Capítulo 72 - "Nunca mais vou desperdiçar um segundo sequer"

Eu e minha ansiedade acabamos de fazer uma reunião e decidimos postar os capítulos logo pq eu simplesmente preciso dividi-los com vcs e saber o que acharam!!

É isso!

Aviso que nos próximos capítulos vcs terão direito à muitas boiolices românticas, e à ver um certo personagem bem cadelinho daquela deusa da noite que vcs conhecem mto bem.

Quero mtas opiniões 🙏 sério!

Boa leitura 🖤



Thomas se perdeu no corpo de Cecilie por sabe-se lá quantas horas. Estavam na cama, aquecidos sob cobertas macias e colados um no outro. Nus e saciados, as respirações ainda ofegantes. O suor brilhava sobre a pele deles e o cheiro de seus fluidos pairava no ar, junto do aroma da cera das velas e das brasas da fogueira crepitante. Ele não poderia estar mais contente, mais satisfeito. A princesa estava deitada pesadamente em seu peito, acariciando seus pêlos. Por sua vez, ele traçava padrões indistintos nas costas e no braço dela. Se lhe fosse permitido uma escolha, Thomas jamais sairia daquele quarto. Jamais.


-- Eu não irei matá-la. -- ouviu-a sussurrar, as primeiras palavras dela depois daquele sexo espetacular.


-- Eu sei que não vai. -- beijou o topo de sua cabeça, fazendo-a rir pelo nariz.


-- Você me conhece melhor que eu mesma. -- suspirou e se aconchegou ainda mais no corpo dele -- Quando a vi hoje, quis colocar minhas mãos naquele pescoço elegante e sufocá-la até ficar fria e arroxeada.


-- Mas...?


-- Mas você me odiaria depois.


-- Cecilie, ela matou sua mãe. Ela fez da sua vida um inferno, me fez perder minha melhor e única amiga. Minha prometida. É seu direito e, mesmo que seja minha tia e que eu a ame, eu nunca o tiraria de você. Além do mais, além do assassinato ela cometeu traição ao rei, a punição é a sentença de morte.


-- Tudo bem, você tem razão. Eu me odiaria depois. E tem Christopher, não posso magoá-lo assim. E ainda há a pequena Crystal.


-- Você é mais nobre do que eu, amor. -- beijou-lhe de novo. Céus, ele não conseguia parar de beijá-la!


-- Não se trata de nobreza, Thomas. Eu apenas não quero fazer com Crystal a mesma coisa que Zaya fez comigo. É horrível ser uma menininha sem mãe.


-- E quanto à Christopher?


-- Digamos que preciso que o príncipe coopere no que eu planejo para ele. Matar a rainha só o fará se opor à mim.


-- Eu quase posso ouvir as engrenagens de seu cérebro funcionando à todo vapor. -- a cutucou, fazendo-a cócegas nas costas.


-- Pare, Thomas! -- tentou se afastar, rindo, mas ele apenas a puxou para mais perto.


-- Diga-me o que está planejando de uma vez, amor. -- pediu sorrindo.


A princesa mudou de posição se acomodando meio de bruços sobre o peito dele, com um braço sob o queixo de maneira que ficaram frente a frente, olhando-se nos olhos.


-- Algo grandioso. -- ela lhe sorriu misteriosa.


-- Poderia ser mais específica? -- deu-lhe outro cutucão, fazendo-a soltar outra leve gargalhada.


-- Pare com isso! -- ele obedeceu e aguardou -- Vou seguir com a história e lhe contarei no momento apropriado. Onde paramos?


-- Em sua missão suicida de resgate. -- suas palavras soaram mais duras do que esperava, e ela percebeu pois aquele brilho de culpa lampejou no cinza profundo.


O que ele poderia fazer? A dor da perda de sua amada ainda estava muito recente, e o trauma permanecia mesmo a tendo ali quente e viva em seus braços. Levaria muito tempo para perdoá-la por aquela insanidade, e Cecilie sabia bem disso pois ignorou a brusquidão em sua voz.


-- Sim, eu subestimei a mente doentia de Willk. Pensei que ele me levaria até alguma cidade forte para uma sessão intensiva de tortura, mas assim que você saiu seguimos até o porto e partimos num navio. -- suspirou, cansada -- Não há muito além disso, querido. Fui mantida prisioneira num convés, sob vigilância constante por três meses. E quando desembarquei na praia... bem, você estava lá e sabe o que aconteceu.


