Thirty seven

- O que aconteceu? - Niall perguntou assim que Louis voltou para a sala depois de um tempo, a televisão já estava desligada e as garrafas de cerveja vazias juntas sobre a mesinha de centro.

- Estamos tentando ter um bebê, mas hoje ele fez o teste e... - bufou passando as duas mãos no rosto, sentando ao lado do loiro pesadamente. - Deu negativo. Ele está realmente decepcionado.

O loiro tinha uma expressão de surpresa, respirando fundo e pensando no que dizer.

- E vocês não podem... Sabe, tentar de novo? - perguntou meio sem jeito.

- Sim, mas fora do cio dele fica mais difícil. - apoiou os cotovelos nos joelhos, olhando para a tela escura da TV.

- Sinto muito. - o beta disse pousando uma mão em suas costas. - Espero que consigam.

- Também espero. - respondeu olhando agradecido para o amigo. - Harry já passou por muita coisa, seria ótimo se tudo ocorresse mais simplesmente.

- Vocês vão dar um jeito, agora acho melhor eu ir. - o beta decidiu já ficando de pé. - Você tem que ficar com seu ômega agora, eles ficam realmente emotivos quando o assunto é ter filhotes.

- Sei disso. - concordou e ficou de pé também, acompanhando o amigo até a porta.

- Vai ao chá revelação do Zayn? Ele jurou cortar minha garganta se eu não for. - riu passando uma mão no topete de pontas loiras.

- Recebi uma ameaça parecida, claro que vou. - riram e fizeram um toque de mãos antes de realmente se despedirem.

Louis suspirou e fechou a porta, voltando para sala para recolher as garrafas e as descartou devidamente no lixo de recicláveis que ficava na lavanderia.

Quando voltou para o quarto Harry estava sentado na ponta da cama, os olhinhos verdes insistentemente fixados no maldito teste. Se aproximou, tirando devagar aquilo das mãos dele e beijando o topo de sua cabeça.

- Não fique se torturando, amor. - começou com a voz mansa. - Não gosto de te ver assim.

Continuou com o carinho em sua cabeça quando ele o olhou desanimado, o brilho bonito que seus olhos tinham adquirido nas últimas semanas quase inexistente.

- Por que não se deita? Vou escovar os dentes e já volto. - sugeriu e o ômega assentiu, começando a se ajeitar em seu lado da cama.

O alfa jogou o teste no lixo assim que entrou no banheiro, olhando para aquilo com um pouco de ressentimento. Tudo estava indo bem e continuaria assim se Harry não tivesse tentado. Não estava o culpando, só preferia que não tivesse tentado descobrir.

Escovou os dentes e voltou para o quarto, apagando as luzes e se deitando ao lado do cacheado que de aconchegou em si como um gatinho.

- Eu te amo. - disse deixando alguns beijos em seu rosto, deixando por último os lábios. - Podemos esperar mais um pouco, sim?

O mais novo assentiu.

- Eu também te amo. - respondeu e o outro quase gritou de alívio por finalmente ouvir sua voz, mesmo que baixinha e triste.

O apertou suavemente, murmurando mais coisas bonitas em seu ouvido até que Harry dormisse e só assim conseguiu fazer o mesmo.

∆∆

Louis estava desesperado.

E foi por isso que uma semana e meia depois ele ligou para Eleanor, que ficou tão atônita quanto ele.

Mas Harry estava triste e nos últimos dias não queria nem mesmo comer ou falar muito, e isso exigia que tomasse todas as atitudes possíveis.

Fez de tudo para cuidar dele e o fazer esquecer aquilo mas parecia não ser o suficiente, seu coração doía por saber que não era capaz de ajudar seu ômega.

Talvez a companhia de outro ômega o deixasse melhor, sua primeira opção tinha sido Zayn mas ele não tinha muito tempo disponível por conta do chá revelação, suas irmãs tinham suas próprias vidas e maridos, então em uma última tentativa Johannah lhe deu o número de Eleanor.

Foi estranho ligar e pedir ajuda para alguém que mal tinha contato, mas ela já se ofereceu para ser amiga de Harry antes, certo? Não tinha hora melhor que agora.

E foi assim que os dois ômegas acabaram no banco de trás de seu carro, Eleanor sempre tentando puxar assunto com um Harry quieto e amuado, enquanto os levava até o shopping. Eles ficariam lá por quanto tempo quisessem e iria para a empresa, mesmo que o incomodasse deixar seu ômega no momento.

- Me liguem se algo acontecer, vou ficar de olho no celular. - disse olhando para os dois pelo retrovisor. - Posso buscar vocês quando quiserem ir embora.

