Capítulo 17 - Ciúmes?
Ariel olhou sua figura no espelho e ajeitou novamente a gravata. Ele estava grato pela benção de ver o doutor Miguel num culto. O loiro ia ministrar a palavra numa igreja e Raquel conseguiu convencer o advogado a irem. Suspirando, o rapaz terminou de se ajeitar e mais um vez conferiu as horas.
Saiu do quarto quase ao mesmo tempo que o Matt saía do dele, todo de preto, dirigiu-se ao sofá e pegou o violão já na capa.
- Está todo ajeitado, hein, moço? Está querendo impressionar alguém? - Disse Mathews levantando a sobrancelha ruiva em direção ao amigo.
Ariel riu da tentativa do amigo em fazê-lo dizer algo e apenas balançou a cabeça.
- Não estou querendo impressionar ninguém, Matt. - disse simplesmente.
- E essa beca toda aí? - Ariel olhou sua vestimenta não vendo nada demais - Vai negar que estará com a Celeste hoje? - falou em tom confidente.
- Não vou negar, nem afirmar nada. Estarei com a Celeste e com a Raquel, que é como minha irmã. - Matheus arregalou os olhos. - Não, não é maluquinha como a Cibele. Bem, não tanto, apesar de ser um imã para confusão. Nem sei como o tio Marconi permitiu que ela viesse morar na capital sozinha.
Matheus ficou sério.
- Ela está em apuros? - perguntou o ruivo preocupado.
- Eu acho que sim! Ela pensa que está tudo resolvido, mas tenho as minhas dúvidas. Vamos conversar a respeito hoje.
- Tudo bem, precisar de algo é só me falar, viu, brother? - falou o ruivo dando um tapinha nas costas do Ariel, que apenas anuiu.
- Obrigado, Matt. Vamos embora, antes que você se atrasa e acaba me atrasando também. Ainda tenho que pegar as meninas.
Ariel foi em direção ao prédio que as amigas moravam, cumprimentou o porteiro e subiu. Tocou a campainha e a Celeste não demorou em atender. Ao vê-la, Ariel sentiu um súbito frio na barriga, como se tivesse... balançou a cabeça, em negação.
A moça estava trajada modestamente com um vestido bonito, numa cor que lhe caiu muito bem, mas contraditando seu jeito natural, não conseguiu dizer nenhuma palavra a esse respeito. A cumprimentou e ela apenas foi em direção à mesa para pegar sua bolsa, quando Ariel viu a Raquel saindo de seu quarto vestindo um vestido vermelho.
Ainda sem conseguir falar algo e temendo render uma conversa e remir o pouco tempo que tinham, apenas cumprimentou a ruiva com a cabeça e saiu com a Celeste. Quando chegaram na entrada do prédio, Ariel perguntou pela amiga dela.
- Ela não vai poder ir, a avó não está bem. - Respondeu a morena, triste.
- Vamos orar em favor dela então. Qual o nome dela?
- Dona Cleide. - Ariel assentiu.
Os jovens entraram no carro em silêncio, Celeste parecia retraída e Ariel pensativo. A moça então ficou observando o amigo dirigir e percebeu que até no trânsito, o loiro era prudente e atento. Percebendo que era observado, Ariel olhou rapidamente na direção da Celeste e deu um pequeno sorriso.
- Desculpe-me, Celeste. Eu fico um pouco tenso quando tenho que ministrar a palavra. - Falou olhando para frente.
A morena entendeu a situação do rapaz e relaxou. Ele não a estava ignorando, afinal.
Chegaram a um grande templo e Celeste admirou a fachada. Até então não tinha frequentado outras congregações, apenas a que conheceu com Raquel e havia passado a congregar.
Assim que chegaram, foram recepcionados e Ariel direcionado a se sentar no púlpito. O jovem olhou para a Celeste como que pedindo desculpas, ela minimizou dizendo que ia sentar-se e que logo a Raquel chegaria.
Chegando ao assento que lhe fora designado, Ariel como de costume, dobrou os joelhos e orou ao Senhor.
O culto se iniciou e o loiro viu com muita alegria a Raquel tendo ao seu lado o Dr. Miguel Bretas. Era uma semente que iria ser plantada e ele tinha certeza que Deus iria falar com o jovem advogado naquela noite. Notou também que a Celeste havia sentado-se com os amigos, o que deixou-o menos preocupado.
A banda que cantava os louvores inicial era muito entoada e os louvores eram ungidos. Ariel estava realmente cultuando de maneira prazerosa. Invariavelmente seus olhos iam em direção aos amigos e percebeu o momento exato em que Miguel se levantou e saiu do templo.
Observou por um tempo e viu Raquel seguindo-o, logo após tranquilizá-lo com um gesto da cabeça.
"Oh papai, não permita que o Miguel desista de ouvir a tua Palavra hoje. Toca no coração dele, Senhor, por favor...", orava Ariel, preocupado. Após alguns longos minutos, os viu entrar e o olhar da Raquel o deixou ainda mais tranquilo. O jovem então soltou o ar que não sabia que havia prendido, até que ouviu o dirigente do culto apresentar os visitantes.
Não, seus ouvidos estavam lhe pregando uma peça, pensou o loiro. Fechou os olhos com medo de olhar, mas não adiantou, pois logo foi apresentado também e teve que se levantar.
