Capítulo 29: FINAL
REENCONTRO
Naquela manhã, o sol estava aquecendo as flores de um maracujazeiro, deixando que as abelhas realizassem suas atividades de recolher o pólen e fazer uma festa com os zumbidos. As nuvens estavam espalhadas no céu azul, sinal de que não haveria chuva tão cedo. Otávio exalou o aroma adocicado de hortelã, relembrando a primeira vez que esteve lá.
- Com licença, seu Otávio? Não quer beber uma limonada geladinha? A geleia fui eu mesma que fiz!
Dona Cecília, com seu jeito acolhedor e maternal, chegou com uma bandeja, com fatias de bolo, geleia de abacaxi e uma jarra com limonada e dois copos. Se inclinou, pousando a bandeja na mesinha de vime ao lado da cadeira que fazia conjunto com outra e a mesinha.
- Obrigado, dona Cecília. Por ora, só desejo observar aqueles pardais lutando pra qual deles conseguem carregar a maior migalha de pão. – Sorriu, sem desviar o olhar.
- O senhor é um poeta! – Sorriu. - Vou deixar aqui, caso a sede faça o senhor mudar de ideia!
A risada gostosa da gentil senhora, contagiou-o. Se ajeitou na cadeira, esticando o braço, se servindo de um copo com líquido gelado.
- A senhora pode me chamar de Otávio, dona Cecília. Não precisamos de tanta cerimônia, não é mesmo?
- Você é um bom menino, Otávio. Nunca perca a esperança, está bem? – Ela falava com bondade no olhar. – Quando você menos esperar, aquele menino vai estar entrando pela porta, com seu jeito tímido, vindo em sua direção, com um belo sorriso!
- A senhora consegue arrancar um sorriso de qualquer um que entrasse por aquela porta, dona Cecília. Muito obrigado. – Sorriu de volta. – Sua limonada é a melhor do mundo!
- Vou fingir que acredito, hein! – Falou, dando leves batidas em seu ombro. - Agora, preciso atender um grupo de estudantes. - Ela se afastou com um sorriso no rosto, deixando-o pensativo sobre as palavras dela.
Otávio continuou sentado por um bom tempo, se refrescando com a bebida e se deliciando com o revoar dos pardais e das abelhas. Fitou as gotículas no copo vazio de limonada, passando o dedo, distraído. Largou sobre a mesa, onde dois círculos de umidade, faziam um oito. Soltou um suspiro, se lembrando do garoto, de cabelos cacheados.
"O que será que você está fazendo, meu anjo?" – Pensou, já se levantando.
Ele não tinha ideia do que fazer em seguida, mas apesar de tudo, queria continuar na pousada até tomar coragem e procurar por Maurício. Ainda temia que algo pudesse acontecer com o garoto, se se aproximasse dele. A última coisa que desejava era vê-lo passar por todo aquele trauma novamente. O pior era achar que, agora depois de tanto tempo, Maurício preferia que ele não aparecesse mais e tentar ir levando a vida sem sua presença.
Foi andando em direção a pequena estufa, onde dona Cecília protegia suas delicadas flores, durante o ano todo. Havia antúrios, crisântemos e lindas orquídeas. Todas nas mais várias cores e todas cuidadas com dedicação e carinho pela Amada e a dona da pousada. Ele passeou entre aquela variedade de cores e o perfume que exalava, era refrescante e foi automaticamente acalmando seus pensamentos já tão embaralhados.
Nem percebeu quando a jovem de cabelos negros recostada na entrada da estufa e, de braços cruzados o observava.
- Olá? – Disse, finalmente.
- Amadinha! – Sorriu. – Faz muito tempo que está aí parada, olhando este homem da cidade, perdido entre as flores?
- Seu bobo! –Riu. - Eu estava procurando por você e, encontrei! – Fez gesto com as mãos, na direção dele.
- Precisa de mim para alguma coisa em especial? – Franziu a testa.
- Não. É você que precisa de mim!
Ele ficou a encarando, sem compreender aquelas palavras. Mas, de uma coisa ele sabia. Era algo para ele se distrair e, definitivamente, não iria desistir até que ele aceitasse. Arriscou ignorar sua intuição.
