Capítulo Único


Draco,

O bebê esta nascendo.

Gina está me levando ao St. Mungus.

Não se apavore, só estou trazendo seu filho ao mundo.

Te vejo em breve.

Enquanto corria pelos corredores do hospital bruxo, Draco repensava em cada palavra do pequeno bilhete que Hermione tinha lhe enviado. Que tipo de pessoa avisa que esta em trabalho de parto com toda aquela calma? Ela devia ter lhe enviado um patrono, ou até mesmo um berrador, gritando aos quatro ventos, em plenos pulmões, que estava trazendo o bebê deles ao mundo; A calma dela o deixava ainda mais nervoso –se isso fosse possível.

Ele virou uma esquina, quase chocando-se com dois outros medibruxos, gritou uma desculpa e continuou seu caminho em direção a maternidade. Ele trabalhava a quase dez anos naquele hospital, e nunca tinha reparado o quão grande ele era até ter que correr da ala das poções até a maternidade.

Mesmo sabendo que estava prestes a ter seu filho, Draco ainda duvidava de tudo que aconteceu até ali; Foi um longo caminho a ser percorrido.

Sua volta a Hogwatrs, depois da guerra, não foi nem de longe calma. Muitos detestaram sua presença. Foram muitas brigas. Ele precisou sobreviver a muita coisa. E no meio do caminho, ele fez as pazes com o trio de ouro. O Potter foi o primeiro a aceitar suas desculpas, Draco achava que Harry sempre soube o quanto foi difícil fazer tudo que ele teve que fazer. Logo depois, Granger aceitou suas desculpas. Ela disse que o passado havia ficado no passado, de agora em diante, eles deviam construir uma nova historia. Já o Weasley não foi tão fácil assim, ele demorou para aceitar e até hoje não parece ter engolido totalmente Draco.

Seu relacionamento com Hermione começou a se formar pouco tempo antes da formatura. Primeiro, eles apenas se cumprimentavam pelos corredores, então evoluiu pela conversas banais nas rondas, até que começaram a estudar juntos na biblioteca, as vezes conversavam no jardim, até que um dia –depois de quase todos acharem que eles estavam namorando –Draco a chamou para um passeio em Hogsmaede. Teve muitos momentos bons,algumas brigas ( afinal ainda eram Draco Malfoy e Hermione Granger ) e mais momentos bons. O sentimento entre eles cresceu como uma planta, primeiro adubaram o solo, depois plantaram a semente e regaram, cuidaram enquanto crescia e protegeram quando momentos difíceis chegavam.

Eles estavam juntos há 11 anos: Três de namoro, um de noivado e sete de casamento. Como todo relacionamento, eles tinham suas brigas e picuinhas. Algumas causadas pelo ciúmes ( de ambos os lados), algumas causadas pela mãe do loiro (que não aceitava a nora) e algumas por besteira. Mas, eram poucas as vezes que eles não resolviam quase imediatamente a situação. Houve apenas três grandes brigas: A primeira aconteceu quando namoravam, por causa de Daphne Greengrass e sua falta de vergonha na cara –como Hermione dizia – os dois brigaram e ficaram sem se falar por duas semanas, a situação foi resolvida quando Draco encheu o apartamento de Hermione com flores e lhe pediu desculpas. A segunda briga aconteceu por causa do trabalho de Hermione, Draco tinha sido criado para ele ser o sustentador da família enquanto a mulher ficava em casa, Hermione achou tudo isso machista demais, ficaram de mal por uma semana, até Hermione ir procurá-lo e explicou-lhe que precisava do trabalho para ter seu próprio sustento, sua liberdade financeira e que estavam no século 21, onde mulheres trabalham sim. A terceira briga ocorreu quando noivaram, nenhum dos dois lembra direito o motivo, mas foi feia, Hermione saiu de casa e abrigou-se na casa dos Potter por um mês, até Draco aparecer, implorar seu perdão, jogar-lhe sob o ombro e a trazer para casa.

E na lista de melhores momentos da vida de Draco, o dia que Hermione contou que estava grávida ficava logo abaixo do dia do casamento deles. Era alguma noite chuvosa, e em climas assim, eles assistiam um filme de terror qualquer, Hermione gritava e afundava-se cada vez mais no sofá, enquanto Draco ria e dizia que a protegeria. Foi quando Hermione gritou pela centésima vez que ela virou-se para ele e disse: Não acho que eu deva assistir esse tipo de filme. Pode fazer mal para o bebê. Draco, que sempre se gabou de ser muito inteligente, levou longos segundos para processar aquela informação. Ele ia ser pai! Depois que a ideia finalmente foi digerida, ele pulou sob ela enchendo a de beijos. Ele ia ser pai!

—Potter –Draco exclamou ao chegar a maternidade e avistar o melhor amigo da esposa parado em frente as portas das salas de parto

— Draco –Harry exclamou animado –Hermione vai ter o bebê!

—Eu sei –O loiro rebateu afobado –Onde está ela?

— O medibruxo a levou para dentro –Ele apontou para as portas – Você devia ir.

Draco concordou, suas mãos empurraram as portas, mas seu corpo travou no lugar. Seu filho estava chegando. O primogênito dos Malfoy estava chegando ao mundo. Ele ia ser pai.

— Draco –Gina Potter apareceu ao lado do loiro e lhe deu um leve tapa na nunca – Acorda.

—Ai, Weasley –Draco reclamou acariciando o local agredido

—Não é hora para choque. Sua esposa esta dando a luz. Mexa-se, vá até ela e trate de ajudá-la a trazer meu afilhado ao mundo.

