Capítulo 15 - Brincando com Fogo
Celeste acordou aquele dia com muita disposição, se espreguiçou e levantou-se em seguida, pegou sua bíblia e fez a leitura matinal, logo depois, sua oração. Era um hábito que ela havia adquirido e agradecia ao Senhor pelo entendimento que provinha do Espírito Santo. O sorriso nos lábios da moça se ampliou ao lembrar-se de Ariel explicando suas dúvidas quanto ao Consolador.
Celeste tomou um banho e arrumou-se, sem parar de cantarolar um minuto sequer, foi para a cozinha e fez seu café da manhã. Deixou um bilhete sobre o balcão para Raquel e partiu, trancando a porta logo após. Já estava acostumada a correr para alcançar o elevador, mas, aquela manhã não viu essa necessidade, tudo estava cooperando com o seu bem.
Quando o elevador chegou ao estacionamento, ela seguiu tranquila até o carro e logo estava na estrada, seguindo para o trabalho. A manhã passou rapidamente e no horário marcado com sua amiga, Celeste dirigiu-se até a esquina próxima ao escritório para esperar pela Raquel, que não tardou a chegar.
Celeste ficou satisfeita ao ver que a amiga estava mais animada, sem a apatia dos últimos dias e agradeceu a Deus pela benção. Chegaram ao restaurante e percebeu que ainda era cedo, pois o Ariel ainda não havia chegado e as duas sabiam da pontualidade britânica do loiro. Mais cedo, a morena havia enviado uma mensagem ao Ariel informando o endereço do restaurante, esperava que não tivesse dificuldades para encontrar.
Não tiveram que esperar muito, pois logo avistaram Ariel adentrando o recinto, olhando ao redor a procura delas. Assim que as viu, o loiro abriu um sorriso que deixou Celeste um tanto desconcertada. Nem percebeu a reação da amiga ao lado, porque estava focada no rapaz que se aproximava.
Assim que chegou próximo a elas, Ariel cumprimentou Raquel primeiro, que estava mais próxima, com um abraço apertado e Celeste observou que ele tinha um hábito de cheirar o cabelo da amiga. A morena não quis se alongar sobre o que aquele gesto poderia significar, pois o jovem já estava voltado em sua direção para cumprimentá-la também, quando foi, os jovens foram interrompidos por alguém.
— Rubi! Que interessante encontrá-la aqui! — Tanto Ariel quanto Celeste ficaram confusos sobre quem o Doutor Miguel Bretas, o assunto que os levara até ali, presente de carne e osso diante deles, falava.
Ariel observou atentamente o advogado e percebeu seu cenho franzido em direção ao seu braço em torno da Raquel e logo entendeu a situação. Pelo visto, o doutor estava com ciúmes da interação dele com a ruiva, o que ficou óbvio com sua pergunta seguinte.
— Então, Raquel. Não vai me apresentar seu... amigo? — Sem que pudesse evitar, Ariel levantou uma sobrancelha em direção à amiga, sendo totalmente ignorado. Não resistiu em "cutucar" a situação para ver o que resultaria.
— Olá, Doutor Miguel! Sou o Ariel Oliveira, amigo da Raquel — trouxe seu melhor sorriso fazendo uma pausa significativa, em seguida olhou em direção à Celeste. — E da Celeste, claro.
Estendeu a mão em direção ao advogado, após dar uma pequena piscada para a Celeste confiar nele. Celeste percebeu a piscada do amigo e permaneceu observando o desenrolar da cena diante de si, segurando a todo custo a vontade de rir. O olhar mortífero do Miguel para a mão estendida do Ariel era impagável. Nunca havia imaginado que veria o seu chefe numa situação similar, estava melhor que Netflix e ela estava assistindo de camarote!
De onde estava, a morena percebeu que a Raquel não conseguia dizer nenhuma palavra e que Ariel não soltava a cintura dela, abraçando-a de lado. Pelo pouco que conhecia o amigo, sabia que não era de seu feitio permanecer abraçado a quem quer que fosse por tanto tempo.
Ariel permaneceu ali, firme com as mãos na cintura da amiga, e após a ruiva tentar se soltar, olhou firme em seus olhos pedindo silenciosamente que confiasse nele. Percebeu imediatamente quando ela o fez, pois ficou menos tensa ao seu lado.
Depois de uma espera que parecia interminável, Miguel estendeu a mão e retribuiu ao cumprimento do loiro, fazendo-o suspirar internamente de alívio.
— Já fomos apresentados antes? Tenho a impressão de que você não me é estranho... — falou Miguel olhando atentamente ao rosto do loiro, alterando com o olhar em sua mão na cintura da Raquel.
"Isso está ficando cada vez mais interessante", pensou Ariel.
— Sim, o senhor palestrou em minha faculdade, inclusive trocamos alguns e-mails após o evento. — Ariel respondeu tranquilamente. O sorriso não saía de seu rosto.
Miguel olhou novamente em seu rosto e como se pensasse, fez um breve aceno com a cabeça concordando.
— Hum, acho que recordo-me de algo assim...
Apesar de conversar amigavelmente, o olhar do advogado parecia lançar chamas em direção ao loiro. Celeste estava atenta, temendo por uma reação explosiva do chefe em relação ao Ariel, pois ela conhecia bem suas crises de raiva. Não queria que o amigo fosse alvo da ira do Dr. Miguel.
