Capítulo 9

Acordei cedo sem conseguir dormir, afinal Leon me daria uma tarefa e estava com medo do que seria e do exigiria de mim.

— Hoje haverá uma festa do jardim, para vocês conhecerem o príncipe melhor — anunciou Amália após entrar no quarto.

— A que horas?

— A tarde.

Quando terminei de comer e me arrumar disse a Amália que iria até o quarto de Ivna para irmos juntas. Uma mentira para que ela não soubesse que iria me encontrar com a mensageira do príncipe herdeiro.

No corredor uma mulher vestida com a mesma roupa que a da Amália se aproximou.

— Você deve ser a senhorita Swan, aqui — ela estendeu a mão e vi uma carta, a peguei.

Havia um emblema de leão no papel pardo.

— Obrigada... — falei levantando a cabeça e vi que ela não estava mais no corredor.

Escondi a carta no busto e voltei para o quarto.

— Não iria acompanhar a princesa Ivna? — questionou Amália.

Eu precisava ler em um lugar privado.

— Sim, mas me deu vontade de usar o banheiro — passei por ela e fui até o banheiro e tranquei a porta.

Tirei a carta do busto e a li.

"Querida, Srta.Swan,

Serei breve, quero que fique de olho em uma das participantes. Chegou aos meus ouvido que a princesa Pietra fora vista fora de seu quarto na noite passada e parecia muito nervosa. Não foi se encontrar com Edward, já que o mesmo dedica suas noites em seu jardim privado.
Com a crise financeira em seu reino não duvido que ela possa querer tramar uma rebelião e matar o rei o que lhe dará o direito em governar. Talvez você não saiba, mas à uma outra maneira de governar Mountsin sem ser o herdeiro, e está é uma. Qualquer movimento suspeito deve ser notificado, descubra para onde ela foi.
Aguardarei notícias.

Ps: Queime essa carta."

Sai do banheiro conferindo que Amália não estava no quarto e joguei na lareira a carta. Fiquei no quarto até ter certeza que ela queimou completamente.

Tinha uma missão e não a considerava fácil. Tinha que saber o que Pietra fez na noite passada.

O jardim principal era de fato um lugar lindo. Com uma fonte jorrando água, bancos brancos e bem posicionados, flores de diversas espécies e fragrâncias. Como também havia árvores de cores estranhas, uma era igualmente branca, desde o troco as folhas.

Arbustos formavam um pequeno labirinto. E havia guardas posicionados por todo o jardim.

Uma mesa fora trazida para fora e uma agradável quantidade de bolos e frutas foi distribuída sobre ela. Como sucos e vinhos em belas jarras.

Edward estava com uma camiseta azul, calças brancas e uma bota preta. Seus cabelos estavam uma bagunça.

As meninas não paravam de sorrir para ele, e cada uma tentava chamar sua atenção a sua maneira.

Ivna era a que menos se importava em chamar sua atenção. Estava mais interessada na mesa de doces, então tínhamos interesses semelhantes.

Eu também estaria atacando a mesa, se não fosse pela minha missão. Tinha visto Pietra assim que entrei no jardim e não parei de segui-la e a elogiei a cada oportunidade. Desde sua roupa a sua maneira. E percebi que ganhava pontos com ela quando o assunto era moda.

Ela não me olhou com desdém como fazia Nala, essa que nem na competição estava mais, fora ela quem Edward mandou embora. E sim me olhava como se tivesse ganhado um bichinho de estimação.

— Você realmente ama roupas — comentei quando ela me deu uma explicação maçante da diferença entre seda e chiffon.

— Muita gente não percebe o poder que uma roupa nos traz. Com a certa você pode conquistar o mundo.

Suas palavras me deixaram alerta.

— Como? — perguntei, com inocência.

— Somos mulheres, Swan. Quase sempre silenciadas com uma única palavra de um homem, se eles nos colocaram na posição de sermos belas e admiradas, azar o deles, usarei isto como uma arma.

