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e vamos de último capítulo.

votem, comentem e dêem a opinião de vocês.

dêem play na música: Marisa Monte - Depois

boa leitura 💕

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Saio do carro e o vento gelado me traz um arrepio cortante. Abraço meu próprio corpo e minha amiga me puxa pela cintura. Entramos no grande edifício e assim que as portas do elevador se fecham, sinto um nó em minha garganta.

Eu queria sair dali. Queria correr o mais longe que pudesse. Queria voltar no tempo e descobrir onde eu havia errado e se pudesse, consertaria o erro pra não ter que estar nessa situação.

Assim que as portas de metal de abrem, saio dali de cabeça baixa. Larissa estava ao meu lado e sua mão fazia um leve carinho em meu ombro.

Entro na sala e levanto os olhos encarando o local, Ludmilla já estava lá, sentada, com seu advogado ao lado. Daiane também estava com ela pois seria sua testemunha. Caminho cômodo adentro, tentando ao máximo evitar o contato visual, mas meu plano vai por água abaixo quando vejo que minha cadeira estava posicionada de frente pra ela. Me sento ali com advogado ao meu lado direito e Larissa do lado esquerdo.

As duas se entre olhavam, Larissa mantinha a expressão fechada e Daiane parecia tão abalada quanto Ludmilla.

O juiz começa a falar sobre como seria o processo e minha mente vagueia brevemente em todos os anos em que Ludmilla e eu passamos juntas. Todas as juras de amor, todos o momentos felizes e até mesmo os mais tristes. Eu sempre tive a absoluta certeza que ela era o amor de minha vida e de que passaríamos a vida juntas. Haviam tantos planos que fizemos que nunca seriam realizados, tantos projetos, tantas coisas.

Flashback On

- Quanto é? - Ela pergunta com a voz rouca, quase sexy e eu estranho.

- Quanto é o quê? - Eu estava completamente perdida naquela imensidão castanha.

- O girassol.

- Ah! - Encaro a planta que eu ainda segurava. - Claro! Desculpe. São dez reais.

Ela pega a carteira no bolso de trás da calça e tira a nota de lá. Lhe entrego o vaso definitivamente dessa vez e vou até o balcão guardar o dinheiro na caixa registradora. De repente começo a ouvir seus passos e percebo que ela me seguia. Assim que fechei a caixa ela deu a volta no balcão, parando na minha frente. Ludmilla segurou minha mão direita e colocou o vaso sobre ela. Depois fez o mesmo com minha mão esquerda.

- Obrigado por ser sido tão atenciosa e paciente comigo. - Ela se aproxima e sinto minhas pernas fraquejarem. - Boa noite Brunna. - Ela me dá um beijo na bochecha e se afasta ainda sorrindo.

...

Ela levanta sua mão trazendo até meu rosto e sinto meus músculos enrijecerem. Lud tira uma mexa de cabelo que insistia em ficar em minha boca e a coloca atrás de minha orelha.

- Você é linda! - Sinto meu rosto queimar com aquele elogio e abaixo meu olhar encarando minhas unhas. Ouço ela soltar um riso anasalado e então ficamos em um silêncio profundo porém confortável. - Eu adoro vir pra cá esse horário... - Ela diz depois de um tempo.

- Por que?

- A vista! - Ela aponta a nossa frente e então encaro o mesmo que ela.

O sol da tarde já começava a baixar e pintava o céu com tons de laranja, amarelo e violeta. Alguma nuvens deixavam um rastro por ali e toda aquela beleza se refletia na água do mar calmo. A brisa batia de leve fazendo nossos cabelos dançarem levemente e o cheiro da água salgada nos embriagava. Fecho os olhos por alguns instantes somente apreciando aquele som das águas indo e vindo molhando a areia e trazendo uma sensação de paz e tranquilidade instantânea.

- Acho que nunca vou me cansar de te olhar... - Ouço sua voz rouca invadir meus pensamentos e a encaro.

Lud mantinha aquela mesmo sorriso charmoso em seus lábios e seus olhos brilhavam intensamente com a luz do sol sob eles.

...

- Você também me chamou atenção logo quando nos vimos. - Digo de um vez e ela me encara curiosa.

Não sei de onde tirei coragem pra dizer aquilo. Saiu sem querer me pegando totalmente desprevenida, mas agora era tarde demais para voltar atrás.

- Sério? - Ela pergunta se ajeitando melhor e cruzando as pernas ficando de frente pra mim.

- Sim! - Respiro fundo e e a encaro. - Quando te vi correndo em minha direção confesso que senti medo, mas depois... Depois eu só senti... - Deixo a frase morrer enquanto encarava aqueles castanhos tão intensos.

Ludmilla me observava como se eu fosse a obra de arte mais valiosa do mundo. Seus olhos brilhavam intensamente e sua expressão denunciava o interesse em minhas palavras.

