XLV
"Finalmente em casa", Harry pensou. Logo após saírem do castelo de Hogwarts, eles observavam as estrelas que lentamente apareciam no céu.
Draco e seu namorado estavam fazendo mais um de seus passeios noturnos, mas dessa vez, levando o "filho" deles junto. Queriam que o gato os acompanhasse, mesmo que isso pudesse causar uma advertência de McGonagall.
Era início de março e a neve ainda era presente na Escócia, por isso, eles resolveram agasalhar o Ash com um gorrinho e algumas luvas, nada que impedisse seus movimentos, mas ainda assim o mantivesse aquecido e muito fofo, por sinal.
Harry decidiu usar um moletom preto ao invés da sua usual capa, porque já a havia usado a semana inteira e gostaria de vestir algo diferente, o mesmo acontecendo com Draco.
O grifinório estava se sentindo tão bem depois de todas as coisas que aconteceram. Ele pareceu realmente se tocar de que tinha uma vida e que ela poderia ser muito bem aproveitada.
Sem sobreviver, e sim, viver.
Seus sentimentos por Draco somente se afloravam cada vez mais, o fazendo se sentir genuinamente amado.
Eles raramente brigavam, e se acontecia, um ameaçava o outro com uma simples greve de beijo, mas que fazia com que o outro pedisse infinitas desculpas imediatamente, resolvendo a confusão no mesmo instante.
Sempre que havia algo que estivesse incomodando um ou outro, eles se abriam e dialogavam quando o incômodo era presente.
Não gostariam que uma bola de neve se formasse e problemas maiores — que pudessem ser impedidos — fossem causados.
Os dois eram completamente transparentes um com o outro, deixando transparecer quando não estavam em um momento bom, e outro sempre entendia, dando apoio emocional e qualquer outra coisa que precisasse.
Eram raras as vezes que Harry não dormia no dormitório de Draco, ele costumava usar a desculpa de que precisava ficar junto com o Ash, porque ele sentia falta do papai Hazz, mas todos sabiam que o real motivo era que Potter se sentia bem ao lado do loiro. Ninguém reclamava ou se sentia afetado com isso.
Harry passou tantos anos de sua vida salvando os outros, que chegou a hora dele mesmo se salvar.
Draco também estava grato que eles tinham paz. A única coisa que precisavam se preocupar eram as notas, o que não era uma coisa muito simples, claro, mas bem mais fácil do que manter um segredo guardado por tanto tempo e evitar de ser um comensal.
Malfoy não tinha muitas dificuldades nas matérias em geral, sempre conseguia ir bem sem estudar com muito afinco, mas ele sempre ajudava Harry, principalmente em poções. Assim, eles estudavam juntos e ainda podiam passar mais tempo se namorando. Draco tinha prazer em ajudar Potter em coisas que eram simples para ele, mas se demonstravam difíceis para o "grande Harry Potter".
Harry tinha o poder em fazer com que Draco sentisse que ele pertencia a algum lugar, que era bem-vindo mesmo quando as coisas pareciam sombrias e tenebrosas. E Malfoy sentia necessidade de demonstrar o quanto o amava de volta, que ele não somente recebia desse relacionamento, era algo equilibrado, os dois ajudavam na mesma maneira que eram ajudados.
É claro que em um momento um pode precisar mais da ajuda do outro, mas isso era totalmente normal, contando que mostrasse se importar na mesma quantidade.
Não havia mais nenhum resquício dos raios de sol em Hogwarts, facilitando que eles não fossem vistos indo até o lugar mais importante para eles, o lugar que os trazia a sensação de paz e lar, onde eles guardavam memórias definitivamente inesquecíveis, o campo de quadribol.
Nesse anoitecer, ainda havia um pouco de neve, o suficiente para que eles pegassem um bocado e utilizassem para fazer uma pequena guerra de bola de neve. Não estava frio o suficiente para transformar a chuva em neve, mas o clima era capaz de manter essa tamanha neve intacta, sem derretê-la.
O caminho até o campo de quadribol foi composto por risadas abafadas vindo de ambos, eles riam ao ver a expressão de admiração que o rosto do Ash moldou. O gato soltava alguns espirros engraçados quando uma gota d'água pingava em seu nariz. Uma chuva bem fraquinha estava começando a cair, mas nada grandioso e que os impedisse de continuar naquele caminho.