-- Você ficou três meses com seu antigo mestre Willk, que também é seu tio William, e espera que eu acredite que não conversaram?


-- Nós não conversamos até poucas horas antes do navio atracar no porto.


-- E...


-- E ele me contou sua história. -- soltou um bocejo exausto -- Disse que a mãe de meu pai nunca aceitou que o trono seria de William, e que ela nunca aceitou o relacionamento do filho com Cassandra. Mas William ajudaria papai a se casar com ela quando fosse rei, e quando descobriu isso a rainha Morgana enlouqueceu e matou vários criados e depois fez com que William fosse encontrado na cena do crime. Ele foi julgado e deserdado no dia seguinte. Deveria ter sido exilado, mas... bem -- deu de ombros -- ele não estava disposto à ir embora.


-- E você acreditou nele? -- acariciou os cabelos negros dela, quase secos e totalmente despenteados.


-- Sim. William... ele não era uma má pessoa, Thomas. Tornou-se sádico e cruel, com certeza. Mas no fundo, o monstro foi criado por outra pessoa. Assim como ele criou Nix.


-- Você gosta dele. -- disse baixinho, não uma pergunta, uma certeza.


-- Ele fez coisas horríveis comigo, com você, e eu o odeio por isso. Mas também foi como um pai para mim. É complicado... Thomas, ninguém é inteiramen...


-- Inteiramente bom, nem inteiramente mal. -- a interrompeu -- Eu entendo. Não precisa se sentir culpada por gostar dele. Bem ou mal, Willk foi o único que a ajudou quando mais precisou.


-- Obrigada. -- sorriu-lhe e bocejou mais uma vez -- Podemos terminar amanhã?


Apesar de tantos bocejos o semblante de Cecilie parecia estranhamente desperto. Ela quer evitar aquela conversa, pensou com seus botões. Apesar de ficar ligeiramente magoado com o fato de a amada insistir em guardar segredo dele, decidiu não insistir. Ela com certeza lhe diria quando estivesse pronta.


-- Consegue ficar acordada mais alguns minutos? -- sentiu o coração disparar, a emoção o dominando com o momento que se aproximava -- Eu tenho uma coisa para você.


-- É um presente? -- deu uma leve gargalhada feliz -- Oh, Thomas! Isso é tão clichê!


Mesmo com essas palavras desdenhosas, seus olhos brilhavam em empolgação. Ah, mulher exasperante! Quanto tempo levou até aprender à lê-la, à compreendê-la! Mas sabia que passaria por aquilo tudo novamente, com um sorriso no rosto. Segurou os ombros dela e, num movimento rápido, inverteu suas posições. Agora era ele quem pairava por cima dela, com todo o peso de seus músculos definidos sobre seu corpo delgado e quente. Mais alguns minutos daquela proximidade e ele ficaria duro novamente.


-- O que eu posso fazer, amor? -- deu-lhe um beijo casto nos lábios -- Sou um romântico incorrigível.


Levantou-se e seguiu até a cômoda ao canto do quarto sem se incomodar em cobrir sua nudez, abriu a primeira gaveta e tirou dali um saquinho de veludo preto. Ao retornar viu Cecilie já sentada na cama, os pés para fora apoiados no chão, tão à vontade com sua nudez quanto ele. Seus olhos cinzentos estavam focados no pacotinho em sua mão, então o duque se apressou à escondê-lo atrás de suas costas. Mesmo na penumbra da madrugada entre as velas que acabavam a queima, viu o rosto dela corar um pouco quando o homem se ajoelhou à sua frente. A princesa piscou forte e franziu as sobrancelhas, mas o sorriso que abriu era mais luminoso que o sol da manhã.


-- Você não vai...


-- Calada. -- colocou um dedo sobre seus lábios, silenciando-a -- Esse é o meu momento.


-- Muito romântico, de fato. -- murmurou, recebendo um olhar atravessado do homem -- Desculpe.


