• 13 •
votem, comentem e digam o que estão achando.
boa leitura 💕
______________________________________
4 MESES ATÉ O CASAMENTO...
- Acalmem-se, a pessoa mais importante do rolê acabou de chegar. - Daiane entra na sala, fechando a porta atrás dela.
- Vai sonhando, bebezona. - Luane responde. - A mais importante é a Brunna.
- Puxa saco...
- Muito bem, senhoritas. - Silvana e minha mãe surgem do além, trazendo consigo uma pasta preta em mãos.
Ela joga o objeto em cima da mesa, causando um estrondo na madeira e eu dou um leve salto com o susto.
- O que é isso? - Pergunto, me assustando com a grossura daquela pasta.
- Isso, minha lindinha. - Silvana se senta de frente pra mim, sorrindo abertamente. - É o seu casamento!
- Er... Mãe? - Lud se manifesta pela primeira vez. - Eu não acho que seja necessário...
- Você nunca acha que algo seja necessário, filha. - Ela diz, abrindo a pasta. - Mas a realidade é que um casamento demanda disciplina e responsabilidade. Desde o momento do pedido até a lua de mel. E é por isso que essa pasta existe.
Nos encaramos com certo receio, essas mulheres estão doidas.
- Muito bem, o que as madames tem em mente? - Luane pergunta, com seu bloco de notas já em mãos.
- Em mente não, no papel...
E então, aquela reunião - que na minha cabeça era pra ser algo leve e divertido - começou. Além da grossa pasta, surgiu também uma lousa branca onde haviam alguns esquemas em desenhos. Silvana e Mia davam todos os detalhes de absolutamente tudo o que poderíamos - e na opinião delas, deveríamos - ter em nosso casamento.
Tudo foi muito bem detalhado, desde o tipo de papel que os convites seriam feitos, a lista de convidados, a decoração, cor das flores, tecido dos vestidos, tipos de sapatos, cabeleireiros e maquiadores disponíveis e claro, o local onde aconteceria a cerimônia e a festa. Haviam várias fotos ilustrando muito bem cada item, alguns tipos de modelos de vestidos, a cor dos vestidos das madrinhas e damas de honra e da gravata dos padrinhos. Eu já havia perdido a noção do tempo, quando minha mãe começou a falar do item 4.
Ainda faltavam 26.
- Será que se a gente sair elas vão notar? - Ludmilla pergunta, sussurrando em meu ouvido.
- Eu não tô afim de pagar pra ver, vai que tua mãe resolve bater na gente com aquela régua. - Respondo, me referindo a régua de madeira de 50 centímetros que estava na mão de Silvana.
Depois que tudo finalmente foi conversado e apresentado, a reunião chegou ao fim, mas não sem antes as duas matriarcas nos garantirem que aquela era somente a primeira.
Me levantei da cadeira, mal sentindo minhas pernas e arrisquei dar o primeiro passo. Lud estava ao meu lado e me ajudou a seguir até o carro. Havíamos combinado a primeira reunião na casa de Larissa. Silvana e Luane haviam decidido ficar no Rio, em uma das casas que eles tinham aqui, afim de ajudarem nos preparativos do casamento. Renato, Marcos e Yuri precisaram voltar, já que foram terminantemente proibidos de opinar sobre qualquer coisa. Ludmilla dava alguns palpites sobre o que pensava e como queria. Para ela, bastava apenas assinar nossos nomes no cartório e estaria ótimo. Confesso que no começo, pra mim isso também já estava ótimo, mas após ver a animação de todas àquelas mulheres, não pude me conter. Afinal de contas, que noiva não fica animada para o próprio casamento?
- Parece até que são elas quem vão se casar. - Lud diz em meio a uma risada.
- Elas só estão animadas. - Digo me jogando na cama, esticando meus músculos. - Somos as primogênitas e as primeiras a se casar, eu até entendo a animação.
- Será que seremos assim com nossos filhos também? - Ela se senta ao pé da cama, iniciando uma massagem em meus pés.
Solto um gemido de aprovação e ela beija meu tornozelo.
- Nem casamos e já está pensando em filhos? Você é apressada né?! - Sorrio, arqueando uma sobrancelha.
- Pode me julgar, mas eu quero uma vida ao seu lado com tudo a que tenho direito. - Ela suspira, trocando a massagem para o outro pé. - Desde aquela confusão quando anunciamos o casamento eu não consegui parar de pensar nisso.
- No quê?
- Em você, grávida. Em um filho nosso.
- Você realmente quer ter um filho comigo?
- Pode apostar todas as suas fichas nisso.
Mordo o lábio inferior a observando.
- Eu tive um alarme falso a alguns meses atrás. - Falo, um tanto incerta.
- Como assim?!
- Minha menstruação atrasou e eu achei que estava grávida.
Ela para os movimentos das mãos. Seus olhos migram para os meus, confusos.
- Por que não me contou?
- Porque foi alarme falso. - Me sento na cama, de frente para ela. - Não achei que precisava contar. Fiquei com medo de você achar ruim...
- Você não precisa ter medo de nada em relação a mim! - Diz na defensiva e percebo um resquício de mágoa em seu tom.
- Eu sei, amor. Me desculpa! - Me aproximo, acariciando seu rosto. - Eu não queria te preocupar com algo que não era real.
- Você ficou triste?
- Com o quê?
- Com a possibilidade de estar grávida?
Inspiro fundo.
