XXXIX

"Meu nome é Harry Potter e eu não terei medo."

Essa frase ecoava na cabeça de Harry a cada segundo que se passava, ele estava tentando esconder o fato de que o seu último ano foi uma completa mentira. Mas era inevitável a sua mente não voltar para esse assunto, porra, eles estavam namorando, e isso foi uma mentira?

Harry não queria acreditar naquilo, a dor era um abismo no qual desejava se permitir cair.

Mas as palavras de Lucius voltavam a sua mente a cada instante, o fazendo acreditar nos versos pronunciados.

Fúria, mágoa, amargura, dor... tudo isso se chocava contra Draco nesse momento.

Malfoy havia mostrado ser uma pessoa diferente, alguém que não se deixava mais levar-se pela imaturidade, pelos preconceitos criados pela humanidade. Deu apoio para Harry quando ele estava tendo crises, quando passou por momentos difíceis, ou quando simplesmente estava entediado e queria fazer algo bobo com ele. Draco sempre esteve lá para Harry. Potter mostrou as suas cicatrizes que não deixava ninguém ver, permitiu-se sangrar na frente dele. Harry se entregou de todos os malditos sentidos, e achava que fosse recíproco, pois era isso que ele demonstrava de diversas formas. Eles se beijaram em baixo da chuva, viram as estrelas juntos... e tudo foi uma grande mentira?

Harry não conseguia acreditar que existia alguém tão cruel ao ponto de fazer isso.

Potter havia o ajudado em momentos de desespero, o ajudou a se acalmar quando ele literalmente estava tendo uma crise por ter que entregá-lo à Voldemort!

Mas Malfoy havia mentido para ele. O manipulou e conduziu todos os seus sentimentos para algo que nunca existiu. E depois que usufruiu completamente de si, o jogou fora como se não fosse nada, apenas lixo. Algo que seria utilizável e depois descartado sem nenhum pudor ou mágoa.

Ainda esperando Lucius trancar a porta com todos os seus diversos feitiços de proteção, murmurando xingamentos inaudíveis, Harry juntou toda a sua raiva que estavas sentindo de Draco no momento e chutou as genitálias de Lucius Malfoy com toda a força que conseguiu arrecadar.

A expressão de Lucius mudou para uma surpresa, mas não permitiu-se continuar encarando o mais novo por muito tempo, pois levou as duas mãos até o seu membro, tentando impedir a dor de alguma forma de subir pelo seu corpo.

Potter tentou tirar a varinha do loiro de cabelos longos, mas ele foi mais rápido em fazer um feitiço estuporante, fazendo Harry bater contra a parede, assustando Draco, que estava segurando as duas mãos firmemente contra as grades, tentando com afinco ver o que estava acontecendo.

— Harry, você está bem? O que está acontecendo!? — Malfoy esbravejava impacientemente, medo tomava suas palavras, a raiva ia aumentando em seu peito por ele não poder fazer nada.

— Cale a boca! — Lucius gritou irritado, o ódio palpável na voz. Desfilou um tapa no rosto do moreno, que virou o rosto pelo movimento, levando a mão para a marca vermelha que ficou ali, sentindo a ardência apossar os seus sentidos.

Potter movimentou o seu joelho para dar outro chute nas genitálias do mais velho, mas foi impedido pelo mesmo, que segurou o seu joelho, o impedindo de continuar com a ação.

Harry analisou onde as mãos do mais velho estavam, uma segurando o seu joelho, e outra segurando firmemente em sua varinha, mas isso não era nenhum problema, já que essa não era a única varinha que Lucius carregava com ele.

Ele estava com as varinhas de Harry e Draco dentro de sua capa, presas protetoramente em seu bolso, para ninguém ousar encostar ao menos um dedo.