— Como uma cobra — disse por reflexo me lembrando do animal que representava seu reino. Uma bela víbora. — Então veneno é seu tipo de arma.

Deveria avisar Leon para tomar cuidado com o que comia.

— Que belas petunias — falou mudando bruscamente de assunto. — Ficariam lindas em um vestido.

Não, não quando eu estava quase conseguindo alguma informação, tinha passado a tarde toda em seu encalço e não seria desconversada.
Uma boa arma para conquistar alguém e mesmo que me doesse admitir era falar mal de alguém que ela também não gostava.

— Kenya não parece gostar do seu estimado conselho. Laranja definitivamente não é sua cor.

Esperei Pietra rir ou concordar, mas ela me encarou com indiferença e vi raiva em seu olhar.

— Tem razão, vou alerta-la — e saiu antes que eu pudesse impedir. Foi a coisa errada a se dizer e eu não entendia o porque. Talvez fossem amigas e eu a tivesse ofendido. Seja lá o que foi não conseguiria me aproximar mais dela, pelo menos não hoje.

Cansada fui até a mesa com comida e peguei uma taça e me servi vinho, bebi alguns goles.

— Está muito cedo para beber — brincou Edward vindo até o meu lado.

— Está muito cedo para várias coisas, alteza. Mas não para beber.

— Algumas das competidoras podem ser mais difíceis de lidar do que outras — disse indicando Pietra com o queixo. Ela estava falando com Kenya e as duas pareciam muito a vontade, é foi uma péssima ideia ofende-la. — Apesar de tudo elas são pessoas boas. Tente se enturmar.

Tento não sorrir, a se ele soubesse que eu não me importava nem um pouco em ser amiga delas.

— Sou péssima para fazer amigos.

— Isso não é verdade, afinal somos amigos.

Sorrio.

— Sim, mas não vou conseguir me enturmar se você continuar conversando comigo. Mulheres são muito ciumentas você sabia?

— Um pouco de ciúmes não faz mal. Afinal eu poderia ficar horas na sua companhia.

— Garanto que depois de uma iria ficar enjoado.

— Enjoado de olhar esses olhos que parecem duas luas? Nunca.

— Ora, príncipe Edward. Está flertando comigo? — levantei a sobrancelha sugestivamente.

— Talvez - ele pegou uma uva. — Como eu me sai?

— Bom. Acho que se você fosse um plebeu eu o estaria beijando agora mesmo, atrás daquela árvore.

Edward engasgou com a uva e ficou completamente vermelho. Gargalhei lhe entregando minha taça de vinho.

— Assim fica difícil vê-la apenas como uma amiga — falou após beber um gole de água e a uva ter sido devidamente engolida.

Sorrio e faço uma reverência curta.

— Sinto muito por isso, com sua licença Edward. Irei me enturmar.

Me afastei e tentei conversar com Kenya, era mais fácil me aproximar de Pietra por ela. Ela tinha um humor negro e fazia piadas ruins e depois de trinta minutos não aguentei mais e pedi licença e fui me sentar em um dos bancos.

' Posso me sentar aqui? — perguntou Ivna e assenti. Ela abriu um sorriso gentil.

— É difícil se enturmar não é ? — perguntou.

— Você não faz ideia.

— Bom, talvez você esteja tentando com as concorrentes erradas.

— Eu gosto de desafios.

Ela sorriu de lado.

— Eu também ou não estaria aqui.

— Se me permite perguntar, mas pelo que você luta? O que seu reino vai ganhar se você criar laços com Mountsin após casar com Edward?

— Liberdade.

Confusa inclinei a cabeça.

— Seu povo não é livre?

Ela piscou lentamente como se tivesse dado conta do que disse e balançou a cabeça.

— Oh, não, não é isso. Eu quero acabar com a hierarquia.

— Isso não a faria perder o trono?

— Sim. Eu estou disposta a abrir mão de uma coroa.

— Deixaria de ser rainha por eles? É um gesto nobre — falei surpresa por ela pensar assim e receosa, talvez Edward não gostasse da ideia de perder a coroa. Seria rei se casasse com qualquer uma dessas princesas, claro que em outro reino.