- Não. Eu fiquei um tanto apavorada. - Sorrio, me lembrando do desespero do dia. - Quando peguei o resultado negativo, me senti aliviada, mas frustrada ao mesmo tempo. Acho que a partir dali eu comecei a desejar ter um filho.
Seus olhos cintilam, esperança se fazendo presente.
- Então... Você quer ter um filho... Comigo?
Sorrio, não evitando de achar linda aquela nova expressão juvenil em seu rosto.
- Claro que sim! Eu quero uma vida ao seu lado, com tudo a que tenho direito. - Repito sua fala me aproximando mais e beijando seus lábios.
Ela retribui sem pestanejar. A boca macia vindo de encontro a minha, seus lábios passeando nos meus, sem pressa alguma. Abro uma pequena fresta da boca e sua língua me invade, com calma, doçura. Ludmilla sobe uma mão, pairando-a sobre minha nuca e me puxa pra mais perto, afim de aprofundar mais o beijo.
- Foi por isso que começou a tomar o remédio? - Pergunta quando nossas bocas se afastam. Arfando leve pela ligeira falta de ar, causada pelo beijo.
- Sim. Só a camisinha não garante nada, não é?!
- É...
Nossas testas estavam coladas. Os olhos fechados, sua respiração saindo de sua boca e indo direto pra minha, me fazendo apreciar o hálito de menta.
- Sabe... - Ela diz, me fazendo abrir os olhos. Engasgo quando percebo que o seus já estão abertos. Suas íris, agora dois tons mais escuros, me devoram. - Iremos nos casar daqui a quatro meses, acho que já podemos começar a praticar...
- Quer que eu me case grávida? - Pergunto sorrindo, no mesmo tom divertido do dela.
- Não. Mas se isso acontecesse não seria um problema, certo?!
Sorrio ainda mais, arqueando uma sobrancelha.
- Você é uma safada!
- E você gosta!
E então ela me puxa novamente, selando nossos lábios. Se coloca de joelhos sobre o colchão e me empurra para trás, encostando minhas costas na cama macia. Lud se deita sobre mim, suas mãos correndo em minhas coxas, quadril, cintura, até chegar com a direita em meu seio e apertar com delicadeza a carne macia. Ofego em sua boca, já ansiando por seus toques mais profundos. Ludmilla sempre soube como e onde me tocar, principalmente quando queria me incendiar e me deixar louca de desejo.
- Vem, amor. - Digo, assim que nossas bocas se afastam. - Faça um filho comigo. - Digo sem pensar, e ela geme baixo.
Minhas mãos infiltram a camisa regata preta e minhas unhas percorrem sua barriga malhada. Sua boca desce por meu queixo, passando pela mandíbula e chegando ao meu pescoço, onde dá uma devida atenção ao local. Beija, morde, chupa, lambe, tudo com tamanha luxúria e devoção. Minhas pernas já não se mantinham mais quietas, se contorciam ao sentir meu centro pulsante, dolorido, implorando por atenção. E como se lesse meus pensamentos, suas mãos descem até o meio de minhas coxas, ondem aperta o local ainda por cima das roupas. Gemo baixo e rouca em seu ouvido e ela suspira.
- Você sempre me deixa louca, sabia?! - Ela pergunta, repetindo o ato e eu fecho os olhos me perdendo em seu toque. - Eu nunca vou me cansar de você!
Abro os olhos e encaro os seus, estão anuveados de prazer mas ainda assim, consigo ver a sinceridade de suas palavras.
- Eu te amo! - Foi tudo o que consegui dizer, devido ao meu estado deplorável.
Ela puxou o cós da minha calça, abrindo os cinco botões que haviam nela, de uma vez só. Levei um pequeno susto com o ato, mas confesso que gostei. Ainda me encarando avidamente, Ludmilla desce a peça de roupa por minhas pernas até retirá-la de vez. Seus dedos vão subindo vagarosamente por minhas pernas, até que ela segura a barra de minha camiseta e a sobe, até tirá-la por completo. Ela encara meu corpo com cuidado, minuciosamente analisando cada curva e eu poderia gozar somente com isso. Seus dedos infiltram a barra da minha calcinha e eu seguro seu pulso.
- Direitos iguais. - Ela sorri ao ouvir aquilo e eu troco nossas posições. Tiro sua roupa sem nem esperar mais um segundo sequer.
Me sento sobre seus joelhos, abaixando a cabeça até ficar perto de seu membro já ereto. Solto uma lufada de ar e ela geme, se remexendo.
- Brunna... - Ela geme em deleite, sussurrando, e meu sorriso se abre sozinho.
Seguro o membro pela base e passo a língua até a ponta, sentindo seu gosto inigualável. Ela geme alto e eu me levanto, me posicionando em seu colo. Suas mãos se instalam em minha cintura e eu me sento sobre seu pau, rebolando vagarosamente. Fechos os olhos sentindo o contato de nossas intimidades e meu corpo estremece. Ela me puxa para um beijo desesperado, e sua mão direita vai até minha buceta. Ela passa os dedos sobre ela, lentamente, por cima do tecido, sentindo o quanto eu já estava pronta. Gemo entre o beijo, louca de prazer e ela me dá um tapa na bunda. Meu corpo salta e eu me levanto, louca para sentí-la dentro de mim.
Puxo minha calcinha para o lado e posiciono seu pênis em minha entrada, me sentando de uma vez, fazendo ela gritar junto comigo. Espero a leve ardência cessar e quando finalmente me acostumo, começo a me mexer lentamente, rebolando. Ela revira os olhos de prazer e eu sorrio.