O braço direto de Harry estava segurando o gato com dificuldades, mesmo ele sendo ainda um "bebê", era bem gordo, sendo assim um tanto complicado de evitar que ele escorregasse às vezes, sua outra mão estava entrelaçada com a de Draco, que cantarolava baixinho alguma música detectada.
O clima estava bom, eles não estavam com a mínima pressa e gostariam de aproveitar ao máximo cada segundo daquela noite.
Obviamente Draco levou uma câmera — dessa vez comprada — para tirar mais fotografias dos dois, colocando as fotos em seu quarto junto com as outras.
Malfoy estava com medo de que o Ash saísse do colo de Harry e fugisse, mas isso não era provável já que ele se demonstrou viver agradavelmente junto com eles, sendo carregado alegremente até o destino final.
Chegaram no campo de quadribol, tocando na grama falsa, e soltaram o gato, o deixando correr e se divertir em um ambiente mais amplo. Como o nível de neve era alto em alguns lugares, era engraçado ver as perninhas dele afundando na neve e desaparecendo, logo depois deixando pequenas patinhas marcadas nos flocos de gelo brancos.
Quando ele tocou seus pés na neve pela primeira vez, levou um susto pelo frio e deu um pulo com as quatro patas ao mesmo tempo, arrancando risadas histéricas de Draco e Harry.
Depois de mais algumas pisadas, o gato se acostumou e chegou um momento que achou uma pequena montanha de neve e se enfiou dentro, dando uma volta e deixando somente a cabecinha de fora. Ele era realmente muito fofo.
O loiro conseguiu capturar todos os momentos com a câmera, antes de notar que a lente estava branca. Levantou a cabeça, saindo na visão da câmera e encarou Harry com um sorriso maroto, o vendo com duas bolas de neve na mão, se preparando para atirar outra no sonserino.
— Isso foi caro! — Draco gritou, se referindo a câmera que estava com a lente suja.
— Você literalmente tem dinheiro para comprar a loja de câmeras! — Potter exclamou, rindo.
— Você também! Devíamos abrir uma empresa de câmeras Potter-Malfoy.
— Adorei a ideia, vamos ficar ainda mais ricos — Harry disse rindo ainda mais, como se isso fosse possível.
Draco fez um movimento em falho, fingindo que estava indo falar algo para responder a fala de Harry, mas agachou-se rapidamente, pegando um bocado de neve na mão, o amassando, tentando fazer ficar ao menos parecido com o formato de uma bola.
Em um sinal de paz, levantou a mão para Potter dar uma trégua por alguns instantes, até que o loiro deixasse a câmera em algum lugar seguro, enquanto gravava os dois. Harry assentiu, fingindo esperar para que Draco configurasse a máquina para a filmagem automática, mas jogou uma bola em sua direção, atingindo as suas costas.
— Harry! Agora você vai se ver comigo — Malfoy fingiu estar bravo, terminando apressadamente de ajeitar a máquina em segundos, começando a juntar neve com o pé, montando uma pequena montanha que facilitaria a procura de neve.
Potter fingiu estar com medo, correndo o mais longe possível de Draco, rindo altamente. Sempre que via um tanto de neve que era possível juntar e fazer uma bola, Harry pegava e colocava junto a sua enorme bola de neve. Iria fazer uma gigantesca e jogar com tudo em cima de Draco.
O moreno deixou a sua enorme bomba atômica em um esconderijo, onde o loiro não a acharia e isso daria mais tempo para Potter a completar com mais neve.
O sonserino escolheu outro método, fazendo várias pequenas bolas e atingindo Harry uma atrás da outra, não deixando brechas para que ele tente fazer outra coisa, já que quando pensava em algo, uma bola era atirada em sua direção e ele precisa se preocupar mais em escapar da chuva de bolas de neve.
Quando o pequeno estoque de Draco acabou, Potter — ainda com a sua neve acumulada — se escondeu atrás de uma pequena montanha de neve que ficava no canto, onde estava a sua bola, e começou a moldá-la, ficando pesada e difícil de carregar. Iria finalizar e jogaria no loiro, dando um fim e ganhando essa pequena competição.
