Capítulo 34
Espero ansioso a volta de Gwendolyne, não conseguia mais aguentar a espera de ver a moça passando por entre as árvores iluminadas pela lua minguante e que ela sentasse na taverna da minha família para terminar aquela história toda. Meu pai ficou rindo de mim todas as vezes que eu tocava no assunto, dizia que eu já sabia o fim da história, mas a nossa contadora estava brincando tanto com a versão dos fatos, os quais conhecia que desejava ver o que mais mudaria.
Eu a vejo! Os cabelos pretos dela estavam sendo lançados para o lado pelo vento, não usava a capa de ontem e carregava uma martelo de guerra no cinto, o qual não estava usando e tinha trocado o vestido azul por um verde escuro, ela era alta e seu corpo magro, bem bonita. Então percebi, logo atrás dela um rapaz extremamente alto, carregando uma enorme espada e arco nas costas, a capa verde tinha vários fios prateados bordados e o cabelo ruivo preso em um rabo de cavalo curto.
- Stefan! - ela disse sorrindo - Está preparado?
- Sim... - digo ainda olhando o homem desconhecido.
De perto ele era ainda mais assustador, os olhos claros dele brilhavam, sua barba era cheia, mas bem cuidada, mesmo com os braços cobertos era possível ver os músculos bem proeminentes. Não consegui evitar de dar um passo para trás e deixá-lo passar.
- Ele não morde... - ela riu - Apesar da cara.
- Tínhamos que ir para casa... - ele respondeu torcendo a boca.
- Sim... sim... - ela revirou os olhos entrando na taverna - Nos vamos!
Dentro do estabelecimento corri para servir a cerveja tanto para a moça, quando seu acompanhante. Sem hesitar ela sentou na mesa e me chamou para ficar ao seu lado. Percebi os mesmos olhares de medo que havia dado para o nosso convidado novo, o qual estava do lado dela virando a cerveja de uma vez, já chamando a servente para mais.
- Vai com calma aí, grandão! - ela disse rindo.
Ele apenas revirou os olhos e cruzou os braços.
- Bem, onde eu parei? - ela disse me olhando.
- Avalon saindo da cidade com Ravena e Marlon...
- Sim! Obrigada. - ela hesitou um pouco, mas assim que voltou a falar sua voz vez algo em mim ganhar asas - Acho que não tem como continuar essa história se não for a chegada de Asterin no castelo.
"Ravena durante aquela noite tinha ficado mais tranquila, apesar dos cavalos estarem correndo, as contrações foram diminuindo e ela conseguiu dormir, a garota saiu do lado dela e foi para perto de Marlon, que apoiou a cabeça dele em seus ombros e apagou. Somente ela tinha ficado acordada vendo as estrelas se transformarem em um céu colorido, a floresta ganhar cores de verde e Oto se estressar com seu dono por não ter deixado um lugar confortável para ele dormir.
Fazendo carinho no animal que veio para o seu colo, escutou um barulho debaixo da cadeira de Ravena, se mexeu um pouco para ver o que estava acontecendo, sempre tentando não incomodar o rapaz, quando viu dois olhos castanhos avermelhados olhando para ela com curiosidade.
- Em? - ela disse alto.
- Que? - Marlon disse acordando confuso.
Ravena abriu os olhos e olhou para os dois na frente dela e depois para debaixo do seu próprio banco, começou a ri.
- O que você está fazendo aí, garotinha?
- Eu... - a menina disse saindo do seu esconderijo - Eu...
- Em! - Marlon disse nervoso - Como? O que você está pensando?
- Asterin disse que era para me esconder... - ela gaguejou - Eu corri para floresta e entrei na carruagem e... e eu vi que vocês entraram, decidi ficar quieta.
- Por que? - o rapaz disse suspirando - Achou que era uma boa ideia ir para a capital?
Em olhou para a coroa de flores murchas na mão e sentou ao lado de Ravena com um bico.
- Sim... - ela olhou para o seu tio determinada.
- Gwen você está indo para o olho do furacão da guerra. - Asterin disse preocupada - Seus pais devem está desesperados em sua busca!
- Quando chegarmos no castelo vamos mandar um mensageiro para eles. - Ravena disse ajeitando una mecha do cabelo dela - Se for possível eles virem te buscar é melhor. As estradas vão ficar cada vez menos seguras.
- Castelo? - os olhos da garota brilharam.
Asterin riu sem graça, segurou a mão de Marlon em busca de apoio. Caramba era apenas uma criança! Como ela esperava falar para uma corte quem era? Ou pior para um povo inteiro? Respirou fundo e mostrou o seu colar para a menina.
- Sabe o que é isso?
- Um colar...
- Não o desenho dentro dele... - ela riu - É o símbolo real de Zaark.
- O que ele faz com você? - ela disse preocupada, depois se virou para o tio - Onde exatamente você achou essa garota?