- Você é tão boa... - Ela diz, apertando minha cintura. - Tão gostosa...
Me abaixo e abocanho um de seus seios. Começo a brincar com o mamilo rígido, tremendo minha língua e mordiscando levemente, e seus gemidos ficam mais altos e incorpados. Intercalo com o outro seio e ela arranha minhas costas, enquanto eu quicava sem cansar em seu colo. Vou trilhando alguns beijos por seu tórax, clavícula até finalmente chegar em seu pescoço. Mordo o lóbulo de sua orelha com cuidado e ela arfa, segurando forte minha nuca.
- Mete fundo, amor! - Digo em sussurro e ela respira fundo.
Passa seu braço esquerdo em minhas costas, mantendo nossos corpos colados e apoia os pés nos colchão. Sua outra mão acaricia meu clitóris em uma velocidade média e então, ela começa a estocar com força. Cada vez que a cabeça de seu membro tocava meu ponto esponjoso, eu gritava ainda mais alto, revirando os olhos. Aquilo estava maravilhoso.
- Mais... Forte... - Digo em meio a gemidos e ela morde meu ombro.
A dorzinha era prazerosa. Ludmilla começa a desferir uma sequência de tapas em minha bunda e ia cada vez mais forte e fundo dentro de mim. Em um ato desesperado, ela rasga minha calcinha, se livrando do tecido inútil e se senta na cama, me segurando em seu colo. Continuo cavalgando sem dó e ela me ajuda com os movimentos rápidos. E então uma onda de prazer imenso me atinge, meu ventre formiga, meu corpo inteiro se enrijece, meus músculos se contraem. Aperto forte seus ombros, cravando as unhas ali e ela começa a distribuir alguns beijos aleatórios em meus pescoço, me incendiando ainda mais.
- Lud... - Gemo já sentindo o orgasmo se aproximando. - Eu vou...
- Goza pra mim, meu amor!
Ela começa a sussurrar algumas palavras que sabia que me deixavam ainda mais excitada e então eu me entrego. Em uma última estocada, meu corpo se convulsiona e sinto-me desfalecer. Ela continua com os movimentos por alguns segundos. Sua boca vai até meu seio e ela brinca ali, me deixando cada vez mais louca. De repente, no meio daquela onda de prazer, sinto uma nova e ainda mais forte, me atingir e jogo a cabeça para trás, gritando seu nome em meio a gemidos sôfregos.
Ludmilla não resiste e se entrega também, me deliciando com a sensação de seu gozo dentro de mim. Ela joga a cabeça para trás e abre a boca, gemendo meu nome baixinho. Observo a cena ainda tendo espasmos e mordo o lábio inferior me deliciando com aquilo. Lud gemia rouco, com os olhos espremidos e o corpo mole.
Quando finalmente nos recuperamos, me aproximo dela, beijando sua boca.
- Uma coisa é fato. - Digo quando ela cessa o beijo com alguns selinhos. - Nosso sexo sempre vai ser incrível.
[...]
3 MESES ATÉ O CASAMENTO...
- Brunna, você precisa se acalmar. - Silvana dizia enquanto procurava um lugar para estacionar.
- Não da! Não existe calma em uma situação dessa! - Eu não estava nem aí se parecia uma louca descontrolada.
Desde que recebi a ligação eu entrei em desespero e só queria encontrar Ludmilla o mais rápido possível.
Passei pela porta desviando de algumas pessoas na entrada e praticamente me joguei no balcão.
- Olá, boa noite.
- Boa noite, tô procurando por Ludmilla Oliveira! - Digo um pouco exasperada para a recepcionista.
Ela digita rapidamente alguma coisa no computador e então me encara.
- Ela já esta quarto. Segundo andar, quarto dezenove. Pode subir.
- Obrigada!
Fecho a jaqueta e vou caminhando até o elevador. Aperto o botão, inquieta e tento controlar minha respiração enquanto vou subindo. Assim que chego no andar indicado, entro pelo corredor praticamente correndo. Coloco a mão na maçaneta, já me preparando pelo que iria ver. Respiro fundo e abro a porta.
- Ludmilla?! - Chamo seu nome um pouco baixo e ela abre os olhos me encarando.
- Oi, vida. - Seu sorriso aparece instantaneamente.
- Lud... - Entro no quarto fechando a porta e caminho até ela. - Meu Deus, o que aconteceu? - Digo, encarando algumas partes de seu corpo, que estavam enfaixadas e ela sorri fraco.
- Um filha da puta me fechou. Pra não bater nele desviei, mas nem vi o poste na minha frente. - Ela me olha de cima a baixo e sorri mais. - Adorei o estilo.
Olho pra mim mesma e sorrio nervosa. Eram 3h47 da manhã quando meu celular começou a vibrar loucamente. Assim que atendi, fui bombardeada com a notícia de que minha noiva tinha sofrido um acidente de trânsito e estava a caminho do hospital. Um turbilhão de coisas passou pela minha cabeça e eu me levantei na hora. Só agora percebi que eu ainda usava meu pijama de girafas e uma pantufa do Stitch. Joguei em meus ombros a primeira coisa que achei pela frente – a jaqueta de couro dela – e saí imediatamente de casa. Silvana estava lá comigo e quando me ouviu derrubar algumas coisas a procura da chave do carro, se propôs a vir, já que eu não tinha condição nenhuma de dirigir.
- Você já tá bem? Quebrou alguma coisa? O que o médico disse?
