Capítulo 12. O Laboratório
A primeira coisa que Kiara fez assim que chegou no apartamento foi tirar o colete da sua roupa, jogando em um canto que procuraria depois, e suspirar aliviada soltando o cabelo.
— Fica a vontade Peter, vou procurar alguma roupa pra você vestir.
— Hã…valeu. O senhor Stark disse que meu uniforme tem rastreador, pode desativar para mim? Eu pensei que já tinha feito isso com o Ned, mas acho que faltou algo.
— Tudo bem, eu vejo depois, vem comigo.
As luzes da casa foram acendendo conforme Kiara passava pelo corredor, com Peter atrás de si, até chegar no seu quarto e ir direto até seu closet.
— Você gosta de moletom? — ela perguntou pegando os maiores que tinha, inclusive as calças — Se importa se for cores neutras?
Voltando do closet com uma pequena pilha de roupas limpas, ela estendeu para o garoto que estava com o rosto vermelho encarando a sua cama antes de olhar para ela.
— T-tudo bem.
— Você está vermelho, o que foi?
— Nada não, é nada não — falou rapidamente pegando as roupas da mão dela e engolindo a seco.
— Peter, você não está assim porque está no quarto de uma garota ou está? — ela estreitou os olhos vendo ele ficar ainda mais encabulado e apontar para um canto da cama da garota.
O olhar dela seguiu o dedo do garoto vendo que se tratava de um sutiã azul escuro e uma calcinha de renda, ambos limpos, que havia esquecido de guardar quando tirou da máquina.
— Ah — ela sorriu sem graça e pegou as peças com as bochechas um pouco coradas — Foi mal a bagunça, esqueci de guardar.
— T-tudo bem.
As mãos da Keene coçaram para não apertar as bochechas do garoto, pensando que ele estava extremamente fofo daquela maneira.
— Você pode tomar banho se quiser, vou te levar para um quarto de hóspedes. Depois você me encontra no laboratório, qualquer coisa peça para Kira.
— Ok.
❨🕸️❩
Os dedos de Kiara mexiam no uniforme do Homem Aranha, com a ajuda de uma pinça especial, desativando todos os rastreadores, até mesmo os menores que ficavam na sola dos pés. Do outro lado da mesa, o objeto que Peter havia achado era escaneado meticulosamente por Kira.
— Kiara? — a voz de Peter soou da porta.
— Pode entrar.
Peter entrou acanhado na sala, embora empolgado por dentro por estar no meio de tanta tecnologia de ponta, e os dedos coçando para tocar em algo.
— Ei — falou ao se aproximar da mesa onde Kiara trabalhava no seu uniforme — Você já está mexendo nele.
— Peguei enquanto tomava banho — explicou ajustando os óculos quando levantou a cabeça — Espero que não se importe.
— Não, tudo bem.
Kiara percebeu que Peter estava inquieto e batucando os dedos na própria perna enquanto olhava para todos os lados como uma criança em uma loja de brinquedos.
— O que foi?
— Nada, é que aqui é muito legal! — comentou olhando o painel onde mostrava a análise sendo feita pelo software da Kiara.
— Quer mexer em algo?
— Não! Melhor não! Posso quebrar algo, fico quieto só observando — falou depressa arregalando os olhos e balançando a cabeça em negação.
— Tá legal, o objeto está sendo escaneado pela Kira. Logo vamos saber o que é.
Peter assentiu vendo ela mexer em seu uniforme enquanto murmurava, algumas mechas de cabelo cobrindo a lateral do rosto por conta da cabeça baixa mas que não escondia o sorriso de satisfação da garota a cada vez que conseguia desativar um sistema.
Kiara ficava incrivelmente bonita a cada vez que estava concentrada na opinião do herói.
— Então...Desde quando você é a Yeri? — Peter perguntou quebrando o silêncio.
— Quer mesmo saber?
— Claro — ele disse arrumando a postura, como se fosse ouvir alguma explicação do professor.
— Em resumo, já faz algum tempo quando comecei a combater alguns esquemas de máfia na Coreia e depois no Japão, mas me afastei depois de um episódio que quase tirou minha vida — contou — Ouvi muitas broncas de Tony, e depois, ele confiscou o meu arco porque não ajudei ele no aeroporto de Berlim, e cá estou.
— Que tipo de esquema?
— Maior do que esse, e bem mais pesado. Peço que não conte para ninguém sobre quem eu sou Peter, só tem uma pessoa na Midtown que sabe além de você que é a MJ.
— Tudo bem, é segredo, sou bom nisso.
Kiara sorriu agradecida e estendeu o uniforme para o garoto.
— Prontinho, sem Tony Stark na sua cola.
— Valeu. E acho que posso agradecer direito pela mochila agora, eu nunca usei porque tenho medo de algo acontecer a ela, mas eu adorei bastante. Ela é incrível.
Kiara sorriu, se ele já ficava empolgado assim com uma mochila, imagina se visse o uniforme que ela estava fazendo para ele.
— Quando podemos fazer o trabalho de história? — o Parker perguntou ansioso — Daquela vez acabamos não fazendo nada por minha causa.
