Capítulo 37
- Quanto drama... - o rapaz ruivo disse rindo e passando um pão para a nossa contadora de história.
- Como contaria essa parte? - ela disse rindo e enchendo a boca de comida.
- Ravena foi dar a luz e na presa Avalon foi na cidade, foi comparada com Aloïsia e o povo começou a falar.
- E é por isso que eu sou a contadora de histórias... - ela disse roubando o copo dele e dando um gole - O que você acha Stefan?
- Foi estupidez...
- Concordo. - a moça riu - Mas no pânico de uma nova vida vindo ao mundo faz as pessoas reagiram de modo estranho. Fez Asterin deixar Marlon para trás...
- Liam teve que levar ele a Em por todo o caminho de volta. - o homem disse rindo - Dizem que ele ainda tem pesadelos quando pensa em passar tanto tempo com a garota de novo.
- Em era uma garota encantadora, infelizmente, o garoto ainda não havia reparado nisso. - ela mordeu outro pedaço de pão - Mas chega disso! Naquela noite, depois de um tempo assustadoramente grande, Ravena deu a luz a uma menina que ganhou o nome de Eloi, vinda sobre a constelação do gato, tinha o sangue dourado e olhos azuis esverdeados.
Os pais foram deixados sozinhos para curtir o fruto do seu amor, enquanto os rebeldes decidiram seguir uma das tradições existentes de nascimento, após uma votação diante da variedade das festividades existentes. Assim realizaram um jantar comunitário com música e danças.
Asterin não conseguia sentar ao lado de Marlon durante a noite, já que a cada vez que terminava uma dança outro nobre aparecia pedindo o prazer daquela música. De acordo com Kay, ela tinha que dançar com eles, caso o contrário isso significava que o homem em questão a perturbou. Assim na décima nona dança ela olhou feio para o rapaz que se aproximava, entendendo o recado.
- Nunca pensei que eu estaria cansada de dançar. - ela falou sentindo o pé apertado na sapatilha, saudades de sua bota.
- Pobre coitada. - Marlon disse passando o resto do prato dele para ela, que faminta, aceitou.
- Como está a sua noite? - ela disse preocupada, entre uma gafarda e outra.
- Menos burocrática que a sua... - ele riu - Queria saber como Em está.
- Seguindo Liam. - Asterin riu - Acho que ela está encantada com o cabelo cor de fogo dele.
- Queria saber como isso é...
- Prefiro o seu cabelo. - ela sorriu pegando um mecha solta da trança feita - Cor de areia.
Ele pegou os dedos dela e depositou um beijo delicado, abriu os braços e recebeu ela apoiada nele. O tempo poderia parar agora.
- Tio! Tio! - Em veio correndo com um violino nas mãos - Eu disse que você tocava e eles duvidaram de mim! Mostra para eles!
- Em, de onde você tirou esse instrumento? - Asterin disse tirando dos dedos dela, temendo que ela deixasse cair.
- Kay. - ela disse sorrindo de orelha a orelha - Pedi e ele arrumou.
Asterin acredita que essa discussão, a qual a menina tinha se metido havia sido maior do que deveria, um grupo de rebeldes começaram a fazer um círculo ao redor deles, curiosos. Ela sorriu com preocupação, entregando o instrumento na mão de Marlon, que automaticamente foi verificar se estava afinado.
- Toco apenas se você estiver cantando. - ele disse sorrindo.
Os olhos da moça foram para a plateia e encontraram com o rosto de Aloïsia, que tinha uma sobrancelha levantada, curiosa com o que estava acontecendo. Será que isso seria o suficiente para convencê-la? A sua voz era da sua mãe... quem sabe isso não ajudaria reconhecer como Avalon?
- Que música, Em? - ela disse sorrindo.
A menina parou para pensar um pouco, deu de ombros e puxou Liam para o meio da roda. O garoto ficou da cor dos seus cabelos e olhou feio para a menina que ria do seu constrangimento.
- Você é uma menina irritante... - ele disse suspirando.
- O nome disso é irmã mais nova... - Kay disse rindo - Ou prima.
O menino suspirou e apertou os lábios até ficarem brancos, seu rosto se iluminou por um momento.
- A música de Celina e seu povo enquanto estavam em Vahall.
