Capítulo 24 - Milagre

 Naquele momento, ali diante de tudo que havia ocorrido, Ariel teve certeza de que realmente deveria estar preparado. A mera imaginação do que o Senhor poderia querer dele ali, o deixou estupefato! Não que ele não confiasse em Deus, não! Mas era uma batalha imensa.

O loiro se aproximou da Raquel, abraçou-a e a deixou com a Celeste enquanto verificava com o paramédicos que ainda estavam por ali tudo o que havia acontecido no caminho para o hospital. Sim, era fato, o Miguel estava morto!

Por alguns momentos, Ariel sentiu-se tão pequeno e frágil, sem saber como obedecer ao propósito do Senhor. Voltou-se em direção à Raquel e Celeste, mas a ruiva ainda parecia estar fora de si. Pegando a Celeste delicadamente, levou-a a um canto mais afastado.

— Celeste, me ajuda em oração. Preciso entrar na presença do Senhor, neste momento, Ele tem algo grande a fazer aqui. Posso contar com você? — perguntou o loiro, olhando atento às reações da moça.

— Claro, Ariel — mesmo assustada e temerosa com o que as palavras do rapaz poderiam dizer, Celeste não demonstrou nenhuma hesitação. — Você sabe que pode contar comigo!

Ele anuiu satisfeito e disse que ia ao banheiro. Celeste pensou bastante e foi em direção ao jardim do hospital, sentou-se num banco, vazio àquela hora, baixou sua cabeça e começou a interceder.

Ariel, por sua vez, assim que se viu a sós, levou os seus olhos aos céus e implorou ao Senhor que não o deixasse naquele momento, que se confirmasse a sua vontade na vida deles. Após um tempo, ele se sentiu orientado e cheio de unção, foi em direção à Raquel.

Chegou junto à ruiva no exato momento em que ela se levantava e ia adentrando o hospital. Ariel não hesitou e aproximando-se dela, abraçou-a e a acompanhou, sempre intercedendo em seu íntimo. No momento em que atravessaram a porta do quarto onde o corpo do Miguel jazia, o moço sentiu que Raquel hesitava. Ela havia parado e não se movia, algo tentava impedi-la. Ariel imediatamente segurou a sua mão e apertou indicando que ele estava ao lado dela.

O moço então, assim que se posicionaram ao lado da cama onde o advogado estava inerte, elevou novamente os olhos aos céus e clamou ao Senhor por sua graça divina e pelo milagre que Ele iria realizar naquele lugar.

Raquel começou a chorar e a cantar baixinho, elevando sua voz em um momento e chamando atenção de uma enfermeira que passava por ali. Ariel, sem soltar à mão da moça, disse a enfermeira que a moça precisava de uns minutos para se despedir do amigo. Bastante à contragosto, a enfermeira aceitou, dizendo que só permitiria por alguns minutos.

— Alguns minutos são o suficiente. Obrigado por sua compreensão. — Disse o Ariel com um sorriso.

Assim que a enfermeira deixou o quarto, ele novamente ficou sério e se voltou para o propósito deles ali. O loiro, começou a sentir que algo estava diferente naquele ambiente, parecia denso e entendeu que hora havia chegado. Olhou em direção à Raquel, que agora o observava com olhos inquisitivos e ele apenas confirmou com a cabeça.

A hora havia chegado. Deus iria agir naquele momento e quebraria os laços da morte. O sentimento que se apossava deles era inexplicável.

Como se tivesse combinado, os dois estenderam juntos as mãos em direção ao Miguel e repreenderam o espírito de morte, no nome do Senhor Jesus. Ao fazerem isso, Raquel começou a louvar cheia de unção e as pernas do jovem Ariel cederam, fazendo-o cair imediatamente de joelhos.

Já não pareciam estar ali, suas vozes, as línguas, as sensações não eram terrenas, não eram compreensíveis à natureza humana. Ao ver os olhos do Miguel se abrindo, Ariel levantou os braços aos céus, glorificando ao Senhor pela dádiva proporcionada a eles de presenciarem seu agir de maneira tremenda naquele lugar!

O alvoroço com o acontecido foi tremendo. Várias enfermeiras e profissionais da saúde entravam e saíam do quarto do advogado, não acreditando no que havia acontecido. Raquel e Ariel tiveram que sair do quarto para que Miguel pudesse ser examinado. Não havia explicação, o advogado voltara a vida.

Um pouco mais tarde, ainda naquele dia, Ariel entrou sozinho para conversar com Miguel e viu em seus olhos que ele estava com muitas dúvidas. Com o sorriso que sempre o acompanhava, Ariel sentou-se ao lado da cama do advogado.

