• O Presságio do Sineiro, de Leonardo Andrade
• Título: O Presságio do Sineiro
• Autor: Leonardo Andrade (LeonardoMCA)
• Gênero: Fantasia
Pronto para dar aos leitores de fantasia do Wattpad instantes de muita diversão, Leonardo Andrade nos apresenta O Presságio do Sineiro, uma alta fantasia infantojuvenil repleta de magia. Conhecemos aqui os irmãos Petris e Fíbia, duas crianças travessas que estão sempre em busca de novas aventuras. Em uma viagem com seu irmão mais velho, Tenaz Bogéis, os dois se vêem no pequeno vilarejo de Amendoína, onde uma estranha maldição assombra seus moradores. O canto dos pássaros sineiros é o presságio de algo muito ruim: a Maldição do Pé Preto. E quando a maldição cai sobre o irmão, os dois jovens decidem descobrir a identidade do ser perverso por trás de tamanha feitiçaria.
Assim como em O Inventor do Tempo — obra já resenhada pelo Ponto Crítico —, Andrade, aqui, faz questão de deixar claro as diversas referências à cultura pop. No entanto, acima de qualquer elemento que lembre obras como Harry Potter, Avatar: A Lenda de Aang, ou mesmo O Príncipe Dragão, a construção de O Presságio do Sineiro não decepciona ao trazer uma personalidade própria para a alta fantasia. O autor usa de suas referências com habilidade, de modo que mesmo escolhas narrativas já consolidadas, e que podem muitas vezes soar como piegas, aqui surpreendentemente ganham um ar de coisa nova.
Com um texto bem lapidado, com muito poucos erros de digitação, a obra entrega um tom lúdico e divertido. Além de todas as referências estrangeiras que são citadas pelo próprio autor durante a apresentação do livro, O Presságio do Sineiro traz também as boas qualidades de infantojuvenis nacionais, como por exemplo O Sítio do Picapau Amarelo. Elementos presentes nas personalidades dos personagens principais, na forma como se dá o desenvolvimento do enredo e nas figuras folclóricas que cruzam o nosso caminho durante a leitura não deixam de nos remeter aos clássicos nacionais do gênero, trazendo aquele sentimento nostálgico de infância do início ao fim. O leitor se pega com um sorriso bobo com as ingenuidades e com os mistérios comuns da juventude, com os diálogos naturais e com o narrador, que, como costuma ser comum nas obras do Leonardo, carrega um brilho à parte.
Com o decorrer da história, no entanto, alguns deslizes não deixam de saltar aos olhos. Longe de ser algo drástico — já que podemos afirmar que nenhum personagem aparece apenas por aparecer —, chama a atenção a quantidade de sub-arcos apresentados, que nos levam para um problema — esse sim — relevante: a extensão do texto. Espera-se, tanto pelo gênero, quanto pelo público-alvo, que a história seja um pouco menor. O Presságio do Sineiro mostra o transbordamento de uma mente criativa, que apesar de saber usar bem tudo que tem em mãos, peca em alguns instantes pelo excesso de informações. Acredito sim que o desenvolvimento poderia ter seguido um percurso mais linear e até mais simples. Isso, em resumo, deixa a sensação de que o ponto A e o ponto Z fazem parte de desenvolvimentos distintos; um problema bastante presente em primeiros rascunhos, mas que pode ser facilmente revertido por uma revisão.
Se a leitura por um lado é extensa, por outro não se torna cansativa, e isso é um mérito, sem sombra de dúvidas, das boas escolhas narrativas. É inevitável não se envolver com as birras da Fíbia, com o ar fraternal carregado por Petris e com como acontece o desabrochar dos dois irmãos. A obra tem o que dizer ao leitor e faz o trabalho com bastante capricho, com mistérios instigantes, plot twists e bons dramas. Não raramente, nos vemos emocionados com as pequenas mensagens que são deixadas no desenrolar da trama, que, como migalhas de pão, nos levam para o clímax da história sem ao menos percebermos a rolagem dos capítulos.
Os capítulos finais, por sua vez, conseguem surpreender positivamente. Com a sensação de que a história era demasiadamente extensa para o que se propunha, é de se esperar que o desfecho acabaria por deixar algumas pontas soltas, ou que inevitavelmente nos depararíamos com elementos sendo desperdiçados. Não é, para nosso alívio, o que vemos aqui. Leