XXXIII
— Estão jogando o quê? — Draco inquiriu, olhando para todos, que estavam com feições enigmáticas no rosto, se entreolhando como se uma grande fofoca estivesse acabado de ser solta.
— Verdade ou desafio — as palavras saíram da boca de Pansy maliciosamente, atraindo a atenção de todos no ambiente.
Os dois se entreolharam, mil coisas passando em suas mentes enquanto encontravam algum lugar vazio na roda, ficando de frente um para o outro.
Um silêncio desconfortável estava formado no ambiente, todos ainda continuavam se entreolhando, com feições surpresas e assustadas. Mas não durou por muito tempo, pois Zabini logo abriu a boca para falar, atraindo a atenção de todos no ambiente:
— Nós todos vimos vocês dois praticamente se comendo só com os olhos — bufou, reclamando com Draco e Harry, que começaram a rir. — Na próxima vez, façam essa brincadeirinha em um lugar privado para ninguém ficar sofrendo por estar de vela, sim?
— Tá, tá — Draco concordou irritado, bufando de volta para o amigo. — Mas o que aconteceu nesse jogo de tão bombástico para o clima estar tão tenso assim? — fez diretamente e sem perder tempo, a pergunta que todos estavam ansiosos por uma resposta.
Todos que estavam no ambiente olharam-se reciprocamente, parecendo sopesar com cuidado antes de dar uma resposta concreta.
— Geral sabe que eu e a Luna demos um tempo, certo? — Ginny começou contando, fazendo com que Harry soltasse um suspiro surpreso e arqueasse o cenho. — Bom, quase todos — a ruiva riu. — Não entrarei em detalhes, mas não brigamos nem coisa do tipo, somente concordamos em dar um tempo do namoro para conhecer pessoas novas e descobrir novas experiências, continuamos ficando, mas nada fixo — explicou brevemente, e todos logo assentiram, prestando o máximo de atenção que conseguiam para escutar a fofoca.
— Exatamente isso, mas eu estava aproveitando a festa com o Blaise, e nós nos beijamos, achamos que não tínhamos sidos vistos por ninguém, mas parece que não pode-se fazer quase nada privado em Hogwarts — Luna tomou a palavra, olhando para o sonserino, que tinha um sorriso convencido nos lábios.
— Lembrando que a Luninha rejeitou o pedido de reatar o namoro com a Ginny para ficar comigo — Zabini se gabou, resmungando de dor por ter recebido uma bota jogada na cara pela ruiva, que o encarava com uma feição brava. — Ei! Não precisava me agredir — resmungou baixinho, passando a mão no ombro, onde o coturno havia acertado.
— Rejeitou por pouco tempo, pois isso foi há praticamente um mês e você mal pode esperar para o que te aguarda — Weasley cruzou os braços orgulhosa, sorrindo para a corvina, que trocava olhares entre Ginny e Blaise, analisando os dois com um sorriso no rosto.
— Podemos continuar com o jogo? — Pansy perguntou impacientemente, e sem esperar por uma resposta, logo pegou a garrafa entre os dedos e a girou, caindo com a tampa em direção a Luna e o fundo para Potter, que olhou em direção a corvina.
— Verdade ou desafio, Harry? — Lovegood inquiriu, encarando-o com um sorriso maroto plantado no rosto.
— Desafio — respondeu simplório, a ansiedade palpitando para saber o que ele teria que fazer.
— Fogo no parquinho, adoro — Ginny comentou, rindo abafadamente.
— Hmmm — a corvina tinha um semblante pensativo, escolhendo algo que poderia gerar intrigas ou fofocas para o dia seguinte. — Dá em cima do Draco, todos aqui estamos curiosos para saber como vocês flertam um com outro.
— Gosto de você, loirinha — Malfoy riu, encarando Harry com um sorriso malicioso formando-se em seu rosto.
— Então, Dray, venha me acender — engatinhou lentamente para a direção do loiro, vendo o mesmo encará-lo surpreso, dando qualquer espaço para que Harry precisasse para continuar com esse jogo.
Todos tinham o olhar fixo nos dois, analisando detalhadamente cada mínimo movimento que cada um deles fazia, parecendo muito interessados no que estava acontecendo ali.
— Talvez eu te deixe ficar por cima — seus rostos estavam praticamente colados, as respirações sendo nitidamente sentidas contra a pele um do outro.