Foi com muito alívio que a morena notou o convite do Ariel para o que seu chefe junta-se a eles para o almoço, sendo imediatamente recusado. A moça estava observando seu chefe se retirar e assustou-se com a aproximação do Ariel para cumprimentá-la. Sentiu que ficou vermelha ao notá-lo quando já estava tão próximo.
Após cumprimentar Celeste, Ariel sentou-se calmamente, colocou as mãos na mesa e olhando atentamente uma muda Raquel, arqueou a sobrancelha e perguntou à queima-roupa:
— Interessante! Agora me diga, dona Raquel, porque em nossa conversa ontem você não mencionou o interesse do doutor Miguel em você? — Celeste deu uma risadinha ao seu lado, mas a ruiva permaneceu calada, com os olhos arregalados.
O loiro percebeu de imediato que o Miguel estava com ciúmes de sua amiga e queria entender a situação. Se ele estivesse interessado nela, a interação deles com propósito de apresentar-lhe o Evangelho poderia ser ofuscado por esse interesse. Isso fez com que o rapaz ficasse preocupado e claro, com o que sua amiga poderia estar sentindo pelo advogado.
Como Raquel ainda permanecia em silêncio, Ariel foi firme, enquanto batia os dedos sobre a mesa, impaciente.
— Então, Ferruginha, vai me contar ou vou ter que usar os meus dons de persuasão? — lembrou-se dos velhos tempos de adolescente onde conseguia extrair qualquer informação da sua amiga fazendo o jogo da verdade com algo simples: cócegas. O interessante do jogo era que o adversário não sabia o momento em que seria alvo das cócegas, o que o tornava ainda mais divertido.
Celeste, atenta à conversa ou quase monólogo do Ariel à mesa, ficou interessada.
— Dons de persuasão? — A moça já havia entendido que os dois eram amigos muito próximos, mas às vezes tinha a impressão que eles tinham algo mais, ou tiveram.
— Sim, Celeste! A Raquel me conhece muito bem e conhece cada um deles. — Apesar da pronta resposta do amigo, Celeste ficou um tanto incomodada, pois o loiro mantinha o olhar fixo nos olhos da amiga, que correspondia. Era como se ela não estivesse ali.
— Você não seria capaz... — foi a resposta quase sussurrada da Raquel, enquanto Ariel, num gesto de desafio, mantinha o olhar firme no dela, aproximando o corpo para frente.
Celeste queria entender o que se passava, mas a sensação de que sobrava naquele embate apertava forte no seu peito. Estava ficando desconfortável. Percebeu no olhar da amiga uma sombra de dúvida.
— Não somos mais adolescentes, Ariel! — ao ouvir a frase dita pela amiga, Celeste ficou alerta.
— Não somos mesmo, verdade? — Respondeu Ariel, mas Celeste podia sentir um leve toque de divertimento em sua voz. Os dois amigos ainda pareciam estar num mundo só deles e a Celeste sentindo mais que nunca que não fazia parte da conversa, resolveu intervir.
— Gente, estou aqui. Estão lembrando, né? — A morena não sabia o que esperava do desenrolar da cena, mas não queria ser ignorada ou pior, atrapalhar o que quer que fosse.
Imediatamente, ao som de suas palavras, Ariel e Raquel acabaram com o embate visual e a ruiva cedeu, deixando o loiro convencido.
Ariel tentava entender a relação entre a sua amiga Raquel e o Doutor Miguel, inclusive porque percebeu o modo como ele se dirigiu a ela. Não a chamou de Raquel, mas de Rubi e ao seu ver, parecia um apelido carinhoso.
Olhou por sobre os ombros da Raquel em direção à mesa que o advogado permanecia sentado com outro homem e percebeu a intensidade do olhar do outro em sua direção. Firme, desafiador.
Olhou em direção da Celeste e novamente voltou o olhar para a mesa do Miguel. Sem desviar o olhar, disse à Raquel:
— Se certos olhares fosse adagas, eu já estaria morto! — olhou em direção à Celeste com um sorriso. — Sempre quis dizer isso, sabia, Celeste? — a morena percebeu a piscada do loiro em sua direção e seus olhos se dirigiram para o lugar que ele observava.
Celeste percebeu que o seu chefe parecia querer desintegrar o amigo apenas com o olhar. Aquela atitude possessiva em direção à amiga, a fez dar uma risadinha.
— É amiga, acho que se ele pudesse acabava com o Ariel apenas com o olhar.
Finalmente, Raquel resolveu se pronunciar e suas palavras deixaram a morena e o loiro céticos. Ela afirmou que o doutor Miguel não estava interessado nela.
Após um silêncio esmagador, Celeste e Ariel começaram a rir juntos, como se a Raquel tivesse contado alguma piada. A moça ficou nervosa por eles não acreditarem nela.
— Nem você acredita no que disse, Raquel! — disse Celeste achando graça dos esforços fracassados da amiga em sair pela tangente.
— Bem, vou explicar tudo e vocês entenderão — disse Raquel com um suspiro, observando os olhares atentos e curiosos de seus amigos diante de si.
Continua....
Olá, amores!
Demoramos, mais eis-nos aqui!
O capítulo do almoço não coube num só e vamos postar a continuação amanhã, que tal?
Bjs de luz!
Produção PDC
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