- Sentiu? - Ela pergunta se aproximando ainda mais e meus olhos migram para aqueles lábios que pareciam tão macios e saborosos.

- Senti... Vontade... - Ludmilla continuava se aproximando e era cada vez mais difícil controlar minha respiração, visto que meu coração decidiu sambar dentro do meu peito.

- Sentiu vontade de quê Brunna? - Lud sussurra e fecho os olhos engolindo em seco. - Me fala... - Ela continuava me encarando e assim que nossos olhares se cruzaram novamente, senti um arrepio percorrer todo meu corpo. - Seja lá o que for, eu faço!

Fecho os olhos quando ela fica a milímetros de meu rosto e sinto o calor que sua pele emanava se embrenhando no meu. Seu hálito fresco de hortelã batia contra meus rosto me fazendo suspirar.

- Eu senti vontade... - Senti minha garganta secar e abro um pouco os olhos encarando seus lábios. - Disso!

Me inclino minimamente e selo nossos lábios. E então tudo acontece. Do jeito como havia imaginado. Era apenas um simples roçar de lábios mas que foi capaz de me tirar de órbita. Senti meu corpo levar um leve choque e meu coração palpitar em meus ouvidos devido a pressão. Cinco segundos, foi o tempo que durou aquele selinho calmo. Me afasto levemente dela e ainda de olhos fechados seguro o sorriso que insistia em querer sair. Abro os olhos e encaro Ludmilla que estava da mesma forma que eu, um sorriso satisfeito estava no canto direito de sua boca e lá me encarava com olhos ainda mais brilhantes.

- Engraçado isso... - Ela diz depois de um certo tempo em silêncio.

- Por que?

Lud sorri nervosa.

- Porque eu queria fazer isso! - Antes mesmo que eu pudesse pensar, sinto sua mão se repousar delicadamente sobre minha nuca e ela me puxa para mais perto de si selando nossos lábios novamente.

...

- Sabe... - Sua voz surge, grave, rouca e baixa em meu ouvido me fazendo arrepiar na hora. - Esse vestido valorizou muito seu corpo!

Sinto ela descer dois dedos por minhas costas até chegar em meu quadril.

- Suas curvas são um caminho sem volta pra insanidade. - Ela espalma a mão em minha bunda e vai descendo. - Deus tava muito inspirado quando te desenhou!

De repente sinto um aperto selvagem em minha carne e prendo o ar instintivamente. Fecho os olhos por alguns segundos, ainda tentando manter o equilíbrio. Encaro o visor digital do elevador e ele ainda estava no 12° andar. De repente as portas se abrem e mais um casal entra, dessa vez eram um pouco mais novos que o outro a nossa frente.

- Você alguma vez já fez sexo em um local proibido? - Sinto meu estômago se revirar com sua pergunta.

O tom dela era de pura malícia. Seu hálito quente batia contra a pele exposta de meu pescoço me deixando cada vez mais sensível a seus toques.

- Não... - Respondo com a voz trêmula e falhada tentando manter o volume baixo.

- Eu também não. - Essa foras as palavras que ouvi antes de sentir seus dedos driblarem o fino tecido da minha calcinha de renda.

Mordi o lábio inferior com força afim de controlar o gemido, quando seus dedos deslizaram por entre as curvas de minha intimidade.

- Não sabia que você gostava tanto assim de mim... - Ela diz enquanto fazia uma leve massagem em meu clitóris e eu fecho os olhos com força. - Tão molhada, baby...

Sua mão desce mais um pouco e quando finalmente sinto que iria aprofundar um pouco mais seus toques, a porta do elevador se abre e o bipe toca indicando que havíamos chego. Os dois casais saem e Lud arruma minha roupa antes de se colocar pra fora da caixa de metal.

...

- Deus! Eu te a... - Travo a fala e ela me encara com o cenho franzido.

- Você o quê?

- Nada. - Solto meus braços tirando de seus ombros e caminho pra longe dela.

- Brunna. - Ouço sua voz logo atrás de mim e abro a porta da varanda. Lud pára do meu lado e eu evito ao máximo encará-la. - Tem algo que você queria me dizer?

Respiro fundo tentando manter minha calma. Eu queria muito dizer, mas não sabia se era a hora certa. Ela segura em minha mão e só então percebo que eu estava segurando forte a barra de proteção do parapeito.

- Tem, Bru? - Ela pergunta novamente e eu voz sai branda, calma.

Inspiro o ar mais um vez e a encaro.

- Acho... Que sim...

Ludmilla sorri largo e se aproxima.

- Eu também tenho!

- O quê?

Ela me puxa pra si colando nossos corpos e me beija com calma.

- Que tal se nós duas dissermos juntas, ao mesmo tempo?

- Pode ser. - Digo um pouco hesitante e ela beija minha testa.