Obrigou-se a abrir um sorriso e olhou de soslaio à sua esquerda onde os cantores estavam acomodados. Sim, não era um sonho ou ilusão: lá estava a Rebecca ao lado do Isaac. Mesmo não a olhando diretamente, sentiu o coração se acelerar e a respiração ficar pesada. Parecia um ataque de ansiedade e o jovem abaixou a cabeça.
Com muito custo conseguiu se controlar e quando o fez, percebeu que a Rebecca estava com o microfone, próximo dele. Ariel sentiu lá no fundo uma pequena agulhada, o que o surpreendeu, pois achou que seria pior. Era a primeira vez que via desde que.... desde que ele colocou um fim ao cortejo que fazia a ela.
Após esta situação, o culto passou quase como um borrão para Ariel. Na hora da mensagem, entregou aquilo que Deus havia colocado em seu coração e custou a conter as lágrimas ao ver o Miguel sentindo a presença de Deus.
Terminando o culto, Ariel resignou-se e foi cumripmentar os cantores. Ele sabia que seu coração não tinha nenhuma mágoa em relação ao casal, era a vontade do Senhor e ele não ousaria ir contra.
Enquanto cumprimentava os dois, Ariel foi surpreendido com a chegada da Raquel, Miguel e Celeste, recebendo um abraço da ruiva que como uma amiga fiel que o conhecia muito bem, apenas cochichou no seu ouvido: "Estou aqui, viu?"
O jovem se sentiu muito grato porque sabia o que aquilo significava, mas olhou para a amiga e deu-lhe um sorriso tranquilizador. Dali partiram para uma pizzaria, apesar de terem convidado Isaac e Rebecca, eles não puderam aceitar. Os quatro então partiram para comer algo e Ariel atento, notou a tensão entre Miguel e Raquel assim que chegaram no estabelecimento.
De uma forma sutil, ou nem tanto, chamou a atenção do advogado, que parecia estar a quilômetros de distância dali.
- Doutor Miguel, não somos homens de sorte? - Ariel chamou a atenção do Miguel, que o olhou confuso.
- Desculpe... Ariel. Estava meio distraído, o que você me dizia? - pelo menos ele se interessou e já era um bom começo na opinião do Ariel.
- Tudo bem, não se preocupe. Mas eu dizia que somos homens de sorte, olha só, estamos acompanhados das mulheres mais bonitas. Somos os invejados da noite - o loiro então abriu os braços para ilustrar sua fala.
Ariel olhou em direção da Celeste e ali, ao ar livre naquela pizzaria, a achou incrivelmente encantadora. Não que não tivesse achado antes, mas agora parecia que a via pela primeira vez. Mas não gostou do tom triste que viu em seus olhos que pareciam distraídos.
- Eu realmente me sinto sortudo hoje - disse o loiro enquanto encostava sua mão na da Celeste, que se assustou e sorriu fracamente em sua direção. Logo em seguida, se levantou dizendo que ia ao banheiro e levou a Raquel junto.
Os dois homens observaram enquanto as moças desapareciam de suas vistas. Assim que o fizeram, Ariel olhou em direção do Miguel e viu-o olhando embevecido em direção ao local onde as amigas tinham ido. Gargalhou chamando a atenção do advogado e do seu jeitinho conseguiu arrancar dele a informação de que estava interessado na ruiva.
Quando elas voltaram à mesa, Celeste parecia pensativa e Raquel estranha. Os dois homens conversaram bastante e surpreendendo Ariel, Miguel pediu-lhe o telefone para tirar algumas dúvidas acerca do que havia ouvido no culto. Apesar de parecer tranquilo, Ariel exultava por dentro. Graças a Deus a semente havia sido lançada.
O loiro foi deixar a Celeste em casa e percebeu que a amiga estava mais calada que o normal. Assim que estacionou diante do prédio, virou-se em direção à morena e quis saber:
- Está tudo bem, Celeste? - a morena apenas assentiu, o que não foi satisfatório ao rapaz. - Tem certeza?
- Sim! Desculpe, acho que estou cansada. - Quando ela fez menção de abrir a porta, ele não permitiu, dando a volta no carro e abrindo pra ela, fazendo uma mesura a seguir. O gesto teve o resultado esperado, pois a morena sorriu timidamente.
- Fica em paz, senhorita Celeste.
- Você também.
Ela foi em direção ao prédio e não percebeu que o rapaz ficou em pé ao lado do carro observando-a entrar e só então partiu.
Mais tarde em sua casa, Celeste ficou repassando o dia em sua cabeça e como tanta coisa havia acontecido. Primeiro a sensação de que o Ariel gostava da Raquel e agora a certeza dada pela amiga que ele nutria sentimentos pela Rebecca. A morena suspirou e ficou imaginando porque isso a incomodava. Ariel era seu amigo, queria estar ao lado dele, se ele porventura estivesse sofrendo.
Por quê?
Era a pergunta que não se calava em sua mente. Abrindo os olhos como pratos, a morena sentou-se na cama de repente, não querendo acreditar no que sua vozinha interior lhe dizia: Celeste Marques estava com ciúmes do Ariel Oliveira!
Olá pessoinhas!
Cá estamos nós de novo!
Capítulo agora só sexta e vai ter uma novidade, é um capítulo que estamos ansiosas para postar.
Beijos,
Produção PDC
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