Capítulo 7

Assim que acordei tinha uma mensagem da Carla no meu celular para me lembrar de que primeiro eu tinha que tomar café e que só depois poderia enviar a mensagem para a Mariana. Respondi para que ela ficasse tranquila e desci em direção à cozinha.

- Filho, que bom que você acordou! – Minha mãe se aproximou e me deu um beijo na testa, como ela fazia todos os dias. – Já ia no seu quarto te avisar que eu e o seu pai vamos à empresa. Um cliente marcou uma reunião de urgência. Como é sábado, deve ser grave, então não fazemos ideia da hora que vamos voltar!

- Ok! Eu devo sair à tarde... Se eu for eu mando uma mensagem para vocês.

- Combinado! Muito cuidado se sair!

- Pode deixar, mãe!

- E se não sair, vai fazer companhia para a Carla. O Rafael vai ter que participar da reunião também. Eu e o seu pai vamos fazer o possível para liberá-lo o quanto antes para a Carla não ficar muito tempo sozinha.

- Deixa comigo!

Meus pais logo saíram e eu tomei meu café da manhã na sala assistindo televisão. Lavei a louça que eu usei e voltei para o meu quarto para ligar para a Carla.

- Se você já está me ligando é porque não seguiu os passos que eu te aconselhei a fazer! – Eu não podia vê-la, mas sabia que estava séria e, apostava, que também estava revirando os olhos.

- Você tem razão... Eu não mandei mensagem para ela depois de tomar o café da manhã... – Ouvi que ela ia dizer alguma coisa, então logo acrescentei. - Eu escolhi ligar para a minha cunhada antes!

- Ah tá!

- Como você está se sentindo?

- Bem! Por quê?

- Minha mãe contou que o Rafael também vai precisar participar de uma reunião... Quero saber se você quer fazer alguma coisa!

- Nem pensar! Espero não te ver hoje!

- Nossa! É assim que você recebe a minha proposta?

- Sim! Hoje você vai encontrar com a Mariana! E eu tô torcendo para o encontro de vocês ser muito bom, tão bom que você vai chegar em casa bem tarde, depois de ter a deixado na casa dela!

- Se eu não fizer nenhuma besteira...

- Vai fazer besteira se não a deixar em segurança na porta da casa dela.

- Eu sei! Nunca faria isso! Se ela aceitar sair comigo, pode ter certeza de que a deixarei na porta de casa.

- Então vai dar tudo certo! Só seja você!

- E vocês dois? – Perguntei preocupado.

- A gente vai ficar bem! O Rafa acabou de sair e eu já até coloquei um filme para assistir! Tem uns lançamentos que eu ainda não consegui ver e todo mundo diz que depois eu não vou ter mais tempo para assistir... Deixa eu aproveitar essa oportunidade, ok?!

- Você promete que me liga se precisar de qualquer coisa?

- Não vou pensar duas vezes!

- Vou mandar mensagem para ela agora!

- Boa sorte!

- Valeu! Tchau!

- Gabi! – Ela falou um pouco alto, me evitando desligar a ligação.

- Fala!

- Seja você e não vai se arrepender!

- Obrigado, Carla!

- Sempre que precisar! Tchau!

Ela desligou a ligação e eu mandei mensagem para a Mariana.

Oi! Tudo bem?

Sou eu, Gabriel!

Desculpa mais uma vez por ontem!

O convite ainda está de pé.

Quero muito sair com você!

Se você não estiver muito assustada...

Me responde e a gente combina o horário.

Foram dez minutos entre a última mensagem que eu mandei e o momento em que ela respondeu. Para mim pareceu uma eternidade. Eu já estava me preparando para passar o dia com a Carla, quando o meu celular começou a apitar com as mensagens que entravam.

Oi, Gabriel!

Tudo bem e vc?

O que você pensou em fazer?

Eu tô livre

Só não posso voltar muito tarde!

Tudo bem também!

Sem problemas!

A gente pode ir ao shopping

Podemos ver se tem algum filme legal

Ou só ficar conversando...

O que você preferir!

E quanto ao horário é só me dizer

Eu posso sair agora!

Pode ser depois do almoço?

Pode!

Então tá!

Te encontro no shopping novo perto da escola

Pode ser?

Eu posso passar aí

E vamos juntos!

É que eu já vou estar no shopping! Rs

Vou almoçar lá com os meus pais

Ah tá!

Te encontro lá, então!

Que horas?

Umas 15h

Combinado!

Combinado!

Larguei o celular depois de mandar um áudio para a Carla contando que tinha dado tudo certo e mandei logo a mensagem para os meus pais que eu sairia às três da tarde e que já tinha conversado com a Carla. Quando deu o horário de sair, passei meu perfume, respirei fundo e tentei me concentrar nas palavras da Carla e do meu irmão:

Ficar nervoso era normal!

Eu só tinha que ser eu!