Malfoy voltou a fazer as suas pequenas bolas e estava pronto para atingir Harry bem no rosto, na intenção de sujar os seus óculos, assim ele não conseguiria enxergar muita coisa e Draco teria vantagem.
Potter estava escondido atrás de uma baixa montanha, provavelmente agachado, mas ele também não possuía tamanha altura para ser avistado de muito longe.
Draco foi lentamente até uma boa posição, com uma boa vista de onde atingiria, e jogou a bola, mas ele não atingiu Harry, ele atingiu o gato, que surgiu de cima da neve no mesmo instante que Draco arremessou a bola, atingindo em cheio no rosto dele, que deu um miado confuso, espirrando um pouco por conta do frio e dos flocos de gelo que encostaram em seu nariz rosado e sensível.
— Meu Merlin, desculpe, Ash! — Malfoy foi correndo até o gato, o pegando no colo delicadamente, analisando se havia feito muito estrago, mas a bola era pequena e macia, então não havia doído, ele só estava preocupado, como o bom pai que era. — Vem, você deve estar com frio, eu vou te colocar em cima de alguns casacos — fez um pouco de carinho na garganta do Rato, esquecendo completamente que eles ainda estavam jogando.
Certificando-se de que ele estava bem aquecido, iria dar meia volta para jogar outra bola em Harry, mas o moreno foi mais rápido e jogou a sua bola do tamanho de um boneco de neve em Draco, que caiu para trás de bruços.
— Ganhei! — o grifinório exclamou, sua alma competitiva o agradecendo por esse momento.
Malfoy não o respondeu, continuava na mesma posição que antes, sem tencionar um músculo.
— Draco! Você está bem? — correu preocupado, estranhando o fato de que ele não tinha levantado.
Silêncio.
— Draco? — sentou ao seu lado, praticamente subindo em cima dele, tentando entender o que havia acontecido. — Você está-
Não pôde completar, pois o loiro não conseguiu mais conter as risadas, rindo ainda mais ao receber um soco no peito vindo de Harry, que se recusava a rir.
— Eu fiquei preocupado, seu maluco! — derrubou o sonserino no chão, se segurando em seus ombros, com as duas pernas ao redor do corpo do maior, o olhar penetrado em seus olhos.
— Desculpe, meu bem, mas eu não pude resistir — colocou as duas mãos ao redor do rosto do moreno, aproximando seus rostos para deixar um selinho nos lábios carnudos.
— Está perdoado — Harry se rendeu, sorrindo contra os lábios do loiro, flexionando-se para selar todo o rosto de Malfoy com vários beijos castos.
Draco levou as mãos para a cintura do moreno, fazendo um carinho singelo no local, sorrindo ao ver que Potter estava gostando e degustando do momento.
Os dois se mostraram cansados demais para continuar arremessando bolas de neve um no outro, então simplesmente deitaram na grama falsa, observando a chuva fraquinha cair. Pequenas gotículas de água encostavam em seus corpos, mas eles não se importavam, aquele clima estava bom demais para eles deixarem se levar e desistir de permanecer ali.
Havia um silêncio confortável entre eles, nada que os obrigasse a falar e falar. Tinham intimidade para permanecerem horas dentro de um silêncio confortável.
Estavam se comunicando com o próprio corpo, encostando na mão um do outro, tocando em cada "imperfeição" que poderia se encontrar. Com esse gesto, eles mostravam que não se importavam com a aparência do outro, que era mais importante para eles como eram por dentro, como eram como pessoas.
Claro que Draco sabia que ele era um grande gostoso, mas deixou esse pensamento de lado por alguns instantes, somente para poder aproveitar esse tempo com Harry.
Potter se aninhou contra o corpo do maior, descansando a sua cabeça no ombro do loiro, fechando os olhos para aproveitar o cafuné singelo que Malfoy fazia em seu cabelo.
O céu estava praticamente idêntico ao da noite que eles tiveram o primeiro "beijo oficial", repleto de estrelas ao lado da brilhante lua cheia no céu.
— Hazz — Draco o chamou, vendo o namorado levantar a cabeça para o olhar nos olhos enquanto falava. — Eu queria te mostrar uma coisa, mas ficaria mais incrível ainda se você fizesse também, você poderia completá-la para mim? — Harry o encarou confuso. — Você vai entender — prometeu.