- Ei, calma! - Ela segura minha mão. - Eu tô bem. Não tava correndo, então consegui desacelerar antes de bater. O médico disse que não quebrei nada, tive só uma leve luxação no tornozelo, mas nada demais.
- Nada demais... - Repeti inconscientemente analisando seu tornozelo direito, que estava enfaixado. Ela tinha um leve ralado na mão esquerda e um galo pequeno na testa. - Ok...
Volto a encarar seu rosto e faço um leve carinho ali, depositando um beijo. Em seguida, dou um tapa em sua cabeça e ela fecha os olhos.
- Ai!
- Isso é pra aprender a não fazer mais isso! - Digo nervosa e ela me encara, confusa. - Que merda Ludmilla, eu já cansei de falar pra tomar cuidado com essa porra de moto porque você pode se machucar feio! Caralho, nós vamos nos casar daqui a 3 meses e você já quer me deixar viúva? O que tava pensando? E por quê tava voltando tão tarde? E quem era o filho da puta que te fechou? Você anotou a placa? Porque eu...
- Amor! Ei! - Ela segura meu rosto com as duas mãos e eu me calo. - Calma!
Respiro fundo e só então percebo que estava chorando.
- Tente manter a calma quando um paramédico te ligar do meu celular avisando que eu sofri um acidente.
Seu rosto se suaviza e ela suspira.
- Me desculpa, vida. Eu tava voltando tarde porquê meu chefe quis que eu terminasse de revelar as fotos do ensaio de sexta. O cara que me fechou foi quem chamou a ambulância. Acho que ele dormiu no volante ou algo assim. Ele disse que vai pagar os danos da moto e se ofereceu pra pagar o hospital, mas eu disse que tinha plano e...
- Você vai jogar essa moto fora! - Digo nervosa e ela me encara.
- O quê?
- É isso mesmo! Vai vender essa merda, queimar, sei lá. Mas você não vai mais andar nessa porra!
- Brunna...
- Brunna o caralho, Ludmilla! Olha aonde você tá! - Digo mostrando o quarto. - Olha seu tornozelo! Olha esse galo na sua testa! Isso é culpa dessa porra de moto!
Ela suspira fundo.
- Não é bem assim.
- Se você tivesse de carro nada disso teria acontecido. Se estivesse em casa...
- Eu tava trabalhando.
- A culpa é desse bosta do teu chefe também! Cara escroto! Não tem ninguém além de você que pode revelar essas merdas de foto? A filha dele por exemplo...
- Vida, ficar xingando não vai fazer tudo voltar. Foi um acidente, aconteceu. Não foi culpa de ninguém.
- Pra mim foi. - Digo irritada e ela me puxa, me dando um selinho.
- Vai ficar tudo bem, ok? Calma.
- Hum... Tudo bem... - Repito em desdém e ela ri.
- Eu te amo, ranzinza.
- Uhum...
Cruzo os braços e ela arqueia uma sobrancelha, com um meio sorriso no rosto.
- E o que mais?!...
Lhe encaro, com minha melhor cara de deboche e ela faz beicinho. Filha da mãe...
- Te amo. - Digo revirando os olhos.
- Fala de novo?! - Me pede com a cara mais deslavada do mundo.
- Eu te amo, cabeçuda!
- Bem melhor... - Ela sorri e eu não consigo parar o riso que saiu sem minha permissão. - Vem cá. - Diz me puxando delicadamente pela mão e se afastando um pouco.
Me deito ao seu lado na cama, tomando cuidado para não esbarrar nela. Deito minha cabeça em seu ombro e faço um leve carinho em seu rosto. Inspiro o ar com força e quando solto, o choro vem com tudo.
- Ei, o que foi? - Ela pergunta com aquela preocupação na voz.
- Eu fiquei com tanto medo dente perder!
- Amor... - Ela me abraçou mais forte e começou uma carícia em meu cabelo, beijando levemente minha testa. - Eu tô aqui, nada vai acontecer comigo.
- Você não sabe disso!
- Claro que sei. Eu vou tomar mais cuidado agora, prometo.
- Vai jogar aquela porcaria fora?
Ela respira fundo.
- Vou.
- Promete? - Pergunto levantando o dedinho e ela ri.
- Prometo! - Diz entrelaçando seu dedo no meu. - Agora volta a dormir, eu não vou sair daqui!
Faço de tudo pra acreditar em suas palavras e respiro fundo, fechado os olhos em seguida.
[...]
2 MESES ATÉ O CASAMENTO...
- ...A equipe de decoração já está ciente de absolutamente tudo. Eles irão visitar o local no dia do ensaio...
Eu via boca de Silvana se mexer mas nada que saía de lá realmente entrava em minha mente. Meu cérebro estava impossibilitado de receber informações no momento porquê, eu estava ocupada demais, surtando pelo dia do meu casamento que já começava a dar as caras.
Já tínhamos tudo praticamente pronto. O local onde aconteceria a cerimônia e a festa, já estava reservado. O padre já havia sido contratado, os convites já foram mandados, faltavam apenas alguns ajustes em meu vestido e todo o resto também já estava pronto, somente esperando pelo grande dia.
E eu estava aqui. Sentada na cadeira, de frente para as duas cabeças do evento, em uma das últimas 10 reuniões que faltavam pra poder discutir sobre tudo o que já aconteceu e ainda acontecerá. Semana quem vem, teremos o ensaio com as cerimonialistas e a organizadora do "evento" e, só de pensar que irei ensaiar a entrada do meu casamento, meu estômago se retorce em apreensão e ansiedade.
