Capítulo 28

Outra noite mal dormida, só que dessa vez não eram perguntas sem respostas que me fizeram encarar o teto.

Tudo o que Leon disse a Milei e seus olhares. Assim como o beijo me fizeram entender que talvez ele sentisse, sim, algo por mim.

Mas porque ele faria tal coisa? Que tipo de benefício eu traria a ele? Nada, somente destruiria sua vontade de ser rei. Ele precisava de uma aliada poderosa. Uma princesa com um reino forte o bastante para apoia-lo.

Para que o rei não tivesse escolha a não ser lhe dar sua coroa.

Alba tinha tudo isso e se ele não suporta-se ela, poderia tentar com Milei. Tinha certeza que qualquer outra princesa estaria disposta a fazê-lo.

Rainha de Mountsin.

Ah, sim. Elas dariam qualquer coisa por isso. Pelo poder.

E o que eu tinha em minha vantagem? Algumas informações vagas sobre uma possível traição.

Nada valioso.

Uma vez ela tinha me dito que eu só servia para destruir. E talvez ela estivesse certa.

Mordendo os lábios tomei uma decisão.

Não podia manter aqueles sentimentos em mim. Não podia lidar com aquilo.

Eu iria ignorar cada batimento descompassado, iria ignorar cada respiração presa, iria ignorar meus olhos sempre se desviando e o procurando.

Eu o faria pelo meu bem e pelo dele.

Levantei sentindo meu peito pesado e não me importei.

Olhei para os papéis que o Anjo havia me dado e suspirei.

Deviam ser importantes.

Me troquei e os peguei.

Eu não os daria a ele. Iria até o Anjo e entregaria a ela, com sorte o evitaria por mais algumas horas.

Abri a porta e vi Imyir sair do quarto dela.

— Parece triste, plebéia — disse e a encarei.

Seu vestido verde claro em formato de sereia era totalmente agarrado ao corpo definido e os cabelos estavam presos em um coque alto.

De que reino ela vinha mesmo?

— E você está muito arrumada. Ainda são oito.

Ela deu de ombros.

— O tempo está acabando. Logo será o baile de inverno.

— Está confiante — observei e Imyir me lançou um sorriso.

— Estou extasiada. Talvez eu vire a princesa de Mountsin. Não está confiante?

— Acha mesmo que eu tenho alguma chance?

— Acho que deveria sair deste castelo — falou com os olhos esverdeados cravados nos meus. — E que não deveria se envolver com essa familia.

Analisei seu rosto.

Ela sabia sobre algo relacionado a plebéia?

— Tem tanto medo que eu vire a princesa de Mountsin e você não?

Soltando um risinho ela balançou a cabeça.

— Sua teimosia é admirável. Espero que não se arrependa de sua decisão, Swan.

E saiu rebolando pelo corredor.

Imyir era alguém que eu deveria ficar de olho.

Contendo um suspiro vou até a sala do Anjo.

Outra para eu observar.

Ainda não sabia exatamente para quem Marcta estava enviando cartas e desde o sequestro não consegui perguntar, tantas coisas aconteceram que foi difícil me lembrar deste detalhe.

Será que devo pressionar Pietra novamente?

Não. Ela já tinha me dado informações o suficiente, mesmo que deste modo trouxe mais perguntas.

Parei em frente a porta e vi um recado preso a porta.

Em uma letra bonita e redonda estava escrito:

"Sai para resolver alguns assuntos pessoais. Voltarei em dois dias."

Não havia assinatura então presumi ser dela.

O que será que aconteceu para ela ter que se ausentar? Ela não parecia do tipo que tinha problemas.

Com raiva voltei para as escadas e as subi, sabendo que agora só me restava ir até Leon e lhe entregar os documentos.

Tentei me preparar mentalmente para este encontro, mas quando bati na porta e ele a abriu meu coração teve um pequeno ataque.

Seu cheiro de sabonete de limão e hortelã envolveram meu nariz.

Seus cabelos estavam levemente molhados e ele usava uma roupa igual a qual nos conhecemos só que estava descalço.

Leon franziu a testa confuso com minha inesperada visita.

Eu também estava confusa e levemente excitada com seus olhos azuis cobalto me analisando.

— Alteza — disse quando o silêncio se arrastou mais do que deveria.

Ele piscou como se estivesse em um estado de estupor e olhou para o corredor.

— Entre. Alguém pode nos ver e você estará com problemas — ele pegou minha mão e me puxou levemente para dentro do quarto.