Percebeu que ela tentou soar zangada, mas só soou feliz. Thomas a admirou por alguns instantes, sem saber por onde começar. Havia praticado seu discurso nos últimos dias de viagem, depois que ela o surpreendeu anunciando que havia reconsiderado e que queria se casar com ele, entretanto não lhe surgiram as palavras adequadas até aquele momento final. Olhando naqueles olhos azul acizentados que tanto amava, toda a história deles passou em sua mente num segundo. O dia que se conheceram na infância, a amizade que construíram, o triste velório daquele caixão vazio... Quando a reencontrou naquela taverna, tão distante de quem a princesa um dia fora. Lembrou-se da fuga ensandecida, de como cuidou dele, de como o desejo de cuidar dela despertou em seu coração. Quando havia se apaixonado por ela, afinal? Não sabia dizer... Aquele amor sempre esteve nele, seu coração sempre pertenceu à Cecilie. Mas como poderia descrever a magnitude do que sentia em míseras palavras criadas pelo homem?


-- Em que está pensando? -- a mulher sussurrou, acariciando-lhe o rosto ao perceber sua hesitação.


-- Estou tentando me lembrar o momento exato em que me apaixonei por você. -- o duque respondeu honestamente, apertando o saquinho de veludo para conter seu nervosismo.


-- Não está conseguindo? -- acenou uma negativa -- Por quê?


-- Pois a cada momento que me vem à mente, eu me recordo de um acontecimento anterior que me fez amá-la. É como... -- engasgou com a emoção que o invadia -- Como se eu a amasse desde sempre, como se eu me apaixonasse por você mais e mais a cada interação. Eu amei a criança travessa e engenhosa que você foi, eu amei a criminosa assassina que você era, e eu amo a princesa guerreira que se tornou. -- deu de ombros -- E eu continuarei à amá-la independentemente do que você se transformar, pois você se recria a cada adversidade, Cecilie, e eu a amo por isso. -- ainda com as mãos atrás das costas, retirou o objeto do saquinho e, com a mão livre, segurou a mão esquerda da princesa -- Me dê a honra de amá-la todos os dias, pelo resto de minha vida.


Delicadamente Thomas trouxe o braço direito para frente, mostrando o anel que segurava. Era de ouro e continha uma enorme gema de topázio imperial e detalhes em diamantes. Ele havia escolhido aquela pedra em específico porque.

..

-- São da cor dos seus olhos! -- ela sussurrou num suspiro emocionado e tocou a joia com reverência -- Thomas...


-- Eu sei que já nos pertencemos de uma maneira profundamente irreversível, você está impregnada em mim. Sei que algumas palavras na frente do Sacerdote são insignificantes perto do que eu sinto aqui dentro. -- bateu no peito com uma mão em punho -- Mas eu quero viver tudo com você! Cada ínfima experiência que a vida tem à nos oferecer. Eu quero me casar com você. Quero que o mundo todo saiba que você é minha. Quero adormecer e acordar todos os dias ao seu lado. Quero as discussões e as reconciliações. Quero -- hesitou, pois nunca haviam tocado naquele assunto -- Quero filhos com você. Quero tudo. Me dê a honra de chamá-la de esposa, e eu prometo que em mil anos não haverá neste mundo uma mulher que tenha sido mais amada que você.


Apenas quando o silêncio reinou o duque percebeu ter os olhos marejados. Aguardou em expectativa, vendo com certa satisfação Cecilie lutar contra as próprias lágrimas que ameaçavam despencar de seus olhos. O sorriso dela aumentou ainda mais quando se inclinou para frente e o beijou. Thomas correspondeu como se sua vida dependesse daquela carícia, e logo o salgado das lágrimas deles invadiram suas línguas.


-- A honra em ser sua esposa será toda minha. -- a voz da princesa estava embargada pelas lágrimas de alegria que ainda lhe escorriam -- Minha resposta é sim, meu amor. Sempre foi você, Thomas. Nas vidas anteriores e nas próximas que virão. Eu o amo com tudo que sou.


-- Eu a amo, Cecilie... -- segurou suas bochechas e a puxou para mais um beijo, intenso e profundo. O primeiro beijo do resto de suas vidas tinha gosto de lar, ambos se pertenciam e estavam finalmente em casa.


Quando o momento de amor e devoção começou a se transformar em luxúria e devassidão, a princesa interrompeu o beijo e o encarou indignada.


-- Ande, logo! -- lhe estendeu a mão sacudindo os dedos finos -- O que está esperando para colocar meu anel?


