Capítulo cinquenta e cinco
O mundo era agitado lá fora; sirenes disparadas anunciavam que alguma emergência havia ocorrido, buzinas ansiosas demonstravam o estresse do trânsito diário, o barulho das vozes aleatórias nas ruas era insuportável para uma mente cansada, por tal razão Mina suspirou em alívio assim que entrou em seu apartamento, fechando a porta e jogando as chaves sobre a mesa, colocando o celular ao lado das mesmas.
Ali dentro tudo era paz, o barulho desapareceu e, o melhor, Chaeyoung apareceu sorrindo ao ter ouvido a porta ser fechada. Sem dúvida aquela era a melhor parte de seu dia, aquela onde ela voltava para Chaeyoung.
— Oi. — Mina sussurrou sorrindo, percorrendo os olhos pelo corpo de Chaeyoung, que usava uma blusa larga e provavelmente apenas uma calcinha por baixo. Seus cabelos estavam úmidos, indícios de que ela havia tomado um banho recentemente.
— Demorou. — Chaeyoung disse, se aproximando de Mina e enlaçando seus braços pela cintura da maior.
— Odeio o trânsito. — Mina falou, depositando um beijo manso sobre os lábios rosados de Chaeyoung.
— Acabei de receber um telefonema. — Chaeyoung anunciou suspirando pesadamente ao encerrar o beijo.
— De quem? — Mina perguntou de cenho franzido.
— Da empresa que ficou de me dar uma resposta. — Ela replicou, vendo Mina lhe lançar um sorriso animado.
— E então? — Mina questionou em expectativa.
— Não consegui. O gerente disse sentir muito, mas por minha ficha... — Mina deixou seus ombros caírem ao ouvir aquilo.
— Hey, não fique triste, amor. Você vai conseguir! — Tentou animar Chaeyoung, não obstante, o sorriso fraco da menor mostrava que Mina falhara em tentar animá-la.
— É a sétima empresa que me recusa esse mês por isso, Mina! — Disse com profunda chateação. — Eu só preciso de uma única chance, céus!
— Você vai conseguir, Chaeyoung, eu juro, só seja paciente, está bem? — Mina pediu, levando uma mão até o rosto da menor para acariciar a região.
— É que, você sabe, é muito desconfortável para mim estar aqui sendo praticamente bancada por você. — Informou, vendo Mina assentir. — Eu não gosto disso.
— Eu sei e nós já conversamos sobre isso, minha vida. — Mina murmurou, encostando sua testa na de Chaeyoung. — Eu não me incomodo com isso, pelo contrário, adoro a sua companhia, além do que, você super me ajuda com a Mia. — Afirmou. — Céus, eu nem sei o que seria de mim sem você me ajudando a cuidar dela.
— Eu ajudo com prazer. — Chaeyoung afirmou. — Adoro aquela criança.
— Eu sei e é esse um dos motivos de eu te amar tanto. Você tem um coração enorme e, sobretudo, é tão boa, tanto para mim quanto para ela. — Chaeyoung se inclinou e, ainda triste, depositou um beijo no rosto de Mina. — Olha para mim! — A maior pediu quando viu Chaeyoung fitar o chão.
— Sim? — Chaeyoung disse.
— Você sabe que eu não faço questão desse dinheiro, e realmente não preciso, mas eu sei que você é teimosa demais para deixar isso para lá. — Comentou rindo baixinho.
— Ainda bem que sabe. — Chaeyoung comentou levemente molesta, ganhando um sorriso sincero de Mina.
— Eu já falei, mas vou repetir... — Disse em um tom calmo, encarando as orbes castanhas com toda adoração que habitava seu ser. — Você tem o resto de nossas vidas para quitar essa dívida, amor, não precisa de pressa. — Falou e Chaeyoung até tentou, porém um esboço de sorriso dominou sua expressão.
— Você me desarma, droga! — Chaeyoung comentou, ouvindo a risada de sua namorada preencher sua audição.
— Isso é bom. — Mina comentou sorrindo. — Promete não ficar triste por não conseguir o emprego? — Chaeyoung ponderou alguns segundos, contudo, diante do olhar de súplica de Mina ela acabou se rendendo.
— Prometo tentar.
— Já é um começo. — Mina replicou, sentindo as mãos de Chaeyoung abraçarem mais sua cintura.
— Você demorou tanto que eu pensei que tivesse arranjado uma namorada por aí. — Brincou mudando de assunto, ganhando um súbito selinho da garota em sua frente, que jogou os braços pelo pescoço da menor e riu baixinho ao ouvir aquilo.
