XXIII
Harry teve que conter sua vontade de sair do quarto, ele queria demasiadamente ver o que estava acontecendo. Mas ao mesmo tempo estava receoso com isso, entretanto, sabia que precisava cuidar de seus próprios problemas sozinho.
Por sorte, Draco voltou para seu quarto no momento em que Potter não estava mais se contendo em esperar, e encontrou um Harry com os cabelos molhados, provavelmente depois de tomar banho, que estava sentado em frente à uma espécie de escotilha, para ver os peixes que sempre passavam por ali.
Ele apropinquou-se dele e chamou para irem embora dali, já que tudo havia sido resolvido, por enquanto.
Os dois tomaram cuidado para ninguém mais os ver, não podiam causar aquele problema novamente. Draco saiu primeiro do quarto e Harry saiu vinte minutos depois.
Ele foi até o salão principal e viu que tudo parecia normal, mas é claro que seria propenso de muita gente vir falar com ele. Entremeio, tudo estava calmo, calmo demais.
— Hermione — chamou. — Como você fez para... — fez um movimento com a mão mostrando as coisas ao redor.
— Ah — suspirou. — Olá, Harry! — Exclamou. — Onde você esteve o dia todo? — Desconversou fechando o seu livro.
— Primeiro responda a minha pergunta — pediu.
— Primeiramente, como você sumiu, eu não soube o que tinha ocorrido, então já que poderia dar muito errado, deixei todos aqui presos para prevenir que se espalhe mais.
— Oh — suspirou surpreso.
— E por fim eu fiz aquele mesmo feitiço que usamos na Armada de Dumbledore no ano passado.
Harry estava surpreso pela inteligência da amiga, é claro que ela era muito esperta, mas ele não sabia que a esse ponto. Bom, todo dia ela surpreendia alguém diferente.
Ele passou os olhos de supetão pelo salão e não viu Nott. Draco provavelmente havia feito algo com ele. Mas Harry estava enervado, ele queria ter o prazer de fazer ele sentir dor, pagar pelo que fez.
Malfoy viu que Potter estava conversando com a Granger, e como não havia tantas pessoas por perto, ele foi até o garoto.
Draco sentiu uma tensão nervosa percorrer por todo o corpo rígido de Harry. Massageou seus ombros, tentando aliviar a tensão e pegou na mão do moreno, o levando para um canto silencioso, onde ninguém os ouviria.
— Harry — suspirou. — Algo está te deixando desconfortável? Porque se você quiser, nós podemos ir para outr...
— Não. — Afirmou. — Eu só tenho alguns assuntos para tratar com Nott, queria saber onde ele está.
— A última vez que eu o vi, era no corredor do terceiro andar. Podemos ir lá e ver se ele ainda se encontra no mesmo lugar.
— Eu vou sozinho — Potter disse.
— Harry... na última vez que você o encontrou sozinho não terminou muito bem. — Draco estava receoso sobre isso, o moreno ainda estava muito vulnerável e poderia agir por impulso, se arrependendo amargamente depois.
— Eu sei que você está preocupado, mas eu sei me cuidar sozinho, Draco.
— Por favor, deixe pelo menos uma vez na sua vida de ser um babaca que não aceita ajuda. Eu não irei interferir em nada, porém não te deixarei sozinho.
— Tudo bem — concordou o moreno, vendo o loiro comemorar como se ele tivesse acabado de ganhar um prêmio.
Os dois meninos saíram de fininho do salão, tomando cuidado para ninguém os ver. Eles chegaram no corredor do terceiro andar e tinha um rastro de sangue até o final dele. Draco já sabia de quem era, e Harry provavelmente também.
Eles seguiram rapidamente até lá, na esperança de que Nott não tivesse indo tão longe. Escutaram alguns gemidos vindo do final do corredor e correram apressados até lá.
Encontraram a figura de Theo se arrastando pelo chão, deixando vestígios de sangue pelo chão, o qual já estava quase todo seco.
— Theodore Nott! — Exclamou Harry. — Pode ficar parado aí. Ainda temos assuntos pendentes para se tratar. — Disse com a voz firme, porém a sua mão estava claramente tremendo, e como Draco era observador, ele entrelaçou seus dedos nos dele, transmitindo segurança.
Aquele singelo toque dizia várias coisas; apoio, proteção, fazer ele sentir a companhia do outro, mostrar que não está sozinho. Com aquele simples entrelaçar de dedos, Draco conseguia transmitir confiança o suficiente, para que ele sinta que nesse momento, ele não está sozinho. Ele nunca esteve.
Com aquele toque, Harry sentiu-se mais seguro para ir até ele e continuar o chamando.
— Você é surdo? — Semicerrou os olhos. — Pare de se mexer — exclamou chegando mais perto.
— O que foi? — Nott disse com uma voz leve e displicente. — Se não for me ajudar, pode dar o fora daqui — colocou força na perna para levantar, mas cambaleou e apoiou-se na parede.