Thomas soltou uma risada e sentindo-se o homem mais feliz do reino ele deslizou a joia pelo dedo da amada, o símbolo do compromisso que firmavam. Beijou-lhe a mão selando o momento e lançou-lhe um sorriso depravado.


-- Deite-se e abra-se para mim, amor. Eu lhe darei prazer enquanto estou de joelhos por você.


O duque despertou algumas poucas horas depois, sentindo o lençol frio ao seu lado anunciando o vazio da cama. Por um terrível segundo imaginou ter sonhado tudo aquilo, o fim da guerra, o retorno triunfal da amada, o sim ao pedido de casamento. O desespero lhe subiu à garganta, sufocando-o, e sentou-se jogando a coberta ao chão e olhando o quarto ao seu redor. Imediatamente a encontrou de pé junto à janela, e expirou profundamente aliviado. É real, ela está aqui, garantiu a si mesmo na intenção de acalmar as batidas de seu coração.


Levantou-de sem fazer ruído e seguiu até Cecilie, que observava a paisagem lá fora, o céu daquele azul profundo que antecede o nascer de um novo dia. Ao alcançá-la, postou-se às suas costas abraçando-lhe a cintura e apoiando o queixo no topo da cabeça da princesa. A mulher suspirou calmamente e se recostou ainda mais nele, que sentiu a maciez da camisa que ela usava, lamentando que o contato não fosse diretamente com sua pele macia e quente. Deus, estava completamente viciado em Cecilie. Ficaram ali, abraçados, observando as nuances azuis do céu tornarem-se cada vez mais claras.


Aquele silêncio taciturno que a princesa mantinha não era estranho à Thomas, e não o incomodava. Apenas o deixava... curioso, pois sabia que tal quietude precedia algo muito importante. Se o duque a conhecesse bem, e ele conhecia, a mulher estava empenhada em planejar uma vingança grandiosa para a rainha. A morte seria pouco para a mulher que lhe causou tanta dor. Mesmo que fosse às vezes tão cruel quanto seu mestre Willk um dia fora, ele não temia os planos de Cecilie por uma simples razão: ela era extremamente justa, e mesmo que não aceitasse também era mais bondosa do que se esperaria de alguém com seu treinamento. Então Zaya não receberia nada além do que merecia, disso Thomas tinha certeza.


-- Se eu quiser uma dose de veneno, onde conseguiria? -- ela perguntou em voz rouca e entrecortada, ainda escorada em seu peito observando céu da madrugada.


-- Pretende me envenenar no café da manhã, amor? -- abaixou-se e beijou-lhe o pescoço -- É um pouco cedo para isso, não acha melhor esperar completarmos pelo menos uns trinta anos de casados?


-- Não seja bobo, Thomas. -- ela se contorceu e o duque notou sua pele se arrepiar deliciosamente.


-- Foi assim que Zaya matou sua mãe? -- perguntou em voz sombria, percebendo o real motivo daquela pergunta suspeita.


Cecilie se virou de frente para ele, levando as mãos à sua nuca, onde iniciou carícias suaves em seus cabelos curtos. Os olhos dela eram tristes e ferozes, e brilhavam a mais pura saudade que o duque já vira. Seu coração sofreu junto ao da amada pela morte de Cassandra, que conforme suas próprias lembranças da infância, era uma mulher muito gentil e que mergulhava nas brincadeiras junto de ambos. Uma mulher que não merecia o destino que teve.


-- Foi essência de beladona. -- ela confirmou suas suspeitas.


O duque acenou em compreensão enquanto se perguntava onde alguém conseguiria um veneno raro daqueles sem levantar suspeitas.


-- Essa planta não é nativa deste continente, então apenas algum Alquimista mestre em venenos teria um desses em seu estoque.


-- E há algum Alquimista mestre em venenos aqui no castelo? -- perguntou a mulher, os olhos firmes em concentração.


-- Não que eu saiba. -- deu de ombros -- Além do mais, Alquimistas não trabalham para a população em geral, amor, eles... -- parou para pensar por um instante.


-- Thomas? -- incentivou a amada e ele sentiu sua coluna enrijecer em ansiedade -- O que você pensou?


-- Cecilie, os Alquimistas trabalham criando venenos, láudanos e poções, mas quem os indica às pessoas são os Curandeiros.