- A música sobre as punições na fogueira que recebiam? - Marlon disse rindo - Um pouco mórbido, mas tudo bem. Se lembra dessa Aster... Avalon?
- Sim. - ela disse se ajeitando e encarrou a tia.
Respirou fundo e sentiu a vibração das suas cordas vocais na garganta, sentiu as palavras sendo pronunciadas pela sua boca e sentiu cada parte de seu corpo centrada em cantar esse música, Marlon foi logo atrás, com o som perfeito do violino sendo feito. Todos os rebeldes e os homens dos clãs prenderam o ar, alguns ainda se lebravam da voz de Brenda e sentiram que sua antiga princesa consorte havia voltado a vida. Doce e forte, a voz mais bonita que um ser humano era capaz de ouvir.
As notas continuaram e a tristeza e revolta de seus antepassados sendo queimados era clara naquelas palavras e no tom da menina. Sentiram-se em um dos acampamentos dos povos nômades ou tradicionais, comendo e sabendo que um amigo não estava ali por tirania e perseguição de seu sangue. O violino de Marlon se tornou mais agressivo e Asterin o acompanhou, agora estavam com Celina em seu dragão, mas portas de um castelo, exigindo sua liberdade, com toda mágoa guardada.
Em nenhum momento a princesa desviou seus olhos da líder das Guerreiras, queria provar seu sangue, seus laços familiares e iria. A última nota prolongou e quase faltou ar em seus pulmões, aplausos foram feitos, mas a mulher na sua frente tinha seus braços cruzados, deu de ombros e saiu dali.
Isso decepcionou Asterin, esperava que a apresentação chamasse mais atenção da tia. Ouviu sua plateia pedir mais músicas e deu um sorriso sem graça, sabendo que depois daquele momento em diante tanto ela, quanto Marlon não teriam paz. A noite foi passando e no fim dela, entre os bêbados da família Saeb e dos Knightley, o casal pediu licença para dormir. A moça foi atrás de Em que havia conseguido com que Liam fosse dançar com ela, estranhamente o menino sorria.
Após as crianças trocarem despedidas formais forçadas como brincadeira, a princesa segurava a mão de seu amante de um lado e da menina no outro. Oto foi chamado e rapidamente assumiu seu lugar no ombro de seu dono.
Já na casa e com a menina na sua cama, Asterin e Marlon agradeceram mais uma vez Flora e Estêvão que, acordados na sala, olhavam mapas e entraram no quarto. Riram. Sentia-se exaustos.
Ambos trocaram a roupa desconfortável por panos mais soltos e leves, deitaram na cama e se abraçaram, felizes em sentir o corpo do outro, carregando suas energias. Asterin jogou sua cabeça para trás e viu os olhos do rapaz, vazios, tocou com muito cuidado ao redor deles. Estranhamente, ele a impediu.
- O que foi? - ela sussurrou.
- Nada... só que...
- Tudo bem. - ela disse passando o braço dele ao redor de sua cintura e apoiando a cabeça em seu peito.
O rapaz suspirou e beijou os cabelos dela. Três anos para que a moça atingisse a idade legal para o casamento, seria os anos mais longos de sua vida, mas necessários, sabia que tinham sido rápidos no relacionamento. Ainda assim, gostava de pensar no dia que estaria chamando-a de esposa e sentiria um anel, seu anel, no dedo dela.
- Achei que a música seria o suficiente para convencer Aloïsia sobre minha identidade. - ela sussurrou para o rapaz, passando sua mão ao redor de seu pescoço e brincando com seu cabelo.
- Ficou frustrada?
- Sim... - ela suspirou - Se não tivesse sido tão fácil convencer os lordes, talvez eu não estivesse tão irritada com isso.
- Não tem lembranças que só você e ela saberia?
- Não. Minha tia nunca estava no castelo, igual os outros nobres e, quando vinha, ficava pouco tempo.
- Aposto que vai saber o que fazer... - ele disse procurando o queixo da moça com as mãos e puxá-lo para cima.
Os lábios dos dois se tocaram com delicadeza, a terceira vez que faziam isso, mas o coração da moça disparou da mesma forma. O rosto de Marlon se afastou um pouco, mas retornou aos lábios dela, só que dessa vez o explorou, arrancando um doce suspiro dela, de certa forma, sentiu que seu peito ia explodir e o ar faltava em seus pulmões, ele se afastou sorrindo e dando outro selinho nela.
