Capítulo 27 - Conselhos

 Para qualquer advogado em pleno início de carreira, aquela proposta iria ser aceita com certa impulsividade. Mas para Ariel era uma proposta a ser bem pensada.

— Eu vou pensar com calma. Tudo bem? — o loiro respondeu Miguel depois de um tempo.

— Claro! Temos um tempo até lá. — Miguel falou e lançou um sorriso amigável para o mais novo e confiável amigo.

— Bom, agora tenho que ir para a empresa que estou estagiando. Depois nos falamos. Fica com Deus. Até depois, Miguel!

— Que Deus lhe abençoe. Até!

Ariel ficou muito pensativo durante o restante do dia, muitas coisas passavam em sua mente, mas uma se destacava: uma certa morena com sorriso doce e que exalava delicadeza e modéstia em seu modo de ser.

— Planeta terra chamando Ariel! — ao ouvir dedos estalando próximos a seu rosto, o loiro despertou do transe e viu João Lucas na sua frente o encarando. — Até que enfim acordou! Estava te chamando há uns cinco minutos. Está tudo bem?

— Ah! Me desculpe, Juca. Estava pensando em uns assuntos pessoais. O que deseja?

— Vim lhe dizer que estamos em horário de almoço. Passei por aqui e vi que você estava muito distraído. Quer conversar? Desabafar faz bem, e eu estou a disposição.

Ariel ficou refletindo naquilo. Juca era um amigo piedoso e seria bom contar seus anseios a um amigo que ainda não chegou a conhecer a causa de suas preocupações; alguém que o loiro tinha consciência que não o julgaria ou até mesmo tivesse uma ideia equivocada pelo que ele estava sentindo.

Ariel e João Lucas estavam almoçando num restaurante perto da empresa. Juca estava esperando o amigo iniciar os relatos de sua vida, mas ao seu tempo. Eles conversaram sobre outros assuntos até chegarem ao local.

— Então, meu amigo, o que tanto lhe tira a concentração? — Juca sentiu que deveria iniciar aquele diálogo, já que o loiro estava calado durante um bom tempo.

— Bem, não sei como começar — Começou subitamente tímido o rapaz. — Tem a ver com uma garota... — Ariel respirou fundo tentando organizar seus pensamentos. — Eu conheci uma moça na igreja, coincidentemente estudamos na mesma faculdade e fazemos o mesmo curso. Então, viramos amigos, passamos por diversas situações nos últimos meses. Ela estava abalada e sobrecarregada com tudo. E ontem ela relatou algo que me deixou irado, senti vontade de bater na pessoa. — João Lucas arregalou os olhos levemente, pelo que conhecia o Ariel não o imaginava com tais atitudes — Me senti envergonhado diante do Espírito Santo por imaginar tal ato, mas fui conversar com ele hoje antes de vir trabalhar. Me senti impotente por não poder defendê-la!

João Lucas ouviu cada palavra sério e compenetrado.

— Entendo como se sente, mas, há situações que ocorrem para nos fazer crescer, enxergar nossas limitações, e principalmente nos fazer lembrar que sem Deus podemos cometer atos terríveis. — Juca deu uma pausa, e batucou os dedos sobre a mesa antes de prosseguir. — Não preciso saber de toda a história para ter ciência da gravidade do assunto, seu comportamento disse muito. Mesmo com o pouco tempo em que temos convivido posso dizer que conheço seu caráter e sei que não sentiria tal vontade se não fosse extremamente sério. Minha irmã passou por uma situação terrível, se não fosse Deus eu teria matado o rapaz. Bem, eu diria que sou capaz de tudo para proteger quem amo, porém, nada está em minhas mãos. Não se sinta impotente se você pôde ajudá-la, e o melhor, no tempo permitido por Deus.

