• 12 •
votem, comentem e digam o que estão achando.
finalmente esse CARALHO DE CAPÍTULO saiu 😪 (depois de 20 dias montando, escrevendo, reescrevendo, apagando e adicionando mais detalhes). n me peçam um novo tão cedo, leiam com atenção e calma, obg ❤️
boa leitura 💕
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- AAAAAAAAAAAAAAAAAA! - Tapo os ouvidos pra me privar daquele agudo.
Larissa já estava gritando a dez segundos e minha mão já estava começando a doer pelo seu aperto. Ludmilla me pediu em casamento a uma semana e a primeira pessoa pra quem quis contar, foi Larissa.
Não tive tempo de fazer isso antes porque ela estava extremamente ocupada. Era época de prova e ela estava abarrotada de coisas pra fazer, afim de aporrinhar seus alunos. Assim que um espaço surgiu em sua agenda, ela me avisou e eu corri pra contar a novidade.
Cheguei em seu apartamento às 18h00 da tarde. Começamos a conversar sobre coisas aleatórias até que ela se levantou pra buscar algo para comermos. Quando voltou, estendi minha mão direita e lhe mostrei o anel. Seus olhos se arregalaram e sua boca se abriu, abismada. Como estava calada a tempo demais, contei tudo, com todos os detalhes. Desde o comportamento estranho de Ludmilla, até o jantar e o pedido. Ela quis saber sobre o sexo selvagem de felicidade e eu contei por cima, queria poupá-la dos detalhes sórdidos.
Lari segurou minha mão com cuidado e analisou o anel minuciosamente, e então, um grito explodiu em sua garganta e o surto começou.
- MEU DEUS! VOCÊ TÁ NOIVA!
Não pude deixar de sorrir ao ouvir aquilo.
- SIM!
- VOCÊ VAI SE CASAR!
- EU VOU!
- MEU DEUS! - Ela bate a mão na testa. - EU TO FICANDO VELHA!
- Quê?
- Brunna! Você vai casar! Você é adulta!
Gargalho alto de seu desespero.
- Para com isso, Larissa!
- Cara eu to falando sério! Pensa bem. - Ela se senta novamente e segura minhas mãos. - Você fez faculdade comigo, eu vi você crescer, literalmente.
Reviro os olhos, rindo de sua palhaçada.
- Você é tão dramática...
- E você é meu bebê! - Me espanto um pouco, Larissa não era de demonstrações de afeto. - Sério Bru, eu tô feliz por você, amiga. Nunca te vi tão bem.
- Para, se não eu choro. - Digo já sentindo as lágrimas infestarem meus olhos. - Mas eu tô aqui por outro motivo também.
- Qual?
Sorrio, sentindo meu coração acelerar.
- Eu quero saber se... Você aceita ser minha madrinha?
Ela paralisa. Fica estática, me encarando.
- Eu?
- Claro!
- Por que eu?
- Porque você é minha melhor amiga! Esteve comigo em todos os momentos e eu te quero do meu lado, de camarote, no dia mais feliz da minha vida.
Ela continua calada, segurando minha mão. Inspira forte o ar e então sorri.
- Bru... É claro que eu aceito!
- Sério mesmo?!
- Óbvio! Meu Deus, minha menina vai casar e eu vou ser a madrinha! - Ela solta mais um grito animado e eu gargalho, a puxando pra um abraço.
Ficamos alguns segundos assim, caladas, apenas apreciando o momento. Ela me solta e percebo que seus olhos estão marejados. Larissa não é de chorar fácil e vê-la assim, deixa meu coração quentinho.
- Já sabe que vai ter que usar vestido né?
- Puta que pariu, Brunna! - Solto uma gargalhada alta.
- Não adianta reclamar nem fugir, madrinha é madrinha.
- Só não me faça usar rosa, pelo amor de Deus!
- Nem rosa, nem preto.
- Preto não? - Ela pergunta exibindo um bico.
- Claro que não! Tá maluca, aparecer no meu casamento de preto?! Isso dá azar.
- Só se a noiva estiver usando.
- Esquece, Larissa.
- Tá... Mas me fala, quem mais sabe sobre a novidade?
- Por enquanto só você. Ludmilla quer dar um jantar e chamar nossas famílias e amigos, pra contar a novidade.
- Meu Deus, sua mãe vai surtar!
- Eu sei, já até comprei tampões de ouvido pra evitar os gritos dela.
Ela ri alto e eu a acompanho.
- Dona Mirian vai soltar fogos, por ver a filha finalmente desencalhando.
- Ei! - Digo dando um leve tapa em seu ombro. - Eu não tava encalhada!