— Expelliarmus! — Em um modo de impulso, Harry bradou o feitiço de desarmamento para Nott, que foi empurrado contra a parede em abruto.
Potter não esperou um segundo sequer, e logo desvencilhou-se da mão de Draco, para ficar livre para direcionar um soco no rosto de Nott.
O sonserino bateu a cabeça com força na parede e sentiu uma tontura invadir seu corpo. Harry deu um soco tão forte no nariz do outro, que foi capaz de ouvir o mesmo se quebrando.
Potter estava tão ocupado deixando socos em todos os lugares possíveis de Nott, liberando sua raiva e deixando no garoto a sua frente. Nem percebeu quando um grupo de sonserinos e grifinórios entrou pelo corredor e começaram a gritar palavras encorajadoras para o moreno.
— Enquanto mamacita fala — começou Pansy com a sua tara na tal cantora.
— Vagabundo senta — completou Ginny.
— Mamacita fala! — Exclamou a menina de cabelos escuros.
— Vagabundo senta! — Terminou a de cabelos ruivos.
— Já que é para tombar... tombei... bang bang — cantou Luna baixinho no jeitinho dela.
— Bau, bau, bauê — Blaise gorjeou o ritmo da música.
Draco achou melhor nem ligar para os seus amigos loucos por essa mulher. Ele queria espancar a pessoa que apresentou ela para eles. Aquela porcaria de música não saía de sua cabeça.
— Bau, bau, bauê — cantou baixinho para ninguém ouvi-lo.
Aquela gritaria toda acabou chamando a atenção do diretor e ele queria saber o porquê do ocorrido. Já estava ciente de que Nott foi o responsável pelo vazamento das fotos, mas aparentemente as coisas eram mais sérias do que o esperado.
— Harry querido, o que está acontecendo para você bater no seu colega tão intensamente? — Questionou apropinquando-se, recebendo o olhar dos alunos sobre ele.
O moreno não respondeu, ele estava com os olhos vidrados no outro. Sua magia estava instável, fazendo alguns quadros tremerem sob eles.
O olhar das pessoas nas pinturas eram de horror e medo direcionados para o grifinório.
Draco achou melhor pará-lo por um instante, não queria que sua magia vacilasse e ele fizesse algo que se agravaria mais tarde.
— Harry, escute o diretor, ele quer falar com você — a voz de Draco foi a única pessoa que conseguiu fazer com que o moreno parasse de bater no sonserino e virasse para olha-los.
O moreno virou a cabeça rapidamente, a tensão percorrendo todo o seu corpo rígido. Ele não falou uma palavra sequer, esperou o diretor dizer mais alguma coisa.
— Harry? — Dumbledore o chamou novamente.
— O que foi?! — Exclamou com a raiva ainda percorrendo por seu corpo, sua magia voltando a se equilibrar aos poucos.
— O que está acontecendo para você bater no seu amigo tão intensamente? — Repetiu a pergunta para o moreno.
— Oh — suspirou.
Harry não queria contar para o diretor o real motivo da briga, ele sabia que esse seria o certo a se fazer, mas não conseguiria dizer aquilo em voz alta. Talvez se alguém falasse por ele, seria melhor. A única pessoa que soube do ocorrido, era Draco, talvez se ele chamasse o loiro para conversar em particular, porém seria muito suspeito. Sua última esperança seria que Malfoy entendesse o que ele queria dizer somente com o olhar.
O moreno olhou para o loiro, as íris verde esmeralda encontrando o azul acinzentado tempestuoso. Observador como era Draco, ele conseguiu perceber que havia algo deturpado ali, Harry claramente estava sentindo-se desconfortável com aquilo. Mas ao mesmo tempo... ele queira falar?
Para ter certeza do que ele estava pensando, Malfoy apontou para o peito dele mesmo ligeiramente, gesticulando com a mão, confirmando se era mesmo para ele falar. Harry assentiu com a cabeça lentamente, Malfoy ficou espantado, porém concordou em falar.
Coçou a garganta e usou uma voz propícia para falar com o diretor:
— Diretor, Nott fez algumas coisas que vão além das fotos. Não só com Harry, mas... — foi interrompido por Pansy.
— Comigo também, diretor — falou sofregamente. — E com várias outras alunas da sonserina.
— O que ele exatamente fez? — Questionou Dumbledore para os dois.
Draco ia continuar a falar, mas hesitou, pois viu o olhar de Harry esperando por um êxito que ele mesmo teria que proporcionar.
— Ele tentou abusar sexualmente de mim. — Harry falou de supetão todas as palavras se misturando, emaranhadamente, sem conseguir dizer pausadamente. Olhou para Draco, mas seu olhar não era de dor ou pena, era de raiva.
