Capítulo 50 - "Não quero que se contenha"
Amores da minha vida todinha!
Como estão?
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Peço encarecidamente que, se puderem, o adquiram como forma de apoio e incentivo. É super baratinho, pois sei que está difícil pra todo mundo!
Prometo que não irão se arrepender, é uma história que gosto demais e bem diferente do que estão acostumados à ver por aqui. Tem 1 capítulo disponível para degustação e o link de compra está na minha bio.
Obrigada, conto com vocês 🖤
Agora, vamos ao que interessa!
O almoço foi servido em seus aposentos, e mais uma vez Salete lhe fez companhia. A criada sentou-se junto dela à mesa apenas depois de muita insistência da parte de Nix, mas quando o fez, a deixou a par de todas as fofocas do castelo. Descobriu que a filha do jardineiro havia se envolvido com um dos soldados e que esperava um rebento, também ficou sabendo que a gota do cuidador de cavalos estava atacada, e que o neto mais novo de uma das cozinheiras espalhou catapora para mais três crianças da vizinhança porque o menino sempre escapulia sorrateiramente pela janela. Mesmo que não conhecesse aquelas pessoas, os relatos satíricos de Salete a divertiram demais, e Nix realmente apreciou aquela conversa. Entretanto tudo o que é bom dura pouco, e não demorou para a rainha retornar ao aposento dela, junto da modista real e uma comitiva de ajudantes que carregavam metros infinitos de tecidos diversos.
Agora ali ela estava, de pé sobre um pequeno degrau de madeira, usando apenas uma fina chemise branca e tendo suas medidas tiradas.
-- Deixe alguns centímetros de folga na cintura, por favor. -- pediu à modista.
Imediatamente a mulher lhe lançou um olhar questionar e cheio de malícia.
-- Se precisar de uma cinta para, hã... ocultar alguma coisa, posso providenciar imediatamente.
-- Eu perdi peso nas últimas semanas. -- explicou entredentes -- E pretendo recuperá-lo nos próximos dias. Eu não estou grávida.
A mulher arqueou as sobrancelhas, surpresa com a ousadia dela em esclarecer aquele assunto em voz alta, mas Nix sempre achou um absurdo a sociedade tratar de tais assuntos sob panos quentes, e não faria parte aquilo. Depois de suas medidas serem devidamente tiradas, e os ajustes acerta dos centímetros sobressalentes na cintura serem feitos, deu-se inicio à um interminável teste de tecidos. Seda, cetim, chiffon, algodão... diversas texturas e estampas. Azul, verde, carmim, rosa e até mesmo...
-- Nem pensar! -- a rainha se pronunciou ao ver uma das ajudantes apanhar um rolo de tecido amarelo claro em mãos -- Essa cor irá apagá-la.
Levantou o olhar, um tanto surpresa, e encarou a rainha através do espelho. A expressão dela era firme e convicta, e não demonstrava estar sentindo incômodo algum por estar ali vestindo a filha bastarda do marido nos tecidos mais elegantes existentes. Na verdade, Nix ainda não havia conseguido decifrar a mulher. Zaya parecia uma fortaleza encarnada em pele humana. Impenetrável e insondável, a rainha não denunciava nem um pouco de seus sentimentos e isso para Nix era profundamente exasperante. E motivo de desconfiança. Achava que Zaya tinha alguma razão oculta para estar agindo daquela forma, afinal não tinha obrigação alguma para com ela. A cor azul cintilou no canto da visão periférica de Nix, que rompeu a troca de olhares com a rainha em busca do que lhe chamou a atenção, e encontrou um belíssimo rolo de seda tingida do mais belo azul que já havia visto. A peça era apenas uma tonalidade mais escura do que o céu da tarde, era alegre, vivaz, brilhante e... era a cor preferida de sua mãe.
-- Eu quero aquele. -- apontou o rolo que uma das assistentes acabava de pegar.
Imediatamente o tecido foi separado no monte aprovado para suas novas vestimentas, e um peso caiu sobre ela. Quando era jovem e imaginou as compras de seu enxoval para a sociedade, ela nunca pensou que seria daquela forma. Achou que teria sua mãe junto dela, que seria divertido e que, no futuro, aquilo seria uma memória afetiva entre elas. Levantou o olhar mais uma vez para a rainha, que dava instruções à modista real sobre o que esperava dos novos trajes. Suspirou, afastou as mãos da assistente que lhe traziam um tecido rosa queimado e desceu do degrau com um estrondo, fazendo o quarto ficar subitamente silencioso.
-- Já acabamos por aqui. -- anunciou, forçando-se a ser firme para que ninguém ousasse insistir.