- Hum... Ok então.
- Você não vai me perguntar quem vai ser seu par na hora de entrar na igreja?
Ela me encara com um sobrancelha arqueada e eu sorrio tentando segurar o riso.
- Brunna...
- Você vai gostar!
- Brunna!
- O que foi? - Digo fazendo manha.
- Não me diga que a madrinha da Ludmilla vai ser...
- A Daiane! - Digo levantando os braços em comemoração.
- Puta que pariu! - Ela bate a mão na testa e eu franzo o cenho.
- Eu pensei que você iria gostar...
- Eu gostei mas...
- O quê?
- Sei lá... - Ela suspira, deixando os ombros caírem. - Acho que eu tô gostando dela...
- Ué, não sabia que isso era novidade.
- Não Bru... Eu tô gostando dela, mesmo! - Ela diz dando ênfase na última palavra.
Arqueio as sobrancelhas e sorrio.
- Amiga, você tá... Apaixonada?
Ela sorri ainda mais e percebo suas bochechas corando levemente.
- Acho que sim. - Larissa respondeu mordendo levemente o lábio inferior.
Não consigo evitar e solto um gritinho e a puxo pra um abraço.
- Meu Deus! Não acredito que minha menina cresceu!
- Idiota!
Ficamos mais alguns segundos no abraço até que ela me solta. Passamos o resto da tarde ali, em seu apartamento, conversando e contando as novidades. Ela me informou que havia novos moradores no apartamento que foi meu, ao lado do dela. Eram um casal hétero, hippie, que adorava escutar reggae e axé, usavam roupas super coloridas e acendiam incenso todas as tardes, fazendo o cheiro de lavanda se misturar com o de maconha. Larissa havia feito amizade com eles e, não se importava com os quatro gatos do casal, que sempre invadiam sua casa atrás de comida. Ela até já havia passado uma tarde inteira na casa deles, levou um engradado de cerveja e os três beberam e fumaram, enquanto assistiam ao Beyoncé Expercience Live.
Eles pareciam ser boas pessoas e eu estava feliz por ela ter feito novos amigos. Talvez com um pouquinho de ciúmes, mas ninguém pode me julgar.
...
Depois de mais alguns gritos histéricos, uma conversa que durou a tarde toda e ter sido apresentada ao casal hippie, eu finalmente consegui ir pra casa.
A conversa com os dois foi animada e eu me surpreendi com eles. Alicia também é professora, da aula para alunos do primário em uma escola particular e Jonas trabalha com o pai, em um negócio da família, uma marcenaria. Os dois parecem ser bem mais sérios e centrados do que deveriam parecer. Seus gatos são como filhos e cada um tem um nome de uma pedra da lua ou algo assim, sendo eles Critrino, Morion, Ametista e Ônix. Eu fiquei simplesmente encantada com os bichanos. O casal os haviam resgatado depois de terem sido abandonados em um terreno baldio, a mãe dos gatinhos havia sido envenenada por uma vizinha da avó do rapaz. Ele havia ido visitá-la e ouviu os miados fracos, não pensou duas vezes antes de pegar os quatro e os levar para casa. Eu fiquei extremamente tocada com a história. Nunca fui muito apegada a bichinhos de estimação, mas depois que ganhei meu Calleb, descobri uma paixão por pet's. A conversa com o casal foi ótima e os animaizinhos eram extremamente carinhosos, por isso foi difícil a hora da despedida.
Finalmente chego em casa depois de enfrentar aquele trânsito caótico. Deixo minhas chaves dentro do pote de vidro, que ficava na mesinha ao lado da porta, e jogo a bolsa no cabideiro ao lado direito. Tiro os sapatos, os deixando perto da porta e dou dois passos para dentro, de repente o som estridente de latidos rompe o silêncio e uma bolinha de pêlos toda serelepe aparece, pulando ao meu redor enquanto tentava morder meu pé.
- Ei, meninão! - Me abaixo e o pego no colo. - Como você tá?! Tá com saudade da mamãe? - Ele late e me lambe. - Eu também tava, filho!
Sinto sua presença no cômodo e corro meu olhar até o outro lado da sala. Ludmilla estava parada, ao pé da escada, encostada na parede, me observando. Seus olhos logo se cruzaram com meus e meu corpo entrou em estado de alerta. Ela tinha aquele sorriso perfeito nos lábios, deixando seus lindos dentes brancos e alinhados a mostra. Finalmente volto para a realidade e começo a caminhar em direção a ela. Lud da dois passos a frente e abre os braços. Fecho os olhos e sinto nossos corpos se envolverem. Ela me segura forte pela cintura e encosta seu queixo em minha testa, dá um beijo longo no topo da minha cabeça enquanto seus braços me mantém bem perto. Eu simplesmente amo os abraços dela.
