0.5
Oioi
boa leitura
amo ocês
Louis estava rindo tanto que o medo de perder o movimento das bochechas começou a aterrorizá-lo. Vovó Styles estava contando de uma das vezes em que seu marido pediu que fizesse fio terra nele, e claro, comentários como "homem que é homem toma no cú" ou "antes o meu dedo que daquelas barangas oferecidas da Oxford Street" não puderam faltar.
Fred estava sentado ao seu lado na enorme mesa de vidro. Anne e Gemma, ambas acompanhando os rapazes, conversavam e riam animadas; Richard, namorado de Gemma na qual Harry havia comentado, aterrorizou Louis, não pelo olho que tendia a virar para a esquerda mas sim pela voz lenta e profunda que tinha, como aqueles assassinos em série. Vovó e vovô Styles estavam lado a lado, também na enorme mesa, assim como alguns tios e primos de Harry, mas nenhum familiar de Raquelle – graças a Deus – já que Gemma e Louis estavam fofocando a respeito da dama, descaradamente.
- Vovô, como o senhor pede uma coisa dessas para a vovó? – uma das primas de Harry gargalhou entre as palavras, assim como todos na mesa, não só alegres pelas histórias mas pelas cinco garrafas de champanhe rosé que já foram esvaziadas.
- Ah, querida, um homem tem suas necessidades. – dando de ombros, vovô riu. – Mas meu anal está prejudicado. – fazendo um bico, vovô fez sua mulher rir irônica.
- E por causa disso, sobra pro meu anal. – revirando os olhos, vovó desencadeou mais uma crise de risos na mesa, que logo foi cessada por um silencio; Raquelle e Harry iriam falar.
Ambos combinavam muito; Louis tinha que admitir. As mãos dadas e a livre segurando taças de champanhe, Harry mexendo no longo cabelo, os lábios para dentro da boca, nervoso e as bochechas levemente coradas. Que homem, Louis pensou ao fechar a boca na qual nem notara que tinha aberto.
- Primeiramente, gostaríamos de agradecer a presença de todos à nossa humilde casa. – uma salva de palmas abafou o comentário irônico de Fred ao dizer "Se essa é a humilde casa, imagina a ostentação", Louis evitou a gargalhada enquanto bebericava seu champanhe, os olhos ainda fixos em Harry e seus olhos azuis. – Todos aqui presentes importam muito, tanto para mim quanto para Harry. Gostaríamos também, de agradecer não só aos familiares mas aos amigos, consideramos vocês nosso sangue, e agradecemos o apoio profissional e pessoal que têm nos dado nos últimos anos. – outra salva de palmas e gritos. Louis encarou Harry, o movimento nervoso que fazia com os dedos. E então, ele deu um passo a frente.
- Sejam bem vindos, falo não só por mim mas pela minha bela noiva, estamos contentíssimos de poder compartilhar esse momento com vocês, nossos entes mais queridos. – salva de palmas e um suspiro disfarçado de Louis, que tinha os olhos fixos nos lábios finos e rosados de Harry, o movimento preguiçoso que faziam ao falar. – E sem mais enrolações, gostaríamos de anunciar algo que a algum tempo estamos querendo dizer, e que finalmente podemos anunciar. – Harry encarou Raquelle, os olhos de ambos brilhavam. Deram as mãos e, suspirando, Harry prosseguiu. – Finalmente definimos a data do nosso casamento. – o coração de Louis falhou uma batida. A visão ficando embaçada conforme ele mantinha fixo o olhar nos olhos verdes de Harry, que não devolveu o olhar, ocupado demais beijando a noiva. – Após vários meses de planejamento, decidimos que queremos algo familiar e privado. E então, chegamos à decisão de que todos aqui presentes, sem exceções, irão nos acompanhar em uma viajem matrimonial. – o sorriso largo de Harry fez Louis engolir o choro preso na garganta, as mãos tremiam. Ele não via nada além dos olhos verdes, ainda sem encontrar os seus. E prosseguindo, Harry terminou de apunhala-lo nas costas. – Daqui sessenta dias, embarcaremos em uma viajem para o Hawaii, serão duas semanas e tudo pago, cortesia nossa como forma de agradecimento pelo apoio durante todos esses anos, e claro, uma cerimônia privada na praia. E não se preocupem, quando sairmos para lua de mel, poderão permanecer em Hawaii ou voltar para Londres, critério pessoal. – um murmúrio coletivo preencheu o ambiente após as palmas, e Harry abraçou Raquelle, beijando-a enquanto uma garrafa de champanhe era aberta para comemorar. Louis desviou o olhar.