- Certo... – Cerrou os olhos. – E como preciso de você?
- Hum... Estou aqui, pensando...
- Já estou até com medo. – Disse, colocando as mãos na cintura. – Manda ver! Me joga suas intenções na cara, logo de uma vez!
- Por quem me toma, senhor? – Arregalou os olhos, fingindo estar ofendida.
- Fala logo, sua manipuladora mirim! – Foi até ela, abraçando-a. – Para onde quer me arrastar?
Ela se afastou um pouco e o encarou com um sorriso largo. Dava para ver no brilho dos olhos dela, que estava realmente aprontando, mas até que estava precisando sair um pouco e se distrair. Lembrou-se de Renato, o guia simpático, que conheceram da outra vez que esteve lá e sua gatinha peluda. Independente do que fosse, estava decidido a embarcar numa aventura com ela.
- Tenho planos para amanhã. Preciso que aceite, porque a vovó não vai me deixar ir sozinha.
- E o que esta sua cabecinha está tramando, afinal?
- Vamos sair daqui e sentar lá na rede? – Piscou pra ele, saindo na frente.
Ele riu, seguindo-a até a varanda arejada e protegida pela meia-água de telhas. Ali, havia três redes xadrez e com franjas, além de poltronas de vime com almofadas confortáveis. A vista dava para as árvores frutíferas e no horizonte, os morros ao longe tinham tonalidades monocromáticas. Parecia uma pintura de tão perfeita.
Sentou em uma das redes, enquanto ela puxou um banquinho estofado para mais perto dele, como se fosse confidenciar algo.
- Então! – Começou. – Você sabe que chegou um grupo de estudantes do Rio, certo?
- Certo... – Falou, desconfiado.
- Eles irão acampar no fim de semana que vem e eu estou afim de ir amanhã.
- E onde eu entro nesta história?
- Eu convidei Renato para acampar comigo! Mas minha avó só me deixa ir, se você for junto! – Ergueu os braços em rendição. – Ela foi categórica! É para te levar junto, para que se distraia um pouco e eu não corra "perigo" algum. – Falou, dobrando os dedos das mãos, indicando aspas dando ênfase a frase.
- Mas, quantas vezes você já fez isto e ela nunca a proibiu? Não faz sentido algum, Amada.
Ela bufou, olhando para os lados, na tentativa de procurar alguma desculpa, já que ele tinha razão, já que já fez outros acampamentos e nunca foi proibida.
- Não sei, Otávio! Acho que é porque tem um bando de universitários. – Falou, olhando-o no fundo dos olhos. – Vai me ajudar ou não?
- Como eu poderia dizer não pra você? – Sorriu. – És a pessoinha que mais me ajudou durante todo este tempo e na verdade, estou precisando me ocupar. Renato está de acordo que eu vá?
- Pessoinha, seu bobão? – Riu alto. – E foi o que pensei mesmo! E ele já concordou e adorou! Vai ser legal nós três se jogando naquele lago da cachoeira, fotografar tudo, inclusive esta que vos fala, óbvio! – Riu.
- É óbvio! – Falou, com ar afetado.
Riram juntos, selando assim o compromisso de acamparem os três juntos na manhã seguinte.
Assim que chegou sábado, Otávio acordou bem mais cedo que pretendia, tomou um banho demorado e foi organizar a mochila para acampar com Amada e Renato. Do seu quarto, podia ouvir o burburinho dos jovens e as risadas contagiantes que enchiam a pousada de uma alegria renovada. Por um momento lembrou-se daquela risada gostosa do seu anjo. Sentou na beira da cama, suspirando.
Pegou o celular, na intenção de ligar para Carlos e marcar de ir até a cidade e ver Maurício. Não entendia o silêncio do amigo durante toda a semana e isto o deixava aflito.
"Onde diabos você está, Carlos?" – Pensou, encarando o celular nas mãos.
Começou a digitar o número do amigo e esperou a ligação completar, impaciente. De repente, ouviu uma batida leve na porta e sabia que era Amada, pela forma delicada dela bater. Foi até lá e abriu a porta, sem largar o celular, esperando que Carlos atendesse.