- Tente não se preocupar tanto. - ele fez um carinho em sua face - Se não vai começar a dormir em pé.
- Fácil falar, não? - ela riu, ainda tonta pelo beijo.
- Eu também tenho minhas preocupações, mas nada afeta meu sono. Quer dizer... tudo menos você agitada, isso é o suficiente para me preocupar em acordar.
Os dedos dele brincavam com os traços do rosto dela, era uma carícia delicada e tranquilizante. Asterin teria apagado se uma lembrança não tivesse atravessado sua mente.
- Marlon, eu preciso falar com Aloïsia! - ela pulou fora da cama e colocou a capa branca que usará em suas viagens - Já volto, pode dormir.
- Não é melhor deixar isso para amanhã?
- Não conseguirei dormir. - ela disse voltando para dar um beijo na bochecha do rapaz que bufou.
Sem que desse mais tempo para que ele protestaram, o que ele sensatamente faria, ela saiu do quarto pedindo desculpas e licença para o casal dono da casa e saiu correndo para o lado de fora do castelo. Os bêbados restantes da festa viram ela, e as estrelas deram oi quando o teto do castelo não estava mais sobre sua cabeça.
As Guerreiras estavam reunidas ao redor de uma fogueira, riam e várias até observavam as constelações. Elas pararam de fazer para observar a recém chegada, até a mulher negra que sempre estava próxima de Aloïsia surgir, perguntando o que ela queria, que sem muito pudor pediu para ver sua tia.
A moça suspirou, estava hesitando em tomar uma atitude. Sua senhora estava, finalmente descansando e a presença daquela menina era o suficiente para deixá-la perturbada, contudo, a própria garota parecia está assim com seu pijama e pés descalços na grama. Bufou, ameaçando um sorriso, aquela menina não parecia bater bem das ideias.
- Tá certo... mas seja breve. - ela disse dando as costas e começando a andar por entre as árvores com calma.
Elas tinham seguido o percurso do rio, atrás do castelo e em direção às quedas d'água. A menina parou na beira no precipício, sentindo o cheio de terra molhada, o barulho da água nas pedras e vendo a fumaça formada. Sentia falta daquilo. Sabia que esse rio nascia em um montanha na divisa das terras de sua família com outros nobres, descia por toda Aron e seu nome revelava sua importância não para Zaark, mas para todo o continente: Corrente de Vida. Durante sua viagem com Marlon deveria ter passado por uma de suas ramificações e partes do próprio.
- Ela está ali... - a moça disse apontando mais distante da água.
De primeira a menina não conseguiu entender o que estava vendo, era um local cheio de pedras no chão, estátuas e pequenas casas, mas viu as flores espalhadas, o fato de sua tia ter retirado a capa e fazer comprimentos em sinal de respeito por onde passava. Aquilo era um cemitério! Engoliu seco e adentrou o lugar de descanso de muitos nobres.
- Aloïsia... - ela chamou suavemente a medida que se aproximava dela.
A mulher se virou para ela, mas manteve a luz do lampião voltada para a inscrição do mausoléu. De todas as pequenas casas feitas ali, aquela era a mais simples, feita de pedra sabão, sem esculturas ou plantas cuidadosas colocadas como um jardim. Os olhos curiosos de Asterin foram para a placa e travou por um momento: Erick, o gentil e Brenda, o rouxinol. Que descansem em paz.
O túmulo de seus pais. Ela engoliu seco, sua mente parecia hesitar em processar aquilo, deu um passo para trás e quase que sentiu suas pernas falharem. De alguma forma ela conseguiu ver seu pai, rindo enquanto a colocava para dormir, com um beijo em sua testa, em seguida a sua mãe, cantando suavemente até adomercer.
- Brenda queria lavadas plantadas. - Aloïsia disse suspirando - Quero providenciar isso assim que toda essa loucura acabar.
Ela engoliu seco e tentou se aproximar, mas seus pés travaram naquele lugar e lágrimas brotaram em seus olhos.
- Não foi feito as cerimônias adequadas? - ela gaguejou.
- Não havia tempo pelo o que me falaram. - ela lançou luz a um mausoléu bem menor, como uma casa para crianças brincar - Esse era para minha sobrinha.
