Capítulo 12
Olho para meus ouvintes. Espero que tenho sido clara com as minhas palavras e pelo silêncio cativo que eles passavam, sintia que estava pelo menos fazendo o meu trabalho de entreter todos. Abri a boca em um bocejo, a Lua estava no seu ápice no céu e não tinha chegado na metade da história.
- Gwendolyne... - meu nome as vezes soava estranho para mim mesma, raramente alguem me chamava assim - Então, Avalon é Gayla?
- Sim. - digo para Stefan, assustado.
- Não pode ser...
- Acho que já tivemos essa discussão. - digo rindo.
O rapaz abaixou a cabeça, claramente tendo uma briga interna.
Bem, eu tenho que avançar.
- Algumas coisas interessantes que talvez vocês não saibam: enquanto tudo isso acontecia em Zaark, aconteceu o momento conhecido como a noite da chicotada, que, acho eu, todos se lembram. Foi uma noite chuvosa, na qual Alec pegou um comerciante que devia dinheiro e o chicoteou até a morte, depois de algumas revoltas ele castigou todos que se opuseram.
"Além disso, estava em vigor uma lei em Catalan, em que qualquer estrangeiro hospedado em tavernas tinham que ser reportados para os guardas da região, caso parecesse suspeitos e digamos que Valentina e seu arco estava enquadrada nessa tipo de descrição. Na mesma noite em que ambos chegaram a taverneira avisou que estavam ali.
Não demorou para que houvesse soldados de olho em ambos e atentos em suas conversas, afinal, não era difícil identificar uma garota de cabelos ruivos laranja andando por aí. Em algum momento eles ouviram ela chamá-lo de Kay.
Já no castelo, Aires e Akanta estavam percebendo a mudança drástica no comportamento de Gayla, estava sempre mais fechada e calada, as vezes que passavam na frente do quarto dela podiam a ouvir cantar uma música na língua tradicional dos bárbaros, mas sempre era algo triste.
A princesa pensou em conversar com ela, mas seu irmão disse que aquilo seria inútil. Bem, realmente ela não poderia fazer nada para parar o casamento.
- Sobre o que é a música? - um dia a princesa disse entrando no quarto.
- Não sei ao certo... - ela deu um sorriso de canto - A língua antiga ainda me soa estranha, mas acho que é sobre selkies... ir para o além mar.
- Tem vontade de viajar? - Akanta disse percebendo que aquela era a primeira vez que via a moça usar um vestido simples ao invés de calças.
- Não. Sempre tive tudo o que eu quero aqui em Aron. - os olhos dela ainda estavam na cidade - E você?
- Caleb me conta coisas da sua terra natal. - a princesa não pode deixar de sorri - Ele disse que lá é completamente diferente daqui, as ruas são mais estreitas, há barracas em todos os lugares, as casas são mais simples e altas, as pessoas andam com roupas coloridas e as mulheres devem está sempre cobertas de joias, mas não as joias que nos usamos... é tudo diferente.
- Parece ser bonito. - ela disse virando para Akanta - Espero um dia que você possa visitar lá.
A princesa se assustou com as palavras de Gayla, ela nunca iria poder visitar a terra natal de Caleb. Em breve estaria na mesma situação que a guarda e muito dificilmente seu marido permitiria que ela realizasse uma viagem tão longa para um lugar tão distante. Mesmo agora, seu pai nunca cogitaria em deixá-la ir.
- Parece um sonho distante. - ela disse tristemente - Muito distante! Acho que terei de me contentar com as histórias de Caleb.
Gayla ficou em silêncio, mas sentou do lado da moça e apoiou a sua cabeça no ombro dela. Realmente não era preciso falar para se dizer: sinto muito. As duas ficaram assim durante um tempo, até que Akanta disse:
- Você se lembra de alguma coisa de Zaark?
- Não muito além das canções. - ela disse rindo - Tem uma árvore que ficou marcada na minha memória, mas deve ser apenas algo que sonhei.
- Por que?
- Porque era uma árvore de prata e ouro, com joias preciosas no lugar de frutos e flores.
- A árvore da proteção de Zaark? - Akanta disse se lembrando da lenda
- Sim. - Gayla sorriu - Meus pais deveriam ser muito bons para contar histórias. Me lembro também de uma mesa redonda enorme e cheia de desenhos, uma cachoeira debaixo de uma varanda de vidro e...
Akanta se virou para olhá-la melhor.
- E... - Gayla fez uma careta - E o meu quarto tinha uma casa... não, um castelo de bonecas, que ficava do lado de um baú em que guardava espadas de madeira, um arco e um pequeno machado. Acima disso tinha uma janela que permitia que eu visse o rio passando, o barulho a noite me fazia dormir.
