Capítulo 24 - A cidade que Nunca Dorme

O sol entrava pela janela e Owen estava deitado em um sofá. A cabeça do rapaz estava sobre os braços e ele olhava para o teto.

— Ahn... Nunca senti tanto orgulho... — Uma mulher de cabelo castanho e olhos azuis sorria, estava na cozinha preparando algo para comer. — O homem que você se tornou... As meninas não devem sair do seu pé. — Era a mãe de Owen, seu nome era Clarice.

— Na verdade, não...

— Mas tem todo tipo de tentação na cidade grande. — Clarice sorriu. — Eu me sentiria melhor sabendo que você encontrou uma boa moça pra cuidar de você.

— Eu sei me cuidar sozinho.

— Tinha que ser uma mulher mais velha, mais madura, pra manter você sempre na linha. — Clarice riu. — Eu diria que esse é o tipo perfeito pra você.

Derrepente, tudo começou a ficar escuro até enfim desaparecer.

Owen acordou no meio da noite, as luzes do alto da plataforma que pareciam ser estrelas entravam pela janela e refletiam em seus olhos. Era apenas um sonho que havia tido.

Owen se levantou e pegou a espada que estava apoiada perto da mesa de cabeceira.

— Não quero abusar da honestidade.

Owen falou indo até a porta, ele iria embora naquela noite, como Elmyra havia pedido. Ele desceu as escadas e notou a luz da sala acesa e derrepente, Aerith surgiu da cozinha apressada.

— O que você tá fazendo?

— Ah... Hm... Nada...

— Teve um pesadelo? Tudo bem. Você vai se sentir bem melhor amanhã. — Aerith se aproximou dando leves tapas nas costas de Owen, empurrando o jovem na direção da escada. — E eu prometo te levar direto pra casa.

— Ahn... Tá.

Owen subiu as escadas e ficou dentro do quarto por exatas uma hora. Ele se levantou e novamente andou na direção da porta.

— Ela não pode me ouvir de novo... — Suspirou.

Owen desceu as escadas, as luzes ainda estavam acesas, mas dessa vez ele encontrou Elmyra sentada na cadeira, com os braços apoiados na mesa.

— Já vai? — Perguntou Elmyra.

— Então, como faço pra chegar no Setor 7?

— É bem fácil. É só cortar caminho pelo Setor 6. Não é bem muito seguro, mas você não deve ter problemas já que é um SOLDIER.

— Era um.

— Me prometa que nunca mais vai falar com a Aerith. Por favor.

— Pode deixar.

— Obrigada. Sinto muito por isso.

Owen andou até a porta e saiu da casa. Ele caminhou pelos becos do Setor 5 até chegar a entrada do Setor 6, que era um ruela repleta de destroços e ferragens velhas.

Owen observou a ponta de um vestido rosa surgir de um vão que ali havia, era Aerith.

— Ora, ora. Olha só quem tá aqui. Que coincidência. — Aerith andou até o meio da ruela e colocou as mãos na cintura enquanto sorriu olhando Owen.

— O que você tá fazendo aqui? — Owen foi até Aerith.

— Te esperando. — Aerith tirou as mãos da cintura e as levou para trás das costas.

— Por quê?

— Porque ainda não enjoei da sua cara. — Aerith se aproximou ainda mais de Owen.

— Vai na frente, então.

— Com prazer.

Aerith se virou e começou a andar cantarolando pela ruela.

Owen começou a caminhar, mas parou poucos passos depois sentindo sua cabeça latejar, ele olhou para a própria mão começando a sentir seu corpo estranho e a levou até a cabeça, derrepente a dor parou.

— Owen? — Aerith o olhava a alguns metros de distância, ela correu imediatamente até Owen. — Tem algo errado?

— Não é nada. — Owen virou o rosto e começou a caminhar pela ruela.

Os dois começaram a caminhar pela ruela e ao olhar para o céu, puderam observar que pela primeira vez o céu era visível na cidade baixa, isso se dava ao motivo de não haver uma plataforma sob o Setor 6.