Hermione levou as duas mãos para a boca, assustada com o que havia acabado de ouvir. Luna choramingou baixinho e Ginny partiria para cima dele, se a corvina não tivesse a segurado. Ron passou um braço ao redor de Hermione e Harry tentou evitar os olhares de todos para cima dele.
Ele sentia-se bem por ter amigos tão protetores que se importavam com ele, mas odiava ser o centro das atenções.
Dumbledore permaneceu com um olhar indiferente, olhou para os alunos e disse calmamente:
— Theodore Nott, venha para a minha sala, precisamos ter uma conversa importantíssima com o professor Snape e depois lhe levaremos para a ala hospitalar — colocou a mão nas costas do sonserino, que levantou com muita dificuldade.
— Eu voltarei! Guardem minhas palavras, eu voltarei! — Bradou sendo arrastado para longe deles.
— Qualquer coisa me bota no paradawwn — gemeu Pansy acenando para ele.
— Já vai tarde! — Blaise exclamou.
— Limpa, limpa, limpa tudo. Limpa todo ódio coletivo, limpa — Luna cantarolou, tentando acalmar as pessoas.
— Harry... — Hermione chamou baixinho, desvencilhando-se dos braços do ruivo, indo para a direção do moreno.
— Podemos não falar sobre isso, sim? — Pediu. — Já passou e eu não quero tocar nesse assunto agora — falou se perguntando se seria aprovação no olhar dela. — Bom, já está escurecendo e eu acho melhor ir logo — passou a mão pelos cabelos escuros tentando aliviar o clima. — Se quiserem saber de algo, perguntem a Draco que ele pode explicar — virou-se rapidamente, saindo do corredor.
Agora todos os olhares estavam sob Draco, já que o moreno o permitiu contar sobre o ocorrido, ele iria apenas dizer brevemente sobre o que ocorreu, porque queria que Harry explicasse para o seus amigos, se tivesse vontade.
— Draco, estamos esperando — Hermione falou, chamando a atenção do loiro.
— Ok, eu contarei, mas não irei entrar em detalhes, ok? — Perguntou, recebendo a afirmação de todos. — Eu estava andando no corredor normalmente, até que ouvi um barulho vindo de um armário de vassoura, achei melhor ver o que era e os encontrei lá. Tirei Harry das mãos dele e espanquei Nott. — Explicou rapidamente, vendo os outros o olharem com espanto.
— Eu não esperava uma coisa assim vindo de você, Malfoy — Ron falou, seu respeito pelo loiro aumentando a cada segundo.
— Então você realmente não me conhece — afirmou.
Hermione agradeceu imensamente para Draco, já sabendo das coisas que estavam acontecendo entre ele e Harry. Ela já apoiava o relacionamento dos dois, mas agora estava mais feliz ainda com isso. Iria fazer de tudo para ajudar que Ron também aprove, é claro que ele não pode interferir nos relacionamentos de Harry, mas ter a aprovação do seu melhor amigo é algo... essencial. É como se você sentisse que estava fazendo a coisa certa, mesmo as vezes sendo a errada. Ter o apoio do seu melhor amigo era reconfortante, por isso, Granger iria fazer de tudo para garantir que o ruivo apoiaria o que quer que fosse o que Harry e Draco estavam tendo.
xxxxxx
— Entre — falou Snape sentado em sua mesa.
— Posso lhe interromper por um breve momento, Severus? — Dumbledore perguntou em uma fresta da porta.
— Claro — afirmou. — O que ocorreu? — Perguntou.
— O aluno da sua casa fez algo muito sério, algo que não admitimos de jeito nenhum nessa escola — falou, vendo Snape pedir para ele continuar a falar. — Uma tentativa de estupro — Snape ficou espantando, ele nunca imaginava que algum aluno seu seria capaz de fazer algo assim. — E isso não é de agora, pelo o que a senhorita Parkison diz, já tem algum tempo.
— Só temos uma solução para isso; o expulsar da escola. — Snape falou, levantando-se.
— Não acho bom tomarmos decisões precipitadas, não acha melhor o dar detenções ou alguns castigos mais severos? — Perguntou à Severo.
— Isso é inadmissível nesta escola, não devemos dar espaço para ele continuar aqui se faz esse tipo de coisa.
— Eu insisto em o darmos outra chance, você irá mudar, não vai? — Perguntou ao sonserino que estava apoiado na parede, com os braços cruzados. — Nott? — Dumbledore chamou para o menino que não estava prestando atenção.
— Ah, sim, claro — afirmou desajeitadamente.
— Então está ótimo, conto com você. — Dumbledore disse fechando a porta e deixando o sonserino nas mãos de Snape.
— Eu irei te dar tantas detenções, que você desejará nunca ter feito isso em toda a sua vida. — Snape falou o olhando severamente.
xxxxxx
Eu iria colocar mais coisas, porém acabei me empolgando e o capítulo ia ficar muito grande, vou dividir em dois e terça-feira saí o próximo.
Não se esqueçam de votar <3
Até.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top