Louis ficou na área de fumantes do hospital, obviamente fumando enquanto Harry fazia o exame. Estava nervoso porque não tinham o deixado entrar junto de seu ômega e sentia a ansiedade corroer seus órgãos para saber logo o resultado.

Estava prestes a acender mais um quando uma enfermeira apareceu na porta da área aberta, chamando por seu nome e rapidamente a reconheceu como a que pediu para que lhe procurasse ali quando Harry voltasse.

— O Dr. Connor deseja conversar com o senhor e seu ômega, agora. - informou com a voz suave, seu cheiro era de ômega mas não tão doce quanto o de Hazza.

Assentiu e a seguiu até a sala onde tinha visto o cacheado entrar a uns bons minutos atrás, ela continuou seu caminho depois de dizer que podia entrar.

Limpou o suor das mãos nas laterais da própria calça, abrindo a porta e mantendo uma postura tensa que relaxou ao ver seu ômega com um expressões tranquilas.

— Olá, Senhor Tomlinson. - o beta do outro lado da mesa ficou de pé, e por seu tamanho Louis podia jurar que ele era um alfa. O cumprimentou de volta e apertaram as mãos antes de se sentarem.

Segurou a mão de Harry, que estava ao seu lado e lhe deu um sorriso pequeno.

— O resultado chegou rápido e já falei com seu companheiro, então irei somente repetir tudo para você. - ele começou estendo um papel cheio de informações do cacheado e não conseguiu entender nada do que estava escrito ali por conta da típica letra de médico dele, mas logo começou a explicar. - Aproveitamos o exame de sangue dele para fazer outros check-ups usuais além do teste de gravidez, o senhor Styles tem uma saúde perfeita.

— Ele está grávido ou não? - tensionou novamente com a demora, mas o ômega apertou sua mão para o acalmar.

Não queria parecer rude, mas a dúvida já estava o matando.

— Neste caso... - Dr. Connor voltou a falar. - Felizmente não.

Franziu o cenho, confuso pela fala do beta e antes que pudesse perguntar o que quis dizer com "felizmente", ele continuou.

— O primeiro cio de um ômega é muito importante, deve acontecer na época certa e o senhor Styles me contou que o dele foi impedido por seus pais como já deve saber. - fez uma pausa e Louis assentiu se lembrando de ter falado sobre com Hazza. - É depois desse cio que o corpo e o sistema reprodutivo dos ômegas se desenvolve por completo e fica apto para receber um filhote. E como ele o teve apenas agora só haverá possibilidade de ficar grávido em um cio futuro, que provavelmente não vai demorar por conta do atraso.

O alfa respirou fundo, absorvendo as informações. Harry não estava grávido.

— E... - limpou a garganta, apertando com cuidado a mão do ômega e a acariciando com o polegar. - Tem como saber mais ou menos quando o próximo cio vai acontecer? Seria bom estarmos mais preparados para isso, dessa vez. - riu sem graça.

— Em menos de seis meses, que seria o tempo normal de pausa entre um cio e outro. Talvez daqui a três meses. - ele puxou o papel de volta, guardando em um envelope e o voltando para si. - Ah, é um pouco improvável que ele fique fértil mas seria bom se previnir mais que o normal caso façam sexo antes do próximo cio. Haveria risco de um aborto espontâneo que poderia matar não só o feto, como também seu companheiro.

Louis sentiu sua boca se amargar e Harry o olhou um pouco assustado, era desesperador pensar na possibilidade de perder um filho e seu ômega de uma vez.

— Obrigado pelo aviso, vamos ficar atentos. - disse ficando de pé junto do cacheado e o beta. Se despediram e quando saíram da sala ouviu o suspiro baixo do mais novo, ele devia estar um pouco estressado com toda aquela situação também.

Beijou a têmpora dele enquanto continuava caminhando de mãos dadas até o estacionamento, silenciosamente prometendo que depois que voltassem da casa de seus pais lhe faria uma massagem e então o levaria para sair.

∆∆

Não sabia se ficava surpreso ou tenso ao ver que sua mãe também estava sentada ao lado de seu pai no sofá quando chegou, imediatamente endureceu suas feições e puxou Harry para mais perto quando pararam na frente deles.

Johannah olhou o outro ômega de cima a baixo, parou um pouco na barriga e então olhou para os olhos azuis mais claros que os seus próprios de Louis. Não pode evitar de sentir o peito contrair com a saudade, sentia falta de seu Boo.

Tudo culpa desse... Ômega.

— E então? Ele está grávido ou não?! - perguntou, a saudade se transformando em uma raiva que apenas ela não percebia ser equivocada.

— Não. - o alfa mais novo disse em um suspiro.