Eu estaria, sim, com problemas se ficasse mais tempo na sua presença.

Leon fechou a porta e soltou minha mão que ficou fria sem seu toque e se virou para mim.

— Aconteceu algo? Está tudo bem?

Engolindo em seco assenti.

— Sim, eu só vim... entregar estes documentos a você — estendi a mão e ele os pegou e leu rapidamente por cima.

— O Anjo ficou encarregada de me entregar isto ontem — falou tirando os olhos do papel para me fitar.

— Mas ela estava ocupada e me deu para te entregar. Porém eu esqueci e lembrei esta manhã. Como você já o recebeu eu tenho que ir — passei por ele que me segurou pelo braço me impedindo de sair.

— Rosemary você está me evitando novamente. Aconteceu alguma coisa?

Ele estava muito perto que eu sentia sua respiração próxima.

Fora o beijo inusitado, eu estava muito bem.

— Não.

Leon me soltou e foi até a sua cadeira e se sentou e indicou com a mão a outra cadeira que ficava a sua frente.

— Sente-se.

Eu poderia me virar e ir, podia abrir a maldita porta e ir. Mas meu corpo me levou até a cadeira e me sentei.

Ele pegou uma jarra em cima da mesa de trabalho e me serviu uma taça de vinho.

— Você parece tensa. Porque não me acompanha?

Leon se serviu e peguei a taça.

— É muito cedo para beber.

— Eu diria que é muito cedo para ser ignorado, mas temo que a senhorita não vá gostar se eu disser — ele abriu um sorriso de lado e bebi um gole evitando o responder.

— Acho que eu devo ir.

Acha?

— Alba pode suspeitar de nós.

Ele ergueu a sobrancelha.

— Nós? — Trinquei o maxilar. — Então existe um nós.

Levantei.

— Por favor pare, alteza.

— Eu gosto de você — falou com seus olhos grudados nos meus e meu coração ameaçou a sair pela boca.

Estava tão petrificada que apenas um ah saiu pelos meus lábios.

— Por quê?

Isso o irritou e ele passou a mão pelos cabelos em frustração.

— Por quê? Por quê meu coração bate mais rápido quando eu a vejo? Por quê eu não suporto quando Edward a olha com desejo? Por quê eu tenho a necessidade quase primitiva de te beijar a cada segundo? Eu não sei. Culpe aos deuses banidos! Culpe ao maldito rei! Mas eu não posso mudar o que eu sinto aqui — ele colocou a mão no peito. — Eu gosto de você, Swan.

Meu corpo tremia e sentia minha boca seca.

— Eu sou só uma plebéia. Não posso te ajudar a ser rei.

Leon soltou uma risada alta.

— Acha que eu me importo? — ele se levantou e deu a volta na mesa vindo até mim. — Eu gosto de você e sei que sente algo por mim também.

Levantei a cabeça para o encarar.

Queria dizer que era mentira. Queria gritar com ele dizendo que aquilo era irracional. Mas a minha única vontade era o agarrar naquele instante.

Sentia os sentimentos em cada palavra que ele proferiu.

Porém eu não podia corresponder. Não podia.

Querendo chorar falei, minha voz não passava de um sussurro misturado com um soluço:

— Sinto muito, mas eu não posso aceitar seus sentimentos — e fugi do quarto como a covarde que era.

No corredor me apoiei na parede.

Tudo em mim ardia e queimava. Queria chorar, gritar e socar algo.

Também queria voltar para aquele quarto e aceitar tudo o que Leon estava me oferecendo.

Queria tanto que doía.

Só que... não era certo. Ele e eu.

Seu reino dependia dele e eu seria um fardo.

Aqueles sentimentos eram passageiros. Em algum momento ele acordaria daquele estupor e perceberia que eu era apenas uma novidade, que não gosta de mim daquele jeito.

Sim. Ele perceberia... certo?

Mas...

O mas tão tentador e perigoso.

Talvez eu pudesse, pelo tempo que ficasse aqui, me permitisse gostar de alguém que nunca gostaria de mim em outras circunstâncias.

Talvez só por um momento.

Meu corpo reagiu antes mesmo que eu tomasse uma decisão coerente. Se ficasse pensando por mais tempo acabaria saindo correndo.

Não queria ser covarde. Bom, não ainda.

Parei em frente a sua porta e respirei fundo afastando qualquer duvida e abri a porta.

Leon estava para sair e parou abruptamente me olhando surpreso.

