Capítulo 20

ARTHUR

—Quem é aquela entrando na casa do pastor?  — perguntei ao André, sem desviar os olhos antes que a bela mulher desaparecesse dentro da casa. Ela tinha o cabelo cacheado, vestia um vestido roxo longo que fazia um belo contraste com a sua pele negra.

André seguiu o meu olhar e respondeu.

— Aquela é a Maya, a melhor amiga da minha noiva.  Ela é que vai ser madrinha com você, se você tivesse vindo ao ensaio do casamento saberia.

Lembrei Maya Linhares a antiga patricinha tem muitos meses que ela está sumida depois do escândalo do pai dela. Já a tinha visto antes, mas como sempre estava junto do Ricardo eu nunca tinha observando como era bela.

— Pode tirar esse sorrisinho do rosto — o careta do André falou.

— Por quê?

— Porque ela é cristã e tem valores totalmente diferentes do seus.

—Assim você me ofende. Então, vou ter que procurar outra distração.

Afastei-me do André, não porque ele me ofendeu, mas já que ela era cristã eu não teria nenhuma chance. Antes de eu me afastar completamente ouvi o André dizer.

— As pessoas têm sentimentos.

Pena que eu não tenho.

Encontrei com a Jade, uma ruiva que a muito tempo eu não via, perfeita para tirar a Maya dos seus meus pensamentos. Elas são totalmente diferentes.

A única coisa que eu não esperava era que a Maya me visse beijando-a. Não acreditei quando ouvi alguém limpando a garganta para chamar a minha atenção e era a Maya. Recupei-me do surto e pisquei para ela.

Quando ela falou que eu poderia estragar o casamento do meu melhor amigo foi como se ela tivesse me dado um tapa na cara. Despedi-me da Jade que ficou sem entender nada e fui procurar a cerimonialista.

Não sei porquê meus olhos sempre procuram  onde ela está. Não posso negar:  estou atraído por essa garota. Baixa, um corpo bonito, olhos expressivos e um sorriso encantador. Já sei é só isso atração misturado com culpa fui infantil com ela na hora que ela me encontrou. Vou dançar um pouco com a Maya e depois esquece-la.

Eu tive que implorar nunca imaginei que eu: Arthur Dantas iria insistir para dançar com uma mulher. Ela estava sentada sozinha comendo bem casado e ainda teve a coragem de me fazer implorar.

🔹🔹🔹

— Preciso pegar uma pasta e já me dirigo a reunião. —  disse para a minha secretária Ivete. Ela já estava com um barrigão lindo, mas toda hora acho que ela pode explodir e o nenê nascer.

Eu amo essa sala: ela tem cheiro de independência. Lembro-me do dia que o André me contratou ele nem acreditou que eu deixei de ser o dono da maior produtora de Soja do Brasil para ser — um simples diretor de marketing —  nas palavras dele.

A minha mente inconscientemente me faz lembrar da última conversa que tive com o meu pai quando eu tinha 18 anos.

Flashback

Entrei e fiquei olhando na janela a imensidão de terras e peões, máquinas agrícolas e soja.

—  Senhor Artur, e tão bom vê-lo em casa.

Casa e a única palavra que esse lugar não se encaixa. Sorri para o Mário, afinal, ele sempre foi meu amigo. Modormo dessa Fazenda desde que eu nasci.

—  O seu pai o receberá agora. Está no escritório principal.

Dei um sorriso maior, mas menos sincero. E me dirigi para o escritório de Sérgio. Desde que terminei o Ensino Médio no semestre passado eu sabia que essa conversa seria inevitável.

Bati na porta o mais leve possível quem sabe ele não ouvisse.

— Entre.

Empurrei a porta  devagar, mas para que se eu teria que entrar de qualquer jeito. Meu pai estava com as mãos crusadas sobre a mesa me observando.

Esperei pacientemente que ele falasse alguma coisa, porém, ele só me observava.
Não aguentando mais aquele silêncio eu o provoquei. Sei que não deveria fazer isso, mas passei a minha vida inteira tentando agrada-lo e não adiantou.

—  O gato comeu a sua língua?

— Já lhe falei mil vezes que essas gracinhas são falta de educação. E que o seu pai merece mais respeito.

—  Estou surpreso que tenha vindo. —  meu pai disse.

—  O Senhor, me mandou chamar.

Infelizmente eu nunca o desafiaria. Tentava chamar sua atenção através das minhas atitudes, porém, nunca faria nada verdadeiramente desafiadora.

Eu era um covarde nas minhas conversas imaginarias já tinha falando umas verdades na cara dele, contudo na vida real não.

— Mandei sim. —  ele continuava na mesma posição — Mas você nunca obedece.

Era mentira, mas não vou discutir.

— Já faz seis meses que terminara o Colégio e não votou para casa.

Casa? Que casa a que eu nunca ficava porque está no colégio em tempo integral. Ou a casa que mais parecia um colégio militar nas férias.

—  Eu estava tirando umas férias. —  limitei-me a dizer.

—  Você é igualzinho a sua mãe.

Vindo de outra pessoa poderia ser um elogio. Os mesmos olhos, o cabelo loiro e até o sorriso são iguais aos dela. No entanto, vindo do meu pai sei que era uma ofensa.

— Não fale da minha mãe.

Ela tinha "morrido" quando eu tinha 5 anos.
Desde, então, a relação com meu pai piorou e  nunca soube o porquê.

— Ela só sabia festejar e viver no mundo da lua, você é igualzinho a ela. Dois incompetentes, seu bastardo.

— Por que, pai? — Esforcei-me para não chorar na frente dele. — Eu sou seu filho por que você me trata assim?

O coronel num ataque de fúria se levantou e deu um soco na mesa.

—  Você ainda não percebeu? Você não é meu filho! Você é um bastardo que sua mãe trouxe no ventre quando se casou comigo.

— Não. — não pode ser eu amo esse homem. Ele é o meu pai.

— E sinceramente eu estou cansado de você. Você vai para o exército e quando voltar vai me ajudar administar a fazenda.

—  Não. Eu não vou.

— A partir de hoje a sua mesada está cortada.

—  Pode ficar com o seu dinheiro eu vou embora e nunca mais você vai ver o bastardo.

Virei-me e deixei as lágrimas cairem enquanto eu andava pelos corredores do velho casarão pela última vez.

— Arthur, Arhur... Voltei ao presente com alguém sacudindo de leve o meu ombro.

—  Desculpe eu vim pegar uma pasta e acabei me distraindo. —  expliquei a Silvia.

Silva é a minha assistente e a pessoa que mais tempo eu tive um  "relacionamento".

Gostaria de te convidar para conhecer os romances da minha amiga IasmimSantos259. Ela é capista, poetisa, romancista e outros 1 milhão de coisas.
⭐⭐⭐⭐

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