pista 13: magico
Delaware, EUA
27/09/2023 - Sexta-feira.23:00 PM
Sinto que o ser que antes estava escondido, fora do meu campo de visão se aproximando novamente, se esgueirando entre as sombras, logo atrás de mim, perto o bastante para sentir seu calor, sinto um cheiro familiar, forte e predominante, mas não me lembro da onde o conheço.
Mãos grandes tomam meus ombros e me viram, saco rápido o revólver deixando na altura do umbigo da pessoa.
Solto tudo que está em minha mão, menos a arma, deixando a bolsa e as chaves caírem em um tilintar para me dar maior liberdade de reagir.
Ele é bem mais alto que eu, o reflexo do poste de luz não me permite encarar seu rosto diretamente, não gosto dessa tensão, porém isso não me assusta, quem está armada sou eu.
Uma voz grossa e firme sai dos lábios da pessoa que me segura.
—Surpre... - ele interrompe a frase ao sentir o metal gelado em seu abdômen, sua mão desce e segura a boca da arma numa tola atitude em busca de entender o que era aquilo, me afasto poucos centímetros me dando maior firmeza e mira para acertar o tiro, assim que ele percebe a situação a voz grossa é substituída por um gritinho nada másculo- Eiii!!!
Ele se afasta me dando visão do seu rosto e então o reconheço, percebo que não seria uma ameaça e automaticamente a tensão se vai
— Noah!- Solto o ar aliviada- Você tá louco? Eu poderia ter atirado!
— Eu loco? Quem sai por aí ameaçando os outros é você!
Solto uma risada e guardo o revólver na cintura como de costume, apoio as mãos nos joelhos me curvando um pouco e me recuperando do susto, ver a cara de puro pânico dele era engraçado, não sei como eu achei que ele fosse ser uma ameaça.
— Tá rindo do que menina! Quase que eu levo um tiro!
— Você vem, essa hora da noite, nessa escuridão como um bandido saindo das sombras e acha ruim que eu revide? - faço uma pergunta retórica e ele vira a cabeça como um cachorrinho confuso.
— Tá olhando desse lado, admito que não foi um dos melhores jeitos de te surpreender.- ele levanta as mãos em rendição
— Você acha!? - sorrio e abro a porta do carro me sentando no banco do motorista com as pernas para fora - o que faz por aqui Queiroz?
—Estava por perto - ele diz fugindo da pergunta- resolvi passar para perguntar se o casal que sofreu um acidente lá perto da fazenda está bem.
— Só você pra me dar um susto desses por que está preocupado com gente que nem conhece- ele ri e se encosta na porta do carro balançando a cabeça
— O acidente foi feio, passei quase uma hora no trânsito, fiquei preocupado, o casal sempre comprava itens da minha horta, tinham um bebê pequeno e um menininho.
— Foi uma infelicidade mesmo...- digo tentando forçar a memória- O caso nem chegou aqui, a perícia decidiu que foi erro mecânico do freio, só fiquei sabendo pelo rádio agora pouco, as crianças vão ganhar um bom dinheiro da seguradora porém nada repõe a família que perderam.
— Eles... morreram? - vejo os olhos de Noah marejaram e a boca se abrir um pouco pela surpresa
"Merda Aylin!" Me xingo mentalmente
Ele não sabia que o acidente tinha sido fatal, claro, não foi noticiado ainda
É difícil ver as pessoas demonstrando muitas emoções como Noah faz, eu considero muito bonito ser tão empático porem é um tanto irritante ele ficar tão mal por alguém que ele sequer sabia o nome.
— Perdão, pensei que soubesse...- tento consolar
— Não tem mal... Só tenho pena das crianças, crescer sem família é muito difícil.
ele abaixa um pouco a cabeça e eu me ajeito no banco do carro
— Nem consigo imaginar, eu sempre tive meu pai ao meu lado e não lembro da minha mãe, então raramente sentia falta dela, digo, sentia falta de uma figura materna, não dela como pessoa.
— Queria ter essa sorte... eu conheci ambos meus pais e.. - ele da uma pausa e as próximas palavras saem como um sussurro-ambos se foram, cada um a sua maneira...
assinto com pena e ele me olha parecendo mais calmo quando seus olhos encontraram os meus
— E depois tive Celeste- ele continua- porém depois do desaparecimento de Angi ela mal conseguia cuidar de si mesma quem dirá de mim.