— Rosemary eu... — não o deixei terminar e o beijei.

Naquele momento não queria ser a plebéia ou a espiã. Só queria ser uma pessoa que gostaria muito de ser beijada por ele.

Ele levou apenas segundos para se permitir ficar surpreso para retribuir o beijo que ficou mais intenso.

Sua língua invadiu minha boca e seu gosto fez meu corpo entrar em frenesi instantâneo.

A sua mão apertou minha cintura e com a outra o ouvi empurrar a porta e depois a senti segurando meu rosto.

Não sabia exatamente onde eu o segurava e tentei o trazer para mais perto. Queria o sentir em mim, queria seu corpo no meu.

Com uma habilidade assustadora ele me ergueu e coloquei as pernas em volta da sua cintura e senti a parede fria nas minhas costas e gemendo com o contato ele tirou os lábios dos meus para os levar até meu pescoço.

Inclinei a cabeça dando a ele mais acesso a minha pele.

Seus beijos deixavam cada ponto em chamas e Leon mordeu levemente o lóbulo da minha orelha me arrancando outro gemido. Apertei os olhos aproveitando cada sensação.

— Céus... é melhor pararmos — sussurrou rouco entre os beijos. — Não acho que vou ser capaz de parar.

Não sei como fui capaz de falar algo coerente, mas disse abrindo os olhos para o fitar:

Não. Pare.

Com isso Leon abriu um sorriso e me levou até a sala com sua cama e me deitou com delicadeza.

Ele arrancou a camiseta e a jogou em algum canto do quarto enquanto eu saboreiava cada curva de seu corpo com os olhos.

Leon hesitou ao abaixar as calças. Irritada arranquei o vestido que graças aos céus não era tão complicado de ser retirado. Com isso já estava nua e Leon se deitou por cima de mim voltando a me beijar, devorando meus lábios.

Suas mãos passeavam pelo meu corpo, pelas minhas coxas e em segundos ele estava dentro de mim. Ofegante, mordi os lábios contendo um gemido alto.

Ele suava e gemia ao se movimentar dentro de mim. Ao entrar e sair.

Luzes explodiram e meu mundo se limitou aquele momento, corpo contra corpo. Fazendo a coisa mais antiga e natural. Nossos cheiros se misturaram e não sabia onde estava ou quem era. Só queria que aquilo nunca acabasse.

O gosto, os toques, o cheiro.

Nos entregamos um ao outro em um prazer que me desfez.

Cada parte de mim quebrou e se construiu nele.

Éramos o começo e o fim um do outro. Éramos sensações. Éramos dois corpos atingindo seu clímax juntos.

Leon gemeu meu nome e desabou me segurando com força como se eu fosse sumir.

Tentei me controlar para não chorar, eu iria. No momento em que saísse do quarto a realidade me faria lembrar o que somos. Nossos nomes. E tudo não passaria de um sonho.

O segurei contra mim como se pudesse impedir o depois de chegar. Mas ele chegou e não pude fazer nada para me proteger.

Leon dormiu me segurando com a cabeça apoiada na minha barriga e uma das pernas enroscada na minha.

Os cabelos loiros caiam por cima de sua testa e os afastei lentamente analisando seu rosto.

Seus lábios estavam levemente abertos e ele possuía uma pinta marrom discreta abaixo de sua sobrancelha esquerda.

Suspirei encarando o teto.

Será muito tarde?

O sol ainda não tinha nascido e temia a reação de Amália quando voltasse.

Por que eu voltaria.

Meu peito se agitou.

Eu tenho que voltar.

Não podia ficar no quarto pelo resto da minha vida, mesmo que quisesse.

Esperei até ter certeza que Leon dormia pesadamente e me contorcendo sai de baixo dele, que ainda dormia.

Levantei e coloquei o vestido.

Nas pontas do pé sai do quarto e agradeci o corredor estar vazio e fui até o quarto.

Abri a porta e Amália pulou da cadeira onde estava provavelmente cochilando para me encarar.

— Onde diabos... — mas parou quando viu meu rosto.

Contendo um soluço fui até a cama e deitei cobrindo o rosto com um travesseiro. As lágrimas caiam em abundancia e a ouvi se aproximar.

— Pode me trazer um remédio?

A ouvi suspirar alto.

Provavelmente já presumiu para o que era.

Garota burra.

E saiu para buscar, fiquei lá querendo rir em meio às lagrimas.

Muito burra.

Irrevogavelmente, burra.

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