, a qual criou fez a se esquecer de que agora, novo e imaturo, o príncipe iria assumir uma guerra contra a moça que um dia foi apaixonado, seria manipulado por Darlan em sua raiva pessoal contra Avalon e, mesmo que tivesse êxito, nunca seria feliz. Na verdade, a própria coroa na sua cabeça estava a fazendo sentir como se tivesse algemas em seus braços.
Assim que ele chegou próximo do trono parou e ajoelhou nos degraus com a cabeça baixa para receber sua coroa. Nesse momento duas moças novas e bonitas apareceram, uma carregava uma capa tingida de azul com prata bordada em toda a sua extensão e a outra tinha um cetro de prata, um homem mais velho surgiu com a belíssima coroa de Catalan. Era a mesma que seu pai usou, a mesma que o seu avô e a mesma que o primeiro rei havia mandado fazer.
- Aires Lillac Brun Avaugour. - o homem começou - Filho de Vincent Corday Brun Avaugour, o senhor aceita...
- O peso da coroa de Catalan? - o homem e as meninas disseram ao mesmo tempo - Servir, amar e proteger a pátria de seus antepassados e sua família? Sacrificar suas vontades e desejos em prol do seu povo? Com a sua vida, trazer prosperidade? Com o seu sangue, trazer paz? Com a sua dedicação, alegria? Com um herdeiro, um futuro? Aceita um cargo que em ombros fracos, faz um homem envergar e quebrar? Deseja seguir essa vida, mesmo que lhe traga dor sem igual?
- Aceito com o mesmo bom grado que meu pai, avô e antepassados fizeram. - ele respondeu calmo.
- Então declaramos você o novo rei de Catalan. - eles continuaram, o homem descia a coroa - E com isso lhe entregamos um presente, você, o sucessor de Vincent, o conquistador, já recebe sua sina. Aires, até o fim da sua vida, ganhará o apelido de vencedor.
Akanta torceu a boca, aqueles apelidos nunca eram precisos. Na realidade, sempre eram falsos ou se mostravam extremamente irônicos, seu pai tinha recebido no início a honraria de ser chamado de pacificador e quando se casou com Cordelia isso quase se tornou realidade.
- Apresentamos a vocês seu novo rei! - as moças sorriam e o rapaz se virou, elas se aproximaram, vestiram sua capa e deram o cetro - Aires Brun Avaugour.
O rapaz tirou a espada do cinto e levantou ao ar e, assim que a abaixou recebeu uma série de aplausos acalorados. Ele terminou de subir os degraus e sentou no trono com uma postura perfeita, não pode deixar de notar que ali era ainda mais desconfortável do que seu trono original e... ele só conseguia se sentir mais triste. Um silêncio percorreu o salão, as primeiras palavras do rapaz como rei eram decisivas e nunca poderiam ser planejadas anteriormente. A regra mais excêntrica da cerimônia, seguida do fato que ele poderia ficar dias sem falar e todos esperando, se assim desejasse.
Os reis mais loucos de Catalan tinham ficado ali parados durante horas, teve um que conseguiu ficar um dia inteiro aproveitando aquele momento de glória. Mas Aires suspirou e deu um sorriso forçado.
- Meus nobres, prometo que farei um bom trabalho.
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