— Quer fazer agora? Acho que vai demorar um pouco — ela apontou para a análise ainda sendo feita — Kira, quanto falta para completar a análise?
— 23%.
— Em horas?
— Cerca de duas a três horas.
— Damos conta, vamos para a casa de hóspedes que é mais perto — chamou a Keene.
❨🕸️❩
O tempo foi passando conforme eles discutiam o tema sempre pensando em qual maquete seria interessante fazer, e depois de muitas conversas, resolveram fazer sobre a Guerra de Tróia que envolvia um pouco de mitologia com a história da disputa de três deusas pelo pomo de ouro da deusa Éris e tudo o que desencadeou depois disso, a maquete seria o marco da guerra que era justamente o cavalo de madeira, que seria feito na impressora 3D que a Keene possuía no laboratório.
— Amanhã mando as coordenadas para a impressora, com certeza tiramos dez — garantiu Kiara enquanto Peter terminava o slide.
— Acha mesmo?
— Com certeza — ela sorriu empolgada fazendo o garoto rir — Vai ser o melhor trabalho da turma.
— Você gosta mesmo de mitologia, né?
— Assim como você gosta de Star Wars.
— Então é muito — os dois riram.
Kiara salvou os arquivos do design do cavalo, havia desenhado de forma mais realista possível conforme os desenhos hipotéticos dos historiadores.
Peter olhou para a garota de soslaio, e pigarrou.
— Kiara.
— Hm?
— Qual tatuagem você tem além da nuca?
— Tenho uma na costela com as fases da lua, e quero fazer outra depois no ombro do sol e lua juntos.
— Tudo relacionado a Ártemis.
— E a Apollo — completou — Os irmãos arqueiros. Uma amiga minha diz que, por eu ser tão boa na mira, devo ter alguma espécie de benção deles ou algo do tipo.
— Legal.
O toque do celular de Peter fez com que o garoto pulasse de susto, atendendo sem nem olhar o visor.
— Alô? Ah, oi May…eu tô bem e a Kiara também... não estamos bêbados... não estamos fazendo nada... tá bom...também te amo.
Kiara notou que Peter ficou um tanto desconfortável e tímido.
— Suponho que ela pensou que estávamos fazendo algo — comentou Kiara vendo o garoto assentir — Ou que você estava muito bêbado.
— É, May se preocupa bastante comigo — ele comentou de cabeça baixa.
— Por isso ela não pode saber sobre você e seus atos de heroísmo.
— Exatamente, ela iria pirar e eu ia pirar junto. Eu queria muito contar para ela, mas não quero deixá-las ainda mais preocupada com as coisas, ela já sofreu bastante quando meu tio morreu.
— Eu imagino — Kiara comentou solidária — E quando você quiser contar, se precisar de um apoio amigo ou uma ajuda nas palavras, pode contar comigo.
— Valeu.
Os dois voltaram a trabalhar em silêncio até o software soar por todo o cômodo.
— Análise concluída.
Os dois se entreolharam antes de saírem correndo em disparada de volta ao laboratório.
No centro do lugar, uma tela mostrava todas as composições do objeto. Peter olhava intrigado enquanto Kiara olhava as menores análises, que batiam com todas as suas pesquisas anteriores.
— Eu sabia, que bando de filhos da puta — suspirou olhando o objeto.
— Você sabe o que é? — Peter perguntou vendo a expressão quase que furiosa da garota.
— Eles estão misturando tecnologia alienígena com a nossa, criando alguma super arma, ou várias, para fazer alguma coisa que precise passar por uma extensa segurança — Kiara disse olhando para o objeto — Mas a questão é o que, porque isso vai além de vender armas para bandidos de bairro. Tem cara de um plano em grande escala.
— Como por exemplo?
Kiara deu de ombros olhando a tela, ela tinha uma leve suposição mas não queria se precipitar falando com Peter, precisaria investigar sozinha.
— E o que tem em Maryland? — Peter leu a tela que tinha um ponto piscante — É lá que é o covil?
A Keene prestou atenção no que o garoto falava e viu se tratar da localização do furgão, que pelo visto havia chegado no seu destino final.
— Covil?
— É, um carro cheio de armas e um cara com asas deve ter algum covil do mal — explicou Parker — Precisamos investigar.
— A questão é, como vamos chegar lá sem levantar suspeitas para passar mais de um dia investigando, porque são quase 480km — Kiara se encostou na cadeira — Não acho que vai ser assim tão fácil, no seu caso.
— No meu caso? — perguntou estranhando o que ela queria dizer.
— Eu posso usar a desculpa da competição do Decathlon em Washington que nenhum adulto vai achar estranho, e você? Porque você saiu do clube, ou se esqueceu, gênio.
— Eu dou meu jeito, confia em mim.
— Peter… — ela estreitou os olhos o olhando desconfiada.
— Só confia.
Kiara assentiu e Peter se sentiu confiante, ele mostraria para a garota que ele não fazia besteiras.
❨🕸️❩
Notas da autora: Hey pessoal, como estão?
O capítulo de hoje foi mais paradinho, só análises, conversas e trabalho de história na casa da Kiara, nada demais... porém, em mar calmo a tempestade uma hora chega.
Me digam o que estão achando, quero saber tudo!
Até o próximo!
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