— Certo. Sim. Isso –Draco concordou nervoso e encarou novamente as portas

— Vai logo, Malfoy –Gina o empurrou para dentro – Vamos torcer para esse bebê puxar a mãe.

Draco correu até a sala mais próxima, parando a enfermeira e perguntando sob sua esposa, ela indicou outra sala e Draco, ao se aproximar, ouviu os gritos de Hermione. Tomado pelo pânico, ele invadiu a sala e viu o alivio passar pelos olhos da esposa.

— Você chegou –Hermione murmurou agarrando a mão dele –O nosso bebê esta vindo. Ele esta vindo!

—Sim, ele está –Draco murmurou beijando a testa da esposa

— Certo –O medibruxo chamou a atenção –As contrações ficaram mais próximas. Está na hora. Pronta, mamãe?

—Sim –Hermione concordou ofegante – Papai?

— Mais que pronto –Draco garantiu e Hermione sorriu

—Vamos trazer esse bebê ao mundo –O medibruxo avisou

Draco não soube descrever o que aconteceu em seguida. Seu coração estava divido,sofrendo ao ver a dor que Hermione passava para empurrar o filho deles, enquanto a outra metade estava ansiosa para conhecer o novo Malfoy. Depois do que pareceu horas, com Hermione gritando e apertando sua mão com uma força até então desconhecida, a sala foi enchida por um choro de criança. Draco, mesmo ansioso para ver o filho deles, continuou ao lado da esposa, tirando o cabelo úmido da testa e beijando levemente os lábios.

— Doutor? –Hermione chamou afobada ao ver o medibruxo terminar de limpar e vestir o bebê

— Meus parabéns –O medibruxo sorriu trazendo com cuidado o bebê –É um menino.

Os dois tinham preferido esperar até nascer para saber o sexo. Queriam aquele mistério, aquele Q de ansiedade. Quando o medibruxo depositou o pequeno nos braços da mãe, Draco focou sua atenção naquele pequeno bebê. Seu filho. Ele era pequeno, parecia tao frágil, com a pele clara e o cabelo exatamente igual ao seu. O menino tinha lhe puxado, isso era obvio –chora Gina Potter.

—Olha, Draco –Hermione sussurrou maravilhada observando o menino – Ele é tão bonito.

—Sim, ele é –Draco concordou

— Ele já tem um nome? – O medibruxo perguntou

Hermione e Draco trocaram olhares idênticos e sorriram; De uma longa lista de nomes femininos, havia apenas um nome para se fosse garoto. Era um nome forte, que quando sugerido por Draco, fora logo aceito por Hermione.

— Scorpius Hyperion Malfoy -Hermione respondeu –Olá, Socrpius. Mamãe e papai estamos tão felizes com sua chegada.

—Bem-vindo a família, filho –Draco murmurou sem conseguir desviar o olhar do garotinho

— Pegue-o, Draco –Hermione estendeu o menino

Com muito receio de deixá-lo cair, Draco pegou o filho no colo. Aquele garotinho, tão pequeno, era seu menino. Ele era, finalmente, pai. Aquele era o seu filho. Era parte de si. Ele era uma prova do amor entre ele e Hermione. Aquele menino que seria criado com todo amor, amor esse que Draco nunca experimentou do próprio pai, o seu filho teria tudo que Draco não teve, Draco faria qualquer coisa para ser um bom pai para Scorpius, faria tudo que seu pai não fez. Ele iria proteger, amar, e apoiar aquele menino em cada etapa da sua vida. Jamais o obrigaria a fazer algo que não queria, jamais o castigaria, jamais o deixaria de lado. Aquilo era uma promessa. Observando os pequenos e delicados traços do filho, Draco prometia que seu filho viria na frente. Sempre. Ensinaria Scorpius a ser educado, mais também ensinaria a respeitar as pessoas acima do sangue, daria espaço para o menino criar seu próprio pensamento, apoiaria suas escolhas, Scorpius iria ser criado diferente. Precisava ser. Draco jamais condenaria o filho a passar por tudo que ele passou. Não, ele não iria. Draco amava aquele menino, amava seu filho, e esse amor o faria cumprir suas promessas. Afinal, Draco não era Lucio e ele tinha ajuda de Hermione. Os três, Draco, Scorpius e Hermione, eram uma família e nada estava acima disso. Nunca.

Tomado por todos aqueles sentimentos, Draco não aguentou a emoção, pequenas lagrimas escorreram pelas bochechas pálidas, enquanto admirava seu filho.

—Está chorando, amor? –Hermione perguntou surpresa

—É o nosso filho, Hermione –Draco respondeu – E ele é perfeito.

— É o nosso garoto, Draco –Hermione sussurrou admirada com a imagem –Nosso Scorpius.

—Sim, nosso Scorpius –Draco repetiu e entregou o garotinho para a mãe, sentando-se ao lado dela, os dois pais babões observando o novo herdeiro Malfoy –Obrigado, Hermione.

—Pelo que? –Hermione perguntou

—Por tudo –Draco respondeu sincero e Hermione sorriu, beijando-o levemente antes de focar novamente a atenção no filho

Draco podia dizer que, mesmo com seus caminhos tortos, ele estava contente até onde chegou. Tinha uma esposa, que amava intensamente e para sempre, e agora tinha seu primogênito. O pequeno Malfoy. Draco sentia toda a intensidade do amor de pai, ele o protegeria sempre e lhe daria o mundo se Scorpius pedisse. Agora, os três juntos, estavam completos.

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