CAPÍTULO 7 - RÁPIDA COMO A LUZ

Passei os últimos dias tendo que enfrentar madame Ludi e suas aulas de etiqueta, ela me dizia que eu tinha a postura de um lêmure e o equilíbrio de uma cadeira com uma só perna, juntamente com o mago Levi e as aulas de história. Também falei com meu pai uma vez e me deu um sermão sobre não desrespeitar a corte e acabar decapitada. O chá com Josie nunca aconteceu.

– Não suporto fingir ser igual a eles - falei me segurando para não gritar.

– Filha, sua mãe era magnífica na corte, ela era uma dama, maior que muitas princesas, bela e postura da Diana era uma verdadeira peça da realeza mesmo sabendo quem realmente era. Isso a mostrou que ela podia ser quem quisesse.

Permaneci em silêncio. Nunca havia ouvido meu pai falar assim da mamãe. Imaginei-a frequentando bailes, experimentando vestidos e dançando com papai. Queria ter visto esse lado dela. De repente a imagem de meu pai desapareceu do espelho. Eu precisava ser como minha mãe, uma princesa em pele de criada.

Caminhei até a cozinha me lembrando dos últimos acontecimentos. Nancy e Eva vieram ao meu encontro ao me verem.

– Como sentimos sua falta! - exclamou Eva.

Retribui apertando o abraço.

– Como estão as coisas lá em cima? - perguntou Nancy se referindo aos preparativos para o jantar.

– Uma correria só. E aqui?

– O mesmo.

– A princesa está ansiosa com tanta preparação. Eu pensava que ela era a menina mais calma dos reinos.

Eva deu uma risadinha. Os odores deliciosos de frango e temperos. Dei uma piscadinha para elas ao observar a cozinha.

– Pelo visto, vou garantir a ela que está tudo sob controle.

***

A tarde já estava indo embora, quando saí da cozinha passei o cardápio para Nancy, nada poderia dar errado nesse jantar. Caminhei com passos largos, não me esquecendo de manter a postura até o saguão. Encontrei Margot já com as amigas de antes.

– Saindo da cozinha - reparou Margot - Fez muita sopa?

As outras riram.

– Repassar ordens - respondi sem rodeios.

Coloquei as mãos para trás, me segurando para não esbofeteá-la.

– Aqui não é um lugar para servir sopa, feirante.

Segurei minha língua. Queria jogar em sua cara que a própria princesa me convidou, ou que apostava que ela nem sopa sabia fazer. Cheguei perto o suficiente dela para falar ao seu ouvido o que dito em voz alta de expulsaria do castelo. Tenho medo do rei, mas de Margot não. Eu gostava de saber que sou uma ameaça para ela sem nem estar no seu caminho.

– Para você eu faria uma comida muito pior, pior que a comida dos porcos.

Distanciei-me e segui para o segundo andar deixando uma Margot que me fuzilava com o olhar no saguão enquanto eu subia as escadas.

Quando entrei no quarto de Annie, uma mulher com cabelo branco enrolado para cima a acompanhava, eu fechei a porta devagar e fiquei à espera de alguma ordem.

– Sele, que bom que chegou - disse a princesa vindo até mim - Esta é Gregória, os vestidos dela são magníficos, maquiagem, cabelo, enfim, tudo - ela riu.

A mulher era alta e usava um vestido que ia até as canelas, saltos pretos e também óculos pretos mais pontudos na lateral, ela deu um passo à frente e estendeu a mão. Eu a apertei.

– Vim da vila dos mercadores como você, e, bem... aqui estou eu - ela disse e me peguei surpresa - Vou deixar vocês divinas.

Olhei para Annie e Gregória.

– Vocês?! - questionei - Nós?!

Annie bateu palmas, animada como uma criança.

– Claro!!! Meu irmão colocou você nessa bobeira de etiqueta, agora mostre o que aprendeu!

Lembrei-me das palavras de meu pai. Eu sou da realeza, eu sou a realeza. Esbocei um sorriso para Annie e concordei.

A jovem princesa se arrumou primeiro, seu vestido era grande com a saia coberta pelo que pareciam ser gotas d'água, sem mangas e com duas finas alças, o cabelo estava sobre um dos ombros, os olhos realçados com azul e nos lábios um rosa líquido. Annie se olhou no espelho com aprovação.

– Você é mesmo magnífica, Gregória. Agora você, Sele.

– I-isso é mesmo necessário? Eu posso pegar um vestido do meu guarda-roupa, soltar o cabelo e pronto!

Ouvi o tsc tsc de Gregória e Annie pegou minhas mãos.

