Capítulo 33
- Jonathan, vou te levar pra um lugar legal, para eu ir na delegacia - Expliquei pela terceira vez para Jonathan, que me olhou com cenho franzido.
- Mas para que? - Perguntou ele cruzando os braços.
- Coisas de adulto - Cruzo os braços.
- Mas você só tem 17 - Jonathan cruza os braços, fazendo uma pose estranha.
- Mas sou mais velho que você - Passo a mão por cima do seu cabelo, e ele fez uma careta - É só alguns minutos, prometo não demorar.
- Está bem - Diz Jonathan descruzando os braços e fechando os olhos - Mas se alguém me matar a culpa é sua.
- Ninguém vai te matar, seu bobo - Digo o puxando pelo braço - Você vai para um parque onde tem gente que cuida de você.
Jonathan ainda não parece concordar muito com isso, mas eu não posso envolve-lo nisso e perder ele também. E se caso, o policial Josh me dizer alguma coisa, não quero que Jonathan fique sabendo.
Como não tenho um carro, levei Jonathan até a 'escola' andando mesmo. E ele passou o caminho todo reclamando que eu deveria contar mais as coisas para ele.
Mas não dá para eu perder ele também.
- Fique bem, ok? - Disse para Jonathan, que cruzou os braços e fez uma cara feia - Não se meta em encrenca.
Jonathan revirou os olhos, e foi em direção da entrada da escola, onde foi recebido por uma professora loira, bonita.
Eu sei que Jonathan não iria arrumar encrenca, pelo menos eu espero.
Fui andando até a delegacia. Alguns polícias até se surpreenderam em me ver.
O delegado ao me ver, sorri e vem em minha direção. Até me assustei um pouco.
- Sr. Müller? - Diz o Delegado William - O que te traz aqui?
- Vim ver o policial Josh, Delegado. - Sorrio de volta.
- Ele está naquela sala ali - Ele aponta para uma sala com uma placa na frente. - E como está seu irmão?
- Ele está bem. Obrigado.
Fui rapidamente em direção à sala onde o policial Josh está, pois não queria ouvir perguntas sobre como estou em relação à morte da minha mãe. Algumas policiais me olharas e cochicharam algo, mas apenas ignorei, já que isso vem sido bem comum.
- Luccas Müller? - Disse Josh que levantou da cadeira que estava sentado - Algum problema?
- Você havia me perguntado se eu suspeitava de alguém, eu disse que não, mas eu na verdade suspeito de alguém sim. Eu não queria falar na hora porque não tinha provas o suficiente e porque eu não sabia que tudo isso ia acontecer.
Josh me olhou no fundo dos olhos e respirou fundo, ao perceber o olhar do Delegado sobre nós, ele tentou disfarçar seu nervosismo sorrindo.
- Vamos para outro lugar. - Disse ele que me pegou pela mão e me puxou até um sala um pouco distante da entrada que estávamos.
- Agora, me diga, garoto, quem é seu suspeito? - Josh parecia estar bem mais aflito e sob pressão do que eu, talvez ele tenha medo de confiar num especulação de um adolescente, ou de eu suspeitar errado.
- O diretor Samuel, da escola principal. - Disse me afastando um pouco por causa do calor, a sala além de pequena parece ser o único cômodo da delegacia que não tem ar-condicionado, isso explica vários papeis amontoados em cima de uma mesa e no chão.
- Você tem certeza? - Perguntou Josh que me olhou com o cenho franzido, tentando entender o que eu acabei de dizer, mesmo sendo tão simples. - Quer dizer, seu pai e ele eram amigos, não tem porque suspeita do Samuel.
- Meu pai e diretor Samuel eram amigos? - Pergunto meio surpreso, sentindo um pontado atingir meu coração.
- Sim, e muito. Ás vezes, seu pai ia visitar o Samuel. Eles eram bem próximos e por isso acho bobeira você considera-lo como suspeito.
- Mas aí que está, se ele era amigo do meu pai, quer dizer, que ele sabe como entrar e sair da minha casa sem ser visto, ele poderia muito bem ser culpado. Isso não faz sentido, porque quando eu invadi a casa do Diretor Samuel eu...
- Espera aí. Você invadiu a casa dele? - Josh me interrompe de repente, me fazendo o olhar feio.
- Isso, presta atenção. Quando eu invadi a casa dele - Josh franziu o cenho por eu ter repetido essa frase - eu vi uma carta onde meu pai pedia ajuda, e dizia que estava sendo ameaçado e o Diretor Samuel apenas ignorou.
- Seu pai não me disse que estava sendo ameaçado - Josh cruza os braços - Apenas me disse que iria sair da cidade, mas assim que percebemos que ele não estava de férias, tentamos acha-lo, mas nunca conseguimos encontra-lo. Então, seu irmão apareceu, e deduzimos que Bryan está bem.