Mas isso também se deve ao fato de que Ludmilla e eu tivemos uma pequena briga...
Ok, talvez não tenha sido tão pequena assim...
Tá! A gente brigou feio.
Mas eu tô certa!
Flashback On
- ...E precisamos saber sobre os acompanhantes também, pra colocar os nomes na lista.
- Quanto a isso pode deixar que eu cuido. - Minha mãe diz de forma simpática e Sil apenas concorda com a cabeça.
- Agora sobre os amigos que serão convidados... - Ela nos encara. - São somente esses ou ainda falta acrescentar alguém?
- Só esses! - Respondo um tanto entediada.
- Certo. Vou confirmar a lista e passar pra moça então.
- Posso dar uma olhada? - Silvana me entrega a folha aonde tinha os nomes dos convidados.
Leio um por um até chegar em um nome que me causa náusea.
- Cinthya Nogueira? - Pergunto em um tom ácido.
- Sim, convida da Lud. - Luane responde no automático e minha mandíbula trava.
Me levanto dali sentindo meu sangue ferver e vou atrás de Ludmilla, no terraço. Ela havia saído pra esticar um pouco as pernas. Abro a porta com tudo e puxo seu ombro, virando-a para mim.
- Que putaria é essa?
- Ai! O que foi?
- Você vai convidar essa puta pro nosso casamento?
- Sim. - Ela responde dando de ombros, como se não fosse nada demais e entro em combustão.
- VOCÊ TA LOUCA, CARALHO?
- Você vai convidar o moleque, qual o problema?
- O PROBLEMA É QUE... - Tento encontrar algo razoável pra dizer, mas não consigo. - O PROBLEMA É QUE EU NÃO QUERO ELA LÁ.
- EU TAMBÉM NAO QUERO ELE LÁ!
Ela me encara bem de perto, frente a frente, e travamos uma batalha com o olhar. Eu poderia matar a Ludmilla agora mesmo e ninguém iria me impedir.
- Você e essa vagabunda já tiveram um caso!
- E o pivete é apaixonado por você!
- Ele namora!
- E daí? Isso não garante nada.
- Ludmilla...
- Brunna!
- Ok, chega! - Luane entra no meio. - Não da mais pra tirar porque eles já foram convidados, a gente só queria a confirmação e já tivemos.
- Mas...
- Desculpa Bru, mas semana passada você disse que não era pra tirar ninguém e autorizou sem ver a lista. - Ela diz com uma cara que dizia "Sinto muito trouxa, a culpa é sua."
Flashback Off
- Muito bem, então já que tudo está finalmente resolvido, só nos resta terminar de cuidar da roupa das noivas. Certo?
- Certo! - Todas respondem em uníssono enquanto eu suspirava pela milésima vez naquele dia.
- Certo. Por hoje é só então, meninas.
- Graças a Deus...
- Eu não aguentava mais ficar sentada... - Larissa e Daiane se levantam, me dando um beijo na bochecha.
- A gente ainda precisa ver as coisas da despedida de solteira da Bru. - Luane fala se espreguiçando e Lari dá um gritinho.
- Já disse que quero algo simples, sem exagero.
- Uhum. A gente já sabe. - Minha cunhada diz me dando um tapinha na bunda.
Sorrio, revirando os olhos. Eu já sabia que não seria nada simples.
- Muito bem então, vamos? - Sil pega as coisas e abre a porta.
- Vamos. - Respondo, passando por ela.
Saímos do apartamento, descendo até o salão de entrada, aonde Lud conversava com Daiane.
- Onde ela vai? - Pergunta se aproximando.
- Sua noiva vai ficar comigo e com sua irmã, até o dia do casamento.
- Por que?
- Pra dar mais suspense e emoção. - Luane responde em um tom divertido.
- Se despeçam, ela já vai.
Ludmilla me encara, com o cenho franzido e eu desvio o olhar.
- Já nos despedimos.
- Quando? - Ela lança um olhar mortífero a irmã e Luane da de ombros. - Ok...
Confesso que seu ato fez algo dentro de mim doer um pouco, mas não seria eu a dar o braço a torcer.
Sem dizer mais nada, passo por elas abrindo a porta de trás do carro e me sento no banco. Luane e Sil ficaram mais alguns minutos conversando e então entraram no carro também. A viagem até a casa onde elas estavam, foi rápida e silenciosa. Fui a primeira a descer, indo direto para o quarto onde minhas coisas, como roupas e sapatos, já estavam.
Corri pro banheiro, ligando o chuveiro e me livrei de toda roupa que usava. Entro no box, me enfiando embaixo da água e deixo algumas lágrimas que estavam presas, saírem. Todo o estresse do casamento, a correria com tudo, eu tendo que conciliar as reuniões com o trabalho e a briga com Ludmilla estavam me deixando esgotada. Eu não queria ser a louca que proíbe a noiva de convidar quem quer que seja para seu próprio casamento, mas saber que aquela mulher estaria lá me deixava completamente incomodada. Por outro lado seria bom esfregar na cara dela que Ludmilla estava se casando comigo e não com ela.
Termino o banho, me enrolando na toalha e saio do banheiro já separando um pijama. Coloco a roupa confortável e me jogo na cama. Eu havia comido algumas coisas na casa de Larissa e estava sem fome. Olho para o teto e sinto falta do espelho que tinha no teto do quarto de Ludmilla. Rolo na cama de casal, me deitando de lado e encaro o lado vazio dela. Posso dizer que nosso maior defeito é o orgulho. Aquela era a primeira briga séria que tivemos e saber que ficaria um mês longe dela, só piorava ainda mais as coisas.