– Você é tão linda, Sele. Está na hora de mostrar isso.

***

Minhas pernas estavam tremendo, o salto só piorava tudo. A companhia de Annie me acalmou um pouco e Gregória também veio conosco, se postou do meu lado, orgulhosa de sua obra de arte. Desci os degraus segurando o vestido.

– Erga a cabeça - Annie disfarçadamente me disse.

Engoli em seco e obedeci. No saguão havia poucas pessoas, mas as mais importantes não estavam lá, graças às minhas Sombras!

– Está preparada? - perguntou-me Gregória.

– Preparadíssima... - minha voz foi sumindo, arregalei os olhos - Aqueles são o rei e a rainha de Motus?!

Annie pareceu orgulhosa e caminhamos até eles.

– Princesa Annie, mais linda a cada dia - elogiou o rei Júlio VII.

Annie agradeceu e sua esposa voltou para mim.

– E essa quem é?

– Sou Selena Ayla Di Lune. Dama de honra de vossa alteza princesa Annie.

Ambos sorriram calorosamente para nós e nos deram passagem para entrar no grande salão. Pareceu-me estranho eles estarem parados ali. Deviam estar esperando Josie. Dois guardas abriram a grande porta, arregalei os olhos aí ver uma grande mesa no centro.

– Eu terei que me sentar com vocês? - perguntei.

– Claro! Fiz questão disso.

Um calafrio percorreu meu corpo, todos olhavam para nós, para meu vestido preto com detalhes brancos na saia não muito cheia, com brilhos no espartilho. Quis me enterrar solo abaixo, as alças finas revelavam minha pele, e os olhos tempestuosos realçados com a maquiagem escura chamavam atenção demais. Queria que estivesse olhando para a princesa, mas não estavam. Tentei me lembrar do conselho de meu pai e do de Annie, me mantive firme quando andamos até o rei e o príncipe.

Annie cumprimentou o rei. Fiquei observando tentando escapar dos olhos avaliadores do príncipe. Exibiam certo orgulho. Senti frio novamente ao repousar meus olhos nos seus, e reparar na pele repicada de sardas e lábios convidativos esboçando um sorriso travesso, seu traje azul-escuro com folhas de ouro o tronavam magnífico... Mas ele era filho de seu pai, eu tinha que me lembrar disso. Então ele se dirigiu a mim:

– O vestido lhe caiu muito bem.

– Obrigada, alteza. As aulas de etiqueta foram muito agradáveis - menti.

– Sério?! Sabia que iria gostar.

Seu sorriso iônico quase me fez revirar os olhos e ele pareceu notar isso. Por sorte, fomos para nossos lugares na mesa, Annie me arrastou para que eu sentasse ao seu lado na grande mesa. As princesas me encaravam, algumas com indiferença, curiosidade e ódio, capaz de mover montanhas. Será que conversei tanto assim com o prometido delas?

– Está se saindo muito bem - Annie disse.

– Seu irmão logo logo vai precisar me expulsar do castelo - falei.

– O quê? Parecia que estavam conversando tão bem.

– Só parecia mesmo - respondi e apontei a cabeça na direção das pretendentes.

Annie riu baixinho.

Quando a mesa já estava toda ocupada. O príncipe se levantou com a taça na mão.

– Obrigada pela presença de vossas majestades e de vossas altezas - ele disse se dirigindo aos reis e princesas presentes - Essa é a noite em que nos aproximaremos mais e também veremos a opinião dos cidadãos de Anelin sobre vocês. Espero que eles me ajudem.

Pessoas uniformizadas de branco entraram no salão, e em seguida Watson com um lindo terno cor azul escuro.

– Boa noite, senhoras e senhores. Veremos hoje a opinião do povo sobre as princesas. Quem será que o povo quer como nova rainha de Anelin?

Ele caminhou ao redor da mesa, fazendo suspense. Eu bebericava meu vinho quando ele reparou em mim. Fingi não ver, porém a equipe de câmeras olhou na mesma direção.

– Ora, ora, o que temos aqui.

Ergui os olhos, mesmo não querendo, meu coração saltava no peito.

– A nova dama de companhia da princesa - ele caminhou até mim, acompanhei-o com o olhar. Quando chegou ao meu lado pegou minha mão e tive que me levantar com as pernas tremendo por debaixo do vestido. Não pude olhar a princesa em busca de auxílio, decidi não olhar para ninguém, qualquer pessoa com certeza me deixaria ainda mais nervosa. Concentrei-me no apresentador ao meu lado.

– Qual o seu nome, senhorita?