- Ok. 1... - Sinto meu coração acelerar e aperto um pouco mais meus braços ao redor de seu pescoço. - 2... - Ela me dá outro selinho e volta a me encarar. - 3!

Fecho os olhos e inspiro fundo buscando toda a coragem que ainda habitava em mim.

- Eu te amo! - Nossas vozes se misturam ao confessar aquilo em uníssono.

Encaro suas órbitas castanhas e o brilho de seus olhos eram capazes de me cegar. Um sorriso involuntário rasga meu rosto e sinto meu coração acelerar batendo desenfreadamente dentro de meu peito.

- Você tem certeza? - Pergunto ainda um pouco em choque ou ouvi-la dizer aquilo.

- Nunca estive tão certa de algo em toda a minha vida!

Meu sorriso se rasga mais ainda e Ludmilla me puxa pra um beijo avassalador. Nossas línguas se misturavam enquanto sorriamos entre o beijo. Eu sentia meu coração pular de alegria e era como se fogos de artifício explodíssem dentro de mim. Nunca, em toda a minha pequena vida, havia sentido algo parecido com aquilo.

- Eu te amo! - Digo assim que ela encerra o beijo e Lud encosta sua testa na minha ainda de olhos fechados

- Eu te amo! - Ela sussurra de volta e ficamos ali presas em nossa bolha.

Sinto seus braços me envolverem ainda mais e respiro fundo tentando amenizar o sorriso que ainda se fazia presente

...

- Bru. - Encaro seus olhos e ela ainda sorria abertamente. - Aceita namorar comigo?

Meu coração estava acelerado. Minhas mãos suavam enquanto eu as sentia tremendo levemente. Minha boca secou do nada e eu não conseguia emitir um único som se quer. A mulher que eu amo estava agora, parada a minha frente, ajoelhada, me pedindo em namoro. O AMOR DA MINHA VIDA TA ME PEDINDO EM NAMORO CARALHO. Ela realmente acha que precisa perguntar? É claro que eu aceito! É óbvio! Eu aceitaria tudo o que ela me pedisse sem nem ao menos pensar duas vezes. Bom, talvez ela ainda não saiba disso... Mas enfim, é claro que eu aceito!

Eu aceito!

Saí de meus pensamentos e a encarei sorrindo. Ludmilla me olhava confusa, olhei em volta e nossas amigas também me encaravam com o cenho franzido.

- Er, Brunna... - Lud me chama e eu volto a encará-la. - Você aceita?

De repente a ficha cai. Eu ainda não tinha respondido. Não pra ela. Não em voz alta. BRUNNA, ACORDA, PORRA!

- SIM! - Minha saiu um pouco mais alta do que eu havia planejado e ela da um leve salto, assustada.- É CLARO QUE SIM, AMOR!

Ela começa a rir e se joga em meu colo me abraçando firme. Entrelaço meus braços em seu pescoço e ela distribui vários beijos em meu rosto.

- AEEEEE! - Daiane se joga em cima de nós duas comemorando.

- Finalmente desencalhou! - Lari faz o mesmo e todas ficamos naquele abraço compartilhado por mais alguns minutos.

As meninas saem de cima de nós e Lud volta a se posicionar a minha frente. Ela tira uma das alianças da caixinha e a desliza em meu dedo deixando um beijinho ali em seguida. Faço o mesmo repetindo seu ato e nos encaramos sorrindo.

- Eu te amo! - Ela diz pincelando seu nariz no meu.

- Eu amo você. - Digo a puxando pra um beijo apaixonado.

- VIVA BRUMILLA, PORRA! - Daiane grita coma garrafa de vinho em mãos.

...

Continuo encarando seus olhos e migro meu olhar até sua boca. Não consigo resistir e beijo seus lábios tentando transmitir todo o amor que eu sentia. Lud segura em minha nuca com a outra mão e eu aperto levemente seus ombros. Nossas línguas dançavam em sincronia, nossos lábios eram praticamente esmagados enquanto nossas cabeças giravam em lados opostos. Seu polegar fazia uma leve carícia em minha bochecha enquanto sua outra mão passeava suavemente em minhas costas. Aos poucos o beijos foi cessando por conta da falta de ar e eu o encerrei com alguns selinhos. Permaneço de olhos fechados e ela cola sua testa na minha. Lud roça a ponta de seu nariz no meu e eu sorrio com o gesto.

- Você é tudo que um dia eu sonhei e nem sabia! - Ela diz com a voz rouca e sinto meu corpo arrepiar devido suas palavras.

- Você é o meu conto de fadas! - Abro os olhos a encarando ela e quase desmaio ao ver aquele sorriso perfeito.

- Seu conto de fadas?

- Sim.

- Como assim?

- Uma história de amor perfeita, onde as duas pessoas se encontram, se apaixonam e vivem felizes pra sempre!

- Nós seremos felizes pra sempre?

- Sim! - Respondo convicta e ela sorri.