- Senti sua falta, amor. - Ela diz e eu me afasto, a encarando.
- Eu passei na Larissa hoje, pra contar a novidade.
Me levanto um pouco até alcançar seus lábios e lhe dou um selinho demorado, ela segura meu queixo e chupa levemente meu meu lábio inferior.
- E como ela reagiu?
- Muito bem! Ela literalmente surtou.
Ela ri.
- Que bom, Daiane também gostou da novidade, principalmente quando eu disse que ela entraria com a Lari.
- Acredita que Larissa disse que tá apaixonada por ela? - Ela se afasta e coloca uma das mãos no peito, enquanto a outra cobre a boca.
- É o que?
- Menina, nem te conto! - Seguro sua mãe e a sento no sofá. Ludmilla cruza as pernas e apoia as mãos no joelho enquanto me encara. - Ela me falou com todas as letras que tá toda apaixonadinha, acredita?
- Acredito! Porque a Daiane falou a mesma coisa.
- Mentira!
- Te juro!
- Amor! Nossas amigas vão virar casal?
- Seria meu sonho? - Dou uma gargalhada alta e ela me acompanha.
- Será que nós contribuímos pra isso?
- Sim! - Ela me puxa, deitando minha cabeça em seu peito. - Nosso amor contagia, Bru.
Sorrio plenamente e me aconchego em seu abraço. Meus olhos correm até minha mão direita, mais precisamente em meu dedo anelar, aonde o anel de noivado reluz. Eu mal podia acreditar que aquilo realmente estava acontecendo. Eu estava noiva da mulher que amo, prestes a me casar.
- Ansiosa para amanhã?
- Um pouco...
- Vai ser legal, você vai ver. - Ela me balança um pouco tentando me animar.
- Não tenho dúvidas disso, mas sei lá, é um passo grande que estamos dando.
- Se quiser, ainda dá tempo de mudar de idéia. - Dou um tapa em seu braço e ela ri, esfregando o lugar. - Ai!
- Fica falando besteira que dou outro.
- Pô more, você é pequenininha mas seus tapas doem.
- É pra doer mesmo. Bobona!
- Bibini! - Ela repete fazendo careta e eu dou outro tapa. - BRUNNA!
- Me respeita, Ludmilla!
- Eu só to brincando, mô!
- Meu cu, garota.
- Hum... Tenho interesse...
Antes que eu pudesse dar o terceiro tapa ela segura meus pulsos, rindo, e me puxa pra um beijo. Tento resistir no começo mas... Como?
- Você tá muito nervosinha ultimamente. Tá de TPM é? - Ela diz esfregando seus lábios nos meus.
- Você que me estressa!
- Que mentira.
Estreito os olhos, mantendo nosso contato visual e ela sorri como se fosse uma criança inocente. Mas de inocente não tinha nada.
- Vou tomar um banho, porquê amanhã meu dia vai ser grande. - Me levanto da cama e ela segura minha cintura, se sentando na beirada do colchão.
- Vai trabalhar amanhã?
- Óbvio! Você não?
- Só depois das 10h00. - Ludmilla dá um beijo em minha barriga, por cima do tecido da blusa e me encara. - Vai liberar o cuzinho pra mim hoje?
- VOCÊ... - Empurro ela na cama e dou um leve tapa, acertando em cheio sua cintura.
- AAA! BRUNNA, NO MEU PAU NÃO!
- DESCULPA, FOI SEM QUERER!
- SEM QUERER??? PORRA, NUNCA MAIS VOU TER FILHO!
- Ninguém mandou me provocar...
Ela me encara e se estivessemos em algum tipo de desenho animado, com toda certeza eu já estaria em chamas com aquele olhar fuzilante.
- Eu te provoco, Brunna Gonçalves?
- Sim, Ludmilla Oliveira.
Ela se levanta de uma vez só e eu tomo um susto. Saio correndo pro banheiro, quando percebo que ela iria me atacar e consigo trancar a porta a tempo. Ela bate na porta algumas vezes e eu não consigo segurar a risada.
- Uma hora você vai ter que sair daí! - Ela grita do outro lado.
- Sim, quando você dormir.
- Vai vendo!
(...)
- Você está cada dia mais radiante, menina.
- Obrigado Sr. Luiz. - Digo em meio a um sorriso.
- É o que dizem, o amor aflora a beleza escondida. E pelo tamanho da pedra do seu anel, posso afirmar que alguém te ama muito!
- É... - Encaro a jóia em meu dedo. - O sentimento é totalmente recíproco.