- Em, estamos indo para os rebeldes entregar... - Ravena apontou para Asterin - Avalon para a sua família.
A menina olhou para a moça na sua frente depois para Ravena, riu, mas percebeu que não era brincadeira rapidamente.
- Mamãe disse que você tinha sumido! - ela falou assustada - Minha família costumava brincar de inventar a melhor história sobre o que aconteceu com seu fim...
Asterin sorriu com uma certa tristeza, se seu desaparecimento foi complicado, imagina o que seu retorno iria causar. A carruagem parou e em pouco segundos foi aberta pelo homem, Ravena foi a primeira sair e ajudou Em a pular os degraus, a moça gelou no lugar, conseguia ver a entrada do castelo, da sua casa.
- Está pronta? - Marlon sussurrou segurando o ombro dela.
- Tenho que está. - ela disse pegando na mão dele rapidamente e saindo.
A luz do meio dia a cegou por um momento, mas o cheiro da água e o barulho do rio correndo em algum lugar fez seu coração disparar. Viu o castelo crescer na sua frente, as torres, as pedras e todos os detalhes maravilhosos em sua extensão. Sua respiração falhou e seus olhos se encheram de água, aquelas paredes eram conhecidas.
Percebeu que no pátio da frente havia mais gente do que deveria, limpou as lágrimas rapidamente, eram mulheres acampadas ali, todas elas fortes e com uma tatuagem em seus braços. Ela desviou o olhar e se preocupou com Marlon que batia o bastão no chão e tinha Oto em seu ombro, segurou a mão dele.
- Ravena? - uma voz masculina mais jovem soou.
Em foi a primeira a virar o rosto e encontrar um garoto ruivo correndo na direção deles, ele carregava uma espada e usava uma capa prateada. Ele parou e olhou para Asterin em completo choque, deixou até a arma cair no chão, hesitou um momento, mas vez uma reverência. Isso fez o rosto da moça corar fortemente.
- Vossa Alteza.
A atitude chamou a atenção das outras mulheres que analisaram com mais cuidado o rosto da moça, chegavam mais perto e sorriam com aprovação, o menino saiu correndo para dentro do castelo. Da multidão que cercava os quatros, surgiu uma mulher séria e com os cabelos negros soltos, muito semelhante a Asterin, a qual ficou longos segundos a encarando.
De primeira ela não entendeu seu desconforto, mas percebeu que reconhecia a mulher. Abriu a boca e tomou ar.
- Tia Aloïsia?
A mulher aliviou seu rosto em um sorriso, os olhos da garota se encheram de lágrimas. Sim, aquela era a sua tia, a mulher que a ensinou a cavalgar nas poucas vezes que havia a visitado. A Guerreira ia dizer alguma coisa, mas um grito vindo do castelo chamando Ravena chamou atenção de todos.
Um homem com um rosto cicatrização surgiu correndo, tropeçando e com um enorme e brilhante sorriso no rosto, parou na frente da mulher e com muito carinho a beijou, profundamente apaixonado. Em torceu o nariz diante da cena e foi mais para perto de uma mulher musculosa que riu da atitude da garotinha, Asterin apenas sorriu apertando mais a mão de Marlon, que se mantinha tenso no lugar.
Mais pessoas iam surgindo pelas portas do castelo, todas ávidas para descobrir quem eram. O menino ruivo apareceu de novo e trombou em Em, a qual ficou esperando um pedido de desculpas que nunca veio, logo atrás dele um homem de cabelos escuros e pele dourada vinha com um rapaz bem parecido atrás. Não precisou muito para ela reconhecê-los.
- Kay... - ela sorriu abertamente - Voltei!
O rapaz se impulsionou para frente e a abraçou com força, o peito dele subia e descia rapidamente, estava chorando, ou melhor soluçando, em seu ombro desesperadamente. Asterin se permitiu chorar também.
- Eu nem acredito... - ele segurou o rosto dela - Avalon... céus, obrigado!
- Quem são vocês? - o lorde Knightley disse para Marlon e Em que ficaram um pouco excluídos naquela situação.
- Essa é uma pequena intrusa. - ela riu segurando a mão da garota e depois a de Marlon - E a ele devo a minha vida.
O olhar carinhoso, os toques gentis e extremamente íntimos e os ombros bem próximos, não poderiam esconder para ninguém algo a mais entre os dois. Liam olhou para Kay, extremamente preocupado.
- Você e o rapaz estão juntos? - Kay disse engolindo seco.
- Sim... - ela disse com as faces vermelhas, assim como a montanha em forma de homem.
- O sangue dele é...? - o lorde Knightley começou a falar tenso.
- Sou um cidadão de Zaark. Nasci aqui e cresci aqui. - Marlon o interrompeu - Sou de uma família de artistas bem conhecida.
- Bonny. - Em disse cheia de orgulho - De música até artesanato.