Ele abaixa a cabeça e encosta na porta do carro, nesse momento a noite parece mais agradável que assustadora, a chuva já parou o cheiro de grama fresca rodeia o local e como se tudo ficasse mais simples mesmo que o assunto da nossa conversa fosse profundo eu estava confortável e ele também
— Quando estávamos procurando por você encontramos a ficha da sua mãe- admito e ele me olha profundamente- ela se mudou da cidade quando você ainda era muito novo né? Deixou tudo para você e seu pai .
— Sim, sabe eu nunca esperei isso, acho que meu pai também não
— Sinto muito Noah, mal sei o que dizer
Ele me encara e sacode a cabeça, realmente me dói ver que esse menino tão sorridente esconde tanta dor em seu passado, lidar com pessoas nunca foi muito forte por isso me sinto perdida nesse momento, não sei como acalentá-lo.
—Eu poderia... queria saber- ele parece meio sem jeito mas eu imagino o que seja
—Não temos nada sobre Angelis, tudo ainda é especulação- ele parece reconhecer o nome e balança a cabeça em concordância
—Mas ter algo para especular já é mais do que recebemos nestes últimos anos
—Noah...- levanto do banco e como ele estava apoiado na porta é obrigado a ajustar a postura, estávamos bem perto a porta do carro se fecha e me abaixei rápido para pegar minha bolsa do chão- não quero te desanimar nem nada porém ainda não temos nada novo, sabe as estatísticas o Spencer sabe te falar os números melhor porém não vai te dizer nada muito diferente
—Mas estão tentando, todos vocês- ele sorri e para do meu lado ficamos ombro a ombro e começamos a andar meio sem rumo, lembro de apertar o botão para fechar o carro antes de me distanciar muito- eu estou aqui a um tempo, sabe andando na frente da delegacia querendo saber sobre Angelis, eu... me culpo tanto...
—Você era uma criança Noah- apoio a mão em seu ombro
—Mas não sou mais- ele me olha de cabeça baixa - eu poderia ter virado policial ter insistido mais feito qualquer coisa, mas eu desisti precisei que uma desconhecida chegasse à cidade para lembrar a todos dela... sem ofensas
—Não me ofendo- abaixo a cabeça- mas você precisa ser honesto, você fez o que podia e te competia, ter novos olhos é sempre bom e sendo sincera eu não acho que tenha esquecido dela
o tempo está agradável para caminhar o vento soprava calmo e a umidade da chuva que tinha passado deixava o clima frio do jeitinho que eu gostava
—Eu sonho com ela- o encaro enquanto fala- as vezes é só uma risada, ou os olhos mas sempre o mesmo dia, mesma situação e sempre acaba do mesmo jeito, ela desaparece e Celeste me perguntando onde está o ''anjinho dela''.
—Isso pode ser um trauma, você já tentou falar sobre isso com um especialista?
—Você é uma especialista não?- ele tenta dar um sorriso forçado, e eu balanço a cabeça em negativa
—Um médico Noah, um psicólogo, para aprender a lidar com a perda.- tento passar apoio e encosto em seu ombro
—Não gosto de médicos.
O silêncio agora se torna um pouco desconfortável o clima continua o mesmo mas percebo que as correntes de vento começam a soprar mais forte, continuo a andar no único caminho que conheço dessa cidade
—E também- ele me olha obstinado, não parece ter um pingo de dúvidas quando afirma- não acho que tenha perdido nada, ela está por aí eu sinto, não precisa ficar nervosa...