Malfoy tinha um sorriso nos lábios, olhando o moreno de cima para baixo, puxando-o para o seu colo, molhando os lábios imperceptivelmente.
— Um pouco perigoso, mas é assim que eu gosto — Harry entrelaçou suas pernas firmemente na cintura do loiro, apoiando os braços preguiçosamente nos largos ombros do namorado, olhando fixamente dentro das íris azuis acinzentadas.
Draco colocou as duas mãos na cintura de Potter, olhando para os olhos verdes esmeraldas de volta. Era como se não tivesse mais ninguém naquela roda, somente os dois sozinhos, sem ninguém os observando.
— Menos papo e mais toque no meu corpo — abaixou o olhar para a boca rosada do loiro, passando a língua lentamente em volta de seus lábios, aproximando seus rostos cada vez mais, as bocas se roçando.
Harry sentia-se praticamente queimando por dentro, o ambiente ficava cada vez mais quente na medida que os dois se aproximavam.
— Porque eu estou tão interessado em você... — Potter sentiu a tensão subindo em Draco, uma tempestade revolta que quase estremecia suas mãos enquanto Harry segurava seus ombros.
Malfoy inclinou-se para frente, fechando os olhos enquanto se preparava para beijá-lo. As bocas se chocaram com prontidão, parecendo dementadores sugando a alma só por um beijo.
Malfoy estava prestes a expandir o beijo, mas foi interrompido por Blaise:
— Cof, cof — fingiu tossir, fazendo a sua pior feição de inocência possível, recebendo diversos xingamentos de todas as pessoas na roda.
— Blaise! Justo agora que as coisas estavam começando a ficarem boas — Ginny resmungou irritada, revirando os olhos.
— É, seu filho da puta — Pansy o xingou, vendo Zabini colocar a mão no peito como se tivesse sentindo-se atacado. — Da próxima vez, trate de mão atrapalhar uma cena tão importante como essa, entendido? — a sonserina pediu, mas seu tom de voz parecia mais como uma ordem, as palavras saindo firmes e concretas.
— Não precisava dessa agressão toda, fiquem calmos, pessoal — Blaise pediu rindo, sendo acompanhado por Draco e Harry, que haviam parado de flertar um com o outro.
Potter continuou sentado no colo do namorado, dessa vez virado para frente, as mãos de Malfoy cercavam a cintura de Harry, em um abraço meio atrapalho.
— Quem continua? — o moreno indagou, vendo Malfoy logo pegar a garrafa de vidro.
— Eu — respondeu sucinto, girando a mesma, caindo da Ginny para Blaise.
— Estou fodido — Zabini admitiu, sua expressão transformando-se em uma assustada vendo Weasley encará-lo como se fosse acabar com toda a sua vida com uma só pergunta.
— Verdade ou desafio?
— Verdade, não sou burro.
— Blaise, Blaise, Blaise... — a ruiva suspirou, fingindo estar pensando em qual pergunta faria para o sonserino que havia "roubado" a sua ex-namorada. — O que será que eu posso fazer com você, hein? — as meninas do ambiente deram risadas, trocando olhares significativos entre si.
— Por favor, tenha piedade — o sonserino suplicou, juntando as duas mãos, fazendo um formato como se estivesse rezando. — Merlin, perdoe todos os meus pecados, eu lhe imploro! — ficou de joelhos, pronto para rezar.
— Tá de quatro tem que rezar — Pansy implicou, soltando uma gargalhada gostosa de ouvir. Hemione desatou a rir, apoiando a cabeça no ombro da sonserina, sem conseguir se conter.
— Mas não é isso que ele está fazendo? — Ron perguntou confuso, encarando Blaise de lado, franzindo o cenho para a posição que se encontrava.
— Não, Ron, é uma coisa que você nem pensa em sonhar, confie em mim, amigo — Harry respondeu prontamente, evitando que outra pessoa dissesse algo que poderia confundi-lo ainda mais.
— Então, o que é... — iria continuar as perguntas, mas logo foi parado pela irmã, a voz palpitando ansiedade para fazer a pergunta para Zabini.
— Podemos continuar com o jogo? — pediu, recebendo a confirmação de todos, menos de Blaise, que ainda estava praticamente se corroendo de dentro para fora, tentando adiar ao máximo o que aconteceria logo em seguida. — Zabini, você ama a Luna Lovegood?