Malfoy pegou-se sua varinha que estava guardada em seu bolso e a ergueu na direção do céu.
— Expecto Patronum!
Um dragão prateado saiu de sua varinha, os encarando sorrindo, bom, pelo menos aquilo parecia um sorriso. Ele girou ao redor dos dois, batendo as suas asas fortemente no céu.
— Eu nunca vou cansar de dizer o quão orgulhoso eu estou de você por conjurar um Patrono — Harry disse sorridente, pousando um beijo casto nos lábios do loiro.
Draco não o respondeu nada, mas ele não precisava, os dois entendiam quando cada um queria dizer algo somente com o olhar ou toques. Somente isso bastava.
E Harry entendeu o que Draco quis dizer quando disse "você poderia completá-la para mim?". Ele buscou a sua varinha e apontou para o mesmo lugar que Malfoy havia, bradando o mesmo feitiço:
— Expecto Patronum!
Um cervo apareceu no céu, chamando a atenção do dragão do sonserino, que se juntou com ele, encostando seus rostos juntos, fazendo o Patrono de Potter rir, correndo atrás do rabo do dragão. Eles rodeavam os dois, os protegendo de qualquer energia ruim que ameaçasse arruinar o momento de genuína felicidade que os dois estavam tendo.
Em algum momento, o Ash deixou o seu amontoado de casacos e se acomodou em cima da cabeça de Draco, se entranhando entre os fios brancos como a neve.
Os pelos branquinhos do gato se mesclaram junto com a neve e as mexas loiras, sendo somente visível as cores diferente da pinta preta que ele havia na ponta do nariz e de seus olhos, um verde esmeralda e outro azul acinzentado, idêntico ao de seus donos.
— Ele realmente adorou ficar no seu cabelo — Harry comentou rindo, fazendo um carinho no cabelo do namorado e ao mesmo tempo no gato.
— E eu não posso negar que também gostei da sensação dele aqui — Draco admitiu, virando o rosto para encarar Potter no fundo de seus olhos, se perdendo na sensação de lar que se apossou em seu peito ao olhar novamente para as esmeraldas de Harry Potter.
— Eu te amo, meu Sol.
— Eu te amo, minha Lua.
E ali, Harry permaneceu deitado ao lado de Draco durante a noite toda, observando as estrelas cadentes que passavam pela noite serena.
Eles realmente não se esqueceriam de nada daquilo.
xxxxxx
Acabou! Nossa, eu vou entrar em depressão, sério.
A primeira frase foi a primeira do último capítulo, só pessoas gostosas notaram.
Agora eu vou para os agradecimentos e vou ser bem longa e emocionada, não me julguem.
Eu comecei a escrever a fic em novembro de 2020 sem a intenção de transformar em algo grande ou que tomaria muito do meu tempo. Lembro que tinha acabado de sair do RPG de Harry Potter que eu participava e eu decidi fazer algo parecido com isso na fanfic, só tinha o plot deles irem para a Mansão Malfoy e pronto. Eu já pensei em desistir milhares de vezes, mas era mais forte do que eu e eu simplesmente botava na minha cabeça que a pratica leva a perfeição, então eu não me deixava desistir.
Ainda sou muito insegura com a minha escrita e me comparo com outras autoras diariamente, mas eu sei que tive um progresso gigantesco de novembro de 2020 para cá, então estou orgulhosa de mim mesma.
Eu queria agradecer a todos os meus amigos que acompanharam os meus surtos de madrugada com ideias novas e surtos, e a vocês, que com os comentários e votos sempre me incentivam a continuar.
Ah, e eu me inspirei para colocar o nome do gato com o meu irmão, já que o apelido dele é Rato, e o nome, Ash.
Fiquem tranquilos que logo logo vem uma outra fic para curar o vazio que PQNECTE vai deixar, pelo menos para mim. Ela já virou a minha confortfic e eu tenho certeza que todos vão amar! Peço que vocês deem uma olhada nela e nas minhas outras histórias também, não irão se arrepender!
Acho que já está bom de agradecimentos, mas novamente, obrigada.
Não se esqueçam de votar <3
Até!
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