Capítulo 16 - Tudo Coopera

Ariel e Celeste ouviram atentamente o relato de Raquel. Quando a ruiva contou sobre Jonas e sobre o que ele tinha lhe feito, o loiro ficou muito sério e rígido perante os fatos relatados por Raquel. O jovem trocou um olhar de preocupação com Celeste, buscando encontrar alguma reação dela.

Celeste ouvia todos os feitos que Jonas fizera a Raquel contados pela própria ruiva, mas quando ela contou sobre Miguel, a jovem percebeu que a amiga escondeu a cena do beijo. Ao olhar para Ariel, a morena percebeu que ele estava muito atento a tudo que era dito.

Ariel ouviu a história do Dr. Miguel e sua amiga, mas percebeu que faltava uma parte. Sentiu que houve algo mais profundo entre os dois, visto que considerou a forma da reação da ruiva perante a aparição do homem enciumado na mesa em que estavam.

Depois de encerrado o relato de Raquel, Ariel preferiu não comentar nada na frente de Celeste, mas ele não iria deixar para lá e iria fazer uma inquisição à ruiva quando tivesse oportunidade. Preferiu então ir indiretamente.

— Raquel, você acha que na situação em que as coisas ficaram, Miguel aceitaria um convite para ir num culto? — quis saber o loiro pensativo.

— Culto onde? — Raquel perguntou curiosa. Celeste também permanecia atenta.

— Hoje a noite vou pregar numa igreja, no Bairro Cruzeiro. O que acha de irmos todos? — ao ver as amigas assentir, continuou. — Você acha que o Miguel aceitaria ir, se você o chamasse, Quel?

— Não sei, Ariel. Preciso ver como chegar até ele, porque se eu chegar assim de repente e falar do culto, não sei se ele vai aceitar numa boa. Ele é muito cético em relação a essas coisas, quando falei do Papai, ele debochou dizendo que eu queria catequizá-lo. — Falou pensativa.

— Certo. Vamos ao culto hoje então, tudo bem? Após podermos ir numa pizzaria, lanchonete, sei lá, comemos e traçamos uma estratégia, o que acham?

— Acho uma boa ideia. — Respondeu a Celeste. — Mas não nos esqueçamos de orar e pedir ao Senhor um direcionamento acerca desse assunto.

Ariel olhou impressionado para a morena, pela sugestão da oração. Ele já tinha isto em mente, mas ouvir as palavras vindo da Celeste, foi uma grata surpresa.

— Sim, isso mesmo, senhorita Celeste! Pedir direcionamento ao Senhor é o início de qualquer decisão que venhamos a tomar. Sabe, eu creio que O Papai tenha um propósito nisto, porque como disse o apóstolo Paulo em Romanos 8: "E sabemos que Deus faz todas as coisas cooperarem para o bem daqueles que o amam e que são chamados de acordo com seu propósito" (Rm 8.28).

As jovens assentiram e o loiro sorriu satisfeito.

— Então, combinado. — A sobremesa chegou neste momento e a mesa ficou num silêncio confortável.

— Tem mais alguma coisa que eu precise saber, Raquel? — o loiro perguntou de repente, parando, assim, tanto a Raquel quanto Celeste de comer uma banana flambada, que o olharam sem entender.

Quando Raquel fez menção de negar com a cabeça, Ariel estendeu a mão pegando na da ruiva que estava sobre a mesa.

— Então se prepara, Ferruginha! — falou sorrindo e acariciando a mão amiga, que ficou sem entender nada, até ouvi uma tossidela e vira-se para trás vendo Miguel que estava encarando as mãos dos dois unidas sobre a mesa.

Depois de um tempo em silêncio, Ariel viu que Miguel levantou os olhos e olhou para o rosto da ruiva, fazendo-a ficar vermelha. Ouviu o outro pigarrear e imediatamente, sentiu Raquel puxando a mão da sua.

— Oi, de novo! Não quero atrapalhar o almoço de vocês, mas poderia falar um minuto em particular com você, Raquel?

Ariel abaixou a cabeça e sorriu da situação, percebeu que Raquel o olhou, mas nada disse.

— Claro, sem problemas! Tudo bem, Celeste? — A ruiva direcionou o olhar a amiga que estava atenta a tudo, mas sem dizer uma única palavra até então.

— Sim! Eu vou ter que voltar logo para o escritório, meu horário já está quase estourando. — A morena falou ao encarar o relógio e ver como a hora passou ligeiramente.

— Eu te levo, Celeste! E não se preocupe, Quel, eu resolvo tudo aqui e levo a Celeste. Tomem o tempo que precisar. — Ariel falou e lançou uma piscadela discreta a amiga, que ficou super vermelha perante o gesto.

Assim que Raquel saiu acompanhada do Miguel, Ariel ficou sério.

— Celeste, fico preocupado com a Raquel. Meu medo é dela não conseguir separar as coisas. — Ariel sabia muito bem como a amiga poderia ser apaixonável, como ela mesma se autodenominava.

Celeste entendeu imediatamente o que ele quis dizer.