- Creio que sim! Basta ver esse sorriso em seu rosto quando toco no assunto.
Eu não tinha como disfarçar, minha cara de idiota e o sorriso insistente não me deixavam mentir, eu realmente estava amando sem limites.
- Espero um dia poder chegar no mesmo nível em que o senhor está.
- Ah filha, eu e minha Lourdes estamos casados a 53 anos, e a cada novo dia, eu me apaixono por ela ainda mais.
- E como ela está? - Mesmo sem querer, um fio de preocupação sai em minha voz.
- Bem, na medida do possível. Os médicos estão confiantes e ela é uma mulher de muita fé.
- Saiba que estou orando por ela, e pelo senhor também.
- Ah minha lindinha, você é um verdadeiro anjo! Muito obrigada pelas flores, até semana que vem.
- Obrigado eu, até! - Entrego o buquê para o Sr. Luiz e ele sai da floricultura.
Ele era um dos meus clientes mais fiéis. Desde que a floricultura abriu, toda segunda feira vinha buscar uma buquê de rosas amarelas pra dar de presente pra esposa. Sr. Luiz foi meu primeiro cliente, sempre me tratou muito bem, fazia questão de puxar assunto e me ouvir todas as vezes em que conversávamos e os seus conselhos sempre foram os melhores. Sem contar na bela gorjeta que ele sempre deixava, mesmo eu dizendo que não precisava. Dizia que era pra mim me divertir porque eu era jovem, e precisava aproveitar os bons momentos da vida. E sempre pedia rigidamente pra não contar nada para o Rafael, porque a gorjeta era só minha. O Sr. Luiz não gostava do Rafael. O que me fazia gostar ainda mais do Sr. Luiz.
- Tem mais alguma entrega pra hoje? - E falando no diabo...
- Não. Eram só aquelas três mesmo.
Ouço ele caminhar até o balcão e levanto os olhos afim de encará-lo.
- Eu tô namorando, sabia!? - Sua voz sai um pouco apressada e esganiçada.
- Que bom, felicidades. - Volto a encarar o computador.
- Ela se chama Ingrid.
- Lindo nome... - Continuo anotando algumas coisas nas planilhas.
- Ela é linda! Quer ver?!
- Não acho que sej...
- Olha! - Ele estende o celular, o colocando na minha cara e olho a foto.
- Muito linda, parabéns.
- E ela tem 17 também.
- Que bom.
- E estamos juntos a...
- Rafael! - Ele para de falar e eu o encaro. - Eu tô tentando trabalhar.
- Ah... Desculpa, eu só queria te most... - Seus olhos migram pra minha mão. - Que anel... Que anel é-é esse?
- Ah, não te contei? - Usei meu melhor tom de deboche e levantei a mão, fingindo não ser nada. - Eu estou noiva.
- NOIVA?! - A voz dele sobe uma oitava e ele pigarreia. - Noiva?!
- Sim.
- Então... Você vai casar?
- Eu pretendo.
- Oh... Entendo...
Continuo encarando seu rosto, tentando decifrar aquela expressão esquisita em sua cara e seus olhos se mantinham fixos em minha mão direita.
- Rafa? Rafael! - Estalo os dedos em frente ao seu rosto e ele parece ter saído de um transe.
- Oi!
- Tá tudo bem?
- Tá! Claro! Tá sim...
- Vamo voltar ao trabalho então?
- Claro! Vamo sim...
Ele ainda fica alguns segundos ali, parado em frente ao balcão, olhando minha mão.
- Então você vai mesmo ficar com ela?
Respiro fundo pela oitava vez naquele dia.
- Sim.
- Sei... Felicidades...
- Obrigado.
E então ele sai. Sem mais nem menos. Só sai, indo até o estoque lá atrás.
- Ok. - Digo pra mim mesma. - Isso foi estranho...
...
Dou uma última olhada no espelho conferindo tudo. Eu estava um pouco nervosa porém confiante. Termino de colocar o último acessório, um colar de prata com um pingente em formato de coração, que Ludmilla havia me dado especialmente para essa noite. Eu usava um vestido curto de alcinha, na cor rosa, uma sandália prata nos pés e meus cabelos estavam soltos. Confiro mais uma vez minha maquiagem e sorrio satisfeita. Saio do closet, passando pelo quarto e quando chego na metade do corredor ouço a campainha tocar, o que faz meu estômago dar uma volta completa.
- Coragem Brunna! - Digo a mim mesma em um sussurro e chego na escada. Vou descendo os degraus e assim que chego no último, abro um sorriso.
