Capítulo 51 - "As mesmas feridas abertas em você, também estão em mim"



-- Eu prefiro quando sua barba está grande! -- Nix anunciou com um sorriso enquanto acariciava o rosto dele despreocupadamente.


     Já era pôr do sol e a penumbra ameaçava deixá-los na escuridão, entretanto Thomas não sentia a mínima vontade de se levantar para acender algumas velas. Tudo o que queria era permanecer ali, deitado em sua cama com aquela mulher em seus braços, os lençóis de seda bagunçados ao redor deles. Havia mais de uma hora que fizeram amor ardente, e nesse período pós coito tudo o que ele fez foi observá-la. Thomas praticamente bebia dela, de sua beleza, sua vivacidade, seu sorriso...


-- Então eu jogarei minha lâmina de barbear no lixo imediatamente. -- garantiu, sério, fazendo-a abrir ainda mais o sorriso.


     Nix apenas revirou os olhos e se aconchegou ainda mais nele, a cabeça repousada sobre seu ombro e um braço estendido sobre seu peito, acariciando seus pêlos escuros suavemente. Thomas soltou um suspiro de contentamento enquanto imitava tais carícias nas costas dela, de maneira lânguida, deliciando-se com a maciez daquela pele nua. A necessidade de que aquele momento se prolongasse pela eternidade o sobrepujou, e desejou que todas as noites de sua vida fossem daquela forma: com aquela mulher junto dele. Com sua amiga, sua amante, seu amor. Lembrou-se das palavras do rei lhe dizendo que Cecilie estivera prometida à ele desde antes de nascer, e lamentou o tempo que haviam perdido devido à sucessão de tragédias que os afastaram todos aqueles anos. Quão feliz já seriam se Cecilie jamais houvesse desaparecido?


     Entretanto o passado é algo imutável e não vale a pena se prender no "e se" que vez ou outra ronda nossa mente. Afastou tais pensamentos e forçou-se à ser prático e realista, o que o levava à uma certa questão que o atormentava desde a maldita aparição de Pauline.


-- Você se lembra do que me disse no caminho para a Cidade Real? -- perguntou abruptamente, rompendo o confortável silêncio numa voz alta demais.


-- Depois que enfrentamos Pauline? -- a voz de Nix era abafada e baixa, seus olhos preguiçosos ainda fechados. Concordou com um resmungo afirmativo, e isso fez com que a mulher abrisse os olhos e os levasse até ele, incisivos -- Eu estava quase morrendo, Thomas. Não me lembro de muita coisa daquele confronto, apenas cenas aleatórias.


     Sim, aquilo confirmou suas desconfianças. E o frustrou em demasia. Imaginou se deveria recordá-la do acontecido, poderia repetir as palavras exatas que ela lhe dissera ao aceitar se casar com ele, pois aquelas palavras o mantiveram são enquanto era corroído pela dúvida de não saber se Nix estava viva ou morta."Eu paguei o preço por me permitir enfraquecer, mas não me arrependo. Sim, minha resposta é sim".


-- Qual o problema? O que aconteceu aquele dia, Thomas? -- sua voz trazia uma pontinha de tensão que instantaneamente desejou afastar.


     Aquele momento entre eles, o primeiro desde que tudo virou de cabeça para baixo, era importante e especial. Estavam se reconectando, afirmando de maneira carnal o quanto confiavam um no outro, o quanto precisavam um do outro. Abriu um ínfimo sorriso para tranquilizá-la e lhe deu um beijo na testa, decidido à retomar o assunto em algum outro momento mais oportuno. Agora a reação de Nix poderia ser negativa, poderia afastá-la dele ao invés de mantê-la para sempre em seus braços. Não havia mais motivos para pressa, certo? A vida de ambos não corria mais riscos iminentes, o que fora o motivo principal para seu pedido de casamento apressado. Além do mais, eles pertenciam um ao outro da maneira mais irredutível possível: amor. Nix nunca havia falado, talvez nem mesmo houvesse identificado ou assumido tal sentimento para si mesma, mas Thomas sabia. Assim como sabia que a amava profundamente, de todo o coração.