– Selena Ayla Di Lune - respondi.

– Di Lune... nunca ouvi falar de nobres com esse sobrenome.

– Não sou nobre, meus pais adotivos são mercadores, assim como eu era - respondi fingindo um sorriso. Eu nunca havia me referido a Cindy e Johnny como meus pais, nem cogitei fazê-lo, as palavras apenas saíram de minha boca.

– Uau! Que peculiar! O que havia de diferente em você que a princesa viu?

Certamente se eu respondesse "sopa" daria aos nobres a oportunidade de rir de mim, e uma ligeira satisfação a Margot.

– Acho que vossa alteza enxergou o que muitos nobres não conseguem, sou como uma mercadora qualquer, e todos temos talento, aquele que é geralmente esquecido por sermos considerados "inferiores". Inclusive esse vestido foi até feito por uma. - falei passando as mãos pelo vestido e direcionando meu olhar a Gregória.

– É uma peça realmente muito sofisticada e fica muito bem na senhorita.

Agradeci e me sentei. Finalmente. Watson seguiu rodeando a mesa. Será que estávamos ao vivo e as pessoas ouviram o que eu disse? Dei de ombros suavemente. Após bebericar o vinho mais uma vez, ergui o olhar, ninguém mais prestava atenção em mim, se é que prestavam antes, exceto... Um par de olhos marítimos. Lucas me observava aproveitando que todos olhavam para Watson. Mantive minha expressão neutra, como se não soubesse por que ele cerrava ligeiramente os olhos para mim.

Watson segurava um cartão nas mãos e começou a lê-lo. Margot, a princesa da Invisibilidade liderava a competição com 15% dos votos. Ela se levantou com seu vestido roxo escuro e aplaudimos. Alice, de Aire, estava com 10%, ela também se ergueu com seu vestido simples e mangas largas que se arrastavam pelo chão. Quando Watson se dirigiu a próxima princesa, o som de uma sirene ecoou pelo castelo. Todos da mesa se levantaram, aparentemente sabiam o que estava acontecendo. Eu era a única perdida ali, então questionei a Annie que estava ao meu lado.

– O castelo está sendo invadido - ela responder tentando se mantiver calma.

Eu não contava com isso, não sabia que o reino tinha outros inimigos, apenas os sombrios... Será que era meu pai? Ele teria me avisado. Senti-me perdida, mas acompanhei a princesa e isso incluía protegê-la, alguns guardas chegaram à sala, inclusive Frank.

– Qual é a situação do ataque? - perguntou o príncipe.

– Iluminados de Motus e soldados também - respondeu Frank, o cabelo bagunçado e suado.

– Motus?!? - bradou o rei, o punho acertando a mesa.

Dei um pulo. Frank assentiu. Observei ao redor. Josie e os pais tinham sumido. Era por isso que estavam aqui, para passar informações sobre o castelo e suas muralhas. Ouvimos uma explosão do lado de fora.

– Levem meu pai para um lugar seguro! - ordenou o príncipe a dois guardas.

Lucas cumprimentou o pai, que saiu do grande salão escoltado. Depois o jovem príncipe veio até mim.

– Selena, acompanhe minha irmã até o quarto dela.

Paralisei quando o ouvi pronunciar meu nome, percebi que seus olhos imploravam para que eu tirasse a princesa dali. Assenti e peguei no braço dela.

– Não! - ela gritou e se desvencilhou de mim - Não preciso de proteção, você sabe disso Lucas! Por que não me contou?

– Annie, eu não sabia - jurou o príncipe.

Outra explosão perto demais estilhaçou os vitrais do salão.

Puxei Annie para o chão.

– Por favor, altezas, vocês podem discutir isso outra hora! - falei.

Levantamo-nos devagar, a grande mesa estava coberta de cacos, as outras princesas estavam em alerta. Lucas foi até Margot e sussurrou algo para ela, imediatamente ela desapareceu. Ouvimos um estrondo no teto, vão invadir por cima.

– Cuidado lá em cima! - gritou a princesa.

Nunca a havia visto assim. Em um segundo mudou de princesa gentil a uma guerreira pronta para matar. Eu era a única indefesa ali, pois não podia mostrar meus poderes sombrios na frente de todos. Mais cacos voaram sobre nossas cabeças, puxei a princesa para debaixo da mesa.

– Selena, não se preocupe comigo - ela disse tentando se esquivar - Você tem que se salvar. Saia daqui!

– O príncipe me disse para tirá-la daqui, só saio com você.

– Só porque meu irmão está se tornando rei não quer dizer que você tenha que obedecê-lo.

