XIV

Harry juntou suas coisas e se preparou para encontrar com Malfoy no primeiro dia de detenção da semana com o professor Snape. Ele não lembrava de praticamente nada do que acontecera na noite anterior.

Somente que os dois tinham saído da festa juntos e ficado no corredor. Mas aos poucos e com as pessoas o dizendo o que ocorreu, ele foi se lembrando.

Flashback on

Na hora em que Ron e Hermione chegaram no salão comunal, viram Harry largado no sofá balbuciando palavras sem sentido e algumas vezes ele soltava alguns "Draco... Malfoy...".

O ruivo não entendeu o porquê de Harry estar falando aquilo, já que ele não havia estado com Malfoy, ou havia?

Mione deu um sorrisinho e negou com a cabeça levemente. Ela colocou sua mão no ombro de Potter, fazendo-o esfregar os olhos.

— O quê? Hermione o que aconteceu? — perguntou com a voz sonolenta.

— Eu que te pergunto, você sumiu e te encontramos praticamente desmaiado no sofá.

— Eu não me lembro de nada... só que depois da Cho me dar uma bebida eu fiquei zonzo e... é, só isso.

Ron bocejou e avisou que estava com sono e queria dormir, mas Hermione o segurou ali e disse que ele só iria embora depois que descobrissem o que Harry fez para estar balbuciando "Draco... Malfoy".

— Harry, nós iremos te contar o que sabemos e você diz se consegue se lembrar de algo ok? — Granger perguntou e ele assentiu. — Você estava no meio das meninas da Corvinal e estavam conversando, não conseguimos distinguir o quê.

— Conversando? Elas estavam claramente dando em cima de você, parecia que estavam te comendo pelos olhos — Ron interrompeu.

— Ron! Não estavamm não, Harry também estava bem caidinho por elas — Hermione interveio com a voz exaltada.

— Disso eu me lembro... mas eu não estava assim, a culpa não é minha que elas me embebedaram — disse cruzando os braços irritadamente.

— Voltando, você foi para longe de nós depois isso e depois estava no meio da sala precisa dançando que nem um maluco junto com Nott.

— Com o Nott? — Harry interrompeu. — Mas eu o odeio e ele é um sonserino.

— Sim, também estranhamos — disse Ron.

— Então, você saiu de lá e sumiu. Consegue se lembrar de mais alguma coisa?

— Não, Hermione, esse processo é cuntatório. Eu não vou lembrar de uma hora para a outra — afirmou limpando suas remelas.

— Agora eu posso ir? — Ron perguntou já indo em direção a escada do quarto comunal masculino do sexto ano.

— Pode, mas leve Harry com você — ele assentiu e os dois foram dormir.

Flashback off

Harry estava chegando na sala de poções e viu Malfoy em frente, apoiado na parede com as mãos no bolso. Ele estava com a sua mochila entreaberta jogada no chão, olhando para nenhum lugar em específico.

— Chegou cedo, Malfoy — Harry disse com a voz baixa.

— Eu não gosto de me atrasar, ao contrário de outras pessoas — respondeu sarcasticamente.

— Pelo menos eu não sou todo engomadinho como você — Harry disse aumentando a voz.

— Potter, eu não sei se você tem um mínimo de noção de moda, mas isso aqui é estilo e todos gostam. Você vê meninas dando em cima de mim toda hora, correto? — Harry assente de mau humor. — Então, eu estou certo.

— Mas também tem muitas meninas dando em cima de mim, você que não vê.

— Elas só estão assim porque você é o escolhido, menino de ouro, o preferido de Dumbledor, o menino que sobreviveu, o eleito, famoso e bonito — ele disse a última palavra em um tom tão baixo que quase não deu para Harry ouvir.

— Qual a última palavra? — Harry perguntou com diversão em sua voz.

— Famoso.

— Não, a outra — Harry disse pondo uma mão no bolso.

— Só existe uma última palavra, Potter.

— E você disse a errada. Vamos Malfoy, seja impoluto, não minta para mim.

— Você que deve estar meio surdo, tem algum problema de audição?

— Não, você que deve ter algum problema para ouvir a si mesmo.

Draco abriu a boca para falar, mas foi interrompido por Snape, o qual chegou e abriu a porta da sala de poções. Ele adentrou na sala e sentou-se em sua mesa. Separou algumas pilhas de papel e deixou espalhado por cima da mesa. Severo apropinquou-se do sonserino e do grifinório e fez um gesto para eles entrarem.