- Tudo bem, obrigada. - Eleanor agradeceu e saiu primeiro, o olhar compreensivo em seu rosto demonstrando que ela entendia sua preocupação.

- Se divirta, amor. - disse diretamente para Harry, que sorriu pequeno e se enfiou entre os bancos para beijar sua bochecha. - Te amo.

- Também te amo. - ele murmurou e saiu.

Esperou até eles atravessarem as portas automáticas antes de sair com o carro.

∆∆

- O que acha de comprar um celular? - a morena sugeriu sorrindo para o outro, olhando para os modelos de uma loja. - Assim poderíamos trocar mensagens, como melhores amigos.

- Seria legal, mas não sei como escolher um... Talvez devesse esperar Louis... - sua fala incerta por interrompida.

- Nada disso, não tem que esperar Louis nada. - ela segurou seu pulso, o puxando para mais perto. - Vamos fazer assim, vou comprar um de presente para você.

- Mas...

- Mas nada, vou comprar e vai ser com o meu dinheiro. - ela interrompeu mais uma vez, decidida e começando a escolher. - Fiz alguns trabalhos como modelo e o salário foi ótimo, nem pense em recusar, eu quero fazer isso.

Harry assentiu com as bochechas vermelhas e um atendente se aproximou dos dois. A ômega pediu para o cacheado escolher um modelo e o mesmo timidamente os analisou, apontando ainda hesitante para um dourado e bonito.

- O iPhone XS Max, certo, esse é... - o beta que os atendia começou a dizer, mas Eleanor o parou.

- Não, não, não diga o preço! É um presente, ele não precisa saber quanto foi. - disse sorrindo animada para o outro ômega.

- Certo... Me acompanha até o caixa? - ele sugeriu um pouco confuso, mas ainda sorrindo simpático.

- Claro, me espere aqui Hazz. - pediu já acompanhando o beta.

Harry os olhou por alguns instantes, Eleanor era legal quando se conhecia melhor. Não que já não a achasse uma boa pessoa antes, mas agora também conhecia seu lado espontâneo. E imperativo.

Correu os olhos pelos eletrônicos da loja, tudo estava meio vazio por ser quarta-feira e agradecia, na verdade. Não gostava muito de multidões, se sentia sufocado.

Uma loja do lado de fora chamou sua atenção e olhou rapidamente para a ômega, que estava de costas para si e aproveitou a brecha para sair de onde estava.

Voltaria logo, só queria se aproximar mais da outra vitrine, ainda mais depois de ver os itens do outro lado do vidro.

Pequenos manequins eram iluminados por luzes douradas, as roupinhas, sapatinhos e ursinhos de pelúcia fazendo os olhos verdes brilharem.

Mordeu o lábio inferior, não resistindo a entrar no estabelecimento que cheirava a bebê. Porque era uma loja para bebês.

Passou pelos carrinhos de diferentes tipos, indo diretamente para onde viu os berços mais lindos de todos. Tocou levemente e hesitante em um deles, a madeira branca era coberta por um colchão amarelo e uma mantinha da mesma cor, seus dedos acariciando o material felpudo por segundos antes de encontrarem as almofadas fofas de proteção.

Em seguida foi para perto de um rosa, um dossel enorme pendurado sobre ele e uma boneca mostrando como o bebê ficaria lá dentro. Suspirou tocando a boneca e desejando que todo aquilo fosse seu e que tivesse um bebê para ninar ali.

Não foi desejado por seus pais, pelo pouco que se lembrava de sua infância podia ter certeza que nunca teve um daqueles, ou brinquedos, mordedores, chupetas e mamadeiras fofas.

- Olá, posso ajudá-lo? - arfou com a fala repentina, se virando para olhar a alfa como se estivesse fazendo algo errado.

- Me desculpe. - pediu baixinho, pondo um cacho atrás da orelha.

- Tudo bem, eu que peço desculpas por ter te assustado. - ela se aproximou, seus cabelos curtos e
negros balançando. Não pôde deixar de observá-la, nunca tinha visto uma alfa mulher embora soubesse que fosse tão comum quanto ômegas homens. - Está de quantos meses? Posso te mostrar os enxovais prontos que vendemos, são todos lindos como esse que estava olhando.

Harry ficou ainda mais sem jeito, olhando para os próprios pés com vergonha.

- N-não estou grávido, mas queria... - disse um pouco baixo, a expressão animada da alfa ficando estática. - Queria muito mesmo, acho essas coisinhas tão fofas.

- Me desculpe pelo erro, não quis ofender ou...

- Tudo bem, essa é uma loja para pessoas com bebês. - tentou a tranquilizar.

- Não necessariamente, talvez você pudesse estar procurando presentes para alguém que esteja esperando um bebê. - ela coçou a nuca, ainda meio sem jeito. - Bom, meu nome é Anneliese. Mas pode me chamar só de Anne, quer ajuda para escolher algo?