Pego o celular, repensando a possibilidade de pedir desculpas e quando desbloqueio a tela, vejo uma mensagem.
Encaro a tela do celular, relendo a mensagem quantas vezes era possível e sorrio, sentindo meu coração voltar a bater mais forte. Eu conheço Ludmilla e sei que ela não é do tipo que pede desculpas, mas saber que resolveu deixar de lado seu orgulho pra corrigir algo, me faz ter ainda mais certeza do que eu já havia decidido a tempos.
Me endireito na cama, escrevendo uma resposta e depois de enviar, deixo o sono me tomar por completo.
[...]
O CASAMENTO.
- Ok então vamos clarear um pouco os seus olhos, como fizemos no ensaio, e dar destaque às formas do seu rosto com um contorno aqui...
- ... Seu cabelo já é ondulado por si só, mas vamos passar um babyliss e..
-... O que você acha desses pontos de luz? Acho que vão
combinar com...
-... Unhas em tom claro, certo? Não acho que combine
outra cor aqui, porquê...
Eu já estava ficando tonta com tantas informações e tantas pessoas ao meu redor. O Grande Dia finalmente havia chego e eu estava com os nervos a flor da pele.
Eu não via Ludmilla a um mês inteiro. Conversávamos somente por mensagens de texto e ligações, o que não dava muito certo na maioria da vezes porquê, sempre acabava em putaria. Silvana e Luane terminaram de ver os últimos detalhes de tudo com minha mãe, e eu não pude saber de absolutamente nada. Elas quiseram manter surpresa e isso só piorou minha situação.
Faltava cerca de 40 minutos para o casamento finalmente acontecer, Ludmilla já estava no local, e pelo que Daiane me contou, ela também está se arrumando.
Nesse momento estou em um dos vários quartos da casa. A cerimônia será feita na fazenda da minha avó, já que o espaço é imenso e a vista de tirar o fôlego.
Mas calma, não é a fazenda igual daquele reality show com porcos e cabras correndo por aí, é uma mais... Moderna.
Ao meu redor, estão sete pessoas, duas cuidando do meu cabelo, outras duas cuidando das minhas unhas do pé e da mão e uma na maquiagem. Me sinto como um ratinho de laboratório com vários cientistas ao meu lado, me preparando para um estudo clínico ou algo assim. Eles me viraram de costas para o espelho, sendo assim não sei se estou parecendo o palhaço do It A Coisa ou uma princesa da Disney. Internamente estou torcendo pra não ser nenhum dos dois...
Mia, Silvana e as outras meninas estão no quarto ao lado se arrumando também. Daiane está com Ludmilla, Marcos e Yuri, se arrumando em um quarto distante do meu pra não ocorrer um esbarrão nos corredores, sem querer. A cada minuto que passa meu coração acelera mais, já perdi as contas de quantas vezes respirei fundo tentando manter a calma, mas é praticamente impossível. EU VOU ME CASAR, CARALHO!
- Veja só se ela não está linda! - Silvana entra no quarto, já toda vestida e pronta.
Ela usa um vestido salmão de seda, longo de uma manga só. Seu cabelo está preso em um coque muito bem feito, porém com alguns fios soltos demostrando uma certa rebeldia. Mia vem logo atrás dela e não diz uma única palavra, apenas abana o rosto tentando controlar as lágrimas que se acumularam.
- Minha filha!
- Pai! - Tento me mexer mas a manicure segura meu dedo e me fuzila com o olhar. - Não posso levantar.
- Não precisa! Você está linda!
- Obrigado. - Respondo meio incerta, afinal, não sei se é verdade.
- Prontinho! - O cabeleireiro diz se afastando.
E de repente todos os outros que estavam ao meu redor vão se afastando também. Ele segura minha cadeira e me encara.
- Pronta para o resultado?
- Não.
Fecho os olhos enquanto ele gira minha cadeira e quando ouço seu sinal, encaro meu reflexo.
Eu realmente estava linda!
Minha maquiagem era suave, não parecia um palhaço ambulante e estava muito mais bonita que uma princesa. Meu cabelo estava preso de um modo trabalhoso e me perguntei quantas horas demoraria para desfazer aquele penteado. Minhas unhas estavam perfeitas, pintadas em um tom de branco rosé.
- Hora do vestido!
Me levanto, ainda encantada com a beleza angelical que a maquiagem me deu, me perguntando se seria possível ficar com ela pra sempre. Minha mãe e Larissa me levam até o enorme banheiro da suíte e me ajudam com o vestido. Eu sei que ele é meio exagerado, mas quando o vi na loja, não tive como negar, esse era o vestido ideal para o meu conto de fadas.
Depois de finalmente vestida e com o buquê já em mãos, saio do banheiro e encontro todas elas ali. Silvana, Luane, Larissa e minha mãe param de frente para mim. Todas muito bem vestidas com a mesma cor, em vestidos de modelos diferentes.
- Você está tão linda!
- Simplesmente magnífica!
- Perfeita, Bru!
Elas dizem e então meus olhos migram para minha mãe. E mais uma vez lá está ela, se abanando feito louca tentando segurar o choro. Sorrio para todas e me encaminho até o grande espelho que havia do outro lado.
