Capítulo 11
Luccas narrando
- Eu estou pronto, Sam - Grito saindo do banheiro com uma calça jeans preta e apertada e uma camisa social também preta, mas com uma capa que por dentro é vermelha e por fora é marrom bem forte. Quase preto.
- Eu não vou usar essa calça não - Balanço a cabeça, negando.
- Ainda falta o último detalhe - Sam pula em cima de sua cama e tira de lá uma cartola preta - Vai ficar estilo Gótico Lincon.
- Abraham Licon? - Sam assenti - Não, né.
- Por que? - Pergunta Sam, e cruza os braços.
- Porque essa calça me aperta e essa coisa é brega - Aponto para a cartola.
- Não é brega, eu usei isso numa festa, uma vez - Sam diz desapontado.
- Agora sim, que eu não uso - Cruzo os braços.
- Vai ! Não seja tão cruel, a não ser que queira usar isso? - Sam indica uma dentadura de vampiro de plástico.
- Fico com a cartola - Dou um sorriso falso.
Pego a cartola de suas mãos e a coloco sobre minha cabeça, arrumando os fios rebeldes que caem na minha testa, atrapalhando minha visão. Vou até o banheiro e me olho no espelho, a cartola me caiu bem. Nunca pensei que estaria usando uma coisa dessas, ainda para uma festa a fantasia. Pois é, o mundo gira.
- Agora falta isso - Sam diz do lado da porta, com uma máscara preta entre os dedos.
- Sério? - Pergunto, o olhando indignado, e Sam só sabe rir.
- É uma festa a fantasia, e moramos em Nova York, novaiorquinos sempre usam uma máscara. - Sam diz, e pisca para mim, e joga a máscara , e eu a pego em minhas mãos. Tenho um bom reflexo.
Olho para o espelho e me encara por alguns segundos e coloco a máscara, ela cobre somente a parte superior do meu rosto. Nem eu me reconheço.
- OK meninos - Diz a mãe de Sam, desligando o carro - Vamos entrar.
Saímos do carro e olhei para a porta. É uma bela casa, com dois andares e com algumas janelas grandes. Com um jardim com várias flores e as luzes coloridas saindo da casa. Me pergunto se eu realmente deveria estar aqui.
- Então, garotos - Começou o pai de Sam, ajeitando sua gravata de duende verde. - Podem entrar, mas tomem cuidado, garotas podem ser muito cruéis.
- Sammy, qualquer aflição ou dificuldades de respirar, nos avise, esta bem? - Pergunta a mãe de Sam, passando a mão nos seus cabelos repletos de gel.
Não entendi muito bem o que ela quis dizer com " dificuldades".
- Okay, mãe! - Sam revira os olhos.
- Se divirta, querido - Fala a mãe dele, arrumando o seu colarinho da fantasia do Dr. Watson. Acho que eu deveria ter vindo de Sherlock Holmes.
- Pode deixar, mãe - Sam diz e me puxa para dentro da festa. Olhando ao redor, minha fantasia não está tão ruim assim.
Paramos a frente de uma mesa, e nós sentamos, a música agita minha cabeça, me causando uma leve pontada de dor. Não sei como vou conseguir ouvir a voz de alguém com esse volume.
Mas bem, é uma festa, não seria legal sem música alta.
Sam apóia a cabeça sobre a mão e olha aos arredores. Não me sinto muito bem em ir dançar e deixar Sam. Eu não me divertiria. Geralmente, eu me divirto em festas bêbado, mas não me sinto confortável beber numa festa, que os pais de Sam estão. Seria constrangedor.
- Por que sua mãe disse aquilo? - Pergunto olhando para Sam, me aproximando para que ele possa ouvir.
- Não é nada, ela sempre fala isso, não se preocupe - Diz ele sorrindo.
- Esta bem - Dou de ombros, embora eu sinta que ele está mentindo para mim, mas não deve ser nada.
- Olha aquela garota alí, não para de te olhar - Sam indica com a cabeça, uma garota sorrindo para alguém a sua frente, com um vestido preto, uma trança diferente nos cabelos e com uma máscara escondendo quase sua bochecha toda.