- Eu sou capaz de tudo pra te fazer feliz. - Sinto meu coração transbordar com suas palavras.

...

- Brunna. - Ela vespira fundo. - Você que morar comigo?

Meu coração salta em meu peito, batendo forte contra minhas costelas e minha cabeça roda. Eu não acreditava naquilo.

- Ludmilla, se vc tá fazendo isso só pelo quê meu pai te disse... Basta ignorar, ele sempre foi assim...

Perco a fala quando seus lábios se chocam conta o meu em um beijo carinhoso.

- Não é por ele! Eu já tinha essa vontade de te chamar a algum tempo, mas só agora tive coragem. Por favor, venha morar comigo.

- Lud, eu preciso pensar...

- No quê?

- Não sei...Ficaremos juntas o tempo todo, e se brigassemos? E se isso fizesse mal a nossa relação?

- Não vai Bru. E nós só vamos descobrir se tentarmos..

- Mas e a Lari?

- Ela vai ficar bem! Sabe viver sem você. - Ela me encara com aquele sorriso brilhante e eu arfo. - E então? Você aceita?

Respiro fundo e aperto mais seu corpo.

- Ok, acho que podemos tentar... Eu vou morar com você.

Veio seu sorriso se alargar ainda mais e então ela me pega pela cintura e me roda no ar. Solto uma gargalhada alta e ela me coloca no chão novamente, roçando a ponta de seu nariz no meu.

- Eu te amo tanto, Bru!

Inspiro fundo sentido meu coração transbordar.

- Eu te amo mais, Lud!

...

Meu sorriso se alarga ainda mais e eu aperto seus dedos que estavam repousados em minha mão.

- Eu também a amo muito, Marcos!

- Eu sei! E por mais que eu já saiba, quero te pedir. - Ele se vira pra mim, me encarando profundamente. - Cuide bem da minha irmã. Ela já passou por muitas coisas nessa vida e você sem dúvidas, foi a melhor até hoje e provavelmente sempre será!

Sinto meu coração inflar com aquelas palavras e em um impulso, o abraço. Ele devolve o gesto me apertando em seus braços e eu sussurro um "pode deixar comigo" em seu ouvido.

...

- Sabe Brunna, você é diferente. - Ela dá o último trago. - Desde quando minha filha falou sobre você, senti isso em meu coração. Você não é uma garotinha mimada e aproveitadora como aquela víbora que maltratou o coração de Ludmilla. - Meus olhos se arregalam e ela sorri duramente. - Ah sim, eu sei sobre Júlia. E não, ninguém me falou, mas uma mãe sempre sabe. - Assinto concordando e ela segura minha mão. - Você foi como uma luz para escuridão que minha filha estava. Uma garota como você não se deixa escapar e ela sabe disso.

- Obrigada... - Murmuro baixo e ela sobe a mão fazendo um leve carinho em minha bochecha.

- Saiba que sempre que precisar eu estarei aqui. A partir de hoje, você sempre será como uma filha para mim. - Meu olhos lacrimejam e ela beija minha testa. A mulher se levanta e começa a a andar até a escada, de repente ela para e me encara novamente. - Ah, e Brunna. - A encaro com atenção. - Não importa o que aconteça, nunca deixe que nada nem ninguém atrapalhar sua relação com minha filha. O amor de vocês é forte o suficiente para resistir a tudo e inteligente o bastante para sempre procurar pela verdade.

Eu aceno ainda sem entender muito bem e ela sorri se retirando da sala.

...

- Mantenha fechado! - Ela diz tirando as mãos e então sua presença some. Alguns segundos depois sinto ela voltar, cochichando algo e então para a minha frente. - Ok, pode abrir.

Abro os olhos devagar e encaro seu rosto. Ela sorria lindamente. De repente um movimento chama minha atenção. Desço meus olhos para seu colo e ela segurava uma bolinha de pelos brancos, com dois olhos redondinhos e negros. Franzo o cenho e então a bolinha late. Um latido alto e estridente.

- Surpresa! - Ela diz com animação e então volto a encará-la.

Incapaz de proferir meia frase sequer, continuo encarando a cena, intercalando o olhar entre ela e aquela miniatura de urso polar. O bichinho começa a se mexer, eletricamente e então Lud começa a conversar com ele. Eu apenas observava tudo com um ponto de interrogação enorme em meu cérebro.

- Você não gostou? - Aquele mesmo tom inseguro novamente e então um estalo surge em minha mente.

- Ele... É... Meu? - Pergunta ainda tentando assimilar.

- Sim. É o meu presente...

- Amor... - Encaro a bolinha de pelos que estendia as patinhas pra mim enquanto lambia o focinho. - Eu amei! - Me assusto com o tom animado em que minha voz sai, mas eu realmente estava animada.