-- Você disse que eu sou o homem mais lindo que já viu em sua vida. -- brincou tentando relaxá-la.


     A mulher demorou a responder, continuando à encará-lo com aqueles olhos cinzas semicerrados em desconfiança. Por fim, levantou uma sobrancelha e sorriu divertida.


-- Engraçado, jamais imaginei que um dos sintomas de envenenamento fossem problemas de visão. -- o sorriso dela aumentou com sua alfinetada provocativa, e a única opção de Thomas foi reagir de maneira indignada para entrar na brincadeira.


-- Ora sua... -- sorriu feliz ao ouvir um risinho luminoso saindo dela -- Vai se arrepender dessas palavras, sua mulher traiçoeira! -- fez coçegas em suas costelas e Nix se contorseu violentamente.


-- Pare com isso! -- guinchou entre mais risos, tentando afastá-lo sem sucesso -- Thomas, pare com isso... eu não... oh, céus!


     Agora o homem estava em cima dela, os corpos unidos em plenitude, os lençóis jogados para longe.


-- Só se assumir que sou sim o homem mais belo que já colocou seus olhos!


-- Tudo... bem! -- cedeu já sem fôlego -- Você é um dos homens mais belos que já vi! -- parou seu ataque e a encarou, chocado -- Satisfeito?


-- Não! -- exclamou,  profundamente indignado -- Eu sou um duque muito bem apessoado, preciso de mais do que isso!


-- Muito bem, de acordo. -- levantou uma mão e a deslizou lentamente pelo seu abdômen... seu peito... até chegar em suas bochechas -- Assim que sua barba crescer eu prometo colocá-lo em meu top 3.


     Aquele toque, aquele sorriso lascivo e provocador, aquele corpo quente sob o dele, aqueles olhos cinza tempestuosos que o encaravam em expectativa... tudo isso despertou novamente seu desejo ardente que sempre latejava quando se tratava dela, e Thomas não fez o mínimo esforço para controlá-lo. Levou seus lábios até os de Nix que o capturaram, receptivos. Mais uma vez se uniram, agora na escuridão após o crepúsculo, iluminados apenas pela luz tênue da lua minguante e das estrelas que atravessavam os vitrais da janela.




     Nix retirou-se para seu quarto discretamente na alta madrugada. Tentou a cada passo conter o sorriso estúpido que teimava em curvar seus lábios de maneira tola, mas todas as suas tentativas foram ineficazes. Quando por fim chegou em seus aposentos já havia desistido de esconder aquela droga de expressão afetada, e quando sua cabeça tocou o travesseiro a mulher sorria abertamente. Percebeu ser totalmente impossível guardar tudo o que sentia naquele momento sem deixar escapar nada, e soltou um suspiro sonhador ao recordar suas últimas horas junto de Thomas. Sentia-se... céus, aquilo era impossível e incrível... estava feliz! Absurda e completamente feliz. Mesmo que suas sombras ainda ameaçassem afogá-la em desespero e cólera, Nix via luz e não apenas escuridão. E isso não era algo ilusório ou fantasioso, ela sentia-se verdadeiramente esperançosa com as perspectivas de seu futuro. Um futuro que compartilharia junto dele.


     Algo pareceu se encaixar em sua mente com tal pensamento, fazendo seu coração errar uma batida. Sentou-se na cama com respiração acelerada ao finalmente perceber o que esteve na sua cara esse tempo todo: havia se apaixonado por Thomas. Aquele duque tolo, despreocupado e desavergonhado havia conquistado não apenas sua confiança, mas seus sentimentos. Não havia garantido acesso apenas ao seu corpo, mas também ao seu coração. Apesar de ter se assustado com sua descoberta, após alguns poucos segundos o sorriso em seu rosto retornou, ainda maior do que antes. Se estar apaixonada era a maldita razão de estar tão feliz, desejou ter descoberto aquilo antes.