- Ei, gatinha! - Yuri grita da porta, e vem praticamente correndo até mim, com os braços abertos. - Que saudade!
- Eu também senti sua falta, Yuri!
Seu abraço realmente demonstrava o que suas palavras diziam. Yuri me apertava forte em seus braços musculosos e eu tenho certeza de que quase sumi ali.
- Ei, que agarração é essa? - Lud chega mais perto e nós nos soltamos.
- Só tô falando oi pra minha cunhadinha, posso?!
- Humm...
- Então da licença que é minha vez! - Marcos empurra o mais novo pro lado, que resmunga, e agarra minha cintura, me rodando no ar. - Ei, cu! - Solto um gritinho surpreso e ele me coloca no chão, beijando minha cabeça em seguida. - Você sentiu minha falta!
Rio de sua palhaçada.
- Confesso que sim...
- É bom ter sentido falta da família toda! - Luane protesta, chegando mais perto e me abraçando com fervor.
- Pode ter certeza que sim.
- Tem espaço pra mais dois aí, petit? - Renato e Silvana se colocam, um em cada lado de meu corpo, e me abraçam.
- Claro que tem!
- Senti sua falta, filha.
- Eu também, Sil.
- Agora sim! Família toda reunida!
- Venham, quero que conheçam meus pais. - Digo saindo do hall de entrada e indo em direção a sala de estar.
Finalmente o tão esperado jantar entre as famílias chegou. Ludmilla pediu aos pais para que viessem ao Brasil porquê teria uma notícia pra dar, quase precisei assinar um documento confirmando à Silvana que eu não estava grávida e que ela não seria avó. Com meus pais não foi muito diferente. Eles nos convidaram para um jantar, oferecendo a casa deles mas antes disso, Mirian me colocou contra a parede de forma bem sutil, tentando descobrir o que era a grande notícia e se seriam gêmeos ou não. Quase estraguei a surpresa quando meu pai entrou na cozinha e ouviu metade da conversa. Ele queria sair e matar Ludmilla com o motorzinho que usa nos dentes de seus pacientes e eu precisei, literalmente, trancar a porta e jogar a chave na calcinha para que ele desistisse dessa idéia. Como os irmãos de Ludmilla já sabiam que ela iria propor - o que só fiquei sabendo bem depois -, eles já tinham todo o esquema de viagens programado.
- Mãe, pai... - Os chamou assim que entramos no cômodo. - Estes são meus sogros, Renato e Silvana Oliveira.
A cena a seguir foi um tanto cômica. Jorge se levantou de sua poltrona, com aquela pose de Poderoso Chefão e Renato travou no lugar, os dois se olharam de cima a baixo com uma expressão nada boa. Eles estavam um de cada lado da sala, tinham as mãos na cintura e uma pose um tanto quanto ameaçadora. Depois de alguns segundos, ergueram suas mãos e apertaram com certa força.
- Olá, sou Renato Oliveira. - Ele diz em um tom um pouco mais grave que o normal, dando um passo a frente.
- Jorge Gonçalves. - Meu pai ainda mantinha aquela sobrancelha arqueada enquanto Renato estreita ainda mais os olhos.
- Ok... - Sussurro pra mim mesma.
Enquanto os dois estavam naquela batalha esquisita como se fossem dois cowboys do faroeste, nossas mães aparentemente já haviam virado melhores amigas.
- Devo dizer que sua casa é linda!
- Ah, muito obrigada! Eu mesma fiz questão de cuidar da decoração.
- Você tem um ótimo gosto!
- Venha comigo, faço questão de lhe mostrar o resto da casa. - E então elas saíram dali, de braços dados e conversando como se se conhecessem anos.
Do outro lado do cômodo, meu irmão conversava avidamente com os herdeiros Oliveira.
- ...E aí eu acabei comprando ele mesmo, já que não tinha nada de mais interessante.
- Eu já passei por isso. Uma vez cheguei em uma loja e pedi um dos modelos mais novos do novo PS4, o atendente disse que simplesmente tinha acabado.
- Isso que é foda...
- Mas em compensação, algumas semanas depois chegou um novo e eu finalmente consegui.
De repente, em um estrondo, a porta de entrada se abre, acertando em cheio o rosto de um dos funcionários responsáveis por abrí-la.
- ACALMEN-SE MEUS SÚDITOS, A RAINHA CHEGOU!
E cmo se fosse ensaiado, todos olhamos em direção aquela voz esganiçada que eu tanto conhecia e vejo Daiane.
- Uh, desculpa aí moço. - Ela diz quando percebe que Hugo esfregava o nariz. - Não foi a intenção, mas sabe como é, preciso de uma entrada triunfal.