Blaise soltou um suspiro aliviado, abrindo a boca para responder.
— Mas, não pense que será tão simples assim — Ginny o interrompeu novamente, tirando um pequeno frasco das vestes, balançando o líquido, mostrando o conteúdo a todos. — Você precisará estar sob veritaserum, e se recusar, eu escolherei um desafio, e não serei nada bondosa com você — lhe enviou um sorriso amarelo, esbanjando falsidade.
— Agora, sim: eu realmente estou fodido — Blaise afirmou nervosamente ajeitando-se no chão, tentando encontrar uma posição confortável.
Weasley estendeu o frasco com a poção para o sonserino, vendo-o pegar hesitante, encarando desconfiadamente para o líquido. Destampou rapidamente, virando todo o conteúdo da poção. Sentiu uma ardência momentânea na garganta, como se estivesse pegando fogo. Fez rápidos movimentos que facilitavam a ingerir o líquido, ansiando para aquele gosto horroroso sair da sua boca e mudar rapidamente o paladar.
— Repetindo, Blaise Zabini, você ama a Luna Lovegood? — Ginny o perguntou, a voz firme que escondia toda a insegurança que permanecia impregnada dentro de si.
— Não — as palavras saíram sem controle de sua boca. — Eu gosto muito dela, mas não é amor — seu olhar transparecia desculpas para a loira, que o enviava um olhar compreensivo.
— Bom saber disso — a ruiva respondeu feliz, voltando a atenção ao jogo.
A garrafa foi virada mais algumas vezes, Pansy precisou dar um beijo em Hermione, o que deixou Ron mais vermelho do que a própria tonalidade de seus cabelos.
Parvarti e Lilá admitiram o namoro, o que não foi uma surpresa para ninguém. Mas não ocorreu mais nada muito intrigante, somente algumas traições descobertas sobre o pessoal da Lufa-Lufa, mas tirando isso, nada demais.
Todos já estavam cansados de jogar verdade ou desafio, mas concordaram em jogar uma última rodada, na esperança de fechar a noite com chave de ouro.
A garrafa caiu de Ginny para Luna, todos pararam de conversar, passando a prestar atenção no que aconteceria entre as duas, estavam ansiosos para descobrir mais sobre o motivo do término das duas.
— É verdade que você aceita ser a minha namorada novamente? — perguntou esperançosamente. — Me desculpe se eu pareci confusa ou perdida, mas eu precisava tirar um tempo para cuidar de mim e eu não queria te machucar, por isso achei melhor te manter afastada, para você não acabar se machucando por problemas que nem são seus — Ginny explicou-se sinceramente, olhando fixamente para os olhos claros e prateados da corvina que ela tanto amava admirar nas noites escuras e gélidas.
— Ginny... — Luna suspirou, com lágrimas silenciosas escorrendo por suas bochechas, emocionando-se pelo que a ruiva havia falado, aproximando-se dela, necessitando do toque que sentiu tantas suadades. — Sim, meu amor, eu aceito voltar a namorar com você — Lovegood colocou as duas mãos na bochecha da grifinória delicadamente, deixando um beijo casto em seus lábios, degustando do sabor da boca da namorada novamente.
— Agora eu sou a mulher mais feliz do mundo — Weasley comemorou, a namorada sentando-se ao seu lado, com um sorriso bobo para ela.
— Blaise, espero que você não fique chateado, mas o meu coração sempre foi dessa ruivinha aqui, com você não era algo concreto como os goblins raros que se transformam em pedras, entende? — Luna respondeu devaneando, passando a prestar atenção em um besouro que passava por cima de sua cabeça.
— Mas que porra são goblins raros que se transformam em... — Zabini começou a questionar, sendo interrompido rapidamente por Draco.
— Você nunca leu O Pasquim? Seu sem cultura! — Malfoy fingiu estar indignado com o amigo, o atingindo sem força.
— Me desculpe! — levantou as suas mãos para o ar, em sinal de rendição.
— Eu trouxe várias edições do Pasquim atual, se alguém quiser eu posso distribuir alguns exemplares para vocês — Luna ofereceu, esboçando um sorriso para todos que estavam na Sala Precisa e aceitaram.