— O trabalho de vocês é organizar esses papeis por assunto e por em ordem alfabética em cada tópico até o final da semana. Durante esses dias, irão chegar mais papéis, então nada de brigas ou pegação. Vocês iram se atolar e se não cumprirem a meta diária terão que ficar com mais alguns dias de detenção.

Os dois assentiram com a cabeça ao mesmo tempo e foram para a mesa.

— Outro aviso, eu não irei permanecer aqui na maioria do tempo. McGonagall disse que vocês já são muito grandes e podem se cuidar. Eu acho um absurdo, mas ela insistiu, de qualquer jeito, se os mocinhos sairem dos trilhos, eu tiro 50 pontos da Grifinória por isso.

— Da Grifinória? Mas o Malfoy pertence a Sonserina, Snape — Harry disse, xingando-se mentalmente por tê-lo chamado de "Snape".

— Você que iria induzi-lo a fazer alguma barbaridade como essa, e para você é senhor — falou olhando-o com a mesma feição de sempre. — Draco venha aqui um instante, preciso ver algumas coisas com você. Potter, vá começando a arrumar os papéis — disse rispidamente e Malfoy foi até ele.

— Diga, professor.

— Como você p0de estar saindo de madrugada com o Potter? Com alguma namoradinha sua ainda vai, mas com o Potter? Se seu pai descobrir, ele pode achar que você está tendo segundas intenções e isso não será bom para você — suspirou. — Lucius já está bem bravo com você e fazendo isso não ajuda. Sendo seu padrinho, eu estou tentando ajudar, mas você também tem que se ajudar.

— Eu sei, padrinho, mas nós estávamos bêbados — opinou, contradizendo com a sua opinião.

— Isso não é desculpa, agora deixe que Potter faça todo o trabalho e fique observando.

Draco não iria fazer isso, mas para não arrumar encrenca com o ser padrinho, somente assentiu e sentou-se na cadeira em frente a mesa. Snape rodou sua capa e saiu da sala de poções com a mesma elevada.

Harry não tinha tirado os olhos dos papéis que estava organizando e Malfoy aproximou-se lentamente, fazendo o mesmo levar um susto ao perceber que o maior estava atrás dele. O moreno inclinou-se para frente, afastando seus corpos. Que quase não estavam se colando, mas dava para sentir o calor de seus corpos pela proximidade.

"O que ele está fazendo?!" Pensou Harry em pânico.

Draco não mexeu um só músculo, nem ele sabia o que estava fazendo no momento. Só chegou para começar o trabalho e viu o menor ali. Nem pensou direito e foi para trás dele, para saber como era.

O moreno ainda estava em pânico e não sabia o que fazer sobre isso.

Ou ele ficava parado no lugar.

Ou ele saia de onde estava.

Ou ele chegava mais perto do outro.

Harry decidiu ficar parado no lugar por mais tempo, para decidir se iria sair ou não. Mas pensar muito antes de fazer as coisas não era o seu forte. Ele sempre fazia as coisas por impulso, sem pensar muito nas consequências, ao contrário de Malfoy, que sempre pensava muito antes de agir.

Potter se moveu, ele saiu daquele lugar desconfortável e foi para o outro lado da mesa. Ele olhava para Malfoy com os olhos fervendo de raiva, mas tentou se controlar.

Se ele se metesse em encrenca em uma detenção, seria provável nunca mais poder ir em nenhuma festa. Voltou a organizar os papeis, primeiro por assunto e depois ordem alfabética.

Seria muito mais fácil se ele pudesse usar algum feitiço de organização, acabaria com aquilo em segundos e estaria livre pelo resto da semana. Draco o seguiu com os olhos até ele voltar a organização. Malfoy queria conversar com Harry sobre o que aconteceu na noite anterior para saber o que o outro se lembrava.

Ele se lembrava de muitas coisas, claro que nada detalhado, mas se ele forçasse sua mente a lembrar, conseguia ver imagens do que haviam feito.

O loiro não iria se rebaixar a fazer um trabalho de um elfo doméstico, arrumar papéis não eram coisas que algum Malfoy fazia. Ele sabia um feitiço de organização, talvez se usasse o mesmo, eles acabariam logo e conversariam. Mas primeiro iria fazer com que Potter pedisse para ele.

— Você não vai ajudar, Malfoy? — Harry perguntou pondo um papel na pilha da direita.

— Eu não vou fazer um trabalho como esse, isso é para um elfo fazer, não um Malfoy — falou com seu ar filaucioso.

— Está vendo algum elfo aqui? Não, então você vai ajudar porque você que me tirou daquela porcaria de festa.

— Você está aqui, já serve — respondeu puxando um fio solto de seu uniforme.