Hugo a encara com ódio e eu poderia dizer que ele estava prestes a socar a cara dela, mas então Larissa a puxa sala adentro.
- Entrada triunfal? - Minha amiga pergunta, puta da cara. - Tá achando que é quem? A Rihanna?
Day revira os olhos e minha amiga se aproxima, me abraçando. Obviamente duas também foram convidadas para o jantar, afinal, seriam nossas madrinhas.
- Hey Bru! - Ela me dá um beijo rápido na bochecha e faz um toque estranho de mãos com Ludmilla. - Onde posso colocar a cerveja? - Day pergunta me encarando e eu pego a sacola indo em direção a cozinha.
Guardo tudo na geladeira, enquanto sinto aquele aroma incrível que já estava impregnado no cômodo. Quando volto à sala, sinto meu coração se encher de um sentimento muito bom. Todos estavam sentados, conversando entre si. Ou quase...
Larissa havia feito amizade com Luane em questão de segundos, e as duas já estavam conversando sobre algo que não prestei atenção. Minha mãe e Silvana já haviam voltado da tour pela casa, Ludmilla, Marcos, Yuri, Daiane e Brunno ainda falavam sobre jogos e videogames e Renato e meu pai trocavam algumas palavras, mas ainda mantinham aquele olhar desconfiado um para o outro.
Caminho até o sofá, me sentando ali e começo a ouvir as conversas.
- ...8 núcleos CPU AMD x86-64 semi-personalizado, integrado com APU, processador secundário de baixo consumo, para tarefas em segundo plano, capacidade de armazenamento, disco rígido de 500GB mas que pode ser alterado, suporta memória8 GB GDDR5 unificado... - Era incrível como Yuri falava seu discurso enquanto os olhos dos demais brilhavam.
- ... E aí você enrola com papel alumínio e passa um pedaço de barbante só pra garantir, coloca no forno por aproximadamente 45 minutos... - Silvana tinha um pequeno caderno de anotações na mão e escrevia enquanto minha mãe ditava.
- ... Na base militar também tinha um dentista... Gay... - Renato diz a meu pai eu prendo a risada. - As vezes eu tinha medo de deitar na cadeira dele...
- ... Mas eu ainda tô tentando comprar ele sabe?! - Larissa se lamentava por alguma coisa. - Toda vez que eu vou na Americanas não tem no estoque, já tô cansada, cara. Vida de beyfã não é fácil...
Inspirei fundo o ar e me deixei sorrir com aquela cena. Era simplesmente maravilhoso ver todas as pessoas a quem amava, juntas, curtindo a companhia uma da outra e querendo se conhecer melhor. Confesso que eu realmente estava nervosa, com medo de que as coisas não saíssem como eu esperava, mas isso aqui estava melhor do que eu poderia imaginar.
Depois de longos trinta minutos, após me engajar em uma conversa de meninas falando sobre maquiagens e afins, o jantar finalmente foi anunciado. Todos nós levantamentos e fomos até a sala de jantar, onde a mesa já estava devidamente posta, com as melhores louças finas que minha mãe tinha.
Me sentei, quando Ludmilla puxou uma cadeira para mim ao seu lado. Meu pai se sentou em uma ponta, enquanto Renato se sentou na outra. Marcos, Luane e Yuri estavam de frente para mim, Ludmilla e Brunno, e Silvana e minha mãe, estavam ao lado de seus respectivos maridos enquanto Daiane e Larissa estavam de frente uma para outra.
- Brunna me contou que teríamos um francês aqui hoje. - Minha mãe diz, sorrindo.
- Oui oui, madame.
- C'est vraiment un plaisir. - Minha mãe rebate no mesmo tom e eu arregalo os olhos.
- Mia, você fala francês?!
- Sim.
- Como eu não sabia disso?
- Tem muita coisa sobre nós que você ainda não sabe, minha filha. - Meu pai me responde dando um gole em seu vinho.
- E aí, qual vai ser o rango de hoje? - Yuri diz, esfregando as mãos, com um sorriso no rosto, que logo se transforma em uma carranca quando sua mãe lhe acerta um tapa em cheio na nuca. - Ei! Doeu!
- É pra doer mesmo, tá louco?
- Mas eu tô com fome, poxa.
- Tenha modos, menino.
- Não tem problema Silvana. - Minha mãe responde com um sorriso. - Eu mandei prepararem um jantar especial, afinal, a data merece certo?!
- Sim! - Lud responde sorridente.
Logo o jantar foi servido e, toda a calma que eu lutei pra conseguir manter, simplesmente foi se esvaindo do meu corpo, e o nervosismo me alcançou. Ludmilla reparou nisso e segurou minha mão, por debaixo da mesa. Eu estava sem meu anel, decidi não usá-lo até o momento certo e ela havia concordado comigo.