A corvina estava feliz em ter feito amigos, antes, ela ficava muito solitária em Hogwarts, permanecendo praticamente o tempo inteiro lendo ou fazendo amizade com os animais. É claro que ela havia feito amizade com Draco alguns anos atrás, mas o sonserino era muito ocupado e não podia ficar o tempo inteiro com ela, o que era totalmente compreensível.
As pessoas lentamente saiam da festa, a sala se esvaziando aos poucos. A música já estava em um volume mais baixo e alguns alunos faziam breves feitiços de limpeza, preparando-se para deixar o ambiente.
Harry e Draco já haviam feito a sua parte do acordo, que era arrumar minimamente o lugar, e estavam se despedindo dos seus amigos, prontos para passar mais uma noite no quarto privado do loiro. Os dois passariam o máximo de tempo juntos possível com o Ash, aproveitando cada segundo antes de ficarem distantes nas férias de Natal. Harry iria amanhã para a casa dos Weasleys, por isso decidiram passar a noite juntos. Eles podiam estar sendo muito idiotas e agindo como dois adolescentes bobos apaixonados, mas já haviam se acostumado em ter a presença um do outro todo dia. Não seria nada muito impossível de se lidar, mas eles preferiam desta maneira.
Saíram da Sala Precisa de mãos dadas, passando em frente a uma enorme tapeçaria de Barnabas o Maluco tentando ensinar balé aos Trolls, tomando cuidado para que nenhum professor ou Pirraça os encontrasse, não queriam arranjar problemas para essa noite.
Desceram todas as escadas que levavam do sétimo andar até as masmorras, onde ficava localizada a sala comunal da Sonserina. Como Harry já era conhecido na comunal, não foi surpresa para ninguém quando ele passou por trás da parede de pedra ao lado de Draco, que andava com a cabeça erguida, em um caminhar constante.
Potter não era diferente, estava de mãos dadas com o namorado, acenando para quem lhe desse um simples "olá", mas não cumprimentaria alguém que não começasse com a conversa, ainda não estava em um ambiente totalmente seguro. Claro que tinha vários amigos sonserinos, mas nunca se pode confiar totalmente em alguém, nem a si próprio.
Entraram no quarto do loiro e Harry foi logo pegar o gato deles no colo, pois havia sentido saudades do pequenino. Depois de verificar se ainda restava comida e água nos potes dele, sentou-se na cama de Draco com Ash no colo, tirando os sapatos com cuidado para não atrapalhar o gato que estava quase dormindo em seus braços. Havia encontrado uma posição confortável nos braços de Harry e estava praticamente dormindo lá.
Malfoy tinha um sorriso bobo nos lábios, fechando rapidamente a porta, andando em direção a sua cama, chegando por trás do namorado, sentando de pernas cruzadas e envolvendo a cintura do moreno em um abraço, deitando o seu queixo no ombro de Harry, sentindo-o fazer um pequeno cafuné no seu cabelo loiro.
Draco fez um pouco de carinho no Ash, ficando feliz ao ver que ele já conseguiu ganhar bastante peso e estava cada dia mais saudável, isso acalmava o coração dos dois.
Potter ainda tinha o gatinho no colo, fazendo uma carícia de leve nele, enquanto tentava ao mesmo tempo continuar com o cafuné em seu namorado, o que estava se tornando uma tarefa quase impossível.
— Sai daí, Ash — Draco pediu, arrastando com a mão o gato do colo do moreno. — Minha vez de deitar aí, temos que dividir — deitou a sua cabeça no colo de Harry, esperando receber mais cafunés.
Potter riu dos ciúmes que o namorado estava tendo sobre um gato, mas, mesmo assim, não deixou de conceber os desejos do loiro.
Harry levantou o pequeno gato até ele ficar na altura de seu rosto e esfregou o seu nariz no dele, sentindo o molhadinho do pequeno nariz rosinha do gatinho, que deu um espirro fofo.
— Eu também quero! Direitos iguais — Draco resmungou dengosamente, levantando ligeiramente a cabeça para olhar em direção ao namorado que bradou a rir. — Eu estou falando sério aqui! Você não pode me trocar por um gato, ainda mais que isso seria zoofilia — esbanjou a desculpa mais besta que conseguiu, o que fez Harry rir mais alto com isso, mas não se conteve e abaixou o rosto, esfregando o seu nariz no loiro também, terminando com um beijo de esquimó dele.