A modista real pareceu claramente chocada e procurou a rainha em busca da permissão de acatar aquela ordem. Entretanto, Zaya olhava apenas para Nix. A troca durou mais do que foi confortável mas, por fim, a mulher autorizou a retirada da modista e suas assistentes, que saíram dali o mais depressa que foram capazes. Quando a porta foi fechada, Zaya juntou as mãos na frente do corpo e, pela primeira vez, um sentimento dominou suas feições: desagrado.
-- Isso foi extremamente grosseiro. -- repreendeu a rainha.
Nix seguiu até seu feio vestido amarelo e apressou-se a vesti-lo.
-- Eu estou cansada, majestade. -- tentou dispensar a mulher.
-- Bem, sinto muito por isso. Mas ao contrário de sua opinião, Cecilie, não acabamos por aqui. -- sentiu certo sarcasmo nas palavras da rainha.
Virou-se de frente para ela enquanto, dolorosa e desajeitadamente, tentava abotoar as costas do vestido.
-- O que mais deseja de mim, majestade? -- perguntou verdadeiramente cansada.
Zaya apenas soltou um suspiro enfadonho e apressou-se até ela para lhe ajudar com os botões.
-- Primeiramente, se pretende continuar a usar a palavra majestade como se fosse uma ofensa, eu prefiro que chame pelo meu nome. -- as mãos ágeis da rainha fechavam os botões rapidamente, e Nix sentiu sua coluna enrijecer com a proximidade -- Segundo, eu preciso alertá-la sobre seus direitos e deveres agora que seu pai esclareceu sua posição aqui. Como princesa do reino, você deve...
-- Eu não sou uma princesa! -- afastou-se bruscamente da rainha e virou-se para encará-la -- Crystal é a princesa do reino. Eu sou só a bastarda do rei. -- amaldiçoou-se por não ter conseguido ocultar a mágoa de sua voz.
Zaya franziu os lábios, manteve um tenso silêncio por alguns segundos e apertou as mãos com força, o único sinal de seu nervosismo.
-- Sim, minha filha Crystal é uma princesa. -- sua voz era baixa e quase amável. Quase. -- Quanto à você... cabe apenas ao seu pai lhe dizer. E à você acreditar ou não, Cecilie. -- Nix se recusou à ceder e permaneceu apenas a encarando com firmeza até que a rainha recuou -- Muito bem, vou deixá-la em paz já que é o que quer.
Sem esperar uma despedida, Zaya seguiu elegantemente até a porta e a abriu mas, antes de fechá-la, disse uma última coisa.
-- Se precisar de algo e não estiver disposta à pedir ao seu pai, fique à vontade para me procurar.
Sua única reação foi trincar os dentes e prometer à si mesma que jamais faria aquilo. Que tipo de mulher aceitava que o marido tivesse uma segunda família, que a mantivesse por anos a fio? Que tipo de mulher aceitava uma bastarda em sua casa e a tratava com educação, respeito e atenção? Nix ainda estava assimilando a estranha luta que travou mais cedo com seu pai, o acordo de trégua que firmaram, e agora tinha mais uma coisa para acrescentar à sua crescente lista de preocupações. Sentiu vontade de pegar Thomas e fugir novamente para a liberdade das florestas, da natureza. Não era mais uma prisioneira ali, mas as paredes frias do castelo ainda lhe passavam a sensação sufocante de cárcere. Não suportava mais aquele quarto, aquele silêncio e solidão, então foi em busca da única pessoa em que confiava. Abriu as portas e logo seus dois sentinelas endireitaram a postura entediada.
-- Sabem onde o duque está? -- perguntou intercalando o olhar entre os dois.
-- Provavelmente está em seus aposentos, alteza. -- respondeu o mais baixo deles.
-- Me levem até lá, por favor.
Os soldados acenaram com a cabeça e lhe mostraram o caminho imediatamente, cumprindo seu pedido sem hesitação. Suspeitou que seu pai os houvesse instruído à obedecê-la sem questionar, e ressentiu-se por aquilo. Queria criar a própria autoridade ali, e não que acatassem suas ordens apenas porque era filha do rei. Subitamente um pensamento lhe surgiu: suas aversões às ações do rei eram sinceras, ou apenas implicava com absolutamente tudo relacionado à ele motivada pelo rancor e vingança? Vergonhosamente, a segunda opção era a mais provável. Ainda assim não estava se sentindo inclinada à realizar uma mudança em sua atitude em favor do pai, pois as verdades reveladas ainda lhe eram muito recentes e dolorosas. Tudo havia mudado, e sua necessidade de estabilidade e planejamento estava completamente abalada. Nix sentia-se desestabilizada, sensível e emotiva demais. À deriva, sendo levada para lá e para cá pelas mudanças repentinas em sua vida. Precisava de segurança, e precisava imediatamente. E era por isso que estava à caminho do quarto dele.