A única solução seria se utilizasse feitiço sem varinha. Ele já havia conseguido realizar uma única vez, mas isso fazia muito tempo e levou semanas para o moreno conseguir exercer o feitiço. Todavia, agora era um momento de desespero, ele estava entre a vida ou a morte, e gostaria muito de continuar vivo para poder dar alguns belos socos no rosto de Draco Malfoy.

Os gritos agonizantes do sonserino aumentavam gradamente, ocupando toda a escuta de Harry, sendo essa a única coisa que ele conseguia atentar no momento. Respirou profundamente, concentrando o seu poder em pegar a varinha que estava a sua frente.

Permaneceu com os braços ao lado de seu corpo, inertes, sem demonstrar um mínimo movimento, tentando acumular o máximo de magia que conseguia o mais rápido possível, já que a expressão de Lucius ficava cada vez mais brava e impaciente, demostrando que ele iria dar um jeito de acabar com a sua vida.

Como essa magia poderia era utilizada juntamente ao feitiço não-verbal, seria bem mais fácil de conseguir capturar a sua varinha de volta. Respirou novamente e desviou o olhar dos olhos acinzentados de Lucius, focando a sua visão na sua varinha e na de Draco, já que tentaria trazer as duas para si.

Em seu pensamento, disse "Accio varinha", a mão estendida na direção das duas. Poderia sentir elas se mexerem, lutando para sair do bolso de Lucius e chegar até as mãos de Harry. Potter balançava a mão desesperadamente, tentando recuperar as varinhas, sem que o comensal percebesse.

Lucius olhou de relance para a mão trêmula de Harry e olhou novamente para o seu rosto, desfilando outro tapa em sua face, fazendo a bochecha do moreno arder.

Outro som era audível no ambiente. Draco chutava brutalmente a cela onde se encontrava, tentando atormentadamente sair daquele lugar, mas as suas forças não estavam o mínimo recuperadas, já que o crucio que havia recebido ainda era recente.

— Harry! — gritava e gritava, mas não parecia ser o suficiente, já que ninguém dava sinais de que o escutava ou ligava para o que ele proferia.

O feitiço de Potter foi suficiente para somente a sua varinha tocar a ponta de seus dedos, o fazendo sorrir aliviado. Deu um sorriso ladino em vitória, lançando um Expelliarmus em Lucius, o pegando desprevenido, fazendo-o bater contra a parede do corredor estreito. Harry lançou um feitiço paralisante, tendo certeza de que ele não conseguiria sair daquela posição por algum tempo.

Pensou em algum feitiço para abrir a porta, já que Alohomora não estava funcionando, mas preferiu partir para o jeito mais pratico, chutando a porta, fazendo a ferradura quebrar e o passe para dentro das masmorras ser livre.

Draco se encontrava ofegante, respirando pesadamente com dificuldades, mas ao ouvir um barulho de passos se aproximando, levantou seu olhar, encontrando a íris verde esmeralda que transbordava raiva, mas ao mesmo tempo, solidariedade com o próximo, pois Harry mostrou que conseguiu de volta a sua varinha e que iria o proteger, já que o loiro estava desarmado.

Potter não demonstrava estar feliz em estar no mesmo ambiente do loiro, mas mesmo assim não deixaria que ele morresse, ele ainda o amava, no fundo, ele sabia que sim.

Mesmo após descobrir que tudo o que eles viveram foi uma mentira, seria impossível simplesmente apagar tudo o que eles vivenciaram nesse último ano.

Com o tempo, Harry sabia que os seus sentimentos por Malfoy se esvaziariam e ele não sentiria mais nada em relação à ele.

Tempo...

Bom, inevitavelmente todas as pessoas que passaram pela sua vida acabam ficando um pouco em seu coração. Independente de terem feito ações boas ou ruins, elas simplesmente ficam lá.

Você pode tentar apagá-las da sua mente e esquecê-las completamente, mas elas fizeram parte da sua vida e mesmo que o mínimo pedaço que seja, elas vão ficar guardadas seguramente no seu coração, ao menos uma pequena parte sempre estará lá.