Ouviu Mark suspirar, um pouco da tensão em seu rosto sumindo e Jay colocou seu próprio entre as mãos dizendo um "Graças a Deus" meio abafado mas ainda sim audível.

— Os pais de Harry fizeram com que o cio dele atrasasse, esse foi o primeiro e o corpo dele não estava... Pronto. Por isso não engravidou.

— Isso é uma chance para vocês não cometerem o mesmo erro novamente, são muito jovens e ao menos são companheiros ainda. - Mark dizia de volta a sua costumeira calma.

— Nem mesmo deviam se tornar, estarem juntos é um erro. - a ômega disse, seu desprezo era visível de longe.

Louis rosnou, deu um passo para frente e estava pronto para rebater e defender seu relacionamento quando a voz baixa e magoada de Harry foi ouvida primeiro.

— Eu nunca te fiz nada... - todos olharam para ele, seus olhos estavam molhados mas parecia segurar as lágrimas. - Nunca fui desrespeitoso ou fiz algo para te prejudicar, então por que me odeia tanto?

Johannah estava surpreendida pela reação dele, que sempre ficava quieto e aceitava qualquer coisa com a cabeça baixa.

— Meus pais nunca me trataram bem, nem mesmo quando era criança porque já sabiam que iam me vender. Nunca passei de um objeto para eles e com o tempo acho que aceitei essa rejeição, mas não quer dizer que doía menos! - ele fungou, mas engoliu o bolo em sua garganta.

Estava cansado de sua própria fraqueza e estupidez.

— Uma parte de mim morreu quando eu fui oficialmente vendido, ver eles planejando uma vida perfeita sem mim me machucou como nada igual e então... Então você me trata dessa maneira cruel como seu eu não sentisse, mas não é verdade! Eu sinto as coisas também!

— Harry... - Louis tentou o acalentar mas foi levemente afastado pelas mãos trêmulas.

— M-me desculpe se eu destruí sua família, eu sei que fiz... Mas eu nunca tive intenção de te fazer mal. Tudo que eu quero é que as pessoas cuidem de mim e não me vejam como... Um lixo, e é isso que Louis faz. - tomou uma respiração, era tão difícil não chorar. - Eu amo ele, não sou um aproveitador e não quero o dinheiro, eu só quero amor!

E então não pode mais segurar o choro, deixando as lágrimas caírem por suas bochechas sem parar. Sua garganta doía, nunca tinha aumentado o tom de voz para ninguém e ao menos tinha gritado com Johannah.

Sua visão embaçado o impedia de ver os olhos marejados da outra ômega, que tinha até se inclinado para trás com tudo o que falou.

Respirou fundo, precisava terminar.

— E-eu estava tão a-assustado quando Louis disse que eu podia estar g-grávido, nunca tive minha mãe do meu lado para me ensinar coisas além de tarefas domésticas... Ao menos sei dizer se um dia realmente tive uma mãe. - limpou o rosto. - Eu sinto tanta inveja do Lou e das meninas, sei que isso é horrível mas eu só queria t-ter uma família... Como a de vocês.

Dessa vez ele não afastou seu alfa quando ele o abraçou, beijando sua testa e dizendo que estava tudo bem, que tinha ele agora. Se agarrou a Louis sentindo ele o envolver como se quisesse protegê-lo de todo mal, e isso era tudo que precisava.

— M-me desculpa, s-senhora Tomlinson. - murmurou contra o peito do mais velho.

Mark estava tão estupefato quanto seu filho e esposa, e olhando para ela pôde ver.

Pôde ver a culpa nos olhos belos porém abalados, a boca levemente aberta e ao menos soltando som algum.

A matriarca da família Tomlinson olhou para o ômega que parecia querer se fazer menor e sumir dentro dos braços de seu filho mais velho.

Harry tinha conseguido a calar sem ao menos aumentar o tom de voz, rosnar ou usar xingamentos e palavras baixas, como poderia ter feito se fosse qualquer outra pessoa.

Mas aquele ômega era diferente, soube no fundo de sua consciência que não seria capaz de nada que pudesse ferir alguém que não fosse ele mesmo.

Aceitando e acatando todo o desrespeito, ódio e rancor de despejou contra ele sem ao menos ter motivos aparentes.

Mas ninguém, realmente ninguém tem sangue de barata.

Abaixou o olhar, percebendo que suas mãos tremiam e as juntou enquanto ficava de pé para fazer algo que nunca tinha feito antes.

Abaixou a cabeça, envergonhada e então juntou todo o ar que pôde em seus pulmões, querendo transmitir em sua fala toda a sinceridade que existia em seu ser.

— Me perdoe.

Tem muita gente triste pq o Hazza ainda não tá grávidinho?
E dona Jay FINALMENTE se tocou!!!!
Acho que esse capítulo tá melhor que o passado, espero que tenham gostado :)