A demora em chegar nos aposentos de Thomas a fizeram finalmente perceber o real tamanho do castelo. Levaram quase dez minutos para chegar até lá, mas após o guarda dar três batidas na grande porta de mogno, esta foi aberta em segundos. A expressão dele estava taciturna e fechada mas seu semblante iluminou-se ao vê-la e, por consequência, Nix sentiu-se ser invadida por algo morno e prazeroso. Mas aquilo não a acalmou, muito pelo contrário. O quentinho gostoso que invadiu seu âmago logo transformou-se em fogo correndo por suas veias.
-- Estão dispensados, soldados. -- disse ainda encarando Thomas -- Eu posso encontrar o caminho de volta.
-- Mas, alteza, sua majestade disse que...
Ela virou para o homem que parecia ansioso e o interrompeu.
-- Isso não foi um pedido, soldado. Tirem um dia de folga, se escondam nas cozinhas ou cochilem nos estábulos. -- deu de ombros -- Só nos deixem sozinhos, entendido?
Os dois homens fizeram uma pequena reverência e saíram depressa. Nix voltou-se para o duque que mantinha sua atenção sobre ela com demasiada concentração. Uma inquietação se apoderou dela, mas Nix se forçou à manter-se no lugar.
-- Não vai me convidar para entrar?
-- Eu gostaria, mas isso vai gerar muitos falatórios e...
-- Thomas! -- o interrompeu, irritando-se com o homem -- Pelo amor de Deus, que palhaçada é essa?
Um sorriso travesso curvou os lábios dele, e Nix sentiu vontade de lhe socar a fuça.
-- Estou só brincando! -- deu-lhe uma piscadela -- Venha, entre, minha deusa da noite.
O homem deu um passo para o lado e apontou o cômodo, dando passagem para que Nix adentrasse seu local privativo. Era quase tão grande quanto o quarto dela, mas ao contrário daquele que era neutro e um tanto vazio, este deixava claro que alguém realmente vivia ali. As cores predominantes da decoração eram preto e dourado, mas ainda assim era um local claro e arejado, e também extremamente masculino. O clique da fechadura soou alto, quase tão alto quanto seus batimentos acelerados. Ela estava no meio do quarto e ali permaneceu, de costas para ele, esperando-o. Tinha certeza de que Thomas sabia o que havia ido buscar, assim como tinha certeza que ele não demoraria à lhe entregar. Confirmando suas divagações, passos abafados foram ouvidos atravessando o carpete seguindo em sua direção. Passos vagarosos e lentos demais, mas Nix não se virou. Esperou pacientemente, deliciando-se com aquela tortura que Thomas estava prestes à lhe aplicar. O som de passos finalmente cessou, e ela pôde senti-lo às suas costas, seu calor másculo a aquecendo. A tensão no quarto aumentou, parecendo crepitar ao redor deles. Sem perceber Nix prendeu a respiração e só a soltou quando sentiu um único dedo deslizar em seu pescoço. Extasiada, a mulher curvou a cabeça para dar total acesso à Thomas que, animado pela sua reação, a puxou pela cintura colando seus corpos.
-- Por que demorou tanto? -- sussurrou em voz rouca em seu ouvido, depois mordeu o lóbulo e desceu até seus ombros com um caminho de beijos e lambidas.
-- A rainha achou necessário me providenciar um novo guarda roupas. -- sua voz saiu baixa, quase como um suspiro conforme as caricias dele se dirigiam ao outro lado do pescoço.
-- Sim, minha tia dá muita importância à vestir-se adequadamente. -- em sua pele, Nix sentiu o sorriso dele e arrepiou-se -- Escolheu tecidos bonitos?
-- Vários. -- concordou, e arfou em seguida pois Thomas lhe deu uma mordida suave.
-- Que bom. Estou ansioso em vê-la num vestido de seda azul. -- agora as mãos dele deslizavam para baixo, para baixo, para baixo...
-- Ver-me num vestido novo? -- arqueou a coluna, fazendo seu quadril roçar na ereção dele que já despertava -- É nisso que está pensado agora, Thomas? Sério?
-- Ah, sim, é extremamente sério. -- agarrou sua cintura com força e impulsionou a pelve, fazendo-a soltar um gemido involuntário -- E sabe o que farei depois de admirá-la em suas novas vestes elegantes? -- ele começou à caminhar, arrastando-a sem esforço em direção à grande cama -- Responda!
-- Eu não sei! -- seu coração batia freneticamente, e sentiu um pulsar insistente em sua feminilidade excitada -- O que você vai fazer, Thomas?