— Obrigado — Draco agradeceu sinceramente, uma teimosa lágrima ameaçando transbordar de seus olhos, que foi retirada brutalmente por seu polegar, a impedindo de cair.

Harry não teve coragem de encara-lo nos olhos, não conseguiria ver aquele azul acinzentado tempestuoso novamente. Ele vivenciaria tudo o que aconteceu com ambos nesses últimos meses e isso o faria ceder, mas ele precisava ser racional nesse momento.

— Hazz... — Draco murmurou, direcionando seus olhos para grades da sua cela, prestes a murmurar para Potter lançar um "Bombarda Maxima", mas algo vindo de fora chamou a sua atenção, causando uma tensão nervosa percorrer por todo o seu corpo, tencionando todos os seus músculos.

— Ora, ora, ora... — uma voz áspera ecoou entre as paredes estreitas e o teto baixo da Mansão Malfoy.

Potter fechou os olhos, levando a sua mão imediatamente para a sua testa, soltando um sôfrego de dor. Suas pernas começaram a tremer levemente e ele temia que não aguentasse o seu próprio peso para permanecer em pé.

Malfoy o encarou assustado pela mudança repentina do moreno, não tardou em rapidamente pegar a varinha das mãos de Potter lançar o feitiço que abrisse a sua cela, logo devolvendo a sua varinha para o moreno — não queria que ele ficasse bravo com ele, mas muito menos gostava de ver Harry sofrendo.

Mas Draco não conseguiu fazer muita coisa, pois o grifinório havia acabado de cair no chão, os olhos ainda semicerrados pela dor. De início, o loiro não entendeu o que estava acontecendo, mas ao olhar para a entrada, a sua mente se desligou. Tudo o que ele conseguia focar era o fato de que eles não estavam sozinhos.

Voldemort entrou nas masmorras lentamente, silencioso como um cervo no bosque, observando tudo ao seu redor.

Malfoy olhava para o Lorde das Trevas, medo e desespero percorrendo por seu corpo, ele era a última pessoa que Draco suportaria em ver naquele dia. Ele queria fazer alguma coisa, mas parecia que a sua mente não funcionava, nada estava funcionando.

Draco queria fazer com que Harry levantasse do chão empoeirado e fosse embora com ele, mas ele não conseguia ao menos tencionar um único músculo, parecia a tarefa mais difícil do mundo no momento.

As lembranças do verão passado invadiram a sua mente, quando seu pai achou que seria viável que um garoto de dezessete anos se tornasse um Comensal da Morte. Mas Draco não conseguiu cumprir as "missões" para conquistar a confiança do Lorde. Com isso, Voldemort o mataria por ter fracassado, mas como ele se autonomeou "misericordioso", empurrou esse fardo para Draco, colocando todo o peso da tarefa de seu pai em seus ombros.

Aquele-que-não-deve-ser-nomeado lhe deu uma tarefa incansavelmente pior, a qual seria muito menos provável de Malfoy conseguir realizar com sucesso.

Mas aparentemente ele havia conseguido.

— Draco Malfoy, você conseguiu realizar o seu dever para se tornar um comensal esse ano, meus sinceros parabéns — Voldemort proferiu com ironia e um sorriso macabro.

Há dois anos, isso reconfortaria os ouvidos de Draco, mas agora, tudo o que ele conseguia pensar era que precisava sair daquele lugar o mais rápido possível. Ele não suportaria viver sendo um comensal e com o fardo de ter matado a única pessoa que foi capaz de amá-lo.

Mas para sair daquele lugar, Draco precisava esquecer desse seu lado mais "Draco" e vestir a sua máscara de "Malfoy", a sua feição ficando fria e calculista a cada instante.

— Obrigado, senhor. — Malfoy fez uma referência à Voldemort, prendendo a sua respiração, concentrando-se em não fazer o Lorde perder a paciência ou irritar-se com ele.