- Vou te esperar lá embaixo, com o Renato, ok? – Cochichou com um sorriso, saindo em direção a escada.
Ele assentiu com a cabeça, fechando a porta novamente ao ouvir a voz do amigo do outro lado do celular.
- Onde você está, infeliz? Eu estou aqui, esperando você me ligar e dar alguma notícia do meu amado! Por que esse silêncio todo? O que realmente está acontecendo, afinal? - Percebeu que estava elevando o tom de voz. Tentou se controlar, respirando fundo e soltando o ar devagar. – Desculpe. Só me dê notícias dele, meu amigo?
- Cara, eu sei bem que você deve estar aflito e preocupado, cheio de saudades. Mas, não estou conseguindo conversar a sós com Maurício. Ele está sempre na companhia daquele azulado insuportável! – Mentiu. – Mas, não vou desistir de falar com ele. Não se preocupe.
Otávio suspirou longamente, voltando a se sentar. Já deveria ter adivinhado que Augusto faria isto. De se aproximar do Maurício e tentar algo. Ficou calada, pensando em tudo que aconteceu até ali, sacudindo a cabeça, resignado.
- Otávio? Você tá aí, cara? – Falou.
- Desculpe-me, eu me distraí com meus pensamentos. Olha só, Carlos. Deixe-o viver a vida dele. Ele já passou por tantas coisas e, de repente sair e se distrair com alguém na idade dele será melhor. – Suspirou. – Não procure ele, somente para falar de mim, sim? Deixe que ele pergunte, mas não diga onde estou.
- Mas, não entendo... Era tudo que você tanto queria. Estou confuso. – Carlos, de maneira convincente, falava como se não compreendesse aquela atitude. Mas, no fundo ele já sabia que seria esta a reação do amigo.
- Agora, preciso desligar, Carlos. Amada e eu vamos acampar e, antes que você diga asneiras, o tal Renato irá conosco.
- Quem é este Renato, afinal? – Perguntou, sem muito interesse.
- O guia. – Disse somente. – Vê se te cuida, ok? E não deixa nada acontecer de ruim com meu anjo.
- Pode deixar, meu amigo. Bom passeio pra vocês e manda um abraço meu para dona Cecília e pra Amadinha também!
- Darei seu recado. Tchau, cara! – Desligou.
Após desligar, jogou o celular na cama e pegou sua mochila. Olhou ao redor, pra ver se tinha esquecido de alguma coisa e confirmando que não, saiu do quarto, decidido a se divertir um pouco.
"Vai ser legal sair um pouco e ficar curtindo a natureza" – Pensou, colocando a mochila nas costas e indo em direção a escada.
Passou pela sala e viu um grupo barulhento e alegre, conversando sobre um passeio no museu da cidade mais próxima. Otávio sorriu ao ouvir pequenos trechos da conversa animada e carregada de sotaque carioca. Aqueles jovens fizeram com que se lembrasse do seu anjo e do perfume que aqueles cachos tinham.
- Vamos, Otávio? Renato já está nos esperando! – Amado falou bem empolgada, tirando-o de seus devaneios.
- Então, vamos. – Disse, sorrindo. – Vou atrás pra não separar o casalzinho!
- Ei! – Protestou, dando risada. – Eu e ele não somos um casal! Ainda...– Piscou pra Otávio, puxando-o para fora de casa.
Assim que chegaram, Otávio e Renato procuraram um lugar arejado, para montar as três barracas, com certa distância uma da outra, o local correto para fazer uma pequena fogueira e também uma mesa e cadeiras debaixo de uma árvore com sombra generosa. Deixaram o veículo numa certa distância, onde usavam como estacionamento.
Amada, como já era esperado, estava tirando o vestido e se preparando para cair na cachoeira, aos gritos de alegria, chamando pelos dois, numa algazarra contagiante.
Otávio ficou sentado num velho tronco, rindo das brincadeiras do casal, que se divertiam no lago, com brincadeiras e mergulhos. Teve vontade de mergulhar também, mas não queria estragar o momento dos dois, então, resolveu pegar a câmera e fotografar a beleza natural ao seu redor.