Meus olhos brilham quando vejo meu reflexo. Tudo se encaixava perfeitamente. Ludmilla havia dado a dica de usar um buquê de girassóis, já que foi a primeira flor que ela me deu quanto nos vimos a primeira vez. O vestido se encaixava perfeitamente em mim e estava bem melhor que a primeira vez que o vesti.
- Sabe. - Sil dá um passo a frente. - Nos Estados Unidos existe uma lenda, que sempre dizem para as noivas. No dia do casamento, são dados alguns presentes para garantir a felicidade e longevidade do casal. Ao todo, são quatro. Algo antigo, que simbolize a continuidade com a família da noiva e a ligação com o seu passado...
Minha mãe se aproxima, e só então percebo que ela traz algo nas mãos.
- Vire-se para mim, querida. - Acato seu pedido e com a ajuda de Silvana, ela coloca uma tiara prateada em meu cabelo.
E encaro novamente e abraço minha mãe, engolindo o choro que insistia em sair.
- Essa tiara foi usado pela sua avó quando ela e casou, passou para mim, e agora para você. E um dia, sua filha irá usá-la.
Sorri, sabendo que qualquer tentativa de falar, acabaria arruinando a obra de arte dos profissionais.
- Você também precisa de algo novo, pois representa o futuro da noiva, com otimismo e esperança para essa nova etapa. Eu quero te dar isso. - Ela pega uma caixa de veludo das mãos de Luane e abre, me mostrando o conteúdo.
- Eu o vi em a alguns dias atrás, e a primeira pessoa em que pensei, foi você. - Sorri, me encarando. - Além disso, é azul. A cor significa pureza de seu amor e fidelidade a sua esposa.
Me viro novamente, e ela coloca a jóia em mim. Me encaro no espelho a minha frente, tendo ainda mais certeza de que eu estava linda.
- E por último. - Larissa toma a frente e eu a encaro. - Você precisa de algo emprestado, mas como não tenho nada aqui, pega! - Ela me estende uma nota de cem reais. - Isso representa que a noiva pode sempre contar com os familiares e amigos, e bem... Eu sou sua amiga e praticamente da família, certo?
Sorrio para ela, me jogando em seu abraço.
- Vocês vão me fazer borrar a maquiagem!
Digo já sentindo uma lágrima solitária rolar em meu rosto e Larissa de afasta.
- Pessoal! - Yuri da uma batida na porta e coloca a cabeça para dentro. - Uau, Bru! Minha irmã vai morrer... - Todas gargalhamos com sua reação espontânea. - Senhora, tá na hora!
E então suspiramos fundo e elas vão saindo uma por uma. Silvana é a última e assim que minha mãe terminou seu discurso emocionado, ela se aproxima de mim, segurando minhas mãos.
- Eu gostaria de dizer somente uma coisa. - Ela começa, séria. - Desde que você chegou em nossa família, eu soube que era a mulher certa para minha filha. Você trouxe ainda mais alegria para todos nós, nos transbordou com sua paz e coloriu ainda mais nosso mundo. Muito obrigada por isso, Brunna. Seja bem vinda a família! - Sil me abraça forte e eu tento segurar as lágrimas teimosas que insistiam em brotar em meus olhos.
Assim que ela soltou o abraço, caminhou ao meu lado até o encontro de meu pai, e então seguiu para seu posto.
A emoção já não se fazia de rogada e a cada segundo eu sentia meu coração bater ainda mais forte.
- Pronta?! - Meu pai pergunta, chamando minha atenção.
- Pronta!
Ele estende o braço direito para mim e eu o seguro, com um pouco mais de força do que o normal. Meu pai somente sorri e então começamos a caminhar em direção a ilha. O som dos violinos e violoncelos começaram a se fazer presentes, indicando que a hora finalmente havia chego. Conforme fui me aproximando, o choro veio junto, me fazendo suspirar. A decoração estava simplesmente perfeita.
Haviam flores por todas as partes junto de algumas pequenas luminárias que imitavam velas. Todos os convidados estavam de pé e sorriam abertamente para mim, mas meus olhos estavam focados somente em uma pessoa: ela!
Aos pocuso sua imagem foi ficando cada vez mais nítida. Ludmilla estava lá, parada em frente ao altar, vestida em um smoking branco, sem camisa por baixo. A abertura até o primeiro botão deixava um decote aberto glorioso, me dando a visão de sua tatuagem entre os seios. Seus cabelos estavam soltos, em cachos muito bem feitos, nos pés, um coturno também branco de couro davam um ar ainda mais imponente. Ela sorria para mim como uma criança que estava prestes a ganhar seu presente de natal favorito. Depois de alguns minutos, que mais pareceram horas, cheguei em meu posto e meu pai me entregou a ela. Eles trocaram algumas palavras que não fiz questão de escutar, pois estava ocupada demais admirando a beleza estonteante daquela mulher.
- Você tá linda, Bu! - Ela sussurrou, me tirando do transe.
- E você... Uau! - Lud solta uma risada baixar e então viramos para o juiz de paz.
Todos se sentam, enquanto ficamos ali, em pé, de frente para ele.
