Capítulo 27
Olhar todos aquelas paredes brancas, me trazem uma lembrança não muito boa. Me lembra da última vez, que eu dormi em um desses bancos, esperando para saber sobre minha mãe. Ela, naquela noite, havia tido uma overdose. E como eu era bem pequeno, não sabia de nada. E os médicos não me diziam nada.
Papai não estava em casa, e eu estava sozinho. Todas aquelas pessoas que passavam por alí, me viam como um garoto de rua que não tinha onde morar. Algumas pessoas até que tentaram conversar comigo, ou me falar quer eu devia procura um lugar melhor para dormir.
Eu apenas falei que estava esperando minha mãe. Me lembro também, que uma mulher me olhou com nojo e disse: " Provavelmente, a mãe dele está morta"
Eu havia estado ali, por apenas uma noite, e ouvir aquilo foi o suficiente para me deixar em desespero. Eu corria pelos corredores. Mas então, um enfermeiro me parou, e disse para eu segui-lo. Eu o segui, mesmo pensando em querer me esconder.
Ele abriu uma porta, e me disse para fazer silencio, pois ele não deveria estar fazendo aquilo.
Ele empurrou a porta, e então eu vi minha mãe. Sedada com vários tubos ligados ao seu corpo, e um bip se repetindo várias vezes.
Eu nunca havia ficado tão aliviado de vê-la, na minha vida. Todas aquelas pessoas, que me viram, após eu sair do hospital com a minha mãe, eles apenas olharam, não pediram desculpa nem nada.
E esse é o motivo por qual eu odeio hospitais.
Mas se estar aqui, e esperar alguém, vai fazer Sam melhorar. Eu fico aqui dias se precisar. Ou até, me mandarem embora.
- Sam tem sorte de ter um amigo como você, Luccas - Diz o pai de Sam, que se aproxima aos poucos. Me levanto rapidamente da cadeira.
- Ele está bem? - Pergunto, colocando minha mãos nos bolsos da minha blusa.
- Bem - Diz o pai de Sam, se aproximando - Ele não te contou, não é?
- Não contou o que?
- Sammy, é o meu único filho. Eu, e minha esposa tentamos várias vezes. Sam foi uma bênção para nós. Mas quando ele tinha oito anos, descobrimos que, infelizmente, Sammy sofre de câncer no pulmão. - Sinto meu coração acelerar de desespero. - Ele nunca teve a capacidade de correr muito igual as outras crianças. Talvez ele não havia lhe contado porque não queria te machucar.
Me sento de novo na cadeira, e coloco minhas mãos nos joelhos. Sentindo meu corpo pesar mais que o normal. De repente, meus braços pareciam que pesavam toneladas. Eu não conseguia ficar em pé.
E de novo, a sensação de querer sair correndo toma conta de mim de novo.
- Mas ele vai ficar bem, não é?
- Querido - Começa o pai de Sam, se sentando ao meu lado - Mesmo com todos os procedimentos e medicações controladas, o câncer vem se aumentando muito. Sam, até agora, foi muito forte. Eu, como pai, odeio dizer isso, mas não é 100% que ele vá sobreviver.
As palmas da minha mão começaram a suar. E minha perna direita não parava de tremer, mas não de medo, de nervosismo. Eu já perdi minha mãe recentemente, não quero perder Sam também.
- Mas ele pode fazer a cirurgia, não é? Tem que ter algum jeito.
- A cirurgia não pode ser feita, por causa do local onde está o câncer. Se remove-lo, Sam apenas conseguiria respirar por aparelho pelo resto da vida, e Sam deixou bem claro que não quer isso.
- Cabe a ele decidir isso? - Pergunto olhando para ele, que está com os olhos vermelhos, possivelmente de tanto chorar, ou de sono.
Um pai como o do Sam, não deve conseguir dormir muito.
- Não posso obriga-lo a nada, Luccas - Diz ele sorrindo, mas tenho certeza de que ele não está feliz. - Pelo menos, ele foi feliz. E eu te agradeço. - Ele segura minha mão e dá um leve aperto - Por fazer Sam se divertir, eu nunca o vi tão feliz.
Senti meus olhos lacrimejaram também. Mas não deixei as lágrimas caírem.
Olhei para o chão e apertei os punhos.
Porque tanta merda acontece comigo?
Meu pai. Minha mãe. E agora Sam?
Eu só devo ter jogado pedra na cruz.
- Quer falar com ele? - Pergunta mãe de Sam, aparecendo no fim do corredor.
Me levantei rapidamente.
- Claro.
Entrei na sala branca, me causando náuseas. Nunca vou me acostumar com isso. Olhei ao redor. Paredes brancas, aparelhos fazendo um barulho chato, e apenas uma cadeira ao lado da cama de Sam.
Que sorri ao me ver. Há alguns fios e cabos conectados ao seu corpo. E um tubo enorme enfiado em seu nariz.
Acho que é isso que o faz respirar melhor.
- Hey, Sam - Me aproximo e me sentei na cadeira - Como vai?
- Como você acha que eu deveria estar? - Pergunta ele sorrindo. - Fico feliz que está aqui.
- Por que você não quer fazer a cirurgia? - Pergunto cruzando as pernas. Querendo parecer sério, mas não dá certo.
- Respirar por aparelhos deve ser horrível.
- E isso é pior do que morrer?
- Tortura é pior do que morrer, Andrei - Diz Sam, deixando de sorrir - E eu não quero sofrer esse tipo de tortura o resto da minha vida.
- Sam - Olho para baixo, deixando algumas lágrimas caírem - Não posso perder alguém de novo.
- Andrei - Sam toca minha mão de leve - Você está chorando? - Olho para ele deixando mais lágrimas caírem - É, meu deus. Você está chorando.
Sam solta uma leve risadinha, me fazendo olha-lo feio. Sam, ao perceber para de rir e faz cara de sério.
- Para, seu idiota - Dou um leve tapa em seu braço, o fazendo rir.
Conversamos sobre algumas coisas, antes de a mãe de Sam pedir para conversar com o filho, e me manda ir para a casa. Já estava bem tarde, e provavelmente, Jonathan deve estar fazendo algum escândalo. Ele dever ter acordado, e percebido que não estou ali, e entrando em desespero.
Quando eu cheguei em casa, ela estava silenciosa, e Jonathan ainda estava dormindo. Não sei como ele consegue.
Queria ter o sono pesado igual à ele, isso não dificultaria as coisas para mim.
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