Capítulo 09
Na primeira semana foram dispensados 70% dos funcionários, ficando apenas eu, a faxineira e os guardas. Leonel raramente ficava em casa, estava em um caso muito importante que roubava o descanso dele, mal comia, mal dormia e consequentemente o mau humor encarnou nele e assim se passou o primeiro mês.
Mas já no início do segundo mês as coisas começaram a mudar, Leonel ganhou o caso, a felicidade era inevitável, estava aliviado.
- Ana, não faças o jantar hoje... Vamos jantar fora...__ disse adentrando na cozinha.
- desculpa?! Vamos???__ perguntei com a testa franzida.
- sim, vamos... Tenho um jantar de comemoração no Glória Hotel, eu preciso que você vá comigo...__ disse calmo.
- mas... Eu???! Se quer tenho roupa para esse tipo de evento...__ respondi enxugando as mãos.
- que não seja por isso... Vamos as compras agora...__ disse sorridente enquanto me puxava pela mão e bruscamente parei.
- desculpa, mas eu não quero que gaste seu dinheiro comigo... Eu não posso simplesmente ficar?!__ Perguntei frustrada.
- não Ana, eu não posso ir para esse jantar sozinho, por favor, não vamos demorar... Por favor... Eu posso ajoelhar se quiseres...
- Não... Não precisa ajoelhar... Eu vou contigo, mas por favor, não me deixes sozinha lá...__ disse contrariada.
- Obrigado...
Eu não sou fã desses jantares, nunca fui, mas só de me imaginar em um lugar chique, cheio de pessoas importantes, com o nariz empinado e com ar de intocáveis já me dá uma dor de cabeça.
- vou me trocar, volto já...__ falei indo em direção ao meu quarto, mas em meio ao caminho cruzei-me com uma jovem...
- criada, onde está o Leonel?!__ perguntou com desdém e eu respirei fundo...
- boa tarde... A senhorita quem é?!__ tentei ser calma, profissional e principalmente respeitosa.
- não te interessa! Quero falar com o Leonel...__disse irritada e eu contei até 5 internamente para não me inervar.
- por aqui ...__ cedi a passagem e cruzamos com Leonel na cozinha...
- Leooo...__ gritou com a voz fina e encalçou um abraço no mesmo.
- Érica, como está?!__ disse todo sorridente e a afastou de si.
- melhor agora... E você?!
- também estou bem... Como chegaste aqui?!
- com o meu motorista... O papy mandou entregar-te isto...__ entregou um envelope.
- ahhh sim, tenho que responder hoje?!__ Érica assentiu...__- Ana, terás que ir sozinha, aqui está o cartão, o PIN mando-te por SMS...__ disse atrapalhado e saiu em direção ao quarto, seguido da sua amiga.
Era só o que me faltava, ir às compras sozinha... Estou a fazer-lhe um favor e ainda me apronta esta...
Fui até a baixa da cidade, procurei por algo simples, um vestido preto, longo, brilhante, decote V e de costas fora e um salto alto preto.
Voltei para casa e fui direto para meu quarto e me arrumei, depois de uma hora eu já estava pronta, mandei uma mensagem para Leonel avisando e ele saiu depois de 10min...
Estava bonito com seu terno preto, nada demais...
- estás muito bonita...__ disse sorrindo.
- obrigada...__ respondi ríspida.
- zangou comigo?!__ limitei em olhar pra ele.__- desculpa, mas eu não podia ir, ela é a filha do juíz Matlombe, o mais carrasco de todos... Preciso tratá-la bem...__ disse calmo.
- ok__ respondi.
- Ana, não faz assim... Desculpa mesmo... É sério... Me desculpas?!
- sim...
- então sorri pra mim?!__ forcei um sorriso sem mostrar os dentes.__- assim está melhor...
O caminho até o hotel foi feito sem conversa... Eu só cantarolava as músicas de Mark Exodus... Mas toda vontade de cantar desapareceu quando entramos no Hotel... Carros e pessoas de luxo... Estava bem nervosa, meu coração quase falhou uma batida...