- Parece que as memórias voltam a medida que você fala. - Akanta disse curiosa - Não quer continuar?
- Não sei quanto disso é criado pela minha mente. Melhor deixar isso quieto.
A princesa concordou, disse algumas palavras para pedir licença. Aquelas descrições de ambientes era bem próxima dos jardins no fundo do castelo de Zaark, claro que aquilo poderia significar que Gayla era filha de empregados de lá, mas... que tipo de empregado tem condições para comprar um castelo de bonecas?
Não tardou para que ela achasse Caleb e os dois ficassem horas na biblioteca, alguma coisa poderia ajudar Akanta a descobrir o que estava acontecendo.
Enquanto isso, Gayla ficou sentada na cama, ainda com algumas memórias sendo bombardeadas em seu cérebro, momento breve, mas cheio de informações. Vestidos de baile, pinturas tradicionais no rosto, uma voz suave cantando uma música, ela lutando com um menino, mulheres com a mesma tatuagem no braço, alguns cômodos grandes e cheios de peças caras e nobres.
Era tudo muito vivo, agora que voltava e chegava a dar vertigem. O rei tinha no início a proibido de falar sobre o passado, e provavelmente por isso que tudo aquilo estava esquecido em sua cabeça, mas agora com a pergunta de Akanta parecia que havia aberto alguma coisa e seria impossível parar. Contudo, ela não queria lembrar. Principalmente agora que seria obrigada a se casar, não queria ter uma vida em sua cabeça do que poderia ser!
Decidiu dormir, retirou sem jeito os tecidos do vestido e deixou apenas a camisola que ia embaixo de tudo, soltou as tranças do seu cabelo, apagou a vela, torcendo para aquilo ser o suficiente para silenciar sua cabeça.
Estranhamente, após ficar observando as estrelas se movimentaram da cama, foi jogada em mais um de seus pesadelos.
Normalmente, ela se via em uma floresta sendo perseguidas por um cervo com os galhos sujos de sangue dourado, sabia bem de quem era o sangue, porque viu o homem e a mulher sendo ferida.
Como ela corria! Seus pés descalços afundaram na terra molhada, tropecava em raízes, pedras e galhos atrasando a sua velocidade e as vezes batia o ombro em uma árvore se arranhando toda. Por fim, seu vestido prendeu em um galho cheio de espinho, por mais que puxasse para se livrar não conseguia, balançava o corpo o quando podia, mas nada era efetivo.
Ouviu os passos do cervo mais e mais perto, só que dessa vez não soava como normalmente eram, na realidade parecia mais passos de um adulto que tentava ser silencioso.
Ela parou de lutar, em choque enquanto via a lâmina com o sangue dourado brilhando na sombras e a armadura de prata com um enorme cervo no peito, o símbolo de Catalan. O homem era Vincent e ele iria matá-la.
Com os olhos fechados, pronta para receber o golpe da espada, percebeu que aquilo não vinha. Olhou para o homem e viu o rei chorar e se ajoelhar ao seu lado a abraçando.
- Gayla.
Aquele era seu nome?
Claro que era! De quem mais poderia ser? E se não fosse, qual era seu nome?
- Gayla... - o rei disse a segurando pelos ombros - Você precisa acordar.
- O que? - ela respondeu confusa.
- Vamos acorde!
O cérebro dela então entendeu o que estava acontecendo a mandando de volta a realidade. Abriu seus olhos, sentiu o peso de duas mãos em seus ombros e pensou em se desculpar com Aires ou Vincent pelos pesadelos, mas percebeu que era Jhon ali, não conseguiu perguntar nada antes dele falar.
- Você tem que fugir.
- O que? - ela disse piscando e sentando na cama, ainda estava sonhando?
- Gayla, você precisa ir embora! - Jhon disse puxando seu braço e a colocando sentada na cama, em seguida colocou algo em suas mãos.
Ainda muito confusa a menina olhou para sua mão, havia ali um colar de ouro com um pingente circular escrito seguindo seu formato de fora para dentro: "Em um caminho escuro, no meio da floresta, um vaga-lume guia seu caminho." Aquilo era familiar.
- Vamos! - Jhon disse a puxando para a fora da cama e em seguida abrindo o seu baú, colocando roupas ali dentro.
- O que é isso? - Gayla disse confusa - O que está acontecendo?
- Fale baixo... - o homem disse preocupado - Não temos muito tempo.
- Jhon! - a guarda disse pegando o braço dele com força - O que está acontecendo?