     O café da manhã seguinte não foi servido em seu quarto, pois Nix foi convidada a se juntar à família real para o desjejum. Convocada seria a palavra mais adequada em sua opinião, entretanto não teceu comentários ao ser avisada dos planos que o rei tinha para ela aquela manhã. Aprontou-se rapidamente após um banho quente vestindo o longo vestido verde escuro que recebeu de uma das criadas, certamente enviado pela rainha, e que lhe caiu com perfeição. Salete arrumou seus fios numa longa trança e a enrolou em sua cabeça num penteado mais elaborado que jamais seria capaz de fazer sozinha. Agora rumava até a sala de refeições acompanhada de sua habitual escolta de dois soldados. Durante o caminho, que durou mais de dez minutos, conversou com os rapazes sobre como eram os treinamentos diários, e pediu à um deles que transmitisse ao capitão James sua solicitação para participar da próxima sessão. Quando chegaram ao destino os soldados haviam relaxado consideravelmente e tiveram de interromper a discussão acalorada que travavam acerca de qual arma era mais eficaz num embate corpo a corpo.


     Se lhe dessem a oportunidade de escolha, Nix certamente preferiria tomar seu café da manhã junto dos soldados nas cozinhas, ou até mesmo em seu alojamento comunitário fazendo parte da grande algazarra que dezenas de homens geralmente faziam. Entretanto, ela não podia. Então despediu-se dos homens assim que alcançou as grandes portas de madeira entalhada que lhe foram abertas por outros dois guardas, recebendo uma reverência e um sorriso de encorajamento de despedida. Aquilo aqueceu seu coração inquieto. Os homens haviam sido verdadeiramente simpáticos e ela apreciou muito a interação entre eles. Será que havia feito novos amigos? Esperava que sim. Precisava de amigos, de aliados, de ter em quem confiar. Não podia contar apenas com Thomas.


     Adentrou o salão e seus passos soavam alto demais no chão de mármore polido. Todos já estavam ali e levaram seus olhares até ela, o que a deixou ainda mais tensa com a estranha situação. Thomas e Abenforth se levantaram assim que se aproximou da mesa, e do único lugar vago ao lado do príncipe. Este, por sua vez, se levantou apenas quando recebeu um olhar ameaçador do pai, e o fez sem nem tentar esconder sua expressão de desagrado. Bem, já havia algo em comum com seu meio irmão, afinal.


-- Bom dia a todos. -- cumprimentou educadamente, esforçando-se para cumprir o acordo de paz que firmou com seu pai no dia anterior.


     Recebeu um coro de cumprimentos vindos apenas do rei, da rainha e de Thomas. Um criado puxou sua cadeira com delicadeza e a empurrou quando Nix se sentou. Apesar de todos os anos em que não usou seus ensinamentos de etiqueta, eles ainda estavam frescos em sua memória. Apanhou o guardanapo à sua frente e o depositou em seu colo com movimentos leves enquanto os homens sentavam-se novamente. Olhou para frente e se deparou com Thomas lhe sorrindo abertamente. Esse maldito não sabe nem disfarçar, pensou zangada. Entretanto, não foi capaz de evitar sorrir também.


-- Espero que tenha tido uma boa noite de sono. -- a voz de seu pai interrompeu o momento íntimo deles.


     Levou sua atenção até o homem na ponta da grande mesa. Estava recém banhado e com trajes escuros, um azul tão profundo que parecia negro. Seus fios grisalhos faziam o louro reluzir, e seus olhos cinza brilhavam para ela em expectativa e apreensão. Apesar de ser um monarca poderoso, Abenforth não sabia esconder suas emoções. Pelo menos não conseguia escondê-las dela. Nix percebia claramente a ansiedade que o tomava naquele momento, a junção de suas duas vidas, de seu passado e seu presente que alterariam completamente seu futuro. O futuro de todos ali presentes. Subitamente sentiu-se cansada dos sentimentos ruins que nutria pelo seu pai, afinal, aquilo a fazia mais mal do que poderia fazer à ele. Era como tomar um veneno e esperar que o outro morresse.