Ela me entrega o cachorro e ele se anima, se agitando em meu colo. Solto uma gargalhada alta sentido seus beijos em forma de lambida e acaricio suas orelhas. Ele é bem pequeno e muito agitado. Suas orelhas levantadas demonstravam sua animação. Os pelos branquinhos e bem grandes lhe davam um tamanho bem maior do que realmente tinha, um verdadeiro ursinho. Depois de algum tempo, não sei quanto, brincando com ele, encaro Ludmilla e ela tinha um olhar diferente. Seus olhos brilhavam em meio a um sorriso lindo que nunca havia visto.

- Ele precisa de um nome. - Ela diz depois quebrando o silêncio.

- Hum... Que tal... - Encaro ele novamente e sorrio pra ela. - Calleb?

Lud sorri ainda mais e se aproxima.

- É lindo!

- Oi Calleb. - Digo afinando a voz enquanto o encarava. - Você gostou do seu nome? - Ele lati e lambe meu nariz. Lud e eu rimos com a confirmação dele.

...

- Vai me dizer agora o que caralhos tá acontecendo?

Ela sorri e então se vira pra mim. Apoia seu braço esquerdo no encosto da minha cadeira e segura minha mão. Ela estava bem perto, tão perto que eu sentia seu hálito doce batendo contra minha face. Seu perfume inigualável preenchia meu olfato, e eu me deliciava com o aroma suave.

- Primeiro, eu peço que me perdoe por ter sido tão negligente com você nesses últimos dias. - Sua voz estava branda, calma e extremamente rouca. - Eu sei que fui uma verdadeira escrota, mas não foi de propósito.

- Parecia que era.

- Mas não era. Na verdade era uma mistura de nervosismo e medo.

- Medo?

- Sim.

- Do que?

- Da sua resposta.

Arqueio as sobrancelhas.

- Como assim?

Ela sorri ainda mais, seus olhos brilhavam tanto quanto as chamas das velas que nos iluminavam.

- Vida, desde o momento em que eu te vi pela primeira vez eu já sabia que meu coração era seu. Eu não conseguia te tirar da minha mente e isso fazia com que eu me perguntasse quando eu finalemente te veria novamente. A resposta veio rápido, porque no outro dia, eu já estava te chamando pra um encontro, mesmo que disfarçado. - Ela diz me fazendo sorrir, me lembrando da situação. - Eu nunca imaginei que poderia me apaixonar novamente. Todos sempre me dizia que eu era nova ainda e que iria encontrar um alguém, mas nunca levei isso a sério. Nesses últimos meses eu percebi que estava enganada. - Ela respira fundo. - Brunna, eu sou completamente apaixonada por você! - Resfolego, sentindo lágrimas rolarem por meu rosto. - Eu te amo com todo o meu coração, de uma forma que nunca pensei que amaria alguém. Ter você em minha vida me fez ver o mundo com outros olhos. Você chegou e me trouxe vida, me trouxe paz, alegrou tudo em minha volta. Você se tornou meu porto seguro, meu parâmetro de paz, você se tornou meu tudo e eu não consigo imaginar uma vida sem você ao meu lado. - Ela limpa meu rosto e respira fundo. - Eu sei que fui uma verdadeira escrota nos últimos dois dias, mas é porque eu tinha sérias dúvidas sobre como você reagiria. Eu sei que pra muitos pode parecer cedo e precipitado, mas pra mim, mil anos ao seu lado ainda é pouco. Eu queria fazer algo especial, porque você merece o melhor de mim, talvez não esteja da forma como você imaginou um dia e eu espero poder te recompensar, mas hoje, aqui, nesse terraço tendo a lua como testemunha, eu quero te fazer a pergunta mais importante da minha vida. - Ela se ajeita melhor na cadeira e meu coração dispara. - Brunna Gonçalves, seu nome é lindo, mas seria ainda melhor se o meu sobrenome o acompanhasse. - Sinto minha pressão abaixar e imploro a Deus pra que não me deixe desmaiar justo agora. Ela me encara, seus olhos brilhando, inundados por lágrimas enquanto um sorriso nervoso dançava em seus lábios. Ela coloca a mão sobre a mesa e tira do meio do arranjo das flores, uma caixinha de veludo vermelha. Ela abre a caixinha revelando um anel de diamante lindo. O aro fino de outro branco, todo cravejado, era perfeito e tinha uma linda pedra delicada em formato de coração o enfeitando. - Brunna, você aceita se casar comigo?

Perco o fôlego e um soluço teimoso sai de minha garganta. Mais lágrimas caem desenfreadas de meus olhos, meu coração surrando meu peito, batendo forte em meus ouvidos. Minhas mãos trêmulas, minha voz falha. Deus, essa mulher vai acabar comigo.

Respiro fundo, tentando controlar toda a emoção que me tomava. Ela me encarava em expectativa, seus dedos nervosos tremiam levemente, seu sorriso ainda estava ali, intacto e ansioso. Puxo o ar, obrigando meus pulmões voltarem a funcionar e a encaro com fervor.