Eu estou L I X A D A...
Fiz uma oração interna, só Jesus me podia dar forças para enfrentar tamanha falsidade, era palpável...
- Ana ... Está tudo bem?!__ Leonel perguntou preocupado, engoli a seco e assenti.
Trémula desci do carro e rezei para que não transparecesse o nervosismo...
Adentramos no hotel luxuoso, com o chão brilhante que até dava para ver seu reflexo perfeitamente, lustres e cores claras pelo hotel... Caminhavam pelo ambiente homens e mulheres finíssimos, com uma pose inabalável e sorrisos de luxúria...
Aproximamo-nos de um grupo de pessoas que estava realmente alegre, tinham 4 homens e 3 mulheres bem trajados e que pareciam sinceros, assim que notaram a nossa presença abriram ainda mais o sorriso...
- Leoo... Pela primeira vez não te atrasaste... Como estás?!__ o homem que parecia o mais velho do grupo perguntou o abraçando.
- Marcos... tinha que marcar a diferença pelo menos uma vez...__ respondeu sorrindo.
- estás acompanhado de uma bela dama... Muito bonita senhorita??!!__ perguntou enquanto dava beijinhos em cada lado do meu rosto.
- Ana... __ respondi encabulada.
- finalmente...__ disse o jovem careca.
- Lopes... Menos...__ Leonel respondeu dando um abraço.
- puto... Mais uma??__ um jovem de pele clara perguntou olhando para mim e piscou descaradamente.
- não... Não é mais uma... Esta é a Ana...__ Leonel respondeu sério e deu um aperto de mão um tanto quanto forte no jovem...
- Leonel, Leonel... Estás amarrado??!__ um jovem mais alto que nós perguntou sorrindo e deu um abraço no Leonel.
- Carlos... Já começaste...__ Leonel responde sorridente e o abraça...__- quero te apresentar a Ana... Ana, este é o meu melhor amigo Carlos...__ disse sorrindo e apenas assenti e sorri, mas ele aproximou e deu-me um abraço.
- finalmente te conheci Ana ... Já estava pensar em vir pra vossa casa__ disse sorrindo e eu fiquei pasma, olhei para Leonel e ele fingiu demência.
As 3 mulheres simpáticas deram-me abraços, eram Teresa, Luísa e Cláudia.
Por incrível que pareça conversamos abertamente sobre comidas, cozinha, faculdade e soube que elas também detestavam aquele ambiente...
Não era tão mal quanto eu pensava...
Só que não, tinha que ter uma imperfeição... Ninguém mais, ninguém menos que Érica Matlombe...
- Leooo...__ gritou com sua voz ensurdecedora e eu revirei os olhos...__- trouxeste a criada...__ disse com desdém ao me olhar.
- Érica! Ela tem nome... Ana... O nome dela é Ana...__ Leonel disse nervoso e ela sorriu falsamente.
- mas ainda assim não deixa de ser criada...__ disse olhando para suas unhas e os outros me olhavam com pena.
- que eu saiba tu também és empregada Érica...__ Cláudia provocou e ela olhou furiosa.
- eu não sou empregada!__ gritou chamando a atenção de todos...__ eu não lavo louças, não limpo chão e nem me rebaixo com essa zinha aí!__ disse nervosa e eu respirei fundo...
Calma Ana... Calma... Tudo isso é obra do diabo... Não lhe dê esse gosto de te ver nervosa...
Não permitas que meu coração se incline para o mal,
para a prática da perversidade
na companhia de homens que são malfeitores;
Repeti o salmos para mim mesma internamente até sentir paz, controlei a vontade de dar- lhe uma bofetada e dizer umas boas verdades...
- Érica! Chega! Vamos conversar!__ Leonel disse furioso e a puxou pra fora depois de deixar um beijo em minha testa e pedir desculpa.
Suspirei pesado e fui sentar seguida das meninas que deixavam palavras de consolo no ar... .
- obrigada, já estou habituada...__ eram as únicas palavras que consegui dizer...
Esta noite será longa...
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