Chegando ao shopping, enviei uma mensagem para ela avisando onde eu estava e perguntando onde eu a encontrava. Na mesma hora ela me respondeu que estava perto e que ia me encontrar.

Em menos de três minutos a vi caminhando em minha direção com um sorriso lindo e envergonhado no rosto. O meu nervosismo aumentou. Eu não sabia como ia conseguir esconder o quanto eu gostava do sorriso dela. Eu não sabia o que falar. Eu não sabia como agir. Eu não sabia que tipo de filme ela gostava de assistir. Eu não sabia nem se ia conhecer os pais dela naquele momento. Talvez essa fosse a parte mais assustadora.

- Gabriel? – Ela estava parada na minha frente, balançando a mão direita na frente do meu rosto.

- Desculpa! Já tá falando comigo há muito tempo?

- Te chamei uma vez antes! – Ela sorriu e baixou a mão.

- Foi mal!

- Fica tranquilo! Meus pais já foram embora!

- Ah! Tranquilo! – Acho que meu sorriso deve ter me denunciado porque ela retribuiu com uma risada baixa. Não tinha como negar que eu tinha ficado bem mais tranquilo ao saber que não passaria o meu primeiro encontro com ela e com os pais dela!

- Sabe, era eu que deveria ficar tão nervosa assim perto de você...

- Por quê?

- O grupo que você anda nem fala com a gente. As meninas são insuportáveis e os meninos são piores que crianças. O melhor ali é o Marcos! Você é muito diferente deles. Desculpa a sinceridade! – Ela encolheu os ombros.

- Eu não me encaixo muito bem naquele grupo mesmo... Só sei que os meus amigos do colégio anterior eram os que só queriam saber de estudar e jogar videogame!

- Você gosta de jogar videogame?

- Demais!

- Então você é exatamente como eu imaginava que fosse!

- Isso é bom? – Perguntei incerto.

- Bastante. – Seu rosto ficou corado. – Sabe desde quando eu imaginei isso?

- Não faço ideia, mas tô curioso para saber!

- Na primeira apresentação de trabalho em grupo. Você foi o que mais falou e explicou muito bem! Só que você não tirou os olhos da parede do fundo da sala. Você meio que olhou fixamente para um ponto e não tirou mais os olhos dali!

- Eu achei essa imagem um pouco assustadora... – Brinquei com ela me lembrando desse dia. Eu estava nervoso. Nunca tinha gostado de ser o centro das atenções, muito menos de apresentar trabalho na frente de todos. Só que eu tinha feito aquele trabalho todo sozinho, ninguém além de mim ia saber o que falar!

- Pode ter sido um pouco, sim! – Ela riu e olhou dentro dos meus olhos. – Mas ali eu percebi que você era diferente. Você não queria atenção, não queria que todo mundo estivesse olhando para você!

- É.

- E até hoje você é assim! Você não quer todo mundo te olhando.

- Não. Mas eu gostaria muito que uma pessoa me olhasse. – A gente manteve nosso olhar fixo um no outro. Ela mordeu o lábio tentando esconder o sorriso que tinha nascido involuntariamente.

- Gabriel, o que está acontecendo? – Ela me encarou profundamente. – Como eu disse, eu percebo que você é diferente, mas tem tantas garotas bonitas com quem você costuma andar e a gente nunca se falou direito! – Ela balançou a cabeça negando. – E só não consigo não entender!

- Mariana, eu não me importo com nenhuma outra garota! – Me aproximei, mas segurei minha vontade de pegar as mãos dela. Ainda não estava na hora. – Desde que eu te vi, você chamou a minha atenção! Você mesma acabou de dizer que sabe que eu sou diferente deles! Você realmente acha que eu ia me interessar pelo tipo de menina que eles gostam?! – Dei mais um passo para a frente e, finalmente, segurei as duas mãos dela. – Eu não escolhi sentar naquele lugar à toa, eu escolhi porque de lá eu posso te ver desenhando. Eu não fiquei esse tempo sem falar com você porque eu te ignorava, mas porque eu não sabia como e nem o que falar para você! O único motivo de ter te chamado para esse encontro, foi para eu finalmente ter a coragem de falar olhando nos seus olhos que eu gosto de você e que eu quero muito te conhecer melhor. – Ela sorriu. Um sorriso tão bonito que eu queria que o tempo congelasse. Ela estava olhando para mim, no fundo dos meus olhos. Suas mãos estavam envolvidas pelas minhas. Seu corpo estava perto do meu. E eu não tinha nenhuma dúvida de que estava perdidamente apaixonado por ela!

- Não é só você que repara em mim... – As bochechas dela ficaram bastante avermelhadas. – Como eu confessei antes, desde a apresentação no início do ano você também chamou a minha atenção.

- Então, Mariana... – Eu não conseguia esconder minha felicidade. Meu sorriso devia estar de orelha a orelha... Literalmente. – Quer ficar comigo?