- Sim! - Minha voz sai firme, mesmo embargada.

Ela solta o ar, aliviada.

- Sim? - Pegunta um tanto incerta.

- Sim! Claro que sim! Mil vezes sim! - Digo pulando em seu colo e ela me segura pela cintura.

Coloco uma perna de cada lado de seu corpo e suas mãos se espalmam em minhas costas.

- Eu te amo! - Digo tomada pela emoção e ela sorri em meio as lágrimas.

Ludmilla tira o anel da caixinha e segura minha mão direita. Ela desliza o anel em meu dedo anelar, o encaixando perfeitamente ali. Ofego encarando a imagem perfeita do anel em meu dedo e volto meu olhar para seu rosto.

- Eu te amo. - Me responde selando nossos lábios de forma terna.

...

- ... E agora os votos.

Ela sorriu brevemente, segurando uma de minhas mãos e com a outra, pegou o microfone.

- Não me julgue se minha voz sair um pouco trêmula, eu tô nervosa. - Algumas gargalhadas foram ouvidas, e então ela me encarou, me fitou com aqueles olhos tão doces e poderosos e eu me perdi naquela imensidão tão profunda. - Brunna, minha Bu, palavras nunca serão suficientes pra descrever o que sinto por você. Não existem gestos no mundo que possam transmitir todo o meu amor. Você chegou em minha vida no momento certo, na hora certa, agradeço até hoje por ser uma atazanada maluca que acabou perdendo a hora e chegando naquela floricultura faltando 10 segundos pra ser fechada. - Sorri. - Agradeço por cada tropeço que tive na vida, por cada tombo, por cada decepção, por cada ferida aberta, porquê foi você quem me ensinou a ser firme, a levantar, a me bastar, e a me curar. Você não veio pra me completar, veio pra me transbordar. Meu amor por você é tão grande, tão imenso, que nem mesmo as gotas do mar são capazes de se igualar. Eu te amo! Te amei ontem, te amo hoje, amarei amanhã, e para todo o sempre. O nosso sempre!

Assim que ela terminou, me lançou aquele lindo e simétrico sorriso branco, de fazer seus olhos se fecharem e suas bochechas aparecerem ainda mais. Eu estava mergulhada em lágrimas até o pescoço, mas ainda assim, não conseguia parar de sorrir um mísero segundo sequer.

Ela pegou o aro branco, que estava repousado sobre uma pequena almofada de veludo e deslizou em meu dedo anelar da mão esquerda. Encarou a peça ali, como se sempre tivesse feito parte de mim, como se eu tivesse nascido pra usar essa aliança, e logo em seguida a beijou.

O microfone apareceu em mim mão, não me recordo exatamente quando foi que me entregaram, e então eu respirei fundo e encarei novamente seus olhos. Minha maior fonte de inspiração.

- Primeiro de tudo: você vai pagar caro por me fazer borrar essa maquiagem caríssima. - Risos exacerbados são ouvidos e então ela sorri pra mim. - Eu não sou a melhor com palavras, mas preciso dizer algo que você precisa saber: Desde o primeiro momento em que nossos olhos se cruzaram, você me fez sua. Desde a primeira conversa naquela tarde na praia, meu coração passou a te pertencer. Desde a primeira vez que você me beijou, eu já não era mais minha. Eu te entreguei tudo de mais valioso que eu tinha. Eu me entreguei a você. De corpo, alma e coração. Você me mostrou um universo inteiro de possibilidades, me mostrou um pequeno infinito aonde a felicidade e o amor serão sempre eternos. Eu não tenho como te agradecer por isso. Acho que nunca terei. Mas a verdade, é que eu não irei me importar de tentar descobrir como fazê-lo. Hoje, se concretiza a nossa limitada eternidade, e a cada novo dia que acordarei ao seu lado, será mais um dia em que   agradecerei por chamá-la de minha esposa.

E então foi minha vez de colocar a aliança no lugar certo. Deslizei o aro cravejado de diamantes em seu dedo e repeti seu ato, beijando sua mão. Mais algumas palavras do juiz de paz, que não me importaram muito naquele momento  então finalmente o tão esperando...

- Eu vos declaro casadas! Pode beijar a noiva.

E então aconteceu. Suas mãos pousaram sobre minha cintura, apertando levemente a carne dali, uma delas subiu até minha nuca enquanto a outra me puxava para mais perto. Fechei os olhos a tempo de sentir seus lábios sendo colados aos meus. Uma salva de palmas estrondosa explode, preenchendo o lugar, alguns gritos animados, alguns assovios, muita comemoração.

O beijo cessa, ainda de olhos fechados eu encosto minha testa na sua. Mesmo de olhos fechados eu a sinto sorrir e então sorrio também. Meu coração cheio, transbordando de um amor que nunca imaginei sentir. Que nunca imaginei ser capaz de sentir. Um amor de outras vidas, de outro mundo. Um amor surreal.