Permaneci imóvel, enquanto a princesa se esquivava de mim e saia debaixo da mesa. Fiz o mesmo. O grande salão estava destruído pelos estilhaços, Annie correu para fora, onde a luta acontecia, acompanhei com passos lentos. Tentei pensar somente em me manter viva, é claro. Eu não podia morrer. Não em uma guerra que não era minha.

Os iluminados invocavam seus poderes de si, como uma fonte esgotável. Observei como Bárbara controlava a mente dos soldados de Motus levando a lutarem uns contra os outros, mas ela estava usando demais, logo seu poder se esgotaria. Já Morgana usava com mais habilidade, montada em uma onça, ela abatia os soldados com uma lança longa. Pressenti alguém próximo de mim, me abaixei rapidamente no momento em que uma adaga passou voando. Girei e dei uma rasteira no soldado inimigo fazendo-o bater a cabeça numa mesa de mármore.

Peguei duas adagas e arranquei a metade do vestido deixando a altura dos joelhos e tirei os saltos. Mais dois soldados vieram na minha direção, corri. Minhas pernas estavam um pouco congeladas, mas ainda era rápida. Lembrei-me de Dylan e eu correndo atrás dos ladrões na vila dos mercadores. Poucos tinham a sorte de escapar de mim. Meus poderes sombrios me possibilitavam reflexos muito mais rápidos que o de qualquer outro ser. Mas não podia arriscar usá-los.

Lancei uma adaga em um soldado, ela atingiu sua faca e a senti cair. Outro apareceu na minha frente me encurralando. Mordi o lábio com ódio, me mantive atenta ao movimento dos dois sem demora ataquei o soldado da frente chutando sua lança e deixando-o desarmado, girei e cortei o rosto do soldado que já havia se levantado e retirado a adaga da perna.

Sem perceber senti um braço sendo passado pelo meu pescoço, o primeiro soldado me imobilizou. O outro com o rosto ensanguentado riu e pegou minha adaga. Queria usar meus poderes. Não estava com medo, mas com ódio. O soldado deslizou a faca pelo meu rosto lentamente, devolvendo-me o golpe. Fechei os olhos, abri-os ao ouvir os sons de uma cachoeira caindo... Uma enchente atingiu o soldado que estava na minha frente afogando-o imediatamente. Dei um chute no soldado que me segurava e torci seu braço jogando o cara no chão.

Um grito de dor ecoou pelos meus ouvidos, peguei a adaga de volta. Ouvi alguém se aproximando, me virei assustada, mas era o príncipe na minha frente, estava molhado assim como o saguão agora.

– Você está bem? - ele perguntou preocupado.

– Sim, alteza.

Ele sorriu com o uso do título usado num momento inapropriado. Notei alguém se aproximando por trás dele.

– Se abaixe! - gritei puxando para o lado. Caímos no chão molhado.

Uma flecha atingiu a parede. Lucas fez um movimento com a mão e a água se reuniu ao seu redor e voou como uma lança até a arqueira. Eu me levantei e o ajudei. O toque de sua mão estava muito gelado.

Mais iluminados apareceram para ajudar os soldados. Contei dois terrestres e três forcers, um deles segurou a mesa e jogou em nossa direção. Débora, com a mente, segurou a mesa e fez voltá-la ao forcer, que a partiu no meio. Em seguida, ela desmaiou exaurida. Balancei a cabeça. O príncipe e eu ouvimos dois terrestres comentarem algo.

– Ela não está aqui - disse um para o outro.

O príncipe olhou para mim.

– Onde está minha irmã?

Devolvi-lhe um olhar culpado.

– Eu acabei a perdendo de vista - falei.

– Vamos nos dividir e procurá-la, eles estão atrás dela.

O príncipe correu e subiu as escadas. Olhei em volta e não vi marcas suas em nenhum lugar do saguão. Corri até a porta lateral, uma lutadora se encontrou comigo, com o impacto cai no chão. Ela veio para cima de mim, levantei-me e dei-lhe um soco na barriga. Minha mão doeu. Seu abdômen era duro como uma pedra, uma forcer. Ela me devolveu o soco e senti o gosto de sangue subindo a garganta. Com as duas mãos à frente eu avancei sobre ela com todo o peso do meu corpo e derrubei-a no chão. Passei por cima dela e continuei pelo corredor. Encontrei dois soldados, forcers e terrestres lutando e sendo derrubados sozinhos. Margot. Ela reapareceu após acabar com todos eles, seu vestido estava rasgado e o cabelo preso em um coque, ela segurava suas espadas longas e afiadas sujas de sangue.

