Capítulo 4
Durante a semana, fui puxando assunto com a Mariana como a Carla tinha me aconselhado e, apesar de as conversas não durarem muito, fiquei feliz por ela sempre responder e se mostrar confortável falando comigo. Eu já tinha enrolado muito e cada vez mais a vontade de parar na frente dela e a convidar para sair aumentava, só que eu sabia que essa atitude desesperada só ia assustá-la e qualquer chance que eu poderia ter um dia com ela iria por água abaixo.
Foi só por isso que na sexta-feira, quando ela levantou da cadeira, colocou a mochila no ombro direito e acenou para mim, eu apenas sorri e acenei de volta. Se eu levantasse correndo, como fiz da vez anterior, ia atrair a atenção dos meus amigos, ia deixar a Mariana morrendo de vergonha e ainda ia ser chamado a atenção pelo professor que só estava liberando quem já tinha mostrado para ele a solução do exercício de Química que ele passou como desafio para garantir um ponto na prova.
Assim que ela saiu da sala, baixei minha cabeça e resolvi o exercício em menos de cinco minutos. Minha demora não foi porque eu não sabia resolver, minha demora foi porque eu não tinha nem tentado começar a fazer. Não era todo dia que eu tinha a oportunidade de ficar olhando para a Mariana sem precisar me preocupar se alguém estava reparando... Eu não podia deixar aquela chance passar.
- Parabéns! – O professor rubricou ao lado da minha resposta e marcou com "+1" ao lado do meu nome na folha da chamada. – Você fez tudo certo, mas estranhei a demora. – Ele me encarou e devolveu o caderno ainda aberto. – Teve alguma dúvida?
- Não. Eu só estava um pouco distraído.
- Tudo bem. – Ele olhou para o relógio e avisou a turma que faltavam cinco minutos para a aula acabar e que só valeria ponto se entregassem dentro desse tempo.
Voltei para a minha carteira para guardar meu material e saí rápido da sala na esperança de que a Mariana ainda estivesse em algum lugar do colégio conversando, mas, infelizmente, ela já tinha ido embora.
Na semana seguinte eu fui para a escola disposto a ter uma conversa de verdade com a Mariana. Na segunda e na terça nós teríamos os testes. Nossa escola aplicava os testes em apenas dois dias: no primeiro nós fazíamos as matérias de exatas e no segundo dia era a vez das matérias de humanas. Como eram dias corridos, eu já sabia que dificilmente teria oportunidade de falar com ela, mas na quarta-feira cheguei decidido de que eu não podia enrolar mais.
- Oi! Bom dia! – Sentei na carteira ao lado dela. Nós não tínhamos lugares marcados, mas todo mundo sentava nos mesmos lugares sempre, então eu sabia que tinha pouco tempo até a Kátia chegar e eu precisar levantar para que ela pudesse sentar!
- Bom dia! – Ela estava feliz. Eu podia ver o sorriso sincero dela. Assim como via a confusão em seu olhar por me ver sentado na carteira ao seu lado.
- Só queria saber como você foi nos testes...
- Acho que fui bem! E você?
- Também acho que fui! – Levantei os ombros e ela riu. – Por que você está rindo?
- Você é um dos primeiros da sala! É óbvio que você foi bem!
- Você também é! – Pisquei par ela.
- É... – Ela respondeu sem graça. – É porque você não me conhece direito... Se conhecesse ia saber que...
- Então eu tenho que te conhecer! – Eu a interrompi. – Quero dizer, eu queria muito te conhecer melhor! Na verdade, não é queria é quero! Te conhecer melhor, que eu tô falando... – Levei as mãos aos olhos. – Eu tô me enrolando!
- Tudo bem! – Ela estava sorrindo.
- Foi mal! – Me forcei a olhar para ela mesmo morrendo de vergonha.
- Quando eu disse "tudo bem" eu quis dizer que vai ser legal a gente se conhecer melhor. – Percebi as bochechas dela corarem.
- Ótimo! – Falei um pouco alto. Olhei para os lados para ver se alguém tinha ouvido e vi a Kátia em pé olhando para mim.
- Se você quiser ficar sentado aí hoje, tudo bem. – Ela deu de ombros, falando comigo.
- Não! – Levantei na mesma hora. – Pode sentar! Só estava falando rapidinho com a Mariana!
- Percebi! – A Kátia me olhou diferente e deu um sorriso de quem sabia exatamente quais eram as minhas intenções ao ter sentado ali. Me joguei na minha carteira me perguntando se a Mariana era a única que não tinha reparado ainda.
Na hora do lanche, fiquei um pouco com os caras esperando a fila da lanchonete diminuir, mas como estava com muita sede, resolvi ir ao bebedouro. Tinha acabado de levantar a cabeça quando percebi que alguém tinha se aproximado de mim.