Ariel se remexeu na cadeira, ele estava atento às palavras do amigo, mas, se prendeu em duas: quem amo. A miscelânea de sentimentos que ele vinha sentindo lhe atingiu com tudo. Algumas lembranças vagavam a mente do rapaz e em sua maioria era o sorriso de Celeste. Em um segundo a Rebecca também sobreveio a mente, todavia, a tão conhecida dor que ele sentia já não existia. O loiro soltou o ar e passou a mão no cabelo.

— Disse algo errado, Ariel? — Juca perguntou preocupado.

— Hã? — Ariel parecia distante quando o amigo lhe dirigiu a palavra. Notando o olhar do mesmo, tentou se explicar. — Não, eu só... estou confuso com algo.

— Se eu puder ajudar de alguma forma... — o rapaz falou solícito.

Ariel ponderou sobre a solicitude de João Lucas, a verdade era que ele nunca expôs seus dilemas para ninguém além de Deus e Raquel; nem ao Matheus havia dito tudo. Sentia a necessidade de falar, mas não conseguia pôr para fora todas as dúvidas. Diante da proposta do amigo, Ariel resolveu se abrir, mesmo que fosse difícil, com certeza o olhar de alguém por fora da situação ajudaria muito e além disso, Juca era seu irmão na fé e pastor.

— Eu... É difícil falar sobre isso. Sei que preciso, mas... — Ariel tomou fôlego, olhava para o nada buscando as palavras certas, ou, ganhando tempo, como sua mente acusou. — Eu ando meio confuso, quer dizer, muito confuso. Algum tempo atrás, eu me apaixonei por uma moça, ela era tudo que pedi a Deus. Nunca havia sentido algo tão forte e aquilo me assustou. Nós oramos, meu coração ansiava uma resposta positiva de Deus, mas foi o contrário. Eu não podia continuar nutrindo esperanças diante da resposta Dele, então falei com a Rebecca. Doía não ser correspondido, doía saber que ela não era minha escolhida. — Ariel deu uma pausa e bebeu um pouco do suco que estava no copo, Juca apenas o ouvia. — Ultimamente, essa dor tem sido atenuada, tinha plena certeza que Deus cuidaria da ferida, nunca duvidei disso. — Ariel pensou um pouco sobre as palavras que pronunciaria a seguir. — Então, eu conheci a Celeste, nos tornamos amigos. No entanto, de um tempo para cá eu venho me sentindo estranho em relação a ela, meu receio é estar me deixando levar pelo meu coração e nutrir uma ilusão. A Celeste é uma garota incrível, gentil, piedosa e doce; não merece sofrer ou se iludir.

Ariel queria entender o que estava acontecendo e se sentiu muito mais aliviado ao falar com o João Lucas. Não olhou para o chefe enquanto falava e ao perceber o silêncio do homem mais velho, levantou o olhar e se surpreendeu ao ver a compreensão nos olhos do outro.

— Sei exatamente o que você sente... mas me fala uma coisa com sinceridade. Primeiro, feche os olhos agora, pense na Rebecca. — Ariel, mesmo relutante, obedeceu. Após alguns segundos, Juca continuou. — Ótimo, me diga como se sentiu.

O loiro pensou por um momento antes de responder, porque havia sido estranho pensar na Rebecca e não sentir como sempre se sentiu após conhecê-la.

— Bem, não sei explicar exatamente, mas me sinto normal. Nada de coração aquecido, nada de dor. — Juca pareceu satisfeito com a resposta do Ariel.

— Então, agora feche os olhos e pense na Celeste e, claro, me diga como se sente.

Juca observou enquanto o rapaz fechava os olhos e devagar as feições dele ficavam relaxadas e um sorriso lento se iniciava em seu rosto. Sem conseguir evitar, o advogado sorriu ao ver que o rapaz estava apreciando aquele momento e o sentimento que o envolvia. Ariel sentiu o coração bater mais forte, a vontade de querer cuidar e proteger Celeste crepitavam na sua mente e coração. As lembranças dos momentos compartilhados com ela aqueciam seu peito e o fazia sentir-se feliz.