— Assim está bom? — o sarcasmo era palpável na voz, mas não deixava quebrar o momento fofo que os dois estavam tendo, somente adicionando um pouco mais da essência de Drarry.
— Sim, está ótimo — Draco fechou os olhos, degustando aquele momento de deleite ao máximo que podia, mas um bocejo chamou a sua atenção e ele logo voltou a abrir os olhos, vendo a figura sonolenta de Harry em cima dele.
— Vem, Hazz — Malfoy chamou, levantando-se do colo do namorado, tirando o edredom debaixo dos travesseiros e abrindo espaço para que os dois conseguissem acomodar-se na cama.
Harry andou preguiçosamente até a cabeça da cama, deitando com os seus óculos de costas para o loiro, com o Ash adormecido entre os seus braços, esperando para que Malfoy colocasse uma mão em sua cintura e o abraçasse.
Draco fez um rápido feitiço para apagar as luzes, entrando de baixo do cobertor, removendo os óculos do namorado e os colocando na cabeceira. Fez um último carinho na orelha do gato e puxou Harry para seu peito, entrelaçando as suas pernas e apoiando a sua mão na cintura fina do moreno, mantendo-o com o corpo colado nele.
Potter já havia caído no sono rapidamente, pois Malfoy fazia um cafuné nos cachos do moreno, a carícia simples e suave, fazendo entregar-se para o mundo dos sonhos rapidamente.
Depois de um tempo, Draco sentia os seus dedos dormentes por ficar tanto tempo fazendo carinho nos cabelos morenos, mas continuou olhando a feição serena que o seu namorado se encontrava, logo se entregando para o mundo dos sonhos junto com ele.
xxxxxx
No dia seguinte, os dois acordaram em uma posição totalmente diferente da que foram dormir. Harry estava com a cabeça apoiada no peito do loiro, com uma perna passando por cima dele, enquanto tinha uma mão no outro braço dele, dormindo agarradinho no loiro, o abraçando com ternura.
A posição de Draco não estava tão diferente assim, no entanto, o pequeno gato branco como a neve encontrava-se emaranhado nos cabelos da mesma tonalidade de Malfoy. Ash tinha uma pata apoiada no canto de seu rosto, enquanto lambia os cabelos loiros do sonserino, que continuava dormindo serenamente.
Como a sala comunal da Sonserina se localizava nas masmorras, era muito mais fácil de se perder no horário, pois não há a luz do sol para acordar ninguém que acaba acordando mais tarde. Mas, mesmo assim, Harry acordou mais cedo do que Draco, por conta do leve cheio de maçã verde do shampoo dele, sendo a primeira coisa que sentiu ao despertar. Podia facilmente se acostumar em acordar ao lado do loiro nessa posição, se sentia seguro em ter os braços protetores de Draco em torno de si.
Logo iria pronunciar um "bom dia", mas viu em qual situação o loiro se encontrava e precisou de muitas forças para se conter e não desatar a rir altamente, provavelmente resultando em um Malfoy furioso por ter alguém tocando, digo, lambendo, o seu cabelo, e isso o deixaria de mau humor para o resto do dia inteiro. Um sorriso automático surgiu nos lábios de Potter, pela cena tão fofa que presenciava.
Então, Harry preferiu buscar uma câmera que estivesse no quarto e tirou uma foto dos dois. Ficou extremamente fofo, porque a tonalidade do pelo do Ash mesclou com a do cabelo loiro oxigenado de Draco.
Potter também tirou diversas "selfies", fazendo caretas, colocando a mão no rosto do loiro, tudo ficando mais engraçado e divertido. Depois de ter diversas fotos para recordar, decidiu que deveria acordar o namorado, ele precisava, de qualquer jeito, começar a se arrumar para ir para a casa dos Weasleys.
Voltou a subir em cima da cama, aproximando o seu rosto do de Draco, deixando um beijo casto em seus lábios, sorrindo ao ver os olhos de Malfoy abrindo-se lentamente, vindo junto com um bocejo.
— Bom dia — o sonserino deu outro beijo em Harry, sentindo algo estranho em cima de sua cabeça, mas decidiu ignorar momentaneamente.