— Você só se esqueceu de um mínimo detalhe... — murmurou, mas a voz saiu alta e imponente, possível de ser escutada em todos os cantos das masmorras. — Eu não aceito traidores.

Nesse instante, Draco sentiu-se congelar por dentro, o seu corpo tremendo em nervosismo e desespero. Ele não sabia o que fazer. Se fizesse algo em um passo errado, a sua vida inteira seria jogada fora e ele provavelmente morreria.

Isso era bem óbvio pelo fato de estar com Voldemort no mesmo ambiente do que ele.

Harry pareceu se ligar do que estava acontecendo naquele momento, ainda com a mão na cicatriz pela dor, mas aparentemente ele estava conseguindo contê-la momentaneamente, já que precisava se concentrar para não deixar-se levar por isso.

— Não toque nele. — Potter esbravejou imponente, levantando com dificuldade, a mão apoiada no joelho para pegar impulso.

Harry estava com medo de que as coisas que ele vinha sonhando acontecessem com eles, e era por isso que ele não poderia deixar que isso acontecesse de jeito nenhum.

Potter ainda sentia um ódio profundo e mágoa quando pensava em Malfoy, isso era inevitável, mas ele não se perdoaria se algo mais grave acontecesse com o loiro. Já não bastava as diversas pessoas que morreram por sua causa, se Draco se juntasse à uma dessas, Harry se culparia para o resto da sua vida e ficaria pensando em inúmeras coisas que poderia fazer para tê-lo salvado.

Voltando seus pensamentos para a realidade, não hesitou em se colocar na frente do sonserino — mesmo Voldemort ainda conseguindo ver grande parte da cabeça de Draco pelo fato dele ser nitidamente mais alto — o protegendo.

Aquele-que-não-deve-ser-nomeado revirou os olhos e arqueou o cenho, mas abriu um sorriso ladino convencido.

— Oh, então já temos o ponto fraco do escolhido... — suspirou feliz, aproximando-se dos dois, mas Harry continuava com a varinha em riste, com uma mão sob a cintura de Draco, o mantendo atrás dele.

Potter mantinha contato visual com Voldemort, os olhos vermelhos como sangue repletos de ganância e avareza.

Draco, que até o momento se encontrava imóvel, saiu do transe e pareceu perceber o que estava acontecendo com os dois no momento.

Receosamente, passou os braços ao redor da cintura de Harry, querendo se segurar em alguma coisa no momento, ele precisava de algo que o manteria preso à realidade.

Potter se sentiu mais calmo com o toque em sua cintura. Depois de tanto tempo acostumado com as mãos de Draco ali, era inevitável que ele não sentisse conforto em um momento de tensão, como aquele.

Todo o sentimento de raiva que estava sentindo pareceu se evaporar por um instante ao sentir Voldemort lançar um feitiço que fez com que Malfoy tropeçasse e praticamente caísse atrás dele, mas o Lorde foi mais rápido ao puxá-lo e o trazer para perto.

Harry sentiu ódio de si mesmo por não ter prevenido que isso acontecesse, e o seu estômago se embrulhou mais ainda ao sentir medo ao ver Draco tão vulnerável dessa maneira nas mãos de Voldemort.

Ele não poderia levar outro Cruciatus, o seu corpo não aguentaria.

E foi isso mesmo que o Senhos das Trevas fez, simplesmente jogando o corpo dolorido de Malfoy no chão, começando a lançar a maldição da tortura.

Harry iniciou a proferir um "Expelliarmus", mas Voldemort o olhou de relance e murmurou com a voz mais tenebrosa que ele conseguia usar:

— Nem pense nisso, eu o matarei se você tentar qualquer coisa — deu o mesmo sorriso torto e estranho que era presente no sonho de Harry, fazendo-o estremecer e o pânico cobrir seus sentimentos.