— Dá pra ver o céu. — Falou Owen.

— A plataforma nova ainda tá em construção. Não gosto dessa parte de Midgar... Na época da construção de Midgar, houve um acidente, e a plataforma caiu. — Aerith falou com certo pesar. — Ainda tinha pouca gente morando aqui naquele tempo, mas...

Os dois ficaram em silêncio. A caminhada continuou até chegarem a um pequeno morrinho, onde observaram uma construção chamativa quase no horizonte de onde a visão de ambos poderia chegar.

— E aquilo é...? — Indagou Owen.

— O submundo do Setor 6. O Wall Market. Um lugar "muito" especial. — Aerith virou o rosto na direção de Owen. — Mas... Você já sabia disso, né?

— Não te falei? Eu me alistei assim que fui embora do meu vilarejo. Não conheço esse lugar ou nenhuma das comunidades.

Aerith voltou a olhar para a construção ao longe. — Bem, foi preciso muita gente pra construir Midgar. E eles precisavam de alguma distração. Então comerciantes construíram uma área de lazer. Estalagens, lojas, bares... Tudo isso. Começou a vir gente de todo lugar. Os negócios começaram a prosperar e render muito... O que atraiu a atenção de pessoas que... Não ligavam muito pras leis.

— E agora não tem mais nenhuma.

— Isso. Mas em vez de tentar resolver o problema, o governo de Midgar decidiu construir um muro ao redor. E foi assim que o Wall Market começou. Sabe como é, "O que os olhos não veem, o coração não sente". Pras autoridades, essa é a melhor forma de lidar com a situação.

— É como se fosse um véu imenso. — Owen voltou a caminhar.

— É. — Aerith o seguiu. — Quer ver o que tem por trás dele?

— Não.

— Que bom, porque eu conheço um jeito melhor de chegar ao Setor 7. — Aerith segurou no pulso de Owen e começou a puxá-lo. — Um que "infelizmente" não passa pelo Wall Market. É só a gente atravessar esse túnel aqui. — Aerith apontou para um túnel que havia atrás dela. — Ou pelo menos era, quando eu era pequena.

Os dois entraram no túnel e rapidamente atravessaram, chegando a uma via expressa destruída. Havia máquinas e pedaços de concreto caídos por toda parte.

— Tá assim desde aquela época. Desde que a plataforma caiu.

— E não tem outro caminho?

— Não. Vai ser uma aventura.

Aerith e Owen começaram a caminhar pela via expressa destruída. Os dois estavam atentos a cada canto do local, já que criaturas costumavam a habitar locais abandonados de Midgar.

Não demorou muito, Aerith e Owen chegaram até um parquinho infantil, ao lado dele havia um gigantesco portão fechado.

— Chegamos. O portão do Setor 7.

— Parece que tá fechados. Como é que a gente abre?

— Acho melhor a gente parar um pouco e esperar. Que tal?

— Não. Eu não tenho tempo pra...

— Deve ser legal lá em cima. — Interrompeu Aerith indo para o lado de Owen.

Aerith correu para um escorrega que tinha um formato da cabeça de um urso e o escalou. — Vem!

Owen suspirou e a seguiu até o topo.

— Sabe, eu vendia flores aqui, antigamente. — Aerith se sentou observando o portão.

— Ah, é? — Owen falou se sentando um pouco afastado de Aerith.

Aerith olhou para Owen e imediatamente se arrastou sentada para o lado dele. Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos até Aerith decidir quebrar o clima de tensão que havia ficado.

— Então, Owen... Você era da SOLDIER, 1°Classe, né? — Aerith falou olhando para o portão.

— É. — Owen não a olhou.

— Estranho.

— Sério? Por que estranho?

— Nada. É que você e ele eram do mesmo rank.

— Ahn? Ele quem?

— O primeiro cara que eu amei.

Owen se ajeitou. — Qual é o nome dele? Eu devo conhecer.