-- Dormi muito bem, obrigada. -- sua resposta foi plácida e suave.


     Uma expressão de contentamento tomou as feições do rei, e seu estômago deu uma volta. Trincou os dentes para conter um suspiro, mantendo sua irritação oculta em seu interior. Não estava irritada com seu pai, mas sim consigo. Apesar de toda a dolorosa história entre eles, se pegou ansiando por se comportar bem e deixá-lo orgulhoso. Considerou isso uma traição para com sua mãe e Cecile, para com ela. Voltou sua atenção para o prato à sua frente, e à criada que lhe trazia um bule com café. Os próximos minutos foram preenchidos pelos sons habituais de cinco pessoas tensas fazendo seu desjejum. Vez ou outra encarava Thomas, que lhe lançava piscadelas encorajadoras acompanhadas de meios sorrisos de canto. Aqueles gestos tão despreocupados e tão ele a faziam relaxar instantaneamente e, quando deu por si, a refeição estava em seu fim.


-- Esse vestido ficou belíssimo em você. -- elogiou a rainha enquanto bebericava seu chá.


-- Obrigada, Zaya. -- agradeceu -- Você tem um gosto muito refinado.


     A rainha acenou em aprovação, o olhar castanho demonstrando surpreendente satisfação com seu comportamento extremamente educado, tão contrário à sua grosseria e nervosismo do dia anterior. Zaya deveria agradecer ao sobrinho por isso.


-- Majestade. -- rosnou Christopher ao seu lado.


     A voz do príncipe estava carregada de tanta raiva e frustração que a surpreendeu. A mesa silenciou imediatamente, a única a reagir foi Nix que virou seu rosto para encarar o meio irmão ao seu lado.


-- Perdão?


-- Deve se dirigir à rainha por majestade, e não a chamando pelo nome como se fosse parte da família. -- pela primeira vez o príncipe dirigiu seu olhar até ela, acompanhado de uma expressão furiosa.


-- Christopher... -- a rainha tentou apaziguar o filho, mas este não permitiu.


-- Não! -- urrou, levantando-se abruptamente e quase derrubando a pesada cadeira com o movimento -- Vocês todos ficam bajulando essa bastarda, quando na verdade a cabeça dela deveria estar numa estaca nas muralhas da cidade!


     Um dedo em riste apontava para Nix, que o encarava um tanto desnorteada. Realmente não esperava que o príncipe a atacasse tão abertamente, mas aquilo não a surpreendeu, pois mesmo que as palavras dele fossem duras e cruéis, via a mágoa transbordando de seus olhos azuis acizentados. Olhos iguais aos dela, iguais aos do pai que dividiam. Olhos que anunciavam que, mesmo que se odiassem, pertenciam um ao outro.


-- Já chega, Christopher. -- a voz da rainha saiu trêmula, sua atenção no rei que encarava o filho com olhar furioso beirando o descontrole.


     Apesar da ameaça explicita nas expressões do rei, o príncipe não se amedrontou. Virou-se para o pai e terminou de falar tudo o que pensava sobre ele e a meia irmã.


-- Deveria ter vergonha do que fez, papai! Foi abençoado com o desaparecimento de sua bastarda, mas não aproveitou-se disso. Pelo contrário, decidiu anunciar seu erro e pecado perante seus súditos! O que vão pensar sobre o rei que se deita com qualquer mulher, que espalha sua semente com meretrizes e prostitutas?! Esse pecado que deveria permanecer oculto agora vive entre nós, veste nossas roupas e come nossa comida! Eu não admito que...