"Calma, Harry, você não pode ser impulsivo como sempre é, não quer acabar matando a segunda pessoa que você mais odeia no momento" pensava consigo, tentando achar uma opção viável para impedir que Draco morresse ou ficasse gravemente ferido.

O corpo de Malfoy tremia brutalmente, a dor da maldição impregnando dentro de si, mas ele não poderia gritar, morria os lábios com força para não deixar que nenhum grito de sôfrego escapasse. O sonserino ainda precisava ter honra e o seu orgulho não o deixava levar com tanta facilidade assim.

Harry batia os pés nervosamente no chão, seu corpo inteiro tremendo em desespero, mas ele só conseguia pensar em uma coisa: Draco precisava ficar bem, depois eu o mato pelo que fez comigo, mas ele precisa ficar bem.

Potter usava todas as engrenagens que o seu cérebro o disponibilizava e ele chegou a uma conclusão muito arriscada, mas que poderia dar certo.

Potter simplesmente virou-se e sentou no chão sem olhar para a direção de Draco. Ficou em uma posição — que poderia ser nomeada de confortável por conta da situação que eles se encontravam — e fingiu não se importar com nada que estivesse acontecendo.

Mas algo tornou tudo mais difícil, quando Harry ouviu, finalmente, o grito de dor e desespero saindo dos lábios do loiro.

Um grito quebrado e pedindo por ajuda, mas a única pessoa que estava no ambiente, aparentemente, não ligava para o que estava acontecendo com ele.

Draco não se importava em levar um crucio de Voldemort, mas ao notar que Potter ao menos se importava se ele fosse morrer, algo dentro de si morreu.

Potter queria muito levantar e dizer para Draco que ele estava tentando ajudá-lo, mas isso não seria uma total verdade. Harry estava demasiadamente irritado e magoado com o sonserino, afinal, eles estavam ali por conta dessa estúpida missão do loiro. Porra, eles estavam juntos nisso, prometeram um para o outro que lutariam juntos e nada poderia acabar com essa conexão que eles tinham, mas Malfoy esqueceu de mencionar que só se aproximou dele por conta disso.

Por fora, Harry se demonstrava estar calmo e não se importar nada com o que estava acontecendo, mas por dentro, ele se encontrava um turbilhão de sentimentos e sensações, sem conseguir se acalmar de forma alguma.

A sua respiração era descompassada e ele sentia que a qualquer momento iria explodir. A sua raiva e impaciência com Voldemort estava cada vez mais presente e tinha certeza que nem ele e nem Draco iriam aguentar por muito mais tempo.

Se o seu plano falhasse, ele precisava ter outro em mente, mas isso não foi preciso.

Surpreendentemente, Voldemort simplesmente parou de lançar o feitiço e o encarou.

— Eu não irei perder o meu precioso tempo torturando esse estorvo, enquanto você, Harry Potter, ainda está forte. E como eu sou um homem muito misericordioso, os dois podem ficar juntos por mais tempo... — largou Draco no chão, que tinha o peito subindo e descendo devagar, e a sua respiração estava fraca, quase inexistente.

Voldemort trancou a cela, os deixando juntos no mesmo local.

— Até vocês estarem fracos e sem o mínimo de disposição, eu os matarei lentamente, fazendo-os sofrer ao ver a morte um do outro. E podem ter certeza de que eu farei doer — saiu das masmorras, os deixando sozinhos na escuridão.

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Quem está amando esse clima delicioso, hein? Eu tô muito, melhor fase da fanfic com certeza!!

Podem ficar tranquilos que eu não vou prolongar isso por muito tempo para não ficar cansativo para vocês, mas tinha que fazer vários capítulos disso porque eles tão a fic toda esperando por esse momento.

Tropa de quem quer matar o Voldy>>>>>>

Não se esqueçam de votar <3

6 capítulosss

Até terça-feira que vem!

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