— Eu achei. Ela era tão linda! — Provocou, convertendo sua expressão para dor quando sentiu Chaeyoung lhe beliscar na cintura levemente.
— Você não tem vergonha nessa cara de me dizer isso? — A menor indagou rindo, vendo Mina negar e sorrir com a língua entre os dentes.
— Você disse que pensou que eu tivesse arranjado uma namorada por aí e eu arranjei, oras. — Reafirmou. — Algum tempo atrás quando eu estava de bobeira na cadeia. — Explicou, ganhando um sorriso terno de Chaeyoung antes de sentir os lábios da menor, delicadamente, cobrir os seus.
— Você é uma idiota. — Chaeyoung sussurrou entre o beijo, sentindo a língua de Mina esbarrar na sua fazendo-a gemer baixinho em puro deleite.
— Eu sei. — Mina respondeu entre o beijo, adentrando uma das mãos nos cabelos úmidos de Chaeyoung antes de voltar a aprofundar o beijo. Jamais cansaria da sensação de estar entre os braços de Chaeyoung, abrigada entre aquele beijo.
— Eu adoro esse beijo. — Chaeyoung murmurou com as bocas ainda coladas, sentindo os dentes de sua namorada se arrastarem vagarosamente pela carne de seu lábio inferior, o que a fez arfar.
— Eu deixei Mia com a professora e só volto para buscá-la no fim da tarde... — Mina avisou em tom sugestivo, sugando o lábio da garota antes de deslizar a mão pelo corpo dela até suas costas, adentrando a mão por debaixo da blusa, sentindo a maciez da pele alva entre seus dedos.
A maior soltou um gritinho surpreso quando sentiu Chaeyoung a virar bruscamente e a prensar contra a parede, tomando seus lábios em um beijo quase agressivo, todavia, ainda assim lento. As mãos da loira deslizaram torturantemente através da pele dos braços de Mina antes de alcançarem sua cintura, puxando o corpo maior contra sua pelvis.
As mãos da maior, sem enrolação, se enroscaram na bainha da blusa de Chaeyoung, removendo a peça de seu corpo rapidamente. Os seios ficaram expostos, fazendo os olhos de Mina no mesmo momento se embriagarem de desejo.
O timbre do telefone fez Chaeyoung olhar na direção do mesmo, algo que fez os ombros de Mina caírem em desapontamento. Ela sabia o quanto Chaeyoung era dependente de ligações dos lugares onde deixava currículo e sabia o quanto atender os telefonemas era importante para ela, afinal, poderia ser uma das empresas.
— Deixa que eu atendo. — Mina disse, ganhando um aceno de Chaeyoung. A maior correu em direção ao toque insistente, até finalmente atendê-lo. — Pois não? — Os olhos curiosos de Chaeyoung estavam totalmente focados na garota. — Aconteceu alguma coisa com minha mãe? — Ela perguntou ao ouvir que era da clínica. A menor instantaneamente se preocupou, vendo Mina franzir o cenho antes de parecer surpresa. — Oh, ela está sim, só um minuto...
Chaeyoung não entendeu absolutamente nada quando Mina estendeu o telefone em sua direção.
— É da clínica da minha mãe. — A maior sussurrou. — Você ainda tem ido lá?
— Eu vou às vezes ajudar quando a Lisa me chama. — Informou. Lisa era uma das pessoas que trabalhavam lá e, ao ver a forma como Chaeyoung tinha facilidade de lidar com a mãe de Mina, começou a pedir ajuda com outros pacientes. — O que querem? — Sussurrou, vendo Mina dar de ombros.
— A Lisa deve estar com saudade. — Sussurrou, vendo Chaeyoung rir alto antes de pegar o telefone da mão de sua namorada.
— Ciumenta. — Sussurrou, depositando um beijo casto no bico que Mina fazia antes de atender. — Sim? — Mina cruzou os braços e fitou Chaeyoung. — Uh, tem certeza de que ligaram para a pessoa certa? — Indagou algum tempo depois, despertando a curiosidade em Mina. — Bem, sim, mas...
— O que querem? — Mina sussurrou, não obtendo resposta alguma.
— Eu adoraria, mas me sinto no dever de informar que eu tenho passagem. — Se calou por alguns segundos até um enorme sorriso enfeitar seus lábios. — Sim, oh meu Deus, mil vezes sim. — Disse eufórica, passando seu email no momento seguinte. — Muito, muito obrigada mesmo. Nos vemos.
— O que queriam? — Mina perguntou completamente curiosa assim que Chaeyoung desligou.
— Você não vai acreditar...
— Fala logo! — Mina exigiu. Sempre fora demasiadamente curiosa e aquele suspense só piorava sua situação.