- Temos... - Vi a pessoa levantar o braço e olhar para o relógio vermelho no pulso esquerdo. E eu sabia muito bem quem usava aquele relógio. - 10 minutos! – Subi meu olhar para o rosto dela e travei ao confirmar que era a Mariana. Ela sorriu para mim e eu notei que ela estava diferente. Será que ela estava nervosa por falar comigo? – Você não queria me conhecer melhor? Então... Temos 10 minutos para isso!
Aconteceu muita coisa depois da frase dela. Não sei se fui eu que me engasguei primeiro ou se foi ela que arregalou os olhos ao perceber o que tinha falado.
- Ai! Não foi isso que eu quis dizer! Não nesse sentido que você está pensando! Eu nem sei em que sentido você está pensando! Você tá bem? - Ela demonstrou preoocupação por eu não parra de tossir. - É melhor eu ir embora! – Ela se virou e eu acordei do meu transe.
Dei um passo na direção dela, que já estava de costas, segurei o seu braço e a puxei levemente para mim. Como ela estava andando, por mais leve que eu tenha puxado, ela veio na minha direção com impulso e o corpo dela bateu contra o meu. A gente se encarou por alguns segundos e eu a achei mais linda do que nunca. Isso era possível?!
- Dez minutos é muito pouco, acho melhor a gente não perder tempo. – Meu olhar desviou dos olhos dela para a boca que estava com os lábios entreabertos e eu sabia que, se não me afastasse naquela hora, eu ia beijá-la e nós dois íamos levar uma advertência. Tentando pensar só na advertência, soltei o braço dela e me afastei sentando em um banco que estava livre. – Eu tenho muitas perguntas para fazer, então é melhor não perder mais tempo! – Pisquei e ela retribuiu com um sorriso, vindo na minha direção.
- Então você quer fazer perguntas? – Ela me encarou.
- Se você não se importar... Meu irmão conheceu a esposa dele desse jeito! Os dois fizeram várias perguntas para poderem se conhecer e deu certo para os dois! Hoje eles estão casados e muito felizes juntos! – Ela me encarava com as sobrancelhas erguidas e só então me dei conta do que eu tinha falado. – Eu só quis dizer que foi uma forma legal para eles se conhecerem melhor! E dei essa ideia, mas não tem nada a ver com eu estar te pedindo em casamento. Eu definitivamente não estou fazendo isso! Não que você não seja legal! Você é muito legal e eu com certeza te pediria em casamento! Não agora, claro! Mas um dia... – Balancei a cabeça frustrado. Por que eu tinha que ser um idiota perto dela? – É melhor eu ficar calado.
- Eu acho fofo quando você se enrola! – Ela comentou e suas bochechas estavam mais coradas do que tinham ficado dentro da sala.
- Eu não acho! – Revirei os olhos. Ela provavelmente só estava falando aquilo para eu não me sentir tão mal.
– Tô falando sério! Para ser sincera, eu acho que você não combina muito com os populares...
- Você tá certa.
- Então por que anda com eles? – Ela me perguntou por curiosidade, sem estar fazendo nenhum tipo de julgamento.
- Não sei bem, mas no início do ano eu me destaquei nas aulas de Educação Física e isso fez eles se aproximarem de mim. Eu não conhecia ninguém, então fiz amizade com eles. – Dei de ombros. – A maioria dos caras são legais.
- Já as meninas... – Ela revirou os olhos e pude perceber que ela se incomodava com o grupinho da Raíssa.
- Acho que sim. Não sei dizer ao certo porque eu não fico reparando nelas para ser sincero. – A gente ficou se encarando. Ninguém sabia o que dizer. Ela sacudiu a cabeça levemente confirmando.
- Então me conta, como foram as perguntas que o seu irmão e a esposa dele fizeram? – Ela conseguiu amenizar o clima e eu fiquei feliz com a forma com que ela tinha feito isso. Afinal, ela continuou falando de nós.
- Ah, tudo o que eles queriam saber sobre o outro!
- Ok! Quem começa? – Ela demonstrou empolgação e eu fiquei mais animado. Eu sempre fui fã da história do meu irmão com a Carla e ver a Mariana aceitar a minha ideia de uma forma tão natural fez eu me apaixonar ainda mais por ela. Eu estava entrando em um caminho sem volta e só podia torcer para ela querer pegar o mesmo caminho que eu!
- Pode começar você! – Eu sabia que não teríamos muito tempo, mas eu estava feliz! Pela primeira vez eu estava conversando com a Mariana!
O Gabriel puxou a fofura do Rafael, mas também puxou a enrolação na hora de conversar com uma menina! kkkk
O que foi aquela cena do bebedouro, gente?! kkk
E o que acharam da proposta do Gabriel de se conhecerem fazendo perguntas um para o outro, assim como o Rafael e a Carla tinham feito quando se conheceram?
Conto com seus comentários e votos!
Até mais!
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