– Você viu a princesa? Eles a querem - avisei-a.

Ela apontou para a porta no fim do corredor que dava ao jardim.

Passei por ela agradecendo.

– Vou com você, já acabei por aqui - ela falou e cuspiu no terrestre morto no chão.

Corremos pelo corredor estranhamente vazio, encontramos Annie no jardim cercada por uma muralha de água, soldados e iluminados inimigos. Margot desapareceu. Apertei forte a minha adaga e corri em direção à batalha. Havia muitos caídos na grama do jardim, devem ter morrido afogados. Alguns soldados vieram em minha direção, desviei de seus golpes e consegui derrubar alguns. Outros vieram já percebendo que eu não era um alvo tão fácil. Preparei meus punhos, golpeei o queixo de um soldado, não foi um golpe preciso, mas ele caiu tingindo a grama de vermelho. Outro me acertou com o escudo no meu ombro. Coloquei as mãos no local dolorido. Então peguei uma das correntes que serviam como divisórias dos canteiros do jardim e lancei-a nas pernas do soldado, ele caiu de joelhos e lancei novamente quebrando seus braços. Ele tombou. Senti algo acertar minha cabeça. Cai no chão com um pedaço grande e sólido de terra. Uma terrestre.

Levantei zonza e enrolei a corrente nas mãos. A terrestre me atacou com seu poder, mas me desviei dos pedaços e destruí alguns com a corrente. Fui a sua direção, ela começou a dar passos para trás. Dei-lhe um soco no rosto com a corrente enrolada no punho, ela era rápida segurou a parte que pendia da corrente e me puxou até eu encontrar seu punho a espera, chutei sua barriga com o joelho e me soltei dela, a corrente rasgou sua mão.

Ouvi um grito agudo. Annie. A forcer de antes a segurava agora pelo pescoço, muita água circundava ao redor dela, pronta para defendê-la, mas parecia descontrolada. Outro grito ecoou ainda mais forte que o anterior e toda água circundou o jardim como um redemoinho e atingiu como uma avalanche todos que estavam ali. Fui arremessada contra a parede de concreto, senti a corrente se perdendo da minha mão. Prendi a respiração, mas mesmo assim, engoli um pouco de água.

Quando a onda passou, ainda estava caída no chão, com poucas forças. Vi a forcer carregar Annie desacordada pela porta que dava a um corredor que levava a saída dos fundos. Consegui me levantar assim que Lucas chegou. Margot estava desacordada caída em um canto da ponte acima do pequeno lado.

– Eles levaram Annie. Estão fugindo pelos fundos - falei.

Senti uma grande carga de poder vindo de si.

– Você consegue correr? - ele perguntou.

– Não se preocupe comigo. Eu te alcanço, salve Annie. Vá.

Ainda indeciso o príncipe correu pelo corredor. Esforcei-me para andar o mais rápido possível. Sombras, por favor me ajudem, pedi. E aos poucos me senti um pouco capaz de não sentir dor. Notei que Lucas estava com as costas tensionadas. Ouvimos vozes próximas. Apanhamos a forcer em hall bifurcado, ela estava acompanhada por um aéreo. A água jorrou das mãos de Lucas que os acertou e os fez cair. Ele correu para pegar a irmã inconsciente, mas o aéreo o impediu com uma rajada de ar que o fez voar e cair no chão.

Fui para cima dele atacando-o rapidamente, impedindo-o de usar seu poder, mas a forcer me agarrou pelo cabelo. Urrei. Ela bateu com minha cabeça na parede, uma mancha vermelha surgiu no local. Tentei acertá-la agitando as pernas no ar, então lhe acertei socos na lateral da cabeça, bem no ouvido, e depois no nariz. Quando sua mão se afrouxou sobre minha cabeça agarrei a adaga escondida no vestido e fiz um corte profundo em seu braço. Cai no chão e cortei suas canelas. A forcer rangeu os dentes. Senti o vento vindo em minha direção e me joguei para o lado, a rajada acertou a forcer, que caiu morta no chão.

O aéreo partiu para cima de mim, com ódio e chutou incontáveis vezes minha barriga. Ajoelhei-me cuspindo sangue no chão, ele me levantou agarrando o pescoço e me sufocando, senti minha garganta se fechar aos poucos e minha visão ficou embaçada. Meus pés queriam tocar algo sólido, mas apenas flutuava, o aéreo me mantinha erguida com seus braços e pés fortes. Não estava conseguindo respirar, meu corpo estava fraco, cedendo. Eu estava morrendo.

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