Devagar, ele foi abrindo os olhos e Juca percebeu um brilho diferente em seu olhar e seu sorriso se intensificou. Estava claro quanto a garota mexia com o rapaz, mas aguardou suas considerações.

— Uau! Juca, nem sei como descrever como me sinto! — Ariel exclamou ao se ver sem palavras perante a sensação que sentiu.

— Eu entendi seu receio, por isso pedi para fazer esse exercício. A Rebecca foi um instrumento de Deus. Ele permitiu que se aproximasse dela para que sua confiança e obediência fossem trabalhadas e fortalecidas. O sofrimento trás muitos ensinamentos, vemos isso claramente na Palavra. Durante esse período em que passou por esse vale, o Senhor moldou seu caráter e quando menos você esperou, Ele mesmo pôs Celeste na sua vida, no momento certo, quando sua ferida já estava sarada e cicatrizada. — Ariel estava emocionado, toda aquela confusão que sua mente causava simplesmente evaporou, seus olhos não demonstravam dúvida alguma quanto aos seus sentimentos, embora estivesse assustado com a maneira sutil com que tudo aconteceu. Não foi algo abrasador, mais sim calmo e tranquilo, porém, tão forte quanto poderia imaginar.

— Obrigado Juca! Me sinto bem melhor, sem sombra de dúvidas. — Juca deu um sorriso.

— Ore, seja paciente e espere o tempo de Deus. Não se precipite quanto a falar sobre seus sentimentos para ela, tudo no tempo determinado irá se resolver. Ah, fale com o pai dela. — O advogado riu ao lembrar da ocasião em que falou com o sogro. — Deus está cuidando de tudo Ariel, de todas as áreas da sua vida.

— Coronel... isso vai ser interessante! — Ariel sorriu e subitamente parou lembrando-se de outro assunto que o estava deixando pensativo. — Juca, hoje recebi uma oferta de emprego, não aceitei claro, mas disse que ia pensar. Não seria justo aceitar a proposta do Miguel sem falar com você e também sem pôr na presença de Deus.

— Miguel? Miguel Bretas? — o rapaz perguntou feliz.

— Sim, ele mesmo. Vocês se conhecem? — Ariel perguntou surpreso.

— Eu fui tutor dele por um tempo, nos tornamos amigos, mas ele sumiu, soube de tudo que houve, tentei me aproximar, no entanto ele se afastou. Agora, lembra do que me disse na entrevista quando perguntei onde estaria daqui a cinco anos? — Ariel balançou a cabeça confirmando. — Ore! Onde o Senhor quiser te colocar será o melhor, tudo é determinado por Ele.

Os dois conversaram ainda um pouco, mas, foram interrompidos por Jonas que chegou no restaurante desesperado por causa de uma audiência. Ariel estava feliz, parecia ter removido um peso enorme dos ombros. O resto do dia foi tranquilo, vez ou outra ele sorria lembrando de Celeste e sentia seu coração aquecer.

Ao fim do expediente, Ariel estava cansado e faminto. Tudo que queria era chegar em casa e descansar enquanto comia algo. No entanto, ao abrir a porta tudo isso foi substituído por uma surpresa, o rapaz ficou estático tentando entender aquela chegada inesperada na sua casa.

Ei gente, hoje é dia de PDC!

Nosso príncipe está todo vulnerável neste capítulo né? O que acham?

E mais, quem serão as visitas surpresas na casa do Ariel, palpites?

Então, PDC completou 5K! uhuuullll! Deus é muito bom! Então, vamos postar um capítulo a mais na próxima semana, postaremos segunda, quarta e sexta!

Nossa produção ponderou sobre uma maratona, mas como estamos na reta final do livro, não seria viável. 

Bjs e até segunda então!

Produção PDC

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top