- Você é meu conto de fadas!

...

- Me concede a honra, senhora Oliveira?

- Com muito prazer! - Respondo ainda sorrindo e vou com ela em direção a pista de dança.

Uma música lenta começa a tocar, logo pelos primeiros acordes reconheço a canção, Perfect de Beyoncé e Ed Sheeran. Ela segura minha cintura com uma de suas mãos, firme o suficiente pra que eu soubesse que estava segura, e com a outra, segura a minha, delicadamente. Nossos pés fluíam na pista como se estivéssemos flutuando. Os olhares ligados o tempo todo, o sorriso ainda pregado em nossos lábios e os olhos conectados de uma forma que conseguíamos ler a mente uma da outra.

- Você me faz a mulher mais feliz do mundo! - Digo em meio a dança, sentindo um enorme nó em minha garganta e me obriguei a segurar o choro. - Eu nunca poderia imaginar que um dia amaria alguém assim. Você me transborda, me ensina a cada dia o que o verdeiro amor é, e eu nunca, nunca serei capaz de te agradecer por isso!

Termino a frase com os olhos inundados por lágrimas. Deixo a primeira rolar como uma forma de me livrar um pouco de todo aquele amor que me sufocava. Mas não pense que era uma coisa ruim, pelo contrário...

- De todas os rumos que um dia imaginei que minha vida teria, esse é de longe o mais lindo. Você trouxe ainda mais vida e cor para os meus dias! Você me ensina tanto, meu amor, todos os dias! Você é tudo o que nunca achei que poderia ter! Eu te amo tanto que nunca seria capaz de colocar em palavras!

- Eu te amo! - Sussurro para ela, vendo seus olhos brilharem feito pedras preciosas.

...

Flashback Off

Ludmilla sempre fez parte de minha vida, estávamos juntas a cinco anos, mas pra mim era como se estivessemos juntas a vida toda.

Levantei os olhos afim de encará-la e sinto meu coração esmagar dentro do peito. Ludmilla estava com os olhos inchados e violentamente vermelhos, indicando que ela havia chorado, e muito. Ela mantinha as mãos embaixo da mesa e seu olhar era vago, como se somente seu corpo estivesse presente. Ela mal piscava, parecia estar pensando em algo que eu realmente gostaria muito de saber.

- As partes entenderam? - Ouço a voz do juiz invadir meus ouvidos e o encaro.

- Sim. - Digo com a voz firme sem ter certeza se era realmente isso o que eu queria.

- Sim. - A voz de Lud sai trêmula e falhada, como se ela estivesse prestes a chorar a qualquer momento. Encaro ela novamente e nossos olhares se cruzam.

Eu podia sentir toda sua dor somente olhando aqueles castanhos, que antes eram brilhantes, mas agora estavam opacos e sem vida.

- Antes eu... Gostaria de conversar com minha esposa. - Ela diz ainda me encarando. - Eu posso? - Lud pergunta se dirigindo ao juiz e ele faz um sinal indicando que sim.

Ela se levanta e eu faço o mesmo, seguimos até a salinha ao lado e ela fecha porta se encostando na madeira. Vou até o outro lado da sala e me encosto na parede, fico apenas observando-a e ela respira com certa dificuldade.

- Brunna... - Sua voz sai embargada e instável e meu coração diminui. Ludmilla mantinha a cabeça baixa, fitando o chão e eu pude ver grossas lágrimas caírem de seus olhos, molhando seus pés. - Por favor, não faz isso!

Ela levanta a cabeça finalmente me encarando e sinto meu coração ser esmagado.

- Ludmilla, nós já conversamos sobre isso. - Digo desviando o olhar e seguro o choro que ameaçava vir.

- Você nunca sequer me deu a oportunidade de me explicar.

- Explicar o quê? - Volto a encará-la e meu tom sai sereno e tranquilo. - Eu vi Ludmilla! - Minhas lágrimas começam a rolar sem permissão. - Eu vi ela na cama. Eu vi você nua ao lado daquela mulher asquerosa! Depois de tudo o que ela fez... Depois de tudo o que vivemos... Tinha que ser justo com ela?

- Eu não fiz nada!

- Não mente pra mim.

- EU NÃO TO MENTINDO! - Ela grita e meu corpo estremece. - Você acha que eu teria mesmo a coragem de te fazer sentir o que um dia eu senti? Acha que eu teria coragem de te fazer tão mal assim? Que seria tão estúpida de fazer algo assim pra ser pega de propósito por você?

Encaro seus olhos inundados por lágrimas e por alguns segundos pude ver verdade brilhar no fundo deles. Ludmilla acabou se aproximando de mim, enquanto falava, sem que ao menos eu pudesse perceber. Ela estava na minha frente enquanto eu ainda abraçava meu próprio corpo e soluços inaudíveis saíam por minha boca.