Seu coração estava falho e ele se sentia doente, prestes a desmaiar. Gemma o encarou preocupada mas ele nem deu atenção, se levantou e cambaleou para fora da casa após dizer para Fred que iria fumar, ignorando a preocupação do namorado. Esbarrou em algumas pessoas e ao chegar ao lado de fora, sentou na escada dos fundos da casa, perto do jardim na qual ele e Gemma acharam a flor amarela. Sua cabeça pesava e ele se sentia apunhalado, as mãos soavam e tremiam, os olhos azuis estavam apagados mas ele se recusava em derramar uma lagrima sequer, os lábios tremiam e ele ofegava, o coração doendo penosamente dentro do peito. Seu olhar abaixou, pesado demais para aguentar de olhos abertos e com a cabeça erguida, e após minutos em silencio, finalmente os abriu novamente; e algo pegou sua atenção.
Uma flor amarela igual àquela que Gemma havia dado para Louis estava jogada no chão, amassada e suja. Ele a encarou por algum tempo até esticar os dedos para pegá-la, e uma voz o impediu.
- Não. – rouca e lenta, profunda. Louis recolheu o dedo e abaixou a cabeça, não querendo que Harry o visse daquele jeito. O cacheado arrancou outra flor amarela e a estendeu para o menor, que não mexeu um musculo para pegá-la. – Louis, por favor. – ignorado, Harry sentou ao lado do menor, suspirando enquanto rodava a flor nos longos dedos. – Vai me dizer o que o levou à se levantar e sair da festa? - Louis nada respondeu. Harry suspirou novamente enquanto negava com a cabeça, frustrado. – Bom, vejo que não quer falar comigo, mas vou dizer mesmo assim. – Uma pausa para ver se o menor reagia, mas Louis se manteu calado e imóvel. – Estava noivo de Raquelle à quase oito meses, sendo que já estávamos namorando por mais de três anos, e sabe por que não havia marcado uma data ainda? – Louis nada disse e Harry encarou a flor amarela em seus dedos. – Não tinha certeza se realmente queria me casar com ela. – Harry se calou, o coração apertado. Louis finalmente ergueu a cabeça, os cabelos tapando os olhos azuis apagados.
- E o que fez você mudar de opinião tão rápido assim? – a resposta veio como uma flecha, rápida e certeira.
- Você. – os olhos azuis mergulhados na imensidão verde; como se uma densa floresta esverdeada encontrasse um belo e puro oceano, misturando-se em um só; a floresta sendo engolida pelo oceano e o oceano sendo consumido pela floresta, juntos e presos para sempre.
Louis, com a cabeça curvada para de Harry, afim de escutá-lo, praguejou de surpresa. O maior apenas sorriu, uma longa e curva mecha de cabelo caindo sobre os olhos, e Louis não hesitou em coloca-la suavemente atrás da orelha.
- Como têm certeza que foi eu? – o sorriso arruinou a face rígida do maior, dando lugar às covinhas angelicais.
- Sempre é você, não é mesmo? – Louis não desviou o olhar, e só agora percebera que sua pequena mão ainda estava repousada na orelha do maior, a palma encostada na bochecha, firme. – Louis, hoje, pude ver coisas que jamais poderia ter cogitado que aconteceria, e pensei em coisas que nunca foram o meu forte, mas que terão que ser a partir de agora.
- Uma faculdade de Economia, Contabilidade e Advocacia e eu ainda não compreendo o que diz. – Harry alargou o sorriso enquanto Louis começava um carinho preguiçoso na bochecha do maior, que fechou os olhos.
- O que quero dizer é que hoje pude ver o quão feliz é com Fred. E que, talvez, seja hora de amadurecer e fazer a coisa certa. – Louis parou o carinho, encarando sério o homem à sua frente, que ainda mantinha os olhos fechados. – Louis, fez tanto por mim, tanto pela minha felicidade, e está na hora de retribuir. Não serei egoísta a ponto de tirar sua felicidade só para garantir a minha. Vou me casar com Raquelle e irá continuar com Fred, sem corações partidos e sem discussões, apenas amizade.
Louis se afastou de Harry, levantando enquanto sentia tudo ao seu redor desfocando novamente. O maior finalmente abriu os olhos, o encarando com pesar.