E pela primeira vez na noite me pego evitando seu olhar, abaixando a cabeça para que ele não perceba que que eu desacredito de sua certeza seus passos são largos e lentos ele me segue nessa caminhada mesmo que não tenhamos um rumo ele parece ter plena confiança em mim simplesmente não questionando nada, não sei se sou digna dessa confiança em nenhuma das duas situações
e a primeira vez que me sinto tão insegura, meu trabalho era tão mais simples quando as vítimas eram apenas fotos em folhas de papel e as pistas peças de quebra cabeças
chego a conclusão que eu problema são as pessoas vivas e não o crime em si, claro havia casos difíceis onde eu via vários cadáveres em cenas horrendas e passava meses enterrada em papelada mas nunca tinha sentido nada como essa pressão
— Eu só não sei o que falar, eu nunca me envolvi tanto com a família de uma vítima - admito- meu trabalho era mais no escritório ou diretamente com os corpos, tínhamos assessores de imprensa e detetives especializados em comportamento para falar com as famílias, quando eu tenho pesadelos com as vítimas são fotos de cadáveres sem rostos não têm história, familiar, nada... só vítimas, e quando eu acordava me acalentava saber que eu poderia encontrar o seu agressor.- respiro fundo e o encaro ainda desconfortável
—Perseguindo os crimes sem solução e lhes dando um desfecho, não sei se acredita mas eu tenho certeza que o que te trouxe aqui foi o destino Aylin você veio para encontrar a Angelis e nada que diga vai me desiludir, que demore mais 20 anos mas você vai achar algo, eu sei
— As vezes me sinto meio pressionada por toda essa fé em mim porém também acho que conversas como estas são o que me motivam a ficar e persistir- admito finalmente levantando a cabeça
— Perdão a pressão mas eu sei que não é de desistir
— Nem vocês
cada um solta sua própria risadinha baixa, as luzes da cidade já estão se apagando não se vê nada aberto e o silêncio da noite é predominante das ruas de cidadezinhas pequenas, sinto uma pequena garoa começar, arrumo o cabelo e esfrego as mãos a procura de um pouco de calor uma vez que a temperatura começa a baixar
— Acho melhor voltarmos- Noah sorri- você deve estar cansada, afinal passou o dia trabalhando e eu já te enchi muito por um dia
—Não é incomodo, gosto de conversar com você - digo no automático e me pego com vergonha logo após
— Bom saber, quem sabe eu te envio um "bom dia" amanhã também
—E talvez eu te responda - digo e dessa vez não consigo evitar de sorrir percebendo que o mesmo também sorria
percebo que ele balança a cabeça como se fosse falar algo mas assim que abre a boca sinto uma gota molhar meu rosto em seguida outra descer pelo meu cabelo e em um segundo eu já estava encharcada, tento raciocinar o que fazer mas antes que consiga uma risada alta soa perto do meu ouvido, o olho incrédula e sinto ele me puxar para baixo de um toldo de uma loja fechada.
— Eu adoro chuva- ele sorria enquanto jogava o cabelo molhado para trás a chuva que antes era garoa voltava com força caindo em gotas grossas e mesmo que encolhidos embaixo do toldo a água ainda molhava meus tênis.
— só você para estar feliz com essa situação - digo e balanço a cabeça
— você não acha lindo, as gotas caindo e a água atravessando a pouca luz da noite?
— sim, lindo - concordo o olhando- mas o desconforto das minhas meias molhadas não me permite apreciar como deveria
— às vezes você precisa ignorar os pequenos desconfortos para ver a parte mágica do mundo
antes que eu entenda a frase ele retira o casaco e coloca sobre minha cabeça estava parcialmente seco ainda, a parte interna ainda estava quente e me sentia confortável ali, logo o vendo sair da proteção do toldo e dar uma volta na chuva como se nada importasse como se todo o pesar que eu tinha visto minutos antes não existisse ali do nada o ar tinha ficado leve era tão... como ele tinha dito?
mágico
sorri e me permito andar até ele a passos largos aproximo aos poucos ainda vestindo o casaco me permito sorrir e girar com ele por alguns segundos, não trocamos palavras só sorrisos e mesmo com a visão embasada pela água eu admirava seu rosto, ele dá uma risada alta e eu não evito retribuir
—Tá bom, você tem razão, é lindo- digo afastando os fios molhados da testa e chacoalhando um pouco a cabeça fazendo as gotinhas se espalharem mais
— As vezes é bom desestressar, você vive muito tensa, fazem semanas que está por aqui e essa é a primeira vez que te vejo sorrir assim- ele tomba a cabeça para frente enquanto a respiração volta a seu ritmo normal
— Ei eu sorrio sempre!
— Não assim. - ele afirma e me olha como se me desafiasse a contradizê-lo, porém como fazê-lo ?!
—Nem - encosto de leve em seu ombro lhe empurrando de volta ao toldo- obrigada, fazia tempo que eu não "brincava" assim, me senti como uma criança de novo
— sempre as ordens detetive, é bom te ver sorrir- ele passa o braço por cima do meu pescoço o deixando apoiado em meus ombros, me assusto pela proximidade repentina mas não ouso reclamar, não sei bem o por que, tenho me convencer que o motivo é que ele ainda está quente e as roupas molhadas estavam começando a me arrepiar e mesmo que essa seja uma péssima desculpa é o suficiente para me auto enganar.
— Mas minhas meias continuam molhadas- digo batendo os pés
— Certo, vamos voltar para a delegacia?