— Bom dia — Potter não conseguiu evitar de rir, o olhar preso em Ash, que ainda estava nos cabelos de Draco, que o encarava com uma feição confusa.
— O que está em cima de mim... — Malfoy levantou em supetão, sentindo a língua áspera do gato lamber novamente os seus fios loiros, dessa vez chegando em sua testa.
— Ash Rato Potter Malfoy! Pare com isso agora — Draco bradou nervosamente, assustando o gato, fazendo-o soltar um miado de desculpas, mas continuou se lambendo como se nada tivesse acontecido.
— Desculpa, não dá para levar a sério o "Rato" — Harry admitiu rindo, levando a mão a barriga branquinha do gato, ele se espreguiçando e pedindo por mais carinho.
— Foi você quem deu a ideia — Malfoy argumentou, passando a mão no tão precioso cabelo, indo até o espelho do banheiro para ter certeza de que não estaria danificado.
— Você tem um ponto.
Draco passou mais um tempo razoável no banheiro, certificando-se de que estava tudo certo com os seus amados fios loiros, enquanto Harry colocava um pouco mais de ração para o gato, cuidando para que ele ficasse bem.
Alguns — vários — minutos depois, Malfoy voltou com um semblante bem mais calmo e feliz, com o cabelo alinhado simetricamente, do jeito que normalmente ficava.
Draco estava, sinceramente, com preguiça de arrumar a cama hoje, porque, quem arruma a cama se depois vai bagunçá-la novamente? Isso não faz o menor sentido.
Sentou novamente, arrumando os livros empilhados na sua mesa de cabeceira, ele normalmente lia sempre antes de dormir, mesmo se fosse somente um capítulo de duas páginas, ler sempre o acalmava e assim, conseguia ter uma boa noite de sono, na maioria das vezes.
— Ahn, Dray... — Harry ajeitou-se na cama, cruzando as suas pernas, como se quisesse dizer algo.
— O que foi? — Draco perguntou, largando os livros e aproximando-se do moreno.
— Nada — riu nervosamente, balançando o cabelo ligeiramente.
— Eu sinto que você quer dizer alguma coisa — abriu um sorriso no canto dos lábios, olhando nos olhos do moreno.
— N-não — gaguejou, soltando um riso abafado com a boca fechada.
— Tem certeza?
— Eu não acho que é algo que eu deveria dizer nesse momento — olhou para baixo, como se tivesse a coisa mais interessante do mundo ali, nos fios do edredom macio.
— Eu não sei, eu sinto que talvez você deva dizer o que quer que fosse — o sorriso do loiro expandiu.
— Eu acho que você já sabe — Harry afirmou, coçando a nuca. — Mas eu não... não sei se deveria dizer logo hoje.
— Acho que você deveria dizer — Malfoy encorajou, ansioso pelo que o seu namorado iria falar.
— Tem certeza?
— Sim — afirmou, simplesmente.
— Ok... oh, espere, você... desculpe, você não pensou que eu diria — Potter desconversou, rindo internamente ao ver o semblante do loiro mudar completamente.
— Meu Merlin, não, claro que não — Draco olhou para o lado, tentando esconder a sua feição abalada.
— Me desculpa, eu estou brincando — riu, sorrindo ao ver a expressão aliviada do sonserino. — Eu te amo — falou quase em um sussurro, as suas bochechas queimando logo em seguida.
Malfoy abriu um sorriso genuíno, colocando a mão atrás da cabeça do moreno, aproximando os seus rostos, juntando seus lábios em um beijo sútil. No começo o toque é quase fantasma, a carícia tão simples e tímida quanto o sopro de uma brisa suave. Draco sentiu Harry sorrindo no meio do beijo, levando a mão aos cabelos do loiro, dando mais intensidade ao beijo.
— Eu te amo também, eu te amo muito — Malfoy interrompeu o beijo, dizendo o mesmo para o namorado, com um sorriso genuíno em seus lábios. — E eu não estou falando só porque você me falou, estou falando porque eu realmente sinto isso. Antes de realmente te conhecer, eu não sabia muito bem o que era amor, o sentimento em si. Mas você me fez sentir isso, fez o meu estomago criar mil borboletas que dançam toda vez que eu estou perto de você, ou somente quando eu me encontro fazendo absolutamente nada e o meu cérebro me faz pensar em você. Harry Potter, eu realmente te amo.
