Capítulo 6


Luccas Narrando

Sim, é estranho. Mega estranho ver a Cristha ainda feliz na escola, sendo que ontem, eu a fiz chorar. Pois é, ela também sabe disfarçar direitinho os seus sentimentos.

Eu também faço isso. As vezes, algumas pessoas acham que eu estou feliz por ter terminado com a Cris, quando na verdade não estou.
Mas eu quero que as pessoas pensem assim, é muito melhor.

Uma vez, no ensino fundamental, um garoto me disse que ele vai fazer as pessoas fazerem o que ele quer. Meio confuso, mas não impossível.

Na época, eu não sabia direito o que isso significava, mas agora, sabendo o que eu sei das coisas, posso dizer que manipular as pessoas é mais fácil do que parece.

O mundo é movido a esperança e desespero. Se não há esperança, não há desespero.

E assim, você pode fazer com a pessoa não sinta mais nada. Sem remorso, sem sentimentos, e pessoas sem sentimentos são apenas marionetes.

E é isso que a sociedade quer.

Marionetes como eu, são fácies alvos, eles ficam vulneráveis perto de outra pessoa. Meio errado, eu sei.

- Terra, chamando ex rei Luccas. - Sam estrala os dedos na minha frente.

- Ah oi. - Digo, estamos sentado numa mesa do refeitório.

- O que houve? Você está encarando tanto uma garota alí, que daqui a pouco ela some.

Olho para frente, encaro a garota ruiva, ela me olha de volta e acena. É a Anne. Não tenho o que me preocupar. Ela sabe que eu nunca teria algo com melhor amiga da minha ex.

- Oi Luccas! - Diz Anne, se aproximando da mesa. Anne olha para Sam ao meu lado, e sorri, colocando as mãos na cintura.

- Hey Ann. - Digo acenando de volta, tentando sorrir.

- O que houve com você? - Pergunta Anne me olhando desconfiada.

- Nada - Dou de ombros tentando parecer normal. Mas não estava tudo normal.

- Tu não me engana não, Luccas - Anne senta no banco ao meu lado, me fazendo quase abraçar Sam, que continua com os olhos pregados ao livro, sem se importar com a presença de Anne.

- Cris me contou o que você falou para ela. Muito clichê.

- Ela falou é? - Olho para ela de lado - Sim, um pouco clichê se não fosse verdade.

- Você ama ela não é? Incrível isso, ela te pediu uma segunda chance, e você, mesmo amando ela, negou.

- Ela não pediu uma segunda chance. Ela só me beijou e eu disse que aquilo estava errado. - Anne suspira.

- Sério que você não entendeu o que ela quis dizer com o beijo? - Pergunta Anne, mas nego com a cabeça.

- Às vezes, você é mais burro do que eu, Luccas. Credo! - Diz Anne se levantando para sair da mesa.

Rapidamente, seguro seu braco, e ela vira o rosto para me olhar.

- Não conta para ela isso - Solto seu pulso e suspiro - Não quero que fique estranho.

- Está bem. - Ela sai.

Sam, rapidamente olha para Anne e volta a encarar o livro. As vezes eu queria saber o que se passa na mente das outras pessoas.

O mundo seria mais fácil, mas também difícil. Ler mentes causaria guerra e sangue. Não seria nada legal.

Eu, quanto Sam, também achamos que ter rótulos, é totalmente desnecessário. Por exemplo eu, eu era o rei da escola, por ser o líder do time, namorar a garota mais cobiçada da escola e ter a simples amizade do John. O que era importante para mim. Não é mais.

Algo chama a minha atenção, um cartaz, super colorido, com letras garrafais. Uma festa. Na casa do John. Para o novo líder do time de torcida. Scott.

Engraçado, eu garanti que o time da escola ganhasse por mais de 1 ano. E nunca fizeram uma festa para mim. Odeio o John. Aquele idiota aproveitador.

- O que está olhando? - Pergunta Sam, olhando para a mesma direção que eu.

- Um cartaz besta - Revirei os olhos.

- " Venha participar da inauguração do novo líder do time da escola. Se vista bem e venha beber. Somente convidados" - Sam lê o cartaz. - Não sabia que dava para inaugurar uma pessoa.

- Bem - Olho para ele - Não fomos convidados, então tudo bem - Dou de ombros.

- Tarde demais - Sam se levanta e sai da mesa, indo em direção a biblioteca. Esse cara, se pudesse, moraria em uma biblioteca. Assustador.

Olho para os lados, tentando entender do que Sam estava falando. Como assim tarde demais? Não entendo.

Olho para trás e visualizo Scott, e logo volto olhando para frente.
Sinto uma mão em meu ombro.

- Luccas?

Olho para trás para encarar o rosto da pessoa, quase me surpreendendo.

- Scott. - Digo cruzando os braços.

- Creio que você já saiba?

- Depende. - Digo, curto e grosso.

- Da festa que John está preparando para mim. Queria te convidar. - Diz Scott quase envergonhado. Me segurei para não rir, quase me engasgando.

- Você está me convidando uh? - Suspiro, olhando para o lado e logo voltando a olha-lo - Talvez eu possa ir. - Dou de ombros.

- Você pode convidar quem você quiser. Será hoje. Às oito da noite, na casa do John. Acho que você sabe onde é.

- Sim, eu sei.

Me levanto e saio do refeitório indo em direção a biblioteca. Eu vou nessa festa, mas só para comer mesmo, provavelmente beber. Mas não vou sozinho.

A biblioteca está meio vazia, mais vazia do que o normal. Logo encontro Sam, lendo um livro de romance, nunca pensei que ele gostasse desse tipo de coisa.

Me apróximo de sua mesa, chamando sua atenção. Sam desvia o olhar do livro e sorri. Dessa vez, ele não foi grosso.

- Oi.

- Sam, quer sair hoje a noite? - Perguntei, Sam me olha surpreso, morde o lábio para não rir alto.

- Não leve para o lado pessoal Sam. - Ri baixo - É para a festa de Scott.

- Ah sim - Sam para de rir - As oito né? Acho que posso ir, se minha mãe poder me levar.

- Acho que está tudo bem com isso - Dou de ombros. - Desde que sua mãe tenha um carro legal.

- Ela... Tem sim - Sam hesita.

Sento me ao seu lado, e Sorrio. Nunca pensei que estaria nessa situação com Sam, o convidando para uma festa, que provavelmente, toda a escola vai.

Essa é a primeira festa que eu vou sem ser o assunto ou o alvo de perguntas de todos. Pela primeira vez, vou me divertir de verdade e ninguém vai poder dizer o que eu não devo fazer.

E eu estou feliz por isso.

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