Asterin conseguiu desviar seus olhos e viu a inscrição daquele lugar, engoliu seco, Avalon, um vaga-lume que se foi antes de brilhar. Era seu túmulo. A luz foi colocada no rosto dela, piscou algumas vezes confusa.
- Você realmente é parecida com os Briendal e sua voz é como a de Brenda - Aloïsia suspirou - O que quer aqui?
- Conversar com você... - ela disse abaixando os olhos - Mas creio que não me queira aqui, agora.
- Não... tudo bem. - ela deu um sorriso triste para o túmulo - Eles não estão mais aqui. É só que nunca pude prestar as homenagens, então... uma ideia boba.
- Não é boba. Faz bem para sua alma. - Asterin olhou no túmulo - Eles iam querer que ainda tivéssemos a lembrança deles. Papai pelo menos.
Aloïsia olhou para a moça por um tempo, cruzou os braços e disse com doçura.
- O que quer, criança?
- Eu sei da árvore. - ela disse sorrindo, aquilo seria o suficiente para provar que era Avalon?
- Do que está falando?
- Da árvore de proteção de Zaark. Eu sei que ela é real! Uma árvore de ouro e prata, joias como frutos, escondida em um dos quartos do castelo.
- Isso é uma lenda...
- Não, não é! - ela disse mais firme - Eu a vi quando criança, papai mostrou para mim e disse que nem a mamãe poderia saber, por ser de outro país!
Aloïsia franziu a sobrancelha.
- E daí?
- Achei que isso poderia ajudar em te convencer que sou Avalon.
A Guerreira riu e isso irritou um pouco a menina.
- Desde o momento que eu coloquei meus olhos em você tive a certeza de que você era da minha família. - ela mostrou os dentes brancos - Mas não irei falar isso para o Conselho por hora.
- Por que? - isso surpreendeu a garota.
- Não sei se você está pronta ou é adequada para o cargo. - ela cruzou os braços - Foi criada em Catalan por um rei que atacou o seu país, não sabe nada sobre aqui e não conhece seu povo.
- Está sendo injusta... - ela disse essas palavras antes que pensasse direito.
- Perdão?
- Eu posso não ter crescido aqui, mas você não tem ideia do que eu vi até chegar no castelo. - os olhos dela brilharam - Marlon me mostrou vilas e cidades cheia de pessoas alegres e... música, risos... uma cultura tão viva e única, em casa lugar. Zaark é um ser vivo! Eu quero saber mais sobre nós!
- Nós?
- Querendo ou não, nasci aqui. A corte de Catalan fazia questão de me lembrar... - ela disse cruzando os braços e apertando os lábios - Posso ainda não compreender tudo, mas eu quero e eu vou!
Aloïsia sorriu e trocou o peso do corpo. Se aproximou da moça e pegando o seu braço começou a guiá-la para fora dali.
- Isso é um bom começo, talvez eu veja uma rainha em breve... - a Guerreira disse - Sinto muito na demora, eu só preciso ter certeza que você vai dar conta dessa guerra.
Pela primeira vez em que as duas estavam conversando, Asterin hesitou na sua resposta, engoliu seco e deu um sorriso sem graça.
- Isso é algo que queria saber.
- Bom... eu quero que minha sobrinha volte a vida. - ela disse olhando para as constelações e o polvo subindo, próximo do seu ápice - Se você não confia em si, como eu poderia?
Aquelas palavras doeram no peito de Asterin, sua tia estava certa. Ela tinha que se transformar em uma rainha e rápido! Mas tudo o que ela estava fazendo não parecia ajudá-la a isso.
Enquanto isso na cidade o toque de recolher não foi obedecido, quando um soldado pensava em abordar um camponês, todos eles respondiam com agressividade, não tinham que obedecer mais Catalan, nem temer seu ataque ou massacre. Sua princesa havia voltado, sua esperança e vida recuperada, iam mostrar para aqueles homens que tanto os perturbavam que eles nunca foram domesticados.
Com um grande desgosto, Alec via sua força ser reduzida e ele ia fazê-los pagar. Ia precisar de fazer algo grande... talvez atingir a origem de tanta força daquele povo, só tinha que descobrir onde estava a princesa.
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