- Eu vou te livrar dessa bagunça que meu irmão fez! - o duque falou parando pela primeira vez - Sinto muito por tudo que fizemos você passar!
- Ainda não entendo. - ela engoliu seco.
- Não reconhece esse colar?
- O que isso tem haver?
Jhon se aproximou da menina e virou o pingente para o outro lado, ali havia outra inscrição, uma data e um nome: Avalon Breindal II, uma pequena vaga-lume.
- Que brincadeira é essa? - o sangue da garota ferveu.
- Não é uma brincadeira... princesa.
A moça olhou para o colar, depois para o homem na sua frente. Ele não estava brincado e aquelas imagens que viam a sua cabeça com tanta força não eram alucinações.
Sua mãe tinha cabelos castanhos e um rosto sardento, ela cantava melhor do qualquer pássaro no céu, seu pai tinha os cabelos pretos bem escuros e olhos iguais ao dela, ria como um trovão e ele tinha uma irmã, sua tia. Além disso, havia crianças que corriam com ela pelo pátio e Kay andando ao seu lado, quase como uma sombra. Quebrar janelas e corre, roubar doces da cozinha, subir em árvores e cai na lama, perder vestidos caros pelas suas tramoias.
Lágrimas percorreram pelo seu rosto, de onde tudo aquilo vinha?
Já estava ali há muito tempo, ela só não queria ver, porque se assim fizesse teria que ficar de luto, teria que temer o homem que a criou como filha e assumir uma guerra contra a família nova que havia sido colocada.
- O nome do meu pai era Erick Breindal, só se tornou rei porque minha tia Alöisia desistiu de ser rainha para se tornar líder das guerreiras. - ela olhou para Jhon - Ele se casou com Brenda, uma filha de comerciantes da Ilha de Maçãs. Quando tivesse vinte um anos eu me casaria com Malakay, meu primo de terceiro grau, para unir duas gerações nobres.
- Você é Avalon. - o homem sorriu com tristeza - Malakay realmente estava te esperando todos esses anos. Você tem que voltar para casa...
- Não. - a voz dela saiu em um sussurro - Aqui é minha casa...
- Não minha criança. - ele segurou seus braços e sorriu com tristeza - Aqui é a seu cativeiro, nos somos seus inimigos e agora você tem que voltar para seu povo e lutar contra nós. Você tem um noivo te esperando, uma corte ansiosa pelo seu retorno e um país para reinar. Vá!
A garota hesitou, olhou para baixo e pensou durante um tempo. Se ela não lembrasse de nada poderia ficar, falar que Jhon havia enlouquecido e simplesmente voltar a dormir, mas tudo parecia voltar diante de seus olhos, cada momento de sua infância, da sua outra vida. Fechou seus olhos e a última coisa que viu em sua mente foi Vincent acertando o coração da sua mãe com uma espada.
- Está bem! - ela disse já pegando uma calça.
- Não! Saia, você precisa se misturar em Zaark até chegar no castelo. - ele disse pegando algo do baú e jogando - Na sua bolsa tem dinheiro, comida e água, tente ficar o mínimo possível na estrada e em cidades pequenas.
- Sim... - ela disse colocando a blusa de tecido branco e uma saia de pano cru marrom no meio da canela. - Para onde eu vou?
- Para o castelo de Zaark, criança. Mostre o pingente e eles vão te reconhecer, Malakay irá ajudar a provar que você é Avalon. - ele disse entregando uma capa verde água a ela - Quando chegar na floresta, não olhe para trás, não hesite em ir para seu destino.
Completamente assustada a moça colocou suas botas de couro, pegou a bolsa de Jhon e colocou o escudo e o machado que ganhou de aniversários nas costas. Saiu do quarto nas pontas dos pés, com o duque um pouco atrás.
Seu coração batia tão alto que temia acordar a todos e estranhamente não passou por nenhum criado ou guarda. Parecia uma eternidade caminhar por aqueles corredores escuros, só com as velas e a luz da lua cheia.
Quando estava na porta da cozinha para os jardins dos fundos, aqueles que davam para a floresta, ela olhou para Jhon e deu um forte abraço.
- Criança... - ele disse a soltando, sua voz falhava e colocou uma bússola em suas mãos - Siga para o Noroeste. Não olhe para trás!
Engoliu seco, apertou o pequeno objeto em suas mãos e começou a correr, parando apenas quando as árvores já impedia seu avanço mais rápido e milhares de vaga-lumes foram aparecendo na sua frente. Mesmo que Jhon tenha falado para não fazer isso, Gayla olhou para trás.
Vamos retroceder um pouco nessa história, voltar para a biblioteca.