- Não vamos tornar isso pior do que ja é. - Digo tentando dar um fim naquela conversa.

- Eu só vou fazer isso se você olhar no fundo dos meu olhos e dizer com todas as letras, que não me quer mais.  - Ela diz em meio as lágrimas e suspiros e eu encaro seu rosto.

Tento repetir suas palavras mas minha boca permanece fechada. Eu não queria aquilo, não queria me divorciar, não queria me separar dela, não queria ficar sem Ludmilla. Eu queria poder voltar pra nossa casa e retomar a vida de onde havíamos parado, mas todas as vezes em que pensava nisso, aquela cena voltava a minha mente com toda a força.

- Diz, Brunna! - Ela segura suavemente em meus braços se aproximando ainda mais. - Diz que você já não quer mais os meus toques... - Ela começa uma leve carícia onde suas mãos estavam pousadas. - Diz que não quer mais acordar com minha voz cantando em seu ouvido... - Ela se aproxima um pouco mais e eu fecho os olhos. - Diz que você não quer mais fazer amor comigo até não aguentar mais... - Sua voz sai em sussurro rouco e eu suspiro fundo. - Diz que não mais sentir meus beijos. - E então ela me beija.

Tento resistir no começo mas meu corpo me trai. Abro ligeiramente minha boca e Ludmilla não perde tempo me presenteando com o toque macio de sua língua. Nossos lábios se reecontram matando toda a saudade. O beijo começa a ficar um tanto mais violento, eu demonstrava nele toda a raiva e mágoa que carregava dente de mim desde aquele maldito dia e ela transmitia toda a saudade que sentia. Nossas línguas esbarravam uma na outra, deslizando suavemente, me fazendo sentir arrepios violentos em todo meu corpo. Lud segura minha nuca aprofundando seus dedos em meu cabelo e passa seu braço livre por minha cintura. Abraço seus ombros e sinto minhas lágrimas rolarem entre o beijo. Toco seu rosto e ela não estava diferente de mim. Aos poucos o beijo vai ficando um pouco mais carinhoso, mais sentimental, mais verdadeiro, com mais amor. Me afasto dela tentando recuperar o ar e Lud cola nossas testas. Permaneço de olhos fechados e ela roça a ponta de seu nariz no meu.

- Por favor, Brunna. - Ela sussurra contra meus lábios. - Não faz isso!

Respiro fundo inflando o máximo que meus pulmões aguentavam.

- Eu te amo, Ludmilla! - Abro os olhos encarando os seus. - Mas eu não confio mais em você. - Digo me desvencilhando de seus braços e saio da sala limpando meu olhos.

Volto a me sentar em meu lugar e Ludmilla aparece algum tempo depois. Os advogados nos passam os papéis que deveriam ser assinados. Pego a caneta que ele haviam me oferecido e preencho todas as linhas com meus dados. Os homens trocam os papéis e então assino novamente.

O juiz conferi tudo e então sentencia nosso divórcio. Sinto meu coração se quebrar em um último caco e então um vazio imenso me atinge. É isso. Estou oficialmente divorciada de Ludmilla. Me levanto da cadeira e caminho lentamente até a porta até que sinto uma mão fria me segurando.

Levanto meu olhar e encontro ela parada ali.

- Isso não é um ponto final pra mim. - Ela diz com a voz firme enquanto me olhava profundamente. - Eu não vou desistir de você, e um dia irei provar que tudo isso não passou de um grande engano! - Ela me solta e da um leve beijo em minha testa. - Eu te amo, baby!

Ludmilla sai da sala com Daiane e o advogado em seu encalço. Observo os três caminhando corredor a fora até que eles saem do meu campo de visão.

Minha amiga se aproxima de mim e segura um de meus ombros tentando me reconfortar. Sinto as lágrimas chegarem novamente e não seguro o choro, me jogando nos braços de Larissa. Ela me aperta forte sussurrando que tudo iria ficar bem e faz um leve carrinho em minhas costas. Começamos a caminhar ainda abraçadas lateralmente e de repente sinto meu estômago se embrulhar.

Saio correndo em direção ao banheiro e entro na cabine me jogando de joelhos no chão e então coloco tudo pra fora. Sinto uma presença atrás de mim e a voz de Larissa invade o lugar. Ela segura meus cabelos e coloca a mão sobre minha testa, evitando com que eu bata com ela no vaso.

Após sentir que já não havia mais nada pra sair, me levanto indo em direção pia. Enxáguo a boca me livrando de qualquer resquício e respiro fundo me encarando no espelho.

Vejo Larissa dando descarga e ela me encara através do reflexo.

- É isso amiga. - Digo sentindo as lágrimas voltando. - Está feito.

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até a segunda temporada... ❤️

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