     A cadeira do rei de fato caiu com um estronto quando este se levantou e partiu para cima do filho, calando-o com um sonoro tapa no rosto.


-- Abenforth! -- gritou a rainha, chocada e indignada.


     Porém, a mulher foi ignorada. O som do tapa ecoava nos ouvidos dos presentes enquanto o rei tremia tomado pela raiva, encarando o filho que se encolhia assustado com a reação violenta de seu pai.


-- Nunca mais se dirija à sua irmã desa forma. -- sua voz saiu baixa, mortal, causando um arrepio em Nix que presenciava a cena hipnotizada -- Nunca mais fale assim de Cecilie para qualquer pessoa. E, sobre tudo, nunca mais fale assim de Cassandra. Você me entendeu, Christopher?


     O príncipe murmurou um "sim, senhor" antes de sair praticamente correndo do salão de refeições, mas Nix percebeu seus olhos marejados. E se apiedou dele. Naquele momento, desejou nunca ter reencontrado seu pai. Não queria causar infelicidade à inocentes como Christopher, até mesmo à Zaya e também à pequenina Crystal que nem sabia ainda a confusão que estava acontecendo. Um suspiro profundo a tirou de seus devaneios e encarou o rei, que já tinha sua atenção sobre ela.


-- Venha comigo, Cecilie. -- pediu em voz cansada.


     Sua primeira reação foi negar o chamado, mas o pai percebeu e afiou o olhar para ela deixando claro que recusas não seriam aceitas. Levantou-se encarando Thomas numa despedida e seguiu até o pai, passando brevemente o olhar na rainha que encarava o prato vazio à sua frente. Saíram dali em silêncio absoluto, e assim seguiram até uma carruagem que os aguardava no pátio do castelo. Precisou trincar os dentes mais uma vez para evitar perguntar para onde iriam, não querendo transparecer sua ansiedade e curiosidade. O próprio rei lhe estendeu a mão para ajudá-la a entrar, e logo estavam ambos dentro do cubículo apertado demais para dois adultos e tanto ressentimento acumulado.


     O ar pesou quando a carruagem iniciou seu caminho, sacolejando sabe-se Deus para onde. Tentou distrair-se olhando a paisagem através da janela, mas não foi capaz. O ar estava pesado demais, tão denso que a sufocava. Por fim, ainda mantendo seu olhar na paisagem, falou com seu pai.


-- Não deveria ter feito aquilo. -- não foi uma acusação, ela apenas apontou um fato.


-- Eu sei. -- soltou um suspiro triste -- Mas ao ouvir Cristopher esbravejar aquelas coisas tão injustas sobre você, sobre sua mãe, eu não pude me controlar, eu... Cecilie, precisa entender que as mesmas feridas que ainda estão abertas em você, também estão em mim.


     Encarou o pai à sua frente, silenciosa. Apesar de não querer, ela entendia perfeitamente.


-- Irei me desculpar com ele, obviamente. Não agi corretamente. -- fechou os olhos, mergulhando num claro arrependimento -- Céus, quantas vezes preciso ferir meus filhos para aprender a ser um pai melhor?


     O rei abriu os olhos e a encarou, visivelmente fragilizado. Nix sentiu vontade de dizer que, para ela, ele jamais fora um pai ruim até o momento em que lhe virou as costas naquele orfanato. Na verdade, ele havia sido um pai maravilhoso e fora exatamente isso o que a quebrou quando percebeu-se só, abandonada. Queria dizer-lhe que Christopher só estava magoado e enciumado, e que isso o deixava raivoso por querer o pai que tanto amava apenas para si. Mas ao invés disso, perguntou apenas:


-- Para onde está me levando?


     Algo mudou no semblante de Abenforth. A tristeza e decepção consigo mesmo deram lugar a algo mais sombrio, um desamparo sem medidas.


-- A estou levando até o túmulo de sua mãe.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top