- Hummm, tia Mirian, a comida tá ótima!
- Tia?! - Silvana o repreende. - Yuri...
- O quê?!
- Obrigado Yuri. - Mia responde. - Fico feliz que tenha gostado. E pode me chamar de tia ou só de Mia, eu não me importo. - Disse encarando Silvana e a mesma sorriu sem graça.
- Mamãe sempre arrasou na comida. - Brunno, como sempre, puxa saco.
Depois de tanto comer, - tudo bem que tinha bastante gente, mas minha mãe praticamente fez um banquete pra três dias -, nos sentamos na sala de estar novamente. Yuri ainda perguntou se tinha sobremesa e como resposta ganhou outra tapa da mãe. Em um dado momento eu os deixei na sala, distraídos em uma conversa qualquer e subi as escadas, indo em direção ao meu antigo quarto, afim de colocar o anel e dar a notícia da noite. Quando desci, todos ainda socializavam novamente, entre risadas e brincadeiras. Ludmilla me esperava ao pé da escada, já sabendo o que eu havia ido fazer.
Chego ao fim da escada e ela segura minha mão, me oferecendo um sorriso encorajador e vamos juntas até um dos sofás de cinco lugares.
-... E ele simplesmente me disse que não valia a pena porquê...
- Er... Família?! - Os chamo, um tanto nervosa, e todos me encaram. - Lud e eu temos algo a dizer.
Meu pai fecha a cara enquanto Renato abre um sorriso. Mirian e Silvana suspiram em expectativa (do quê eu não sei) e os herdeiros Oliveira sorriem maliciosamente, junto a Larissa e Daiane, pois já sabiam do que se tratava
- Oh meu Deus, não me diga... - Silvana diz já lacrimejando e meu pai a interrompe em um grito.
- EU VOU MATAR VOCÊ! - Ele se levanta bruscamente e corre atrás de Ludmilla.
Ela, por sua vez, arregala os olhos e sai correndo pra longe dele, em círculos pelas sala.
- Pai, não! - Grito em vão, já que ele não me escutaria de qualquer jeito.
- VOCÊ DESVIRTUOU MINHA FILHA! - Ele diz agarrando algumas tranças dela, mas ela consegue escapar.
- NÃO ENCOSTA NA MINHA BEBÊ! - Renato se levanta e corre de encontro a ele.
- Gente! - Digo tentando controlar a situação.
- CORRE LUDIENE! - Day grita em meio a uma gargalhada.
- EU NÃO FIZ NADA! - Lud consegue se soltar e volta a correr.
- VOCÊ COM SUAS PROMISCUIDADES TIROU MINHA MENINA DO CAMINHO.
- QUE CAMINHO?!
- PESSOAL! - Mais uma vez, minha tentativa foi em vão.
- De quantos meses você está? - Minha mãe se aproxima junto de Sil.
- O quê? - Pergunto atônita.
- Já tem sentido enjoos?! - Minha mãe espalma a mão em minha barriga.
Àquela altura Ludmilla já estava ofegante. Ela parou de correr assim que Renato se coloco a frente dela, a protegendo de meu pai.
- VOCÊ COM ESSA SUA MINHOCA QUE CHAMA DE PINTO...
- MINHOCA NÃO! - Ela rebate, ofegante.
- CHAMOU DE PIROQUINHA MIXURUCA. - Yuri grita. - EU NÃO DEIXAVA.
- Já decidiram o nome? - Silvana sorria como se fosse uma criança que acabou de ganhar seu presente de natal.
- De quem?
- Do bebê.
- BEBÊ? - Ludmilla me encara, apavorada.
- NÃO!
- Mas ainda dá tempo... - Minha mãe conclui.
- BRUNNA, VOCÊ TÁ GRAVIDA? - Larissa se aproxima. - Dessa eu não sabia.
- Eu não...
- Posso ser o padrinho? - Marcos aparece do nada.
- Claro que não! - Brunno para ao lado dele. - Eu vou ser o padrinho!
- E por quê você?
- Porque eu sou o irmão dela.
- Gente...
- Se afaste da minha filha!
- Ela foi o mulher o suficiente pra engravidar a minha, agora vai ter que assumir!
- Mas é claro que eu vou assumir!
- Eu também sou irmão da outra mãe.
- Filha, você já fez o pré natal?
- EU NÃO TO GRÁVIDA!!! - Berrei tão alto, que fez eco na sala. Todos param imediatamente e me encaram assustados.