Os olhos antes focados da princesa, tornaram-se distantes após a constatação do homem.


-- O Curandeiro Chefe... -- ela murmurou -- Eu percebi... quando ele cuidava dos meus ferimentos logo que chegamos aqui, Thomas, eu percebi que ele me olhava de uma maneira estranha. De uma maneira que só uma pessoa com ódio pode olhar alguém. Você acha que...?


-- Você acha? -- devolveu a pergunta, tão instigado quanto ela.


-- Eu acho que se quisesse, Zaya poderia ter ido direto ao Alquimista, sem dúvidas. Mas isso poderia chamar a atenção e levantar suspeitas. Então ela buscaria alguém para fazer isso por ela o discretamente possível, alguém de confiança.


-- Mas o Curandeiro Chefe Real é juramentado para servir ao rei e sua família, ele jamais poderia fazer algo contra vocês. -- apertou a cintura de Cecilie, perguntando-se se ela poderia estar correndo perigo.


-- Meu doce Thomas... -- ela lhe acariciou a bochecha e riu de sua inocência -- Ele realmente serviu à família do rei. Eu era só a bastarda de sua concubina, uma mancha na linhagem Strong.


-- Era? -- ele se atentou à forma como a princesa disse aquela palavra, e afiou o olhar no rosto dela, curioso.


-- Pois é, eu ainda não lhe contei. -- sorriu perversa -- Eu fui legitimada assim que nasci, Thomas. -- aquilo o surpreendeu em demasia, deixando-o sem palavras -- E é exatamente por isso que minha mãe foi assassinada. O filho que ela carregava seria legitimado também, e se fosse um menino ele seria o verdadeiro herdeiro ao trono, já que Zaya ainda não havia gerado nenhuma criança.


-- Cassandra estava grávida? -- aquilo o surpreendeu mais ainda -- Bem, se havia alguma dúvida quanto à culpa de Zaya, caiu por terra agora. Por que não conta logo ao seu pai e termina de uma vez com isso, Cecilie?


-- Pois iria atrapalhar meus planos. -- deu de ombros -- Além do mais, minha intuição me diz que há algo mais nessa história. Preciso investigar mais, Thomas.


O duque observou a princesa mais atentamente, detalhadamente e percebeu no fundo cinzento dos olhos dela uma emoção profundamente escondida: decepção.


-- Você gosta dela, não é? -- apontou suavemente.


Cecilie franziu as sobrancelhas, indignada, mas não o corrigiu.


-- Isso não é relevante agora, não mais. -- suspirou cansada e o abraçou, deitando a cabeça em seu peito. Thomas, por sua vez, a apertou em seus braços e inspirou o perfume de seus cabelos negros recém lavados -- Eu achei que as coisas seriam simples quando a guerra acabasse, mas ao invés de sossego e tranquilidade, eu tenho que investigar minha madrasta que é a assassina da minha mãe.


-- Não se esqueça de que ainda temos que investigar o possível cúmplice da rainha, planejar a vingança e organizar nosso casamento. -- beijou-lhe o topo da cabeça.


-- Oh, são tantas coisas! -- resmungou a princesa -- E você tem certeza de que quer fazer parte disso?


Cecilie não precisou especificar, ele já sabia ao que ela se referia.


-- É claro que sim, amor. Estamos juntos para qualquer fim, lembra? -- acariciou as costas tensas dela, relaxando-a -- Além do mais, eu acho que já sei exatamente o que pretende fazer.


Agora foi a vez de a princesa ser surpreendida. Ela se afastou bruscamente dele, buscando seu olhar.


-- Você sabe? -- quase engasgou -- Mas como...


-- Posso não ser não diabolicamente inteligente como você, princesa, mas eu conheço minha tia e sei as razões de ela ter feito tudo o que fez. E sei exatamente qual seria o pior castigo para ela.


-- E você está de acordo com o que pretendo fazer? -- seus olhos azul acizentados brilharam.


-- Estou. Zaya merece perder aquilo que mais ama. Tomaremos isso dela, e quando Christopher souber o que a mãe fez irá nos apoiar. É uma pena para Crystal, certamente, mas é o melhor a ser feito.


Cecilie não respondeu de imediato, ficando encarando-o atentamente por alguns segundos.