- Acho que não, ela deve estar olhando para alguém atrás de mim - Olho para a garota de novo, ela sorri ainda mais para a suposta amiga à sua frente, desvia o olhar para o chão e olha para mim, mas logo olha para sua amiga de novo.
- Ou não - Diz Sam, dando risada. O cutuco com o cotovelo e o mesmo para.
Olho para a garota, ela sorri, somente isso. Com um vestido um pouco rasgado, mas sem deixar de ser bonito. Olhando assim para ela, algo me chamou atenção.
- Vou falar com ela, já volto - Digo me levantando da cadeira e indo em sua direção.
Quando chego perto dela, sua amiga me olha e sorri.
- Amiga, vou indo ! - Ela acena e sai.
- Tênis? - Pergunto, fazendo a garota se assustar e dar alguns passos para trás, ela não tinha percebido minha presença.
- Pensei que ninguém ia notar - Diz ela, quase não ouvi sua voz.
- Eu sou diferente - Me aproximo.
- Sou Cris - Diz sorrindo, saindo do assunto anterior.
Cris...
- Sou Luke - Sorrio de volta, achei melhor não falar meu verdadeiro nome. Ela pode ser a Cristha.
Talvez não. Cristha tem olhos verdes.
- Quer ir se sentar comigo? - Convida Cris.
- Não, estou com um amigo, alí - Aponto para trás e aceno para Sam, o mesmo só revira os olhos e desvia o olhar.
- Ah! O Sammy. - Exclama Cris.
- Você conhece ele? - Pergunto parecendo um pouco desesperado. Pode ser ser sim a Cristha.
- Não - Responde Cris, dando risada ao perceber meu desespero - Os pais dele que me convidaram. Vamos dizer que meu pai o conhece, e também ele é da mesma escola que eu - Dá de ombros.
- Entendi - Olho para o chão, encarando seus tênis preto - Você quer ir sentar lá com a gente? - Olho para ela de novo.
- Seria uma honra, Luke - Diz sorrindo.
A seguro pela mão, e vou a guiando até chegar à mesa onde Sam está sentado, olhando para alguém.
- Hey, Sam. Essa é a Cris. - Digo tirando Sam dos seus profundos pensamentos.
- Ah oi - Eles se cumprimentam - Acho que te conheço.
- Sou filha de um amigo dos seus pais.
- Ah sim - Sam olha para baixo, tentando lembrar de alguma coisa, parece com a expressão indiferente.
-Senta aí, Cris - Digo indicando uma cadeira. Me sento ao lado de Sam, e Cris se senta ao meu lado.
Mas algo importante vem à minha mente. Eu tenho que avisar a Sam.
- Cris, por acaso, você não teria uma caneta por aí? - Pergunto olhando para ela, a mesma me olha surpresa, mas procura em seu bolso e me entrega uma caneta da cor vermelha.
- Valeu - Agradeço. Pego um guardanapo, e escrevo " Me chama de Luke" e discretamente entrego para Sam, o mesmo guarda a mensagem no bolso, antes que Cris perceba. Totalmente inútil.
- O que era? - Pergunta curiosa.
- Meu telefone - Dou um sorriso para ela e passo a mão por cima da perna. Sou péssimo sobre pressão.
- Vou salvar depois, Luke - Diz Sam, enfatizando o nome.
Ficamos olhando as pessoas dançarem e beberem, feito loucas. Me Pergunto onde os país de Sam se encaixam nisso aqui. Aqui é muito errado para pessoas/país tão certos.
- Vamos dar uma volta? - Pergunta Cris, entediada - Ficar aqui olhando, é chato.
- Se importa, Sam? - Pergunto, eu realmente não gosto de deixar meus amigos de vela.
- Não, eu estou bem! - Diz sorrindo, quase acreditei em seu sorriso.
Pego a mão de Cris, e vou a puxando até em meio a multidão, desviando de algumas pessoas. Paramos um à frente do outro e nos olhamos. De repente, começa a tocar uma música lenta e todos que dançavam loucamente, param, e agarram a cintura de sua parceira ou companhia. Eu apenas faço o mesmo. Toco de leve sua cintura, para pedir permissão. E Cris, coloca seus braços em volta de meu pescoço e sorri...
Eu conheço esse sorriso.