- Boa noite a todos. Estamos todos aqui reunidos, nesse momento mais que especial, para celebrar a união deste casal, Brunna Gonçalves e Ludmilla Oliveira. - Ele começa o discurso. - O amor é um sentimento sincero, poderoso e imparcial. Não escolhemos quem iremos amar, não temos o poder de controlar o amor, porque ele é rebelde e indomável. O amor é forte, paciente, cuidadoso e flexível. Poucos tem a sorte de senti-lo. Quando duas almas se encontram, o amor acontece. Não existe um tempo certo para isso. Quando duas pessoas estão destinadas a ficarem juntas, nada é incapaz de impedir. O encontro de almas é único e acontece no tempo certo, no lugar certo. Celebrar o amor é uma dádiva, algo que nos foi permitido para que possamos entender, que um dia, o amor irá nos encontrar...
As palavras do juiz de paz flutuavam até meus ouvidos servindo como um som secundário, uma espécie de trilha sonora para o que minha mente apaixonada estava reproduzindo nesse instante. Eu estava parada de frente para ela, na frente de todos os nossos amigos e familiares, lhe jurando algo que já sabíamos de cór; eu a amava! A amava como nunca fui capaz de amar alguém e como nunca mais serei. Cada partícula do meu corpo, cada pequeno átomo que constituía meu ser, era dela, pertencia a ela. Meu coração batia no ritmo do dela. O sangue que corria em minhas veias, circulava levando meu amor e paixão por todas as áreas de meu corpo. Ludmilla era o meu grande e verdadeiro amor, o outro pedaço da minha alma, que felizmente, ainda nessa vida, eu tive a sorte de encontrar.
- ... E agora os votos.
Ela sorriu brevemente, segurando uma de minhas mãos e com a outra, pegou o microfone.
- Não me julgue se minha voz sair um pouco trêmula, eu tô nervosa. - Algumas gargalhadas foram ouvidas, e então ela me encarou, me fitou com aqueles olhos tão doces e poderosos e eu me perdi naquela imensidão tão profunda. - Brunna, minha Bu, palavras nunca serão suficientes pra descrever o que sinto por você. Não existem gestos no mundo que possam transmitir todo o meu amor. Você chegou em minha vida no momento certo, na hora certa, agradeço até hoje por ser uma atazanada maluca que acabou perdendo a hora e chegando naquela floricultura faltando 10 segundos pra ser fechada. - Sorri. - Agradeço por cada tropeço que tive na vida, por cada tombo, por cada decepção, por cada ferida aberta, porquê foi você quem me ensinou a ser firme, a levantar, a me bastar, e a me curar. Você não veio pra me completar, veio pra me transbordar. Meu amor por você é tão grande, tão imenso, que nem mesmo as gotas do mar são capazes de se igualar. Eu te amo! Te amei ontem, te amo hoje, amarei amanhã, e para todo o sempre. O nosso sempre!
Assim que ela terminou, me lançou aquele lindo e simétrico sorriso branco, de fazer seus olhos se fecharem e suas bochechas aparecerem ainda mais. Eu estava mergulhada em lágrimas até o pescoço, mas ainda assim, não conseguia parar de sorrir um mísero segundo sequer.
Ela pegou o aro branco, que estava repousado sobre uma pequena almofada de veludo e deslizou em meu dedo anelar da mão esquerda. Encarou a peça ali, como se sempre tivesse feito parte de mim, como se eu tivesse nascido pra usar essa aliança, e logo em seguida a beijou.
O microfone apareceu em mim mão, não me recordo exatamente quando foi que me entregaram, e então eu respirei fundo e encarei novamente seus olhos. Minha maior fonte de inspiração.
- Primeiro de tudo: você vai pagar caro por me fazer borrar essa maquiagem caríssima. - Risos exacerbados são ouvidos e então ela sorri pra mim. - Eu não sou a melhor com palavras, mas preciso dizer algo que você precisa saber: Desde o primeiro momento em que nossos olhos se cruzaram, você me fez sua. Desde a primeira conversa naquela tarde na praia, meu coração passou a te pertencer. Desde a primeira vez que você me beijou, eu já não era mais minha. Eu te entreguei tudo de mais valioso que eu tinha. Eu me entreguei a você. De corpo, alma e coração. Você me mostrou um universo inteiro de possibilidades, me mostrou um pequeno infinito aonde a felicidade e o amor serão sempre eternos. Eu não tenho como te agradecer por isso. Acho que nunca terei. Mas a verdade, é que eu não irei me importar de tentar descobrir como fazê-lo. Hoje, se concretiza a nossa limitada eternidade, e a cada novo dia que acordarei ao seu lado, será mais um dia em que agradecerei por chamá-la de minha esposa.
E então foi minha vez de colocar a aliança no lugar certo. Deslizei o aro cravejado de diamantes em seu dedo e repeti seu ato, beijando sua mão. Mais algumas palavras do juiz de paz, que não me importaram muito naquele momento então finalmente o tão esperando...
- Eu vos declaro casadas! Pode beijar a noiva.
E então aconteceu. Suas mãos pousaram sobre minha cintura, apertando levemente a carne dali, uma delas subiu até minha nuca enquanto a outra me puxava para mais perto. Fechei os olhos a tempo de sentir seus lábios sendo colados aos meus. Uma salva de palmas estrondosa explode, preenchendo o lugar, alguns gritos animados, alguns assovios, muita comemoração.
O beijo cessa, ainda de olhos fechados eu encosto minha testa na sua. Mesmo de olhos fechados eu a sinto sorrir e então sorrio também. Meu coração cheio, transbordando de um amor que nunca imaginei sentir. Que nunca imaginei ser capaz de sentir. Um amor de outras vidas, de outro mundo. Um amor surreal.
- Você é meu conto de fadas!
_______________________________________
👀
como estamos?
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top