Balanço a cabeça, negando. Estava tomando muito cuidado com que eu ia falar para Josh, se ele achasse que eu estou inventando tudo, ele nunca irá me ajudar.
- Não. Josh, você precisa me ajudar - Me aproximo dele e olho no fundo dos seus olhos - Tem alguma coisa errada com o Diretor Samuel, a energia dele é muito negativa, e porque que ele ignoraria uma carta do meu pai, e porque ele não iria me falar que recebeu um sinal de vida dele?
- Garoto, mas estamos de mãos atadas. Não temos provas concretas, o Delegado William nunca me deixaria prender alguém com base em especulações.
- E se eu conseguir que ele confesse isso? - Josh balança a cabeça, afirmando - Então, eu tenho um plano, mas primeiro preciso conversar com meus amigos e Jonathan.
- Não vá fazer nenhuma besteira, garoto.
- Não prometo nada.
Saí rapidamente da delegacia para poupar questionamentos do Delegado, e olhares dos outros policiais. Ia em direção á minha casa, mas lembrei de Jonathan na escola, e em todo o sofrimento que ele deve estar tendo dentro daquilo.
Cheguei na escola, e procurei Jonathan com o olhar, mas claro que ele não estaria perto das outras crianças, ele é antissocial demais. Encontrei uma professora perto do parque, onde muitas crianças brincavam.
- Moça, onde está meu irmão? Eu o trouxe hoje de manhã.
- Jonathan? - Balanço a cabeça - O tio dele o levou.
Sinto minha respiração prender, e meus pulmões desaprenderem como trabalhar, um pingo de suor percorreu minha testa, enquanto a professora voltou a olhar as outras crianças.
- Mas ele não tem tio nessa cidade. - Digo, fazendo a professora voltar a me olhar.
- Como não? Agora á pouco, apareceu um senhor que veio o buscar, ele disse que te conhecia.- Ela faz gestos indicando o local onde Jonathan foi levado. Imaginei a cena, o que fez meu coração doer.
- Ele não tem tio aqui, ele é um Müller, a única família que ele tem sou eu. Você não pode ir entregando crianças para desconhecidos. - Ela me olha assutada, e dá um passo para trás - ERA A SUA RESPONSABILIDADE!
- Mas ele deveria ter me dito, então.- Ela tentou se defender, mas meu grito causou mais olhares de crianças.
- Ele é tímido, e não conhece você - Dou um passo á frente - Se alguma coisa acontecer com meu irmão, eu te processo.
A mulher me olha assustada e dá alguns passos p-ara trás. Eu não queria atrair tantos olhares assim, mas por causa da pressa da professora, parece que todo o esforço que eu fiz para proteger Jonathan havia sido jogado no lixo.
Saí em direção á minha casa, no meio do caminho tentei ligar para Gabriel, mas ele não atendeu.
Entrei em casa, e fui de quarto em quarto procurando Jonathan, estava ficando em desespero, eu não podia perder meu irmão. Não agora, isso não. Fui para a sala para tentar acha rum plano, é claro que eu não podia sair invadindo a casa do Diretor Samuel procurando Jonathan. Ele com certeza iria ligar para a policia, e ele sairia ileso.
Pensei em milhares de coisas, mas nada iria dar certo sem ajuda, ou sem o Josh. Eu deveria pensar em algo melhor, mas minha mente com toda a pressão parece não saber o que fazer. E eu já estava entrando em desespero. Só de pensar que eu deveria ter levado Jonathan comigo e o deixado no lado de fora, faz meu coração doer de culpa e remorso.
Onde eu estava com a cabeça?
E então, o telefone de casa tocou. Eu sabia quem era, mas não sei se estava pronto para ouvir, mas é Jonathan que estamos falando.
- Alô? - Disse ao pegar o telefone
- Olá, Luccas Müller! - Disse o Diretor Samuel.
- Onde está o Jonathan?
- Num lugar seguro, eu prometo - Senti seu tom de sarcasmo, o que me fez ficar com muita raiva.
- Eu juro que se você fizer algo contra meu irmão, eu...
- Calma aí, super-herói. - Ouço sons vindo atrás da voz irritante do Diretor Samuel, um barulho de carro muito alto. - Você vai ter seu irmão, mas primeiro quero uma coisa de você. Quero uma declaração sua dizendo que vai renunciar o cargo da presidência, e que vai passar a empresa para meu nome.
- Eu nunca passaria a empresa para você!
- Não vai esquecer do seu irmãozinho, não é? Eu quero amanhã, sem falta. E venha sozinho.
Ia falar, mas ele desligou.
Eu sei o que fazer, mas não posso perder Jonathan nem a empresa, é a única coisa que eu vou ter da minha família.
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