— Dray... assim eu vou chorar! — Harry sentou no colo do namorado, o abraçando firmemente. Escondeu o rosto na curvatura do pescoço de Draco, sentindo os pelos branquinhos se arrepiarem mesmo com o mínimo toque. — Obrigado por me dar apoio em um momento que eu nem sabia que estava precisando de alguém para chamar de lar e me mostrar esperança mesmo que tudo o que esteja a mostra seja a escuridão, obrigado, Draco Malfoy, eu te amo.
O loiro bagunçou os pequenos cachos do moreno, deixando um beijo casto no topo de sua cabeça, voltando a abraçá-lo, querendo deixar essa sensação guardada em sua memória pelas longas duas semanas que os dois ficariam distantes.
Alguns minutos se passaram, e os dois ficaram todo esse tempo trocando carícias e beijos bobos apaixonados. Mas realmente havia chegado a hora de Harry buscar as suas coisas e ir com Ron, Hermione, Ginny e Luna — que também foi convidada — para o trem e ir para a toca.
— Você acha que é realmente uma boa ideia eu ir? Vou ficar muito tempo fora e... — Harry dramatizou, andando de um lado para o outro do quarto, passando a mão nervosamente entre os cabelos.
— Hazz, eu já lhe disse que vai ficar tudo bem! — Draco o acalmou, chegando mais perto e pegando as suas mãos entre as suas, fazendo com que ele o olhasse de volta.
— Mas eu não vou estar aqui para cuidar do Rato! — argumentou.
— Eu também sou o pai dele, sabe...
— Eu sei, mas e se ele sentir a minha falta? — o gato os encarava com a cabeça virada levemente para o lado, intercalando o olhar de um para o outro.
— Eu também vou sentir saudades, ainda estou aqui. Mas e você? De um a dez.
— Seis.
— Seis? Seis não, assim não dá.
— Então vou sentir tanta saudade que vou querer me matar! Melhor? — Harry riu da cara de espanto que o namorado fez, mas logo desatou a rir, o que fez ele acalmar-se momentaneamente.
— Não fale assim! Mas, sim, está melhor — puxou o moreno para um último abraço, sentindo o moreno deitar a cabeça em seu ombro, puxando o Ash para fazer parte desse abraço também. — Ah, e antes que eu me esqueça — tateou o seu bolso, procurando por algo em específico, logo o encontrando. — Leve essa foto que nós tiramos naquele dia em Hogsmeade, assim você não terá como se esquecer de mim — estregou a imagem dos dois se beijando em cima do muro, onde logo depois caíram e encontraram o pequeno gatinho.
— Oh, obrigado, Dray — pegou o papel entre os dedos, com um sorriso nostálgico em seu rosto ao lembrar daquele dia. — Eu também tenho algumas fotos que você poderá guardar — riu baixinho, indo até a escrivaninha do sonserino, onde tinha deixado as fotos que tirou de manhã.
— Meu Merlin, Harry! Assim você está me fazendo passar vergonha — resmungou baixinho, mas no fundo, havia achado aquelas fotos adoráveis, se achou incrível por ter o Ash em cima de sua cabeça, por mais perigoso que seja, não poderia arriscar o seu precioso cabelo de jeito algum.
Potter riu baixinho, dando uma última olhada naquelas fotos que estavam nas mãos do namorado, memorizando aquela imagem em sua mente.
— Tchau, Dray, feliz natal.
— Até logo, Hazz.
O moreno saiu do quarto do loiro, o silêncio sepulcral da manhã sendo a última coisa escutada ali, e a saudade começando no mesmo instante.
xxxxxx
Esse capítulo está bem maior do que os outros que eu costumo fazer, espero que não se importem!
Podem surtar a vontade, porque rolou "eu te amo" sim!
Postei esse capítulo hoje em homenagem ao aniversário de morte do Ash (banana fish), mas surpreendentemente o capítulo tá feliz!!
E eu falei que as coisas iriam começar a ficar boas... rsrs.
Enfim, brincadeiras a parte.
Estou adorando escrever esses dois gays boiolas, deixa o meu coração quentinho todas as vezes.
E muito obrigada pelos 51k na fic, fico muito feliz em ver que a minha história está crescendo.
Não se esqueçam de votar <3
Até semana que vem!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top