Conforme Aerith mexeu a boca dizendo o nome da pessoa, Owen sentiu uma forte dor de cabeça novamente. Ele colocou a mão na cabeça sentindo a dor aumentar cada vez mais.

— Você tá bem? — Aerith perguntou preocupada.

A dor de cabeça de Owen passou e quando ele olhou para o lado, se assustou com o rosto de Aerith que estava apenas alguns centímetros do dele. Ela olhava dentro dos seus olhos enquanto sorria levemente.

— Uau...

— Ahn...

— Seus olhos.

— Ah, é o Mako. Todos da SOLDIER têm isso.

— É... Eu sei. — Aerith voltou para o lugar em estava sentada. — Desculpa, tô te chamando, né? — Aerith se levantou. — Vamos andando.

Owen e Aerith desceram do escorrega e ela se virou para ele.

— Vamos pensar no futuro, e não no passado.

Aerith e Owen caminharem até outro escorrega, ele tinha uma abertura onde Aerith se agachou e entrou.

Aerith engatinhou até a metade e puxou uma espécie de bloco de pedra, que revelou um buraco grande suficiente para uma pessoa passar.

— Quer chegar no Setor 7 com estilo? Esse é o caminho.

Aerith engatinhou para fora do escorrega e se levantou. Os dois se encararam com um clima de tristeza e ficaram em silêncio por alguns segundos.

— Então... — Owen e Aerith falaram ao mesmo tempo.

Aerith riu. — Vai na frente.

— Vai chegar bem em casa?

— E se eu disser que não?

— Eu vou com você.

— Você não precisava voltar? — Aerith riu. — Não se preocupe. Eu tenho uma rota de emergência. É mais segura também. — Aerith começou a sorrir. — Então é isso. Pronto?

— Sim.

Owen estava prestes a entrar debaixo do escorrega quando o barulho de máquina ecoou pelo lugar.

O portão havia se aberto e do Setor 7, uma carruagem sendo puxada por um chocobo amarelo podia ser vista.

Chocobos são grandes aves adestraveis, são mais rápidos e úteis que os cavalos.

— Amy? — Owen falou observando Amelia na janela do interior da cabina que havia na carruagem.

Amélia estava usando um vestido roxo e comprido, havia vários decotes nele. Ela também usava um batom vermelho e estava maquiada.

Amélia um fraco som e ao olhar na direção da grade que havia na traseira da cabine, observou Owen.

— Owen! Você tá vivo! Achei que a gente tinha te perdido!

— O que tá rolando? — Owen estava pendurado na grande.

— Shhh! Eu explico tudo depois. Agora tô indo encontrar o Don Corneo. É melhor você voltar pro Seventh Dessert e se reunir com o pessoal.

— Mas...

— Eu vou ficar bem. Você já viu que eu sei me virar. — Amélia sorriu com um tom de deboche.

— Tudo bem...

Owen soltou a grade e caiu de bê vendo a carruagem desaparecer em uma virada. Ele se virou para voltar até o portão quando derrepente viu Aerith se aproximar e parar com as mãos na cintura o encarando.

— Ah, nada disso. Você vai atrás dela.

— Ela já é grandinha. Sabe lidar com caras assim. E até piores.

— Ah, você não conhece o Corneo. Por mais que você seja forte ou esperto, ele vai achar um jeito de usar isso contra você. — Aerith falou preocupada. — E pra onde ela tá indo? Uma mansão gigante cheia de capangas. — Aerith olhou para Owen. — Fala sério. Não tá preocupado com o que pode acontecer lá? Você precisa ajudá-la!

Owen olhou para trás e vou o portão do Setor 7 se fechar.

Aerith agarrou a mão de Owen e começou a puxá-lo enquanto sorria. — Vamos!

— Okay! Vamos ajudar a Amy.

Aerith imediatamente começou a correr em direção a construção ao longe.

— Anda. Owen. A gente tem que ir logo!

Owen começou a correr seguindo Aerith. Os dois passaram por vários becos até chegar a uma espécie de loja onde estava a carruagem que levou Amélia, mas ela não estava lá dentro.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top