- Como tem a coragem de me dizer, depois de tudo que fez, que reconhece o tanto que fiz para a sua felicidade? – Harry mordeu o lábio. – Quando trabalhei até não aguentar mais só para garantir sua empresa, não me agradeceu pelo que fiz por você; e agora, quando nos reencontramos após tantos anos, ainda tem a audácia de dizer que reconhece o que fiz para você? Ótimo, dez anos depois. Quanto tempo vai levar para reconhecer o que sinto por você?
- Louis...
- Não. – erguendo o dedo, Louis o encarou seriamente. – Harry, o que passa na sua cabeça? Amigos? Sabe o inferno que vai ser ter que ver você e aquela mulher perfeita juntos o tempo todo por duas semanas? Já parou para pensar em como vou me sentir quando estiverem no altar? Ou o que? Vai me convidar pra ser padrinho agora?
- Louis...
- Não sei o que pensa, sinceramente, pois é obvio que isso não vai dar certo. Só está pensando em você e...
- Louis...
- Na verdade, nem está pensando por que se estivesse, pelo menos te...
- Louis! – Harry juntou ambos os corpos, as enormes mãos na bochecha do menor enquanto ele o obrigava a encarar seus olhos. – Se quer mesmo saber no que tanto penso, é você. Você é o motivo pela qual vou me casar, você é o motivo pela qual sou bem sucedido, você é o motivo pela qual aguento o Fred, você é o motivo pela qual estou fazendo tudo isso, sei que estou pedindo muito ao querer que permaneça e veja tudo, mas tudo que quero é tê-lo por perto. Por favor, sejamos amigos, fique sempre perto de mim, não vou aguentar uma década em você novamente.
Louis o encarou sem reação, e tudo que fez foi se afastar das mãos de Harry, o olhar perdido enquanto o coração doía. Harry abriu a boca, prestes a falar mais coisas, e Louis suspirou.
- Pensarei no seu caso. – a voz falha quebrou o coração de Harry em mil pedaços. Louis deu meia volta e começou a caminhar para ir embora, mas Harry não iria deixar. Segurando com delicadeza seu braço, o virou para ele, colando seus peitos bruscamente, aproximando perigosamente seus rostos.
A mão de Harry estava na cintura do menor, a outra na bochecha. Louis tinha o olhar meio desfocado, apenas fixo no verde intenso á sua frente.
- Harry-y...
- Não vai ter que esperar mais uma década para que eu perceba o que sente por mim. – Louis não mexeu um musculo. – Só peço que mantenha esse sentimento vivo.
Louis assentiu lentamente, os olhos vidrados. Harry massageou a bochecha do menor, os narizes se encostando e a proximidade aumentando. Louis estava tonto devido aos batimentos acelerados e quando as testas se encostaram, ele se deu conta do que estava fazendo.
Ia mesmo beijar Harry após tudo que ele havia feito?
Se alguém lhe diz para não pensar em rosas, você automaticamente vai pensar em rosas, porque não podemos impedir impulsos. O mesmo valia para Louis e Harry.
As enormes mãos de Harry juntaram mais seus corpos, e uma explosão de sentimentos explodiram quando os lábios se encostaram, irradiando calor para tudo ao seu redor. As línguas em sintonia enquanto matavam a saudade de dez anos, as mãos ágeis de Harry apertando a cintura do menor enquanto a outra acariciava a bochecha esquerda do mesmo. As mãozinhas pequenas de Louis que puxavam a camisa de Harry, tentando fundir os corpos em um. Os narizes que se roçavam enquanto as bocas friccionavam-se sem pudores ou limites. A imensidão azul que não mais inundava a imensidão verde devido ao prazer intenso que os impedia de abrir os olhos. Os corações acelerados contrastavam ao serem sentidos através das blusas e peitos colados. As respirações ofegantes que tendiam em acabar com a brincadeira de ambos. E por fim, um sentimento que transbordava em tudo e todos, mostrando-se sem barreiras ou restrições.
Quando o beijo foi cessado, Harry, ainda de olhos fechados, sacou a flor amarela do bolso da calça, na qual havia colocado, e pôs atrás da orelha de Louis, beijando a testa do menor.
Louis suspirou. Ele havia traído Fred. E não se sentia tão mal quanto deveria.
Separando-se de Harry, Louis deu meia volta e correu dentre os campos de flores do jardim bem cuidado da mansão Styles. Um adorável e belo homem sendo acompanhando por adoráveis e belas flores. A flor amarela caindo no chão durante o trajeto. Harry suspirou. O coração ardia em dor e angustia, e ele só pôde fazer uma coisa.
Voltar pra dentro e procurar sua noiva, o casamento ainda estava de pé.
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