- Akanta já está tarde... - Caleb disse aproximando a lanterna para perto do livro que estava lendo - Vamos deixar essa busca para amanhã?
A princesa bufou e fechou o livro, o guarda estava certo aquilo tudo era quase inútil. Deitada na mesa ela continuava a pensar sobre o que Gayla havia falado, todas aquelas memórias esquisita.
Caleb se levantou e foi para os corredores guardar os livros que tinham pegado. Quando ele voltou, Akanta viu que carregava mais dois outros livros diferentes, um inclusive, estava mofado.
- O que é isso? - a princesa disse pegando o livro velho.
- É o diário do Sebastian, o homem que fundou Catalan. - o guarda riu - Acho que se não tiver o que estamos procurando vai ser minimamente interessante.
- Isso não deveria está aqui... esses registros eram para está bem guardados.
- Bem, quando terminarmos de ler podemos mostrar isso aí ao rei. - Caleb disse pegando o livro e o folheando, estava fazendo uma leitura dinâmica - Guerras, briga com os nativos, construção de castelo, castelo, castelo, casamento, achei! Celina Breindal! "Acho que estava esperando muito da grandiosa rainha que tantos me falaram, não desmerecendo nenhum de seus feitos, principalmente, o que diz respeito em ser a primeira pessoa a liderar um grupo de pessoas até essas terras. Contudo, não esperava encontrar uma moça com a aparência de adolescente conservada e muda.
O seu marido, por outro lado, me inspira tremenda confiança, e seus olhos, assim como os olhos de seu irmão são de um roxo intenso. Creio que as histórias de que esses três tem alguma relação com a Ilha do Dragão possam ser bem mais do que uma mente de camponês ocioso."
- O irmão do rei? - Akanta disse curiosa.
- Bem... - Caleb fechou o livro e pegou o outro - Talvez esse tenha mais respostas. "Zaark - Os clãs". Essa bagunça que eles chama de sistema governamental deles está aqui.
- Não compreender como funciona, não significa que é bagunçado. - Akanta riu - Pensa assim, cada família comanda a sua terra e o rei ou a rainha comanda essas famílias. A preferência para a sucessão do trono é feminina, mas não é obrigatório.
- Enfim... - Caleb disse rindo - Temos aqui um capítulo sobre o clã Lillac. Deseja ler?
- Por que não? - Akanta disse se aproximando do rapaz e lendo sobre seu ombro - "O clã Lillac foi fundado pelo irmão do príncipe consorte: Will Lillac. O rapaz foi conhecido por ter ajudado Celina na guerra e ser o pai de Arthur, rapaz que se casou com Violet, a primeira dama que foi criada pelas Guerreiras. A principal característica dessa família são os cabelos loiros e os olhos puxados para o tom de roxo, o animal padroeiro é o pavão e em suas terras é produzido a melhor cerveja de Aron, vendida como produto de luxo."
- É segue a lista infinita de pessoas da família... - Caleb riu e apontou para o final da lista - Cordelia e casada com o rei. Creio que esse livro seja ainda recente.
- Sem dúvidas... - ela disse voltando para o índice - Rainhas de Zaark.
Caleb passou algumas páginas e parou ao ver uma imagem desenhada na folha com muito cuidado e detalhes. Era uma menina de cabelos escuros, olhos negros e sorriso aberto, não tinha as sardas. Mas ainda era quase idêntica a Gayla, abaixo da imagem tinha uma inscrição: Celina.
- Bom... - Caleb disse em choque -Esta explicado o motivo dos rebeldes acharem tanto que Gayla é Avalon. Depois dessa até eu acredito nisso.
Akanta ficou quieta, aquilo parecia ser a confirmação que procurava, mas ainda precisava de algumas peças.
- Bem, não te culpo por isso... - ela disse disfarçando - Eu mesma estou duvidando.
- Família Breindal tem sua origem com a Rainha Celina e o príncipe consorte Liam, eles foram os responsáveis por fundar Aron e organizar os clãs que vieram com eles. Além disso, promoveram paz entre eles e os nativos da terra. - ela suspirou - Talvez seja por causa desses nativos que eles gostam tanto de planta.
- Uma característica física nessa família é os cabelos e olhos escuros, tendo raras exceções em sua história e, óbvio, o sangue dourado. No geral as rainhas de Zaark apresentam grande dificuldade para engravidar, tendo a sua maioria um único filho. - Caleb continuou lendo - Os casamentos dessa família ocorrem entre a sua corte, a Ilha de Maçã e familiares mais distantes...