Um silêncio pesado e demorado se fez presente e o clima embaçou. Respiro fundo, tentando me manter calma.
- Você... Não está? - Lud pergunta e seu tom de voz tinha uma leve decepção.
Meu coração se apertou ao ver a carinha que ela fez.
- Não, amor... Ainda não. - Tentei amenizar a situação. Ela simplesmente sorriu, entendendo o que eu quis dizer.
- Como assim, ainda?
- Pai, senta! - Digo apontando a poltrona e ele franze o cenho. - Agora! - Bufa, feito uma criança de 9 anos, que foi contrariada, e então marcha pesadamente até a poltrona e se joga. - Vocês duas também. - Digo a Mia e Silvana.
Faço um sinal com a cabeça, chamando Ludmilla e ela da a volta pelo outro lado da sala, longe do meu pai, até chegar a mim.
- O que eu tenho pra falar é tão sério quanto uma gravidez, mas não é isso.
- Então o quê é?
- Tá com pressa agora, dona Mirian?! - Debocho e ela resmunga feito uma velha, se encostando no sofá.
- A verdade é que, já faz uma semana que isso aconteceu e nós... - Olho para Ludmilla. - Decidimos esperar até que todos estivessem aqui pra saber. - Respiro fundo e ela entrelaça seus dedos nos meus. - Ludmilla me pediu em casamento... - Silêncio. - E eu aceitei. Nós vamos nos casar.
Então, por longos segundos, aquele mesmo silêncio se arrastou. Eu já estava ficando agoniada, mas não podia fazer nada.
- Casar?! - Sil foi a primeira a se manisfestar.
- Sim!
- Mas já?! - Mia pegunta.
- Sim ué, como assim já?!
- Filha. - Renato me chama. - Vocês ainda são muito novas. Têm apenas 20 anos..
- Minha mãe ja tinha dois filhos com essa idade. - Ela responde na defensiva.
- Toma! - Já era o terceiro tapa que Yuri levava por falar demais.
- Vocês têm certeza de que é isso o que querem? - Meu pai pergunta e eu já estava começando a perder a paciência.
- Filha, não nos entenda mal. - Mia se aproxima segurando minha mão. - Não estamos dizendo que somos contra essa decisão, mas é que todos aqui se casaram jovens, nós sabemos as dificuldades que vocês provavelmente irão enfrentar e não queremos que sofram com isso.
- Mãe, nós nos amamos. Sei que vocês pensam que só isso não basta, mas nós sentimos que está na hora de dar mais um passo a frente.
- Sei que estamos juntas a pouco tempo, se formos ver pela cronometragem. - Lud toma a palavra. - Mas sinceramente?! Eu sinto que conheço Brunna a anos, como se ela fosse uma parte de mim que eu nunca imaginei que precisava. - Ela diz aquilo me encarando e sinto meu coração derreter. - Nós estamos juntas a oito meses, já moramos juntas a seis, o casamento em si será só pra oficializar o que nosso coração já sabe; pertencemos uma a outra, e será assim pra sempre. E eu gostaria muito que todos vocês estivessem lá, pra nos abençoar e compartilhar de nossa alegria.
Aquela altura eu já estava sem palavras. Silvana limpa algumas lágrimas de forma não tão disfarçada, Daiane tinha um sorriso satisfeito enquanto encarava Lud e Larissa parecia convencida.
- Será um enorme prazer! - Renato diz se levantando e vindo até nós.
Ele nos dá um breve abraço, seguido de Silvana.
- A felicidade e vocês é a nossa. - Ela diz dando espaço a minha mãe.
- Eu estou muito feliz por você, minha filha.
Meu pai para a nossa frente e ouço Ludmilla engolir seco.
- Eu não fiquei sabendo de pedido nenhum, sabe... - Ele diz analisando as unhas e minha mãe ri.
Lud entende o que ele quis dizer e então respira fundo, assumindo uma postura séria.
- O senhor me daria a honra de ter sua filha como minha esposa?
Ele a encarou por alguns segundos com a sobrancelha arqueada e sorri em seguida.
- A honra é toda minha de te ter como minha nora.
Ele pegou a todos totalmente desprevenidos ao dizer aquilo. Ludmilla arregalou os olhos quando ele a puxou pra um abraço.
Meu coração transbordou e se desmanchou ao mesmo tempo com aquilo. Lud solta meu pai e logo todos nos reunimos afim de conversar sobre o casamento.
Sentada ali, vendo minhas duas famílias unidas como se fossem uma só me deixou em um estado de felicidade incompreensível. Eu nunca imaginei que seria tão feliz assim um dia.
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ai ai...
👀
como estamos?
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