— Malfoy eu não quero te azarar, colabore comigo — pediu, o olhando bravo.

— Eu até poderia fazer o feitiço de organização...mas você não está pedindo com jeitinho — disse com um sorriso maroto.

Harry revirou os olhos e apertou seus punhos, dando um leve soco na mesa, que fez com que algumas folhas voassem. Draco arregalou os olhos e sorriu em satisfação.

Potter recolheu os papéis que foram para o chão e quando voltou, a mesa estava toda organizada. Ele levou os dedos pelos papéis e eles estavam empilhados por tópicos, ordem alfabética e até cores.

— Satisfeito? — Malfoy perguntou cruzando os braços.

— Sim, obrigado. Agora o que você quer? Um autógrafo? — Harry perguntou em ironia.

— Como adivinhou? Assine a minha testa, por favor — respondeu no mesmo tom de sarcasmo.

— Irei buscar uma pena — disse indo em direção a sua mochila, mas foi interrompido por Draco.

— Mas antes, eu quero saber do que você se lembra de ontem.

— Por que quer saber? Você deve se lembrar mais, estava menos bêbado.

— Eu não me lembro de nada, queria saber o que ocorreu — mentiu.

— Hm, acho pouco provável. Mas já que não tenho nada a perder, lhe direi.

Malfoy assentiu e Harry começou a contar:

— Bom, ainda na festa eu estava no meio da sala, então você foi lá no meio e me pegou no colo. Eu subi nas suas costas e ficamos correndo de cavalinho — Draco abriu a boca, mas Harry voltou a falar. — Você saiu correndo na sala precisa comigo nas costas e nós caímos de cara no chão em frente a porta. Depois você disse que estava apaixonado por mim e me pressionou contra a parede. Eu claramente não aceitei e te dei um fora — continuou com a mentira.

— Ei! Não foi isso que aconteceu, Potter! — Draco exclamou.

— Como você sabe sendo que não se lembra? Você disse que não se lembrava, não deve estar acreditando no que fez.

— Eu sei que isso não é verdade porque eu nunca diria uma coisa dessas. Isso é humanamente impossível.

Potter estava pensando em mais mentiras para contar ao outro e se lembrou do sonho que ele teve quando estava passando uma noite na enfermaria. Ele tinha se esquecido completamente desse sonho e das outras coisas que aconteceram entre os dois.

Como o cheiro da amortentia.

Draco o salvando de cair da vassoura.

O beijo que Draco cisma em dizer que nunca ocorreu.

A professora Trelawney dizendo que os dois terão um destino juntos.

Antes de tudo isso acontecer, eles eram completamente inimigos. Não conseguiam ter nenhuma conversa civilizada sem quererem arrancar os olhos um do outro. Mas agora....as coisas haviam mudado.

Draco fez coisas muito diferentes do que o comum, eles não estava mais fazendo aquelas brincadeiras sem graça toda hora.

Alguma coisa havia mudado, Harry só não sabia o que, e o motivo.

— Aconteceu mais alguma coisa? — perguntou Draco impaciente.

— Pelo que eu me lembre não. Agora eu vou buscar a pena para autografar a sua testa.

— Potter! Eu estava brincando, não quero que você suje a minha testa com tinta — bradou dramaticamente.

— Agora não vale mais, eu vou assinar — disse buscando a pena.

Harry aproximou-se de Draco e levantou os pés para conseguir escrever na testa do outro.

Malfoy permaneceu olhando dentro das íris verdes do menor. Potter tinha os olhos vidrados na testa do outro, para assinar.

Harry apoiou a ponta da pena na testa do outro e fez uma pequena cicatriz em forma de raio, igual a sua.

Ele achou melhor do que escrever "HP" ou "Harry Potter". Era algo que Malfoy costumava fazer implicações, chamá-lo de "testa rachada", e agora os dois tinham testa rachada. Pelo menos por algumas horas.

Ele abaixou o braço, e os pés, e olhou para os olhos azul acinzentados do outro.

Eles ficaram se olhando por vários minutos que pareciam horas. Conversavam pelos olhares, coisas que eram inexpressáveis com palavras.

Não era algo em específico, mas diziam mil coisas em uma. O ar tinha um silêncio confortável, não estavam com pressa de romper esse clima.

Era inócuo eles ficarem assim, ou não?

xxxxxx

Acho que esse foi o maior capítulo até agora. Espero que tenham gostado.

Não esqueçam de votar e divulgar para alguém😘🔪

Sentiram o clima???? Eu também.

Não se esqueçam de votar <3

Até semana que vem, beijo.

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