- Avalon e Malakay... - a princesa disse - Eles eram primos de terceiro ou quarto grau.
- Há muitas lendas a cerca dessa família, sendo a mais famosa o dragão de Celina, o que fez muitas pessoas acreditarem a descendência real dela, outras lendas legais de citar é o controle os quais possuem sobre uma árvore de ouro e prata mágica, serem capazes de controlar as estrelas que caem e terem uma força fora do comum.
- História de camponês... - ela disse rindo - Outros dos seus feitos é a idealização das Guerreiras e sua execução, Celina, os acordos com essas mulheres, Amino, a construção do castelo suspenso, Alanna, a execução do Concelho Para Paz de Aron, Genoveva, os tratados com Vahall, Elora e a lista continua...
Passando mais algumas páginas viu várias outras palavras sobre a família e os principais feitos de cada rei e rainha, pararam de novo quando um nome chamou a atenção: Avalon I, um retrato de uma garota de olhos castanhos e cabelo ondulado apareceu, nenhuma das imagens ali era muito diferente da outra.
- Avalon I nasceu da primeira união da família Breindel com importantes negociantes da Ilha das Maçãs...
- Negociantes? - ele disse estranhando.
- Eles não tem monarquia. O dinheiro manda. - ela deu de ombros - A garota ficou conhecida por não viver entre os corredores do castelo, sendo ativa na vida da cidade, amiga dos criados e se metendo em várias confusões em sua juventude. Foi treinada pelas Guerreiras em luta com facas e ataques surpresas. Quando a guerra contra Uhall se iniciou ela foi responsável pela parceria com Catalan e assumiu o seu lugar na batalha. Ouve poucas mortes devido ao falecimento repentino do tirano de Uhall...
- Há suspeitas que ela tenha sido responsável por tal ato.
- Que honrado! - ela riu - O nome Avalon hoje tem um grande peso entre a população, pois é associado a vitória sem grandes custos.
- Bom... - Caleb disse se encolhendo, estava muito escuro agora e frio - Achou o que queria?
- Sim. - a princesa disse com um sorriso triunfante.
Liberando o seu guarda para ir dormir antes de levá-la ao quarto com muito custo, a princesa se viu caminhando pelos corredores refletindo sobre o que exatamente significava ter Avalon como prisioneira para o seu pai.
Durante todos aqueles anos a guerra que se aproximava como um fantasma estava ganha e nada poderia ser feito por Zaark para reverter tal fato. Mas para isso Vincent tinha que revelar que tinha a tão aguardada princesa como refém, por que ele não fazia isso?
Na realidade ele teve uma ótima oportunidade, quase teatral, para falar sobre a verdadeira identidade da menina e ele apenas tentou esconder o fato ainda mais. Aquilo não estava certo...
A mente da princesa foi para os dias de sua infância, quando Gayla recebia atenção nas suas noites de pesadelos, nas longas horas de conversa que o pai tinha com a guarda e, principalmente, quando as duas estavam estudando e ela recebeu permissão para lutar enquanto ela não, apenas defesa pessoal. Não era necessário ouvir as fofocas da corte para saber o que Vincent pensava sobre a menina e sobre a princesa e isso a machucava.
A menina parou bruscamente e na mesma posição de cabeça baixa que estava andando tirou o cabelo da orelha e começou a escutar: passos, não aqueles que os empregados faziam, pesados e barulhentos, mas aqueles que parecem querer evitar barulho, rápidos e compassados. Aquilo estava vindo na sua direção!
Com medo daquilo ser um ataque ou invasão, Akanta se escondeu nas sombras do corredor torcendo para que ninguém olhasse na sua direção. Se o dono daqueles passos olhasse mais atentamente para sua direção ela estava perdida.
Então ela viu passando na sua frente duas pessoas, ambas tensas e preocupada com seus arredores, mas nervosas o bastante para não perceber Akanta que prendia sua respiração. Assim que as duas silhuetas passaram pela janela e luz da lua as iluminou, a princesa pode ver Gayla e John andando rapidamente.
Quando ambos estavam no fim do corredor, a moça ficou alguns segundos ali, refletindo sobre o que eles deveriam está fazendo. Sem perceber, seus pés estavam seguindo os dois, com os mesmos passos.
Estavam nos jardins, Jhon na porta assistindo Gayla entrar pela floresta correndo, assustada o suficiente para esquecer da discrição. Akanta se aproximou do lado de seu tio e disse suavemente.
- O que você fez?
O nobre se assustou por alguns segundos, mas sorriu por fim.
- O certo.
👑
E agora, José?
O que esperam que vá acontecer?
Encontro vocês no próximo capítulo!
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