- As pessoas são tão doidas - Comenta ela.
- Por que acha isso? - Pergunto, me interessando pela sua resposta.
- Vai dizer que não é verdade? - Diz ela - Um dia você tem tudo que queria e no outro não tem mais nada.
- Experiência ruim?
- Péssima experiência - Confirma Cris - E o pior que foi por ciúmes. Foi horrível - Ela cerra os olhos, parece lembrar.
- Ainda gosta dele? - Pergunto, um pouco receoso pela sua resposta.
- Sim - Ela abre os olhos - E muito.
- Sorte sua - Digo, olhando para o lado, volto meu olhar para ela, Cris parece surpresa- Eu já tive uma namorada tão doida que tatuou o o nome da minha ex no meu corpo.
Cris ri. Não é totalmente mentira.
- Que horror - Diz em meio aos risos.
- Pare de rir, isso é cruel. - Digo apertando sua cintura.
- E onde ela tatuou? - Pergunta após parar de rir.
- Você não vai querer saber - Digo, tentando abafar o assunto. Cris dá mais gargalhadas.
Por que eu sinto como se conhecesse esse riso?
- Por que você parece familiar? - Pergunta Cris após parar de rir.
- Sei lá - Dou de ombros - Nunca te vi na vida. Sou um estranho.
- Adoro coisas estranhas - Diz sorrindo, nossos rostos vão se aproximando e quase fiz uma burrada.
- Pensei que ainsa gostasse do seu ex - Comento na intenção dela se afastar. Em vão.
- Mas eu tenho que esquecer - Se aproxima mais - É só para esquecer - Diz antes de me beijar.
Não estou ligando se eu a conheço ou não. Ela beija bem. Doce e amargo. Tudo ao mesmo tempo. Um mix de lembranças boas e ruins.
Ah droga! Eu conheço esse beijo.
Nós separamos e Cris me arrasta para um lugar mais distante das outras pessoas.
Paramos de andar e eu a encosto na parede, voltando a beija-la. Passo minhas mãos por volta de seu rosto, e Cris segura na capa da minha fantasia.
Aprofundo o beijo.
- Calma ai - Diz Cris, ao parar o beijo, me assusto pensando te-la machucado - Eu tenho que fazer isso.
Ela para a mão por cima da sua máscara e a puxa de leve, revelando suas bochechas.
E por fim, tira a máscara por completo. Meu coração acelera, quase pula para fora do meu peito, quase deixo transparecer que eu a conheço, ela não pode saber quem sou eu por baixo dessa máscara. Agora eu sei porque eu conheço aquele beijo e sei porque de eu sentir que a conheço tão bem. E foi por isso que Sam parecia indiferente.
É a Cristha.
E eu preciso sair daqui.
- Tira a sua também - Diz, tentando tirar a minha máscara.
- Não posso - Seguro seu pulso, antes dela puxar e revelar meu rosto.
- Por que? - Pergunta e recua a mão.
- Sou feio - Coloco minha mão por cima da máscara.
- Um feio que beija bem? - Ela sorri, relaxando.
- Continuo sendo feio - Dou um sorriso meio falso - Eu tenho que ir, Sam deve estar me esperando.
- Mas... - A interrompo com um beijo em sua bochecha.
- Tchau.
Saio correndo, antes que ela posso protestar. Desvio do vínculo de pessoas acumuladas na sala e encontro Sam, no mesmo lugar de antes, ele parece não ter se movido momento algum.
O olho desesperado e o puxo pelo braço, fazendo o mesmo se assustar.
O levo para fora da festa e um pouco mais distante do jardim.
- O que houve? - Pergunta Sam, recuperando o fôlego.
- É a Cristha - Digo rápido - Aquela garota. Agora a gente precisa ir - O puxo pelo braço de novo.
- E meus pais? - Pergunta, olho para a porta e vejo a silhueta de Cristha. Se ela me ver, vai ser horrível.
- Avisaremos para eles depois, qualquer desculpa serve.
O puxo pelo braço e começamos a correr em direção a casa de Sam. Seguro a cartola para ela não voar, já que não é minha. Essa foi uma das melhores piores corridas que eu já fiz.
E quer saber, valeu a pena.
Eu sabia!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top