-- O que está olhando? -- perguntou com um meio sorriso de canto.


-- Estou fazendo planos. -- ela respondeu, ainda pensativa.


-- Mais planos? Somos parceiros agora, pretende dividi-los comigo, não é?


-- Claro que sim, você faz parte deles. -- a princesa se aconchegou ainda mais em seus braços e se aproximou de seu ouvido, onde sussurrou -- Pretendo sequestrá-lo.


-- Oh, não me diga! -- disse baixinho, a voz grossa ao sentir a mudança do ar entre eles.


-- Sim, é verdade.


-- E depois?


-- Depois vou levá-lo para uma ilha deserta. -- ela lambeu seu lóbulo -- Muito, muito deserta.


-- E então...? -- incentivou o duque, sentindo arrepios deliciosos conforme a princesa mordia seu pescoço.


-- E então ficaremos nus por dias a fio, trepando feito dois animais selvagens.


-- Oh, merda... -- gemeu -- Eu adoro quando você fala sacanagens sujas desse jeito, princesa. -- ela riu -- Essa seria uma ótima forma de passar nossa lua de mel.


-- Com certeza seria. Agora preciso ir, amor.


-- O quê? -- exclamou -- Nem pensar, eu já estou duro aqui. -- roçou sua pelve na dela para enfatizar suas palavras.


-- Thomas, já vai amanhecer. Sabe que meu pai não gostará quando souber que passei a noite aqui. Devemos ser discretos.


-- Mas estamos noivos! -- insistiu puxando a mão dela, mostrando-lhe o anel -- Olha o tamanho dessa pedra, Cecilie, ela anuncia um compromisso bem sério. Ela diz claramente que um casal de noivos pode passar a noite juntos.


A princesa riu divertida, zombando do desesperado desejo dele.


-- Essa pedra não diz nada disso, seu bobo. -- beijou-lhe os lábios delicadamente -- Te vejo no café da manhã, amor.


Dito isso, ela se desvencilhou de seus braços e seguiu até a poltrona onde estavam suas próprias roupas. Despiu a camisa masculina que vestia lentamente, jogando-a ao chão, e deslizou de volta a camisola que cobriu sua nudez. Thomas apenas a observou, bebendo do corpo daquela mulher, de suas curvas, sua cor, da expressão de satisfação que fez ao notar o quanto o estava torturando de propósito. Pegou o roupão e se aproximou dele, cravando o olhar em sua ereção.


-- Me desculpe por isso. -- apontou seu amigo que estava em pé dizendo um grandioso "olá".


Thomas baixou os olhos e deu de ombros, nem um pouco envergonhado. Mas não podia culpá-la, afinal, só de estar junto daquela maldita mulher ele já ficava naquele estado. Definitivamente quando estava à sós com Cecilie, ela o reduzia à um estado de completa luxúria. Como diabos conseguiu ficar aquele primeiro mês de fuga sem colocar as mãos nela? Não tinha ideia...


-- Não se preocupe, querida. -- ela se aproximou e o abraçou em despedida.


-- Vai se acariciar pensando em mim? -- perguntou mordendo o lábio sedutoramente.


Realmente, ela não ajudava...


-- Eu preferiria que você fizesse isso para mim, na verdade.


-- Tudo bem, sente-se. -- ela concordou, o deixando desconcertado.


-- M-mas... você disse... -- perdeu a voz quando viu o olhar travesso dela junto do sorriso lascivo em uma combinação fatal -- Ora sua...


-- Eu nunca mais vou desperdiçar sequer um segundo com você, Thomas... -- juntou seus lábios num beijo que tinha gosto de pecado e devassidão -- Nunca mais...


Mesmo que a princesa odiasse promessas, o duque percebeu que aquela era uma e prometeu o mesmo de volta. Era um acordo, o pacto da vida à dois que viveriam. Todo aquele fogo que queimava entre eles certamente lhes garantiria uma prole grande, mas ele não se importava nem um pouco. Cecilie o satisfez com as mãos e bebeu de seu gozo, e só aquela cena já o deixou pronto para a próxima rodada. Ainda no êxtase do prazer ele a puxou para um beijo, sentindo o próprio sabor em sua língua, declarando todo seu amor por ela num rosnado visceral.



Eis o anel que o Thomas deu pra Cecilie 🖤

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top