Marlon escutou o homem que questionou sua nacionalidade bufar e dizer aquilo era novo. Então a pergunta veio, exatamente aquela que ele temia que viesse.
- Você é cego? - era a voz mais jovem.
- Algum problema com isso? - ele suspirou.
Um clima desagradável passou por entre todos ali, Em olhou feio para o ruivo que tinha a decência de corar diante aquela pergunta tão indelicado, Asterin tomou também uma postura agressiva, pronta para defendê-lo, até Oto parecia ofendido. Kay sorriu e deu de ombros, mesmo que seu coração estivesse partido.
- Bem... - ele disse se aproximando dos dois e estendendo a mão, Asterin ajudou Marlon a comprimentá-lo - Minha prima disse que você salvou a vida dela, então, quero saber essa história depois.
- A primeira coisa que você deve saber é que ela tem o terrível hábito de tentar se matar. - ele disse suspirando - Depois que não adianta falar que é uma péssima ideia entrar na frente de espadas.
- Do jeito que fala parece que sou inconsequente.
- Só as vezes... - ele deu um sorriso torto.
- Então não mudou nada. - Kay sorriu olhando para ela.
Asterin abriu a boca em indignação, mas sorriu aliviada. Olhou ao redor para aquelas pessoas e respirou fundo, enfim em casa! Ou era isso que deveria sentir...
- Certo... - um homem com olhos puxados para o roxo disse - Ela tem um rosto Breindal, mas isso não me convence. O Conselho já decidiu que eu, o lorde Knightley e Aloïsia deveriam reconhecer sem dúvida nenhuma que essa garota é Avalon, então...
- Senhor Arthur. - ela gaguejou, aquele olhos lembravam os de Aires - Ainda gosta do chá de maçãs da ilha? Quer dizer, ainda conseguimos importar isso?
- Isso não me surpreende, garota. - ele disse cruzando os braços.
A moça sorriu e tentou buscar algumas memórias apagadas em seus mentes. A maioria, na verdade não eram mais acessíveis pela sua antiguidade.
- Eu sei que o tio Knightley não gostava de uma música. - ela sorriu travessa e começou a cantar.
Enquanto vivia em Catalan, todas as vezes que começava a cantar ela sentia em seu íntimo que estava fazendo aquilo para provocar alguém, mas nunca conseguia atingir seu objetivo. Agora sabia o motivo, era uma música boba, sobre um homem bêbado que estraga uma festa.
- É Avalon! - ele riu, pela primeira vez em muito tempo - Ninguém iria cantar essa música de forma mais irritante!
Ela ia continuar, mas o homem deu seu olhar conhecido e a fez parar com um sorriso na boca, enquanto ela expunha ali mesmo o que se lembrava do passado, Em observava o garoto ruivo mais de perto. Tinha visto poucas vezes um cabelo daquela cor e estava curiosa.
- Você ainda é criança? - ela disse franzindo a testa.
- Treze anos.
- Fez o que para crescer?
O garoto deu de ombros e voltou a olhar para o grupo.
- Eu me lembro... - ela disse caminhando em direção do castelo ainda segurando a mão de Marlon - Que tinha bailes o lorde Lillac gostava de beber o pouco vinho que traziamos de Uhall e teve uma vez que... eu e Kay decidimos experimentar o vinho. O senhor Arthur foi quem nos encontrou e saímos correndo para não apanhar, mas caí e quebrei o braço... e apanhei! Por que eu ainda apanhei?
- O vinho era da melhor safra do melhor ano... - o velho disse com um sorriso - Isso me convenceu.
- Mas não a mim.
Os olhos das pessoas foram até Aloïsia, a qual tinha os braços cruzados na frente do corpo, se aproximou na garota com rapidez e segurou seu rosto com pouca delicadeza.
- Você tem um rosto Breindal, mas muitas crianças da família morreram ou sumiram no dia do ataque. - ela suspirou - Desculpa desconfiar de você tanto assim, mas eu preciso que fale alguma coisa que só Avalon saiba.
- Tipo o que? - Asterin disse tensa.
- Não sei... - ela soltou a garota - Mas não precisa ser agora. Tem até o aniversário de Malakay para me provar que é minha sobrinha.
- Está bem... - ela suspirou.
Ela voltou a caminhar para dentro do castelo sendo guiada pelo seu primo que sorria como uma criança pequena, ansioso para mostrar a sua casa mais uma vez. Do lado de fora, Aloïsa suspirava e Blair foi para perto dela.
- Acha que não é ela?
- Não, acho que é Avalon... - ela passou a mão no cabelo - Mas não tenho certeza de que será uma boa ela assumir esse trono. Preciso entender quem ela se tornou.
- Justo. - a mulher apertou a boca, mas falou - Não queremos que os mesmos erros sejam cometidos.
Aloïsia apenas concordou.
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