- Vem, Otávio! A água tá bem fresquinha! Se joga, cara! – Gritava Renato, no meio do lago.
- Vem, logo! – Incentivava a amiga.
Ele só acenava, enquanto fotografava os dois e a bela cachoeira, atrás do casal. A manhã estava agradável e o horário do almoço já se aproximava, fazendo com que os três se reunissem em volta da mesa, à sombra de uma árvore frondosa. Conversavam sobre vários assuntos e nenhum dos dois tocavam o assunto sobre Maurício; coisa que fez Otávio, intimamente agradecer, pois não saberia como reagir e também não queria estragar aquele dia que começara tão bem. Estavam os três se deliciando com os bolinhos de peixe, salada variada e arroz, que dona Cecília havia preparado para os três, além de sucos e frutas.
- E o que você pretende fazer quando voltar a civilização, Otávio? – Perguntou Renato.
- Bem... Eu acho que, antes de me decidir, vou viajar. – Falou, largando sua marmita sobre a mesa. – Quero visitar uma família e tentar reatar alguns laços.
Amada apenas olhava em silêncio. Depois de horas conversando com ele, sabia bem que laços eram aqueles e o apoiava. Nunca era tarde para conhecer seus parentes de sangue. Mesmo que não superasse suas expectativas, ele tinha este direito. E, se ele quisesse voltar, teria amigos de braços abertos, esperando por ele.
- Carlos vai com você? – Perguntou de repente.
- Não, Amadinha. Ele tem o negócio dele e não acho certo arrastá-lo para mais problemas! – Riu, constrangido. Soltou um leve suspiro, se recostando na cadeira.
- Ele é um bom amigo, Otávio. – Disse Amada.
- Que tal eu pegar meu violão agora e tocar algo bem legal? – Renato falou, pra quebrar o gelo.
- Ah, não! – Protestou a menina, rindo. – Eu acabei de almoçar e não desejo uma indigestão!
Os três acabaram rindo. Ficaram assim, por um tempo, aproveitando o resto da manhã, falando sobre o que fariam no dia seguinte e do grupo novo que estavam hospedados.
Aos poucos, a preguiça e a sonolência, após almoço foi dominando o trio e cada um foi se dirigindo às barracas, para descansar. Tinham planos de, mais tarde, realizar uma exploração mais a fundo da floresta, onde Renato conhecia bem e os levaria para fotografarem, antes de voltar para a cidade.
- Loirinho lindo do meu coração, não ouse interromper meu descanso da beleza! – Falou, apontando na direção do Otávio. – E isto vale pra você também, Renato!
Assim que falou, entrou em sua barraca, arrancando risadas do guia, que entrava na sua barraca e dando um até logo para o loiro.
"Bom! Não me resta mais nada, além de ir dormir um pouco, antes de continuar esta aventura." – Pensou, se dirigindo para a sua, que ficou mais afastada que as outras duas.
Logo que se ajeitou, confortavelmente no colchão, adormeceu em seguida. Foi um sono tão pesado, que quando despertou, se assustou, sem saber que horas deveria ser, sentando e passando as mãos pelo cabelo. Estava suado e pela claridade, o sol deveria estar bem onde sua barraca estava. Resmungou antes de sair da barraca e ir ver o que aqueles dois estavam aprontando.
Foi na direção da barraca do Renato, chamando por ele, mas para sua surpresa, não havia ninguém lá.
- Mas que diabos... – Sussurrou, surpreso.
Olhou em volta e resolveu ir até a barraca da amiga, também não tendo sucesso em encontrá-la, por lá.
- Onde vocês se meteram? – Cruzou os braços. – O que vocês dois estão aprontando? – Disse, já preocupado com Amada. – Sua avó vai te matar, Amada! – Falou, colocando as mãos na cintura, alarmado.
Foi até onde o jipe estava estacionado e para seu desespero, ele também havia sumido. Olhou em volta, dando alguns passos na direção do lago e nada dos dois. Resolveu se sentar e esperar por eles.