— Meu apartamento é umas duas ruas para frente, está mais perto que voltar tudo isso -digo e aponto na direção conseguindo ver um pedaço do prédio a distancia- vamos pra lá a gente se seca e espera a chuva passar.
—Então o que estamos esperando?- ele diz e dá aquele sorrisinho desafiador que eu já tinha visto inúmeras vezes nessa noite, mas dessa vez as palavras se embaralham na minha garganta e nenhum som saiu, meu coração errou uma batida no momento que percebo que estamos correndo.
Noah corre rápido pela rua, como se soubesse para onde vai, tento o acompanhar notando que o mesmo soltou meu pescoço e agora segura minha mão me forçando a tentar acompanhar seu ritmo na corrida, sinto o ar faltar em alguns momentos por não estar acostumada e nem preparada para aquilo olho para seu rosto e seu semblante ainda é alegre.
quando percebo que ele iria passar reto do condomínio o puxo na direção certa ficando em sua frente, o porteiro abre a porta ao me ver vindo correndo e percebo um olhar confuso ao me encarar e notar que eu estava totalmente molhada e com um estranho ao meu lado, e como se fosse explicar tudo Noah consertar a postura e solta um ''Boa noite'' fico esperando para ver se ele vai falar mais alguma coisa assim como o porteiro porém eles só se olham em uma situação meio desconfortável, eu aceno com a cabeça para o homem de meia idade que solta algumas palavras inaudíveis e acena de volta sem graça sigo o caminho em direção do elevador.
—Boa noite? - sussurro para Noah enquanto o puxo para dentro do elevador
—Não sabia mais o que dizer- ele me encara e cai na risada
—Agora meu porteiro vai achar que eu sou louca- digo abaixando a cabeça e riu também
— Aylin você está em uma cidade pequena, logo mais todo mundo vai saber da detetive louca que corre molhada pelas ruas
— E mesmo só o que falta - olho pela primeira vez para o espelho do elevador e vejo minha situação, os cabelos escorridos e encharcados caídos na frente do rosto a jaqueta de Noah pesa nos meus ombros e minha bolsa pinga pequenas gotas no chão do elevador
quando percebo que paramos no andar certo saio devagar do elevador e para abrir a porta preciso soltar a mão de Noah que eu mal percebo que estava segurando, ouço um resmungo de reprovação da parte do homem.
— Sabe você me lembra ela- Noah diz calmo e não posso evitar de encará-lo enquanto abro a porta - ela era assim toda inteligente e astuta, era difícil fazê-la sorrir abertamente também mas quando sorria iluminava quem estivesse perto
—Angelis?
— é - ele afirma enquanto retira os sapatos molhados os deixando do lado de fora, faço o mesmo- quando eu tinha problemas em casa ia dormir na casa dela, essa seção de conforto, acho que eu não sinto desde aquela época
percebo que ele está um pouco sem jeito e coça a nuca
— acho que eu saberia se tivesse sido sequestrada- brinco tentando aliviar a situação e ele sorri novamente deixando o clima mais leve
— você mora sozinha? - percebo que ele anda até a sala olhando em volta e encarando o ambiente como se procurasse algo
retiro a jaqueta pesada e a deixo no gancho atrás da porta vejo ela pingar no chão em gotas grossas e penso na bagunça que estamos fazendo, indo para a lavanderia pegar panos de chão
— moro sim, gosto da privacidade é bom estar sozinha as vezes
— Eu atrapalho então?- ele questiona e o vejo perto da porta secando nossas pegadas, me apresso e pego uma toalha para cada
— Nem um pouco, mesmo que eu goste de estar sozinha gosto de você por aqui também- lhe estico uma toalha e o vejo secar os cabelos em um movimento rápido e desgovernado- é bom conversar sem ser sobre trabalho, eu precisava mesmo de momentos mais descontraídos assim
— Fique por aqui mais um tempo que eu prometo te levar para dançar na chuva mais vezes- ele deixa a toalha pendurada nos ombros e sorri em minha direção, os cabelos bagunçados e desalinhados caem sobre o rosto
— Então até a próxima chuva Noah- digo secando meu cabelo também- vou fazer um chá para nós, acho que eu tenho um conjunto de moletom maior que pode caber em você assim colocamos suas roupas na secadora para não ter que ir com as roupas molhadas
coloco agua para ferver me dirijo na direção do quarto
— Sem problemas- o ouço dizer enquanto mexo nas gavetas, troco de roupa e acho um conjunto de moletom que tinha comprado a um tempo, ele é cinza e dois números maiores do que o meu tamanho, comprei para que fosse um pijama mais larguinho mas acho que vai servir para Noah