— Miguel! Como se sente? — quis saber o loiro.

Miguel balançou a cabeça de um lado a outro e moveu a boca tentando dizer algo, mas não conseguiu. Com muita dificuldade, conseguiu concatenar a mente para dizer como realmente se sentia. O advogado viu em Ariel alguém que pudesse sanar algumas dúvidas que ainda mantinha. Não dúvidas em relação à sua saúde física, porque foi exaustivamente examinado por vários médicos e ainda permaneceria alguns dias no hospital para realizar vários exames. Miguel queria saber sobre sua sanidade mental. Ele não conseguia acreditar!

— Eu não sei exatamente como me sinto, Ariel! Estou confuso e em êxtase, sinto algo diferente e não explicar. — enquanto falava, Miguel percebeu que o jovem lhe dedicava toda atenção. — Queria conversar com alguém sobre o acontecido e como você foi uma das primeiras pessoas que vi ao acordar, poderia me esclarecer algumas coisas?

— Claro, Miguel! — disse simplesmente o loiro.

Subitamente tímido e imensamente ruborizado, Miguel baixou os olhos sem saber por onde começar.

— Bem... eu quero entender tudo o que aconteceu. Me lembro de estar diante do Jonas, tentando defender a moça que tanto se parecia com a Raquel e depois... — o advogado mexia suas mãos, sem saber como continuar.

Ariel não quis dizer nada para não interromper a fala do Miguel, apenas aguardou interessado. Após hesitar, Miguel continuou:

— Ariel, acho que fiquei louco, só pode! Eu estava me vendo num grande jardim, tão em paz, sem sentir dor, sem sentir pena de mim mesmo... era tudo tão perfeito! Enquanto estava ali distraído, um homem se aproximou de mim. Seu rosto me transmitia tanta paz que quando ele me sorriu, sorri de volta quase que imediatamente. Por alguns momentos apenas ficamos ali em silêncio. Eu estava um tanto confuso sobre onde eu estava, mas parecia que tudo se encaixava! Não sei se estou me fazendo entender claramente — Miguel olhou nos olhos do Ariel, notando um brilho de curiosidade e ao ver o mesmo assentir, continuou seu relato. — Então, sem abrir a minha boca, de olhos fechados sentindo um brisa no meu rosto, ouvi o homem me falando: "Você está confuso, Miguel". Eu não abri minha boca, apenas pensei que mesmo confuso, sentia que ali era o meu lugar, tão calmo, tão tranquilo e que me dava uma sensação de plenitude! Sem que eu dissesse uma palavra do que pensava, ele me respondeu: "Sim, eu sei que você acha que deve ficar aqui, mas eu preciso de você lá, ainda não é o momento de ficar." O primeiro pensamento que me ocorreu foi ficar triste, mas não conseguia me entristecer. Consegue imaginar isso? — Ariel apenas concordava com um gesto da cabeça.

— Suas próximas palavras me trouxeram lembranças, sabe. Ele me disse: "Eu amo muito você e preciso que seja um pescador de homens. Sua nova vida, seu testemunho, através da minha palavra, resultará em novas almas para o reino. A começar de você!" Eu me sentia curioso, queria saber mais, mas após alguma conversa, ele já não estava mais ali comigo. E então... eu vi a Raquel, não sei como, mas eu a vi e a ouvi cantar. Queria falar com ela, mas ao piscar, estava aqui, deitado nesta cama e ela cantando e você ajoelhado. Não conseguia entender vocês, mas algo queimava forte em meu peito. — Naquele momento, Miguel percebeu que o Ariel havia baixado a cabeça, colocando as mãos no rosto. Ao ver o modo como o jovem se portava, sentiu-se envergonhado e imaginou que ele fosse rir de seu relato.

Ariel, baixara a cabeça e baixinho agradecia ao Senhor por tudo que havia ocorrido ali. Ao ver que Miguel havia ficado em silêncio, Ariel levantou os olhos marejados na direção dele.

— Miguel! Nosso Deus é lindo e te proporcionou uma experiência maravilhosa! — disse o loiro.

Miguel arregalou os olhos, surpreendido. Definitivamente, de todas as reações, talvez não fosse exatamente a que ele imaginava.

— Sim, eu sei. Eu não quero permanecer longe Dele, Ariel! Quero conhecê-lo de verdade e a cada dia servi-lo com todo o meu ser... isso arde em meu coração, queima como um fogo.... — Miguel novamente se ruborizou. — Você acha que estou ficando louco? — perguntou subitamente tímido.

Ariel queria gargalhar, pular, dançar ali naquele quarto, mas conteve-se. Apenas sorriu e balançou a cabeça, feliz com a fala do advogado.