"Onde será que eles se meteram? E como vou voltar, se nem eu sei como sair deste mato? Vou matar vocês dois!" – Pensou, alisando os cabelos, irritado.
De repente, ouviu o som de um veículo se aproximando. Levantou de onde estava sentado, pronto para xingar o casal, mas ao ver que não era eles dois que vinha pela clareira, teve que sentar no tronco novamente.
Atordoado, piscou várias vezes para crer que o que via era real. Mas a vida não seria tão cruel a ponto de iludi-lo com o que mais desejava. Seu coração não suportaria. E como por efeito, aquele que lhe causava o mais sublime dos sentimentos, se aproximou a passos lentos e hesitantes, parando diante dele.
Nada além dos olhares em sintonia com todas as emoções implodindo na alma, cujo brilho de ambos eram como se fossem estrelas.
Otávio recuperou posses de seus movimentos e ergueu-se. Levou as mãos sôfregas, segurando o rosto do jovem entre elas, tendo a certeza de que não era apenas miragem, causada pela saudade, soltando por fim, o ar que estava preso.
- Meu anjo... – Disse, apenas.
Ele estava ali, na sua frente, não era um sonho. Tão perto que era possível se enxergar através daqueles olhos úmidos e ver toda a miríade de sentimentos que o garoto carregava. Da mesma forma, o mais novo podia olhar o mais profundo da alma do mais velho, pois Otávio transbordava todo amor que julgava ter que guardar somente para si, permanentemente.
- Sim. Sou eu, meu amor. – Se jogou em seus braços.
Um abraço que dizia que não foi fácil para nenhum dos dois tudo que tiveram de passar, no entanto, todo espinho do trajeto os uniu mais ainda. Que dizia que estavam onde deveriam estar.
Otávio se afastou o suficiente para olhar seu amado, mas não é a distância que seu anjo desejava, pois este fechou o curto espaço em um beijo. O toque dos doces lábios e os dedos do mais novo que apertava suavemente sua nuca, despertaram as chamas mais abrasadoras, fazendo Otávio perder qualquer resistência e ofegante de desejo, pegou-o no colo, indo em direção a barraca.
A falta que sentia era tão imensa que machucava seu peito e naquele momento, só pensava em ter seu anjo em seus braços. Sentir o calor do corpo dele, perto do seu, só fez com que o amor aumentasse. Já não se lembrava mais dos outros dois, que sumiram e desconfiava que tudo tinha sido uma armação para ficarem a sós. Sorriu, afinal.
Maurício sentiu a perna pressionando sua virilha e naquele momento comecei a sentir uma sensação diferente e um calor percorreu o seu corpo. Uma eletricidade foi tomando conta dele e já totalmente sem fôlego, conseguiu murmurar no ouvido do loiro a vontade de fazer amor com ele. Então, de maneira carinhosa, já no interior da barraca, Otávio abraçou -o por trás, enfiando a mão por dentro da camiseta do garoto, alisando seu peito, fazendo-o gemer baixinho. Sua boca úmida, ia depositando beijos e leves mordidas em sua nuca, orelha e pescoço.
- Está com medo? – Sua voz rouca de desejo, mal foi ouvida pelo garoto, que sentia o desejo aumentar, deixando totalmente entregue às carícias do seu amado.
- Não pare... – Sussurrou, virando seu rosto para receber os lábios sedentos de Otávio.
Em seguida, Otávio se afasta o suficiente para tirar sua camiseta e guiando o outro até o colchão, se inclinando sobre ele e delicadamente, beijando seu pescoço e descendo pelo peito. Olhou-o com carinho e, lentamente, foi tirando o calção e a cueca do Maurício, parando para beijar seus lábios, alisando seus cachos. Seus movimentos eram suaves, para não assustar o garoto, fazendo com que aquele momento fosse mágico para ambos.
Queria que o outro também sentisse o quanto desejava-o, mas sem pressa. Cada parte de Otávio, até mesmo as mais ínfimas, se transformava enquanto seu amado tocava-lhe timidamente, ainda descobrindo prazeres ocultos. Maurício sentia que tudo à sua volta desapareceu, existindo apenas a avassaladora sensação de ser amado, ouvindo os murmúrios de paixão que o seu loiro emitia e as batidas frenéticas de seu coração. Cada momento, se tornava mágico, a melhor experiência para os amantes.