volto para sala e me deparo com Noah retirando a camiseta, meus olhos correm pelo seu corpo e a visão me deixa constrangida porém meu corpo não reage aos meus comandos, mal consigo me mexer quem dirá desviar o olhar, não fazia ideia do que estava acontecendo nada nunca me fez ficar assim
— Ah Obrigado- ele diz notando a minha presença ali e esticando as mãos em minha direção demoro alguns segundos para entender o que fazer e por fim consigo me mover e entregar o conjunto na sua mão, antes que eu tente dizer algo o som da chaleira me faz despertar do meu transe e ir em direção a cozinha, não consigo evitar de lembrar da afirmação que Spencer fez mais cedo, droga, eu estou mesmo parecendo uma adolescente
— Você quer ajuda- ouço sua voz muito próxima e me viro
Noah e essa maldita mania de se aproximar de surpresa, pior ainda era ele gostar de estar sempre tão próximo, intimidade para ele era construída tão rápido, nesse momento eu me via a poucos centímetros de seu peito ainda desnudo, a calça do moletom tinha ficado curta nos tornozelos o que me faz acreditar que mesmo sendo grande para mim o moletom deveria ter ficado apertado nele e a blusa não deveria nem ter servido.
Sinto seu calor sobre meu peito, meu coração parece querer sair pela boca, meus olhos sobem rápido e me deparo com seu rosto, ela parecia estar tranquilo porém quando meus olhos encontram os seus o vejo ficar tão desconcentrado quanto eu, como extinto tento o afastar com um toque porém minha mão só repousa sobre seu peito e não consigo forçar uma distância, sua mão levanta e se aproxima dos meus cabelos, mesmo que ainda molhados sinto sua mão deslizar e se acomodar entre minha nuca e meu pescoço o calor que seu corpo emitia era contrastante com minha pele gelada e em um movimento rápido e ele mata toda a distancia entre nos puxando meu rosto para perto do seu
me esforço para ficar da sua altura e aprecio o momento, a sensação, não era a primeira vez que eu beijava mas claramente era a primeira vez que me sentia daquela forma, o sangue pulsava em minhas veias o calor de seu corpo me fazia sentir arrepios por onde passava, as mãos corriam como se procurasse algo pelo meu corpo era intenso, aos poucos o sinto me levantar e me deixar na sentada em cima do balcão assim nós deixando mais confortáveis, a falta de ar nos fez afastar em milímetros mas o suficiente para o ouvir dizer
—Me desculpa... - tento o olhar procurando qualquer sinal de arrependimento porém o que acho é vergonha, o que no momento me faz pensar como ele é fofo
—Continua- digo firme e ele me encara finalmente abrindo os olhos- ao menos que você não queira
—Quero- ele diz sem um pingo de hesitação- Porra como eu quero... dês que te conheci eu só...
Não permito que termine imaginando que ele iria se perder nas palavras e dessa vez eu que o beijo.
È a primeira vez que eu escuto ele falar um palavrão como se perdesse o controle por um momento, é bom saber que eu causo uma reação assim nele, uma perda de controle assim como ele faz comigo, me canso da situação me levanto me afastando um pouco dele, pulo do balcão e vejo seus olhos me acompanharem confuso, apago o fogo fazendo a chaleira parar de fazer barulho e o puxo pelo pescoço ele sorri e me acompanha entre beijos o caminho para o quarto faço questão de retirar a blusa recém colocada e a deixar cair no chão, e o único sentimento que eu tive era que sim, esse tinha sido um dia mágico.
estou tentando voltar com essa historia, pensei muito sobre como escreveria e decidi escrever do jeito que a Sunny de 2018 gostaria que ela fosse escrita, estou acompanhando minhas próprias anotações da época, tem muito que eu ainda pretendo mudar e coisas do começo da historia que na revisão eu pretendo alterar, mas seria injusto com meu eu do passado se eu não seguisse como ela queria
desde já adianto essa historia vai ser um pouco diferente do que o que eu costumo publicar, a Sunny de 2018 era muito mais simples e otimista, tudo tem uma leveza que eu a muito tempo não encontrava, me redescobri no meu próprio passado
mas espero que gostem do rumo que a historia esta tomando e espero estar sendo fiel aos personagens
Eu ando um pouco nostalgica
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