Fiz a pergunta ao som de pássaros tocando no meu celular. Na mesma hora, soltei uma das mãos dela para pegar o celular no bolso lateral da minha calça jeans. O toque de pássaros do meu celular era o toque personalizado da Carla. Foi ela quem tinha escolhido, assim como eu tinha escolhido o meu toque no celular dela. E, se ela estava me ligando, era porque precisava de mim.

- Carla, o que foi? – Atendi o celular o mais rápido que pude.

- Gabi, desculpa! Não queria te atrapalhar! Desculpa mesmo!

- Carla, para de pedir desculpa! Não tem nada disso! O que foi? Você tá bem?

- O Hugo vai nascer!

- Como assim?! – Perguntei um pouco alto e acabei assustando a Mariana.

- Gabi, não posso demorar porque em dois minutos vou ter outra contração e sem condições de ficar falando durante esse momento. Só me ouve!

- Ok!

- O Rafael não me atende de jeito nenhum! Meus pais já chegaram aqui e vão me levar para a maternidade, mas preciso que você avise ao Rafa!

- Pode deixar! Você tentou falar com os meus pais?

- Não. Se o Rafael não atende, imaginei que eles não fossem atender também. Preferi ligar logo para os meus pais para a gente já dar entrada na maternidade.

- Fez bem! Pode deixar que vou ligar para ele e eu encontro vocês lá.

- Não! – Ela gritou.

- Por que não?

- Porque você está em um encontro. Como está aí?

- Você não ia ter mais uma contração?

- Ainda tenho quarenta segundos. Tudo certo aí?

- Tudo, Carla! Mas agora preciso que você se preocupe com o Hugo!

- Pode deixar! Agora preciso ir! Mais uma contração e saímos de casa.

- Fica bem!

- A gente vai ficar! – Ela desligou o telefone.

A Mariana ainda estava próxima a mim, só que me encarava com as sobrancelhas erguidas. Com certeza ela não estava entendendo nada do que tinha acontecido. Eu queria explicar, contar toda a história, mas antes eu precisava falar com o meu irmão. E eu precisava encontrar a Carla!

- Você faz questão de ir ao cinema? – Perguntei a ela, mesmo estando com o celular no ouvido enquanto ouvia o celular do Rafael chamando.

- Não. – Ela respondeu confusa.

- Que bom! Porque a gente vai precisar passar em um lugar antes de continuar esse encontro!

- Como assim?!

- Posso te explicar no caminho? – Desliguei a ligação e tentei falar com a minha mãe.

- Olha, Gabriel, eu tô percebendo que você está com algum problema e que precisa ajudar essa sua amiga... Só que eu não posso simplesmente sair com você para um lugar que nem faço ideia de onde seja!

- Mil desculpas, Mariana! – Respirei fundo e desliguei o celular ao perceber que minha mãe também não ia atender a ligação. – A Carla é minha cunhada e já está na reta final da gravidez.

- Nossa, que legal!

- Muito legal! – Sorri que nem um bobo ao me dar conta que estava muito próximo o momento em que ia ver e segurar meu sobrinho e afilhado pela primeira vez. – Foi ela que me ligou agora... E ela entrou em trabalho de parto e está indo para a maternidade. Só que ela não consegue falar com o meu irmão! Ele e os meus pais estão em uma reunião de emergência hoje.

- Fica tranquilo, Gabriel! Vai lá! Você tem que estar lá com ela! A gente marca outro dia. – Ela estava sendo sincera. Ela entendia. Só que eu também via o desapontamento em não podermos continuar o nosso encontro.

- Mari, eu não quero remarcar o encontro! Se você aceitar, a gente vai junto até a maternidade, que fica a duas quadras daqui e depois a gente volta para comer alguma coisa!

- Não faz sentido eu ir para lá! Ninguém me conhece!

- Você tem uma resposta para a minha pergunta?

- Qual pergunta?

- Você quer ficar comigo?

- Quero! – Ela respondeu envergonhada.

- Então temos um motivo bem grande para todo mundo te conhecer! – Peguei a mão dela. – Vem! – Fomos andando até a entrada do shopping onde tinha um ponto de táxi e eu consegui falar com a secretária do meu pai para que ela desse o recado a eles.

Esse foi o maior capítulo do livro! Com a quantidade de coisas que aconteceram não tinha como ser diferente, né?!

Ainda bem que a Mariana aceitou encontrar com ele depois da "mancada"  do dia anterior!

Também descobrimos que o sentimento dele já era correspondido, por mais que ela não demonstrasse, ela já reparava nele e percebia que ele era diferente dos caras do grupo com quem ele andava.

E mais uma vez ele mostrou o quanto é FOFO demais ao atender a Carla, conversar com ela e não pensar duas vezes em correr para estar com ela no momento do nascimento do sobrinho/ afilhado!

Agora o mais importante: o que acharam da declaração dele?!!!!!

O próximo capítulo é o último, então, se preparem para a despedida!

Deixe sua estrelinha e comentários!

Até mais!


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