— Claro que não! Deus te ama de forma tão intensa que enviou seu único Filho para morrer por você. Não há amor maior que esse e quando passamos a ter consciência desse amor, de como somos pecadores e dependentes de graça de Deus... a ter consciência da natureza divina do amor que nos salva, o seu Espírito Santo nos preenche e nos traz todo esse ardor que você está sentindo. Como... como uma necessidade imediata de segui-lo, de adorá-lo, de vivermos por Ele e para Ele.

— E como eu faço para entregar a minha vida totalmente nas mãos Dele, de forma a oficializar essa vontade que queima em meu coração de estar com ele? De entregar as minhas misérias em suas mãos e ser uma nova pessoa? — Miguel quis saber, muito interessado.

— O primeiro passo é você reconhecer que é um pecador que precisa de salvação, abrir o seu coração. Ele fará morada na sua vida, como seu Único e Suficiente Salvador!

— Eu quero, eu preciso. Eu o reconheço como meu salvador, apesar de não entender como pode amar um homem tão pecador como eu! Com todo meu passado, minha incredulidade....

Ariel estava em êxtase! Feliz, mais que feliz ao presenciar a salvação chegando àquela vida.

— Muito bem. Vou orar por você, mas antes preciso que repita comigo algumas palavras, tudo bem? Será sua oração de entrega — ao ver o consentimento do Miguel, Ariel aproximou-se colocando a mão sobre sua cabeça e fez uma oração. — Senhor Jesus, me ponho agora diante da sua presença, reconhecendo que sou pecador que necessita de um Salvador. Perdoa os meus pecados e ajuda-me a perdoar os que tem me feito mal, retirando de mim tudo aquilo que não te agrada e enche-me do teu Espírito Santo. Escreva o meu nome no Livro da Vida e guarda-me na tua presença. É o que te peço em nome de Jesus, amém. Como se sente? — perguntou o Ariel com um sorriso.

— Nossa, sinto uma alegria, não sei explicar bem...

— Entendo perfeitamente o que diz! Então, Miguel, para você entender como é a caminhada com Deus, você precisa seguir o manual... — disse o loiro percebendo um olhar confuso do Miguel.

— Tem uma manual então? — Perguntou admirado.

— Sim, é a Bíblia! É o livro que Deus inspirou e deixou nela a sua história com a humanidade e Nela podemos encontrar as respostas para todas as questões e dúvidas quanto à sua nova vida. Você tem uma Bíblia? — ao ver a negativo do outro, continuou. — Tudo bem, eu te trago uma na próxima vez que vier aqui. Depois que se familiarizar com ela como seu manual de vida, se quiser, pode escolher outra para estudos ou com auxílios que sejam mais o seu perfil.

Ainda conversaram um pouco e combinaram de se encontrarem mais vezes para que Ariel pudesse o ajudar em seus primeiros passos. Tudo era tão novo para Miguel e Ariel sentia-se muito grato ao Senhor por ter cumprido seu propósito na vida do advogado.

Ao sair, já exausto, levou as moças em casa e dirigiu-se à sua casa. Era muito tarde, mas ao chegar, dobrou os joelhos e agradeceu ao Senhor. Assim que o fez, tomou seu banho, e ao procurar algo na cozinha para comer — só então percebeu como estava faminto — fez um pouco de barulho e viu quando o seu amigo Matt apareceu de pijama, com os cabelos revoltos e cara de sono.

— Ariel, você me assustou! Aconteceu alguma coisa para chegar à esta hora? — perguntou o ruivo enquanto pegava um copo e se dirigia ao filtro enchendo-o de água.

— Sim, aconteceu, meu amigo. Deus realizou um milagre hoje! Ele é maravilhoso! — disse o loiro empolgado.

Enquanto se sentava à mesinha da cozinha para comer, Ariel contou ao amigo os acontecimentos daquele dia e juntos glorificaram a Deus. Matheus sentiu sua fé fortalecida e ao ir dormir, sentia seu peito arder. Uma batalha espiritual havia sido travada e vencida naquela noite, mas outras batalhas viriam, só precisavam crer que o Senhor estaria com eles.

Com esses pensamentos, adormeceu com um sorriso no rosto.

Oie, gente!

Chegamos mais cedo hoje, com  a graça de Deus e com uma novidade!

Amanhã postaremos o capítulo 25 de PDC, bem no dia que se somam 90 dias em que começamos as postagens de Presente do Céu, que benção!

E como já sabem, estamos na reta final. Muitas emoções por aí... fiquem conosco. 

Deus abençoe a cada um!

Produção PDC

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