Capítulo 10 - Descoberta
Ariel não podia acreditar em tamanha coincidência. Na verdade, ele não acreditava mesmo nisso, cria que Deus tinha um propósito em todas as coisas.
Ele se matriculou em sua disciplina pendente no horário noturno para que não ficasse incompatível com as suas atividades diurnas e chegando na sala, adiantado para variar, a princípio ficou um pouco deslocado por não ver nenhum rosto conhecido.
Seu amigo Matheus já havia concluído a disciplina no tempo hábil e o loiro se viu sozinho em meio a um mar de "semi-calouros". Percebeu alguns olhares femininos, mas ficou constrangido e fingiu mexer no seu celular até a chegada do professor.
No horário marcado para iniciar a disciplina, o professor ainda não havia entrado na sala, mas qual não foi sua surpresa ao sentir um toque no ombro, que o deixou um tanto alarmado, até levantar os olhos e ver de quem se tratava: sua mais nova amiga e irmã em Cristo, Celeste.
— Então, Ariel, parece que enfim vamos cursar uma disciplina juntos! — disse a moça sorridente, apesar do rosto um tanto corado.
— Celeste, que grata surpresa — disse Ariel refazendo-se rapidamente da surpresa e levantando-se para cumprimentá-la. — Surpresa muito boa, por sinal. Já estava me sentindo meio perdido aqui.
Ela direcionou-lhe um sorriso maroto e confidenciou-lhe:
— Se eu te disser que tampouco conheço alguém, você acredita?
— É mesmo? — levantou uma sobrancelha. — Não é sua turma habitual?
— De forma alguma. Eu tive que "puxar" essa disciplina na minha grade para não ficar muito prejudicada. Eu tenho um emprego boa parte do meu dia e isso meio que reduz as minhas opções.
O loiro não respondeu de imediato, pois o professor entrou na sala naquele instante, apenas meneou a cabeça anuindo e começou a prestar atenção às palavras do docente. Celeste riu consigo mesma pensando em como o loiro era um rapaz compenetrado. Ele parecia se dedicar inteiramente ao que fazia e ela viu-se admirando-o por isso.
Ao final da aula, Ariel voltou novamente a atenção para a Celeste.
— Você vai para casa agora, Celeste?
— Quem me dera. Ainda tenho mais uma aula, preciso aproveitar o máximo que posso com as disciplinas que posso adiantar.
Devagar saíram da sala e pararam próximo ao pátio. Celeste queria continuar o assunto, mas sabia que não poderia se estender ali, pois logo iniciaria sua próxima aula. Além disso, ficou temerosa de ser invasiva.
Ariel, percebendo o súbito silêncio da nova amiga, notou que ela parecia desconfortável em se despedir porque teria outra aula e resolveu tomar a iniciativa.
— Então, Celeste, pelo visto nos veremos frequentemente por aqui — disse rindo de suas próprias palavras.
A morena sorriu e concordou.
— Claro. Ah, gostaria de pedir desculpas novamente por não termos ido com vocês à pizzaria. Surgiu um imprevisto que não podíamos ignorar. — Celeste disse pensando na última vez que se viram na igreja em que ela congregava.
Matheus parecia ter se interessado em sua amiga Bella e as convidou para irem a uma pizzaria, mas logo quando se dirigiam para lá, a moça que encontraram para cuidar da avó da Isabella ligou solicitando a presença da amiga em casa. Não havia como prescindir da necessidade da avó da Bella e elas tiveram que declinar do convite.
Ariel parecia pensar no mesmo e apenas fez um gesto de "não foi nada" e continuaram por alguns segundos num silêncio confortável. O loiro foi o primeiro a dizer algo.
— Então, como a senhorita tem mais uma aula, eu tenho que ir. Você vai ficar bem? — quis saber, preocupado.
Celeste achou fofo o jeito como ele perguntou, com genuíno interesse em sua resposta.
— Claro, não se preocupe. Deus está comigo!
Ele riu da resposta direta dela.
— Então, senhorita, nós vamos nos ver novamente no mesmo horário, daqui a dois dias, correto? — perguntou com o sorriso que Celeste já definiu como sua marca.
— Se Deus permitir, nobre cavalheiro. — Riram juntos da piada e se despediram.
Já em casa, Ariel repassou novamente a situação e riu sozinho achando graça no jeito da Celeste, em como ela era tímida, mas firme. Ela já estava se acostumando ao jeito brincalhão dele e o rapaz se sentia bem com isso.
Estava imerso em seus pensamentos, quando foi interrompido por Matheus.
— Pensando no vôo da andorinha, Ariel? Já está há quase meia hora com o livro aberto sem trocar a página...
Ariel suspirou e olhou o amigo com os olhos semicerrados.
— Acaso não seria pensando na morte da bezerra, Ruivão? — Matt apenas deu os ombros e sentou-se diante do amigo. Seu semblante mudou completamente de brincalhão para sério num piscar de olhos.
— Tanto faz. Mas me diz, está tudo bem com você? A Rebecca está povoando seus pensamentos?
O loiro parou por um instante e pensou em Rebecca, no brilho de seus olhos e no jeito espontâneo de sorrir e como sua personalidade tão simples o fez se encantar tão rapidamente por ela. Imediatamente, veio à sua mente a música tão linda que o Isaac compôs especialmente para ela.
Ninguém sabia, mas ele estivera à distância vendo a interação dos dois e sentindo mais uma vez a dor em seu coração pela negativa do Senhor para que os dois ficassem juntos. Ele já havia obtido a resposta e tencionava conversar acerca disso com a Rebecca na noite anterior, mas sua mãe precisou dele e a conversa foi adiada. Ariel então procurou a moça logo cedo e ao ser informado de seu paradeiro, não imaginava a cena que presenciara.
Sempre que se lembrava disso, o loiro sentia seu coração doer bem fundo, sendo assim evitava tais pensamentos. Porém, se deu conta naquele momento que a dor já não era tão profunda assim. Doía, sim, mas era... diferente.
Ariel fechou os olhos por um instante e ao mentalizar o rosto da Rebecca, surpreendeu-se por outro rosto aparecer diante de si. Imediatamente abriu os olhos, assustado. Olhou em direção ao amigo que parecia se divertir com o que lhe acontecia.
Como não poderia deixar de comentar, o ruivo foi direto ao assunto.
— Se você pudesse ver suas expressões! Eu devia ter gravado e postado, ia fazer sucesso! — falou com falsa expressão de arrependimento. Ao ver que o loiro não respondia nada, ficou preocupado — O que houve, Ariel?
Ariel nada conseguia responder, apenas balançava a cabeça, estupefato. Sua atitude deixou Matheus ainda mais cismado.
— O rosto dela.... seu sorriso... cara, não sai da minha mente... — dizia Ariel meio confuso, como se fosse algo extraordinário.
— Da Rebecca? — perguntou um mais confuso Matheus.
O loiro apenas balançou a cabeça, em negação. Matt aguardou o amigo encontrar as palavras, mas quando Ariel o fez, apenas sussurrou uma palavra, ainda como se não acreditasse: Celeste...
Ei...olha nós aqui de novo!
O que acharam do capítulo, conta aqui pra gente!
Bjs,
Produção PDC
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