— Suponho que sim — Ivna me encarou com seus olhos castanhos de uma forma desconcertante. — Gostaria de te ver em um trono, um dia.

Quase gargalhei de sua súbita confissão.

— Isso nunca vai acontecer.

Ela deu de ombros.

— Talvez sim ou talvez não. O destino é imprevisível, como cada pessoa presente aqui.

Abri minha boca para perguntar o que ela queria dizer com aquilo, mas sou interrompida.

— Se Kenya fizer mais uma piada sobre os exilados eu vou pedir para sair da competição — disse Marcta aparecendo de repente. — Como ela conseguiu participar da competição novamente?

Essa informação me deixou surpresa.

— Vocês já participaram antes?

Marcta me olhou ao dizer:

— Sim. Bom, não todas. Mas eu, Pietra e Kenya fomos escolhidas para a competição do príncipe herdeiro.

— Mas isso é possível? Digo não é contra as regras?

— Considerando que essa competição nem deveria existir, acho que não tem problema — disse Ivna.

— Porque não deveria?

— Nunca houve duas competições. E nunca nasceram dois filhos da linhagem Pwerus.

Isso explicava a pressão em ser aliada de Mountsin, uma segunda chance. Mas isso não explica o porque fizeram essa competição. Esse lugar estava rodeado de segredos, a morte da plebéia, a possível traição.

Por um momento fico triste por Edward, não conseguiria imaginar o que ele estava sentindo, vendo as antigas competidores de seu irmão fazendo falsas juras de amor e tentando conquista-lo. Ninguém estava de fato tentado ama-lo, só queriam seu sobrenome em um pedaço de papel.

— Isso não importa. Meu pai ficou tão feliz que eu fui escolhida novamente. Disse que representava sorte — falou Marcta e não pude deixar de notar uma pontada de sarcasmo na sua voz. O que me fez concluir que seu pai sabia sim que ela seria escolhida.

Seja quais fossem os motivos da segunda competição tinha a ver com os outros reinos. Talvez insatisfação? Ou apenas uma nova oportunidade de conquistar Mountsin.

— Vi você rindo com o príncipe. Talvez você se torne a nova princesa de Mountsin — disse com sinceridade.

Percebi que Marcta era muito sincera e gostei ainda mais dela por isso.

— Princesa Rosemary não soa bem.

— Princesa Rosemary Nolson Pwerus - falou Ivna. — Hum. Soa muito bem para mim.

— Pensei que ele tinha mais sobrenomes — comentei tentando mudar de assunto.

— Não, em outros reinos é comum vários sobrenomes, mas em Mountsin não. Eles gostam de manter apenas o Pwerus nos sobrenomes, havia rainhas que apenas usavam esse e abandonavam os delas.

— Talvez eles os mantem por ser fácil e simples de lembrar, mesmo que sua tradução esteja muito longe de ser simples — comentou Ivna.

— Qual é a tradução de Pwerus? — perguntei, curiosa.

Poder.

Fiquei impressionada, não era atoa que era o reino mais forte da Cìlia, com um sobrenome desse nada menos do que grandioso era aceitável.

— E vocês possuem vários sobrenomes?

Marcta suspirou.

— Seis sobrenomes. Todos horríveis — Marcta estremeceu ao falar.

— E você, Ivna?

Seu semblante divertido sumiu por alguns segundos, foi tão rápido que Marcta não notou, mas eu sim. Somente quem usava varias máscaras, quem escondia algo sabia que aquela pergunta tinha um peso para Ivna, pois ela caiu e eu não tinha ideia de qual era seu peso para ela.

— Apenas um. Mas tão sem graça que eu adoraria poder ficar com um dos seus Marcta.

— Eu lhe daria com maior prazer.

Elas acabaram entrando em uma divertida conversa sobre os sobrenomes das outras princesas e eu não consegui parar de pensar que Ivna e eu tínhamos muito em comum.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top