E quando finalmente seus corpos se uniram em um encaixe perfeito, foi como se a Terra parasse. Para Otávio, foi a experiência mais intensamente prazerosa, que jamais foi capaz sentir outrora. Para Maurício, não era apenas seu corpo sendo possuído; era sua alma que em êxtase, se entregava com a mesma gana de volúpia.
E assim, agarrados um no outro, se fundiram no ápice da paixão que os alcança, levando-os à deriva e deixando-os cair em uma explosão de prazeres reluzentes. Agora eram apenas um só, numa união sem volta.
Ficaram abraçados em silêncio. Seus corpos nus, sem pudor ou medo, se deixaram banhar pela plenitude daquele amor e assim, por um tempo buscando estarem de volta à Terra. Maurício sorria, enquanto seus olhos pousavam em seu amado, sentindo todo amor que tinha pelo outro se moldando em cada uma de suas células e Otávio, se acalmando como um rio que termina num suave córrego. Ele tinha certeza que estava unido ao seu anjo irrevogavelmente.
Algum tempo depois, Maurício adormeceu suavemente no peito do loiro, que alisava seus cachos bagunçados e grudados na testa. Não queria despertá-lo, mas precisavam se levantar e tomar um banho. O dia já estava quase se despedindo e a vontade dele era de continuar assim, para não quebrar o encanto.
- Amor? – Sussurrou. - Meu anjo, vamos tomar banho na cachoeira?
- Não... Não quero me mexer...- Resmungou baixinho.
- Então, terei de ir sozinho? – Falou, beijando sua testa úmida pelo calor.
Maurício se ajeitou no peito do loiro, beijando-o demoradamente. Olhou para ele em seguida, com um sorriso lânguido. A felicidade estampada em seu rosto era tão visível, que fez Otávio querer repetir a dose, de algumas horas atrás. Mas, se lembrou que até aquele momento, nenhum dos dois comeram qualquer coisa e sentiu seu estômago reclamar.
- Otávio! – Riu, se afastando. – Que barulhão foi este? – Apontou para a barriga do outro, ajeitando o cabelo que teimava em cair nos olhos.
- Tô com fome, ué! - Disse, se erguendo e puxando o calção. – Também preciso comer, né? Gastei todas as minhas energias! – Riu.
Foi até onde suas roupas estavam espalhadas pelo chão e vestiu seu calção, abrindo a barraca. Se virou para o garoto que também colocava o seu.
- Vamos cair na água e comer alguma coisa? – Disse, sorrindo
Maurício passou por ele, correndo em direção ao lago da cachoeira, berrando antes de se jogar nela. Otávio imitou o namorado, dando um mergulho e agarrando Maurício pela cintura e beijando-o. Logo, estavam se amando novamente na água morna.
Já era noite alta e os dois, depois de comerem o que Amada havia deixado num isopor térmico, deitaram numa manta estendida na grama. Estavam abraçados, admirando a lua e as estrelas.
- Lembra do cubo que você me prometeu abrir, quando a gente se visse novamente? – Disse Maurício, acariciando o cabelo macio do amado.
- Claro que lembro. – Falou, beijando sua testa. – Você ainda o tem?
O garoto assentiu, com um sorriso. Se aninhou nos braços de Otávio, sentindo o coração bater no mesmo compasso que o seu.
- Você quer quebrá-lo, agora? – Falou, Otávio, estreitando ainda mais aquele abraço.
- Não. Já não quero mais. Ele representa todo o nosso amor e, toda vez que nós dois olharmos para ele, vamos lembrar de tudo que fizemos pelo nosso amor.
- Por você, faria muito mais, anjo...- Otávio falou, selando aquela jura de amor, num beijo apaixonado.
Assim, os amantes entrelaçados, olhavam o infinito e todas as dificuldades pelas quais passaram, fizeram com que o sentimento nobre entre eles, criasse raízes profundas em suas almas.
(3862 palavras)
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