— Sim, entendo. Primeiro o Jonas, depois de meses de um estranho relacionamento, aparece o Miguel com seu interesse repentino.

— E não é apenas isso, você acha que o Jonas não é mais uma preocupação? — Celeste não quis colocar para fora todos os seus receios, mas percebeu que seu amigo não precisava de suas palavras.

— Misericórdia, Celeste! Por que não me falou que acha que o Jonas pode voltar? — disse Ariel num rompante nervoso, assustando Celeste. Nunca vira o amigo daquele jeito.

O loiro passava as mãos pelo cabelo e de repente voltou-se em direção à morena que parou de repente. Ele a olhou em seus olhos e viu o que causara à amiga.

— Perdoe-me, Celeste! Eu conheço a Raquel há tanto tempo, não me sinto confortável sabendo que um... filho de Belial está querendo fazer mal à ela entende? — Celeste rapidamente concordou. 

Começava a perceber a intensidade dos sentimentos do loiro em relação à Raquel. Aquilo causou-lhe sentimentos contraditórios. Sabiamente, afastou para longe todos os que não poderiam ser louváveis e se concentrou no bem da amiga.

— Claro, Ariel! Só fiquei surpreendida com a sua reação, nunca te vi perder a calma. — Falou baixinho a morena.

— Eu sei. Na verdade, não costumo perder a calma mesmo! Só a Ferruginha e a minha irmã Cibele tem esse dom. — Riu nervoso. — Me perdoe, de verdade!

— Tudo bem, eu entendo! — conciliou a morena. — Vou chamar a minha amiga Bella para ir ao culto hoje, ela está precisando ouvir a Palavra. — Mudou de assunto astutamente.

— Isso mesmo! O Matt não poderá ir porque vai cantar na nossa congregação hoje.

Celeste lembrou-se do amigo ruivo do Ariel, que possuía um timbre vocal forte e que havia impressionado positivamente sua amiga.

— Deus tem grandes planos que desconhecemos, senhorita Celeste. — A morena percebeu que o amigo já havia se recomposto. — O escritório fica longe? Posso te dar uma carona.

— Não, é bem perto, apenas dois quarteirões. Não se preocupe, você deve estar atrasado, eu vou sozinha... — o loiro já negava com a cabeça antes que a moça terminasse a frase.

— De forma alguma! Que tipo de homem seria eu se a deixasse ir sozinha? — fez uma mesura galante, rindo, arrancando um sorriso da morena. — Permita-me, senhorita, acompanhá-la.

Celeste entrou na brincadeira e respondeu afetadamente.

— Seria uma honra, nobre cavalheiro. — riram bastante enquanto se dirigiam ao escritório.

Assim que chegaram diante do prédio, o jovem olhou para sua fachada e internamente pediu ao Senhor que abençoasse o Dr. Miguel. Ele já estava em oração e intensificaria suas preces neste sentido.

Despediu-se da amiga e voltou ao restaurante para pegar seu carro. Precisava ir logo para uma conversa particular com o Papai. Ele o orientaria sobre como proceder.

Celeste ligou para Bella naquela tarde, convidando-a para ir ao culto naquela noite.

— Ah, amiga, bem que eu gostaria de poder ir. Mas não vai dar, a vovó não está bem hoje. — Falou triste.

Celeste balançou a cabeça, sem perceber que a amiga não poderia ver.

— Ah, que pena! Cuide da sua avó, oraremos por ela.

Conversaram alguns minutos e naturalmente a morena comentou sobre o almoço com os amigos.

— Olha só, Celeste e Ariel! Eu shippo! — praticamente gritou Bella no outro lado do aparelho, fazendo a Celeste afastar um pouco do rosto. Ela parecia super empolgada e a morena se sentiu estranha.

— Não pense coisas, Bella, não estávamos sozinhos e não é nada do que está pensando. A Raquel estava conosco...

— Isso não quer dizer nada, Celeste.... — Celeste interrompeu a amiga.

— Sim, porque somos apenas amigos. E irmãos na fé. — Pensou no desvelo e preocupação do loiro com a amiga. — Na verdade, acho que ele gosta da Raquel.

— Sério? Por que pensa isso? — falou Bella desapontada. — Ela não tem um namorado?

Celeste suspirou. Não queria prolongar o assunto.

— Não, não tem mais. Tenho que desligar, Bella, já terminou meu intervalo. Depois conversamos, tudo bem?

— Ah, que pena! Mas pode deixar. Não esqueça de orar por minha avó. Até mais, Cel! — despediu-se a amiga.

Celeste retirou o aparelho do ouvido e ficou um tempo ali parada, pensativa, por alguns momentos e foi interrompida pelo barulho do telefone da sua mesa tocando. Rapidamente recompôs-se e voltou ao trabalho. 

Olá, 

Olha só quem apareceu, achou que havíamos esquecido o restante do almoço? Cá estamos nós!

Ah, e um passarinho me disse que amanhã terá capítulo, ouvi um amém??

Bjs, e até amanhã

Produção PDC


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