O ômega abriu a boca em surpresa, um sentimento estranho apertando seu peito e seus olhos ficando um pouco molhados, para o desespero da alfa.

- Oh meu deus, minha tia me mata se eu fizer você chorar, está tudo bem? - ela perguntou obviamente nervosa. - É o meu primeiro dia aqui, sinto muito se tiver feito qualquer coisa que...

- T-tudo bem... - Harry fungou e riu ao mesmo tempo, o desespero da mulher alta fazendo a sensação passar. - É só que... Seu nome é parecido com o da minha mãe... - explicou um pouco mais baixo.

- E-então esqueça tudo o que eu disse até agora, menos a parte de te ajudar se quiser alguma coisa.

- Na verdade, um amigo do meu alfa vai fazer um chá revelação. - começou depois de pensar um pouco, se esforçando para não deixar Anne desconfortável novamente. - A barriga dele já deve estar grande, gostaria de levar um presente para o bebê.

- Certo, eu tenho algumas... - a alfa começou, mas foi interrompida por uma terceira presença de repente.

- Harry! - Eleanor exclamou, suas bochechas vermelhas e claramente eufórica, para não dizer desesperada. - Eu não te vi lá fora, quase tive um ataque!

- Desculpa! É que eu vi essa loja e... Senti vontade de entrar. - explicou apreensivo, segurando as mãos na frente do corpo.

A outra ômega pareceu parar para analisar onde estava pela primeira vez, seu rosto ficando mais suave quando entendeu tudo.

Anneliese olhava a cena nervosa também, estava tendo um primeiro dia e tanto.

- Oh. - Eleanor murmurou, um olhar terno caindo sobre o cacheado. - Você... Quer comprar algo?

- Sim, mas não para mim. - disse um pouco mais confiante por saber que ela não estava brava. - Zayn vai ter um bebê então...

- Claro, certo, eu não vou atrapalhar então, podem continuar. - ela incentivou, a alfa os olhando com uma sobrancelha erguida antes de ter certeza que tudo estava bem agora.

- Bom, temos alguns conjuntinhos...

∆∆

- O que foi? - Harry perguntou ao reparar no olhar cauteloso que Eleanor dirigia a si.

Os dois estavam na praça de alimentação agora, a sacola com seu novo celular repousando ao lado da outra onde estava o macacão vermelho que tinha escolhido. No fundo ainda estava com vergonha por todo o trabalho que provavelmente deu para a gentil e paciente Anneliese.

- Você comeu apenas uma porção pequena de batatas e agora está remexendo o milkshake. - Ela disse o óbvio, deixando seu próprio sorvete de lado. - Louis comentou sobre você estar triste e que não quer comer ultimamente.

O ômega suspirou desviando os olhos para o logo do fastfood estampado no copo, as bochechas esquentando um pouco.

- Eu estou bem.

- Não, não está. - ela insistiu, sua mão avançando sobre a mesa para ficar sobre a do outro. - Hazz, o Louis se importa muito com você e teme que se afunde nessa tristeza, mas você não está dando espaço para que ele se aproxime e tente te ajudar.

- Não a nada para me ajudar, está tudo bem. Eu entendo que não foi dessa vez, não quero que ele fique preocupado comigo.

- Impossível, ele te ama demais para simplesmente ignorar. - revirou os olhos de brincadeira, segurando mais forte a mão do ômega. - Não há nada de errado em ficar triste, era algo que você queria muito. Mas vocês podem continuar tentando, são saudáveis e estão juntos. Céus, ele te marcou! Quem me dera poder viver assim com o homem que amo.

Harry a olhou com os olhos marejados, devolvendo o aperto em sua mão.

- Sinto muito. - disse envergonhado com suas próprias atitudes, estava reclamando de estômago cheio.

- Não quero que se sinta culpado, apenas preciso abrir esses belos olhinhos de esmeralda. - ela sorriu. - Não está errado em ficar decepcionado, mas precisa superar para que vocês dois sigam em frente.

- Obrigado Els, fui injusto com o Lou por agir assim.

- Já disse que não fez nada de errado, agora quero que você melhore, não vou poder ser madrinha se você não cuidar do corpinho que vai gerar meus afilhados. - brincou ficando aliviada quando viu o menor sorrir e rir verdadeiramente pela primeira vez, com direito até mesmo a duas covinhas lindas.

- Certo.

Ok eu sei que sou uma bruxa por ter demorado sorry
Juro que não faço de propósito, é que as vezes escrever é difícil :(
Não me abandonem
E STREAM EM LIGHTS UP
música maravilhosa demais

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