— Eles me ofereceram um emprego! — Exclamou, fazendo Mina abrir a boca surpresa antes de sorrir e se jogar nos braços de sua namorada. — E vão me mandar as informações de quando eu começo por email. — Informou. — Mina, eles até me disseram que eu poderei fazer algum curso voltado para a área da saúde com desconto de sessenta por cento da mensalidade.
— Você jura? — Ela indagou, vendo Chaeyoung assentir freneticamente. — Eu te disse que você conseguiria. — Mina falou após abraçar forte sua namorada.
— E você tinha toda a razão. — Chaeyoung disse sorrindo sem barreiras. Aquela era a melhor notícia que poderia ter recebido.
— Eu sempre tenho. — Se vangloriou, ouvindo Chaeyoung gargalhar alto.
— Certo, senhorita dona da razão. — Disse debochada. — Olha só, a conversa está legal, mas será que agora podemos continuar de onde havíamos parado? — Perguntou, suspirando ao ver o sorriso safado de Mina se abrir.
— Não precisa pedir duas vezes. — Ela sussurrou, levando uma das mãos até a nuca de Chaeyoung para então puxá-la para um beijo afoito. Seus dedos finos de sua mão livre percorreram a pele nua de um dos seios de Chaeyoung, apertando-o, ação essa que fez a menor gemer baixinho entre o beijo.
Chaeyoung levou suas mãos até os botões da camisa de Mina, os desabotoando apressadamente. Não era todo dia que ambas estavam em casa a tarde sem ninguém. Na verdade, fazia alguns bons dias que não transavam por medo de Mia ouvir algo, razão essa que fez Mina sentir sua calcinha umedecer ao sentir os lábios de Chaeyoung se afastarem dos seus para beijarem o vão entre seus seios conforme deslizava a peça por seus ombros. A maior jogou a cabeça para trás e arfou ao sentir Chaeyoung deslizar a língua sobre sua pele. Aquela sensação era fantástica!
Aparentemente, naquele dia o telefone não estava a favor de deixá-las a sós, porque o barulho estridente voltou a ecoar pelas paredes daquele apartamento, todavia, daquela vez era o celular de Mina, que estava sobre a mesa ao lado das chaves.
— Mas que inferno! — Mina reclamou inconformada, porque daquela vez o desejo já havia dominado cada partícula de seu ser. Ela bufou, ouvindo Chaeyoung rir baixinho antes de correr para atender o mesmo. — Alô! — A maior proferiu irritada, mas seu timbre mudou ao ouvir quem era. Um segundo depois ela colocou o aparelho no viva-voz.
— Preciso de vocês agora! — A voz da coreana exigiu, ela parecia verdadeiramente em apuros.
— O que houve, Young? — Chaeyoung perguntou preocupada. Conhecia a mulher a tempo o suficiente para saber que ela estava com problemas.
— Venham para a minha casa agora!
— Estávamos meio ocupadas. — Mina informou. — É mesmo algo tão importante que não pode esperar meia hora? — Perguntou, recebendo um olhar de desaprovação de Chaeyoung. Ela riu baixinho e se aproximou da menor, a abraçando e deitando a cabeça em seu ombro.
— É caso de vida ou morte!
— Dá para explicar o que houve de uma vez por todas? — Chaeyoung pediu, ouvindo a coreana suspirar do outro lado da linha.
— Em três dias é feriado e a Tzuyu vai sair por bom comportamento, claro que únicamente para o feriado, depois volta para terminar de cumprir o pouco que falta.
— E qual o problema nisso? Isso é maravilhoso, não é? — Chaeyoung deduziu.
— Exatamente! — Mina afirmou. — Maravilhoso o suficiente para se preparar para vê-la enquanto deixa seu casal de amigas transar feliz.
— Mina! — Chaeyoung repreendeu, vendo um pequeno bico se formar nos lábios da maior.
— O problema, minha amiga, é que eu não sei qual espírito baixou nela, mas ela disse que eu tenho três dias para preparar o casamento ou ela me larga. — Disse exasperada do outro lado da linha. — Chaeyoung, eu vou me casar em três dias e não tenho nada preparado, então acho bom tirar esse rabo do sofá e correr para cá me ajudar agora, afinal vocês serão madrinhas. Tchau! — E desligou, fazendo ambas as garotas piscarem lentamente enquanto seus cérebros processavam a informação. Chaeyoung arregalou os olhos quando caiu em percepção da grandiosidade daquilo. Céus, Tzuyu comeria seu fígado caso aquele casamento não estivesse perfeito. Casar, suas amigas iriam se casar em três benditos dias.
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