-- Bem, irei apreciá-la como merece durante muito, muito tempo. -- chegaram próximo à cama e pararam. Tom soltou sua cintura e passou a abrir os botões de seu vestido apressadamente, mas não tão rápido quanto gostaria, então apenas fechou os olhos aproveitando as sensações que a invadiam -- Depois, assim que tiver uma oportunidade, eu irei arrastá-la para o primeiro lugar privado que encontrar, e lhe arrancar todos os metros de seda e cetim que estiverem cobrindo a perfeição de seu corpo. -- um gemido selvagem saiu de sua garganta -- Você gostaria disso, não é, Nix?
-- Ah, sim... -- ele já estava nos últimos botões -- Eu adoraria...
-- Esse castelo é bem grande, sabe? -- se estivesse contando direito, o que talvez não estivesse devido ao seu estado de profunda luxúria, faltariam apenas três botões -- Posso possuí-la em diversos lugares. Há vários armários de vassouras em cada ala... -- um botão -- Tambem há seletas que ninguém usa há décadas... -- outro botão -- Também dizem que há passagens secretas que apenas o rei conhece. Gostaria de procurá-las enquanto nós trepamos por todo o lugar?
O vestido finalmente caiu ao chão num farfalhar de tecidos. Sentia sua pele vibrar em empolgação, em excitação com as palavras dele. Ah, como gostava de fazer amor com Thomas... cada vez era melhor do que a anterior. Tom se transformava na hora do sexo e Nix apreciava demais aquilo. Lá fora, era ela quem controlava tudo, quem tomava as decisões e dava as ordens. Mas ali... ela se entregava total e completamente à mercê dele. Naquele momento, era Thomas quem mandava, e ele aproveitava aquilo e o fazia com louvor.
-- Responda, minha deusa da noite. -- aquele dedo maldito novamente deslizou por sua pele, descendo da sua nuca ao meio das costas.
-- Você sabe que minha resposta será sim para qualquer pergunta que me fizer, certo? -- sua voz saiu entre cortada, sem fôlego.
-- Só há um sim que me importa. -- interrompeu o contato deixado-a atordoada -- Mas, esse é um assunto para depois. -- sentiu duas mãos grandes e quentes em seus braços -- Você não precisa mais disso.
Subitamente sua chemise foi rasgada de cima à baixo. Os trapos caíram aos seus pés, fazendo companhia ao vestido. Sentiu o ar fresco em sua pele sensível, sentiu os mamilos eriçados, sentiu-se deliciosamente exposta. Um toque tão suave quanto pena acariciou sua omoplata direita, depois um beijo delicado cobriu o ferimento da facada que levou uma semana atrás. Depois mais um beijo, e outro, e outro... subindo por seu ombro, seu pescoço. As mãos dele pareciam estar por toda parte, incendiando-a, enlouquecendo-a. Tão rápido quanto rasgou sua chemise Thomas a virou de frente para ele e levou sua boca imediatamente de encontro à dela, devorando-a. A ação foi o que faltava para ambos explodirem. Nix correspondeu com desejo violento, e não demorou para que Thomas a empurrasse delicadamente para a cama. Logo estavam deitados, Nix completamente nua sob o corpo pesado dele.
-- Tire essas roupas, Thomas. -- pediu entre um beijo e outro.
-- Não... -- recusou ao descer uma trilha de beijos em direção aos seus seios -- Se eu tirá-las não conseguirei mais me controlar e...
-- Eu não quero que se controle. -- segurou o rosto dele entre as mãos e o encarou profundamente, o dourado dos castanhos dele pareciam brilhar mais pela excitação, e ambos se encararam por alguns segundos, estáticos, imersos um no outro de maneira irreversível -- Eu quero você.
Thomas avançou sobre ela com força e imediatamente quatro mãos começaram a abrir as roupas dele. Nix mais atrapalhou do que ajudou, mas em nenhum momento ele a impediu. Não demorou e as roupas dele foram espalhadas pelo quarto, jogadas sem cuidado pela pressa em se verem livres delas. Quando a última peça saiu, revelando a nudez e masculinidade dele, a urgência acabou. O tempo pareceu parar, as caricias se tornaram mais lânguidas, os toques mais demorados e os beijos mais profundos. Ambos se deliciaram no corpo um do outro antes de fato se unirem. As palavras não foram mais necessárias, a linguagem que usavam agora era unicamente a paixão que os movia, a mesma que os impeliu um ao outro desde sempre. Quando Thomas a preencheu, Nix compreendeu seu lugar no mundo. Era ali. Com ele. Juntos. Sendo Nix ou Cecilie, seu lugar era ao lado daquele homem, como se a vida dos dois estivesse entrelaçada desde sempre, como uma certeza universal. O céu é azul, um mais um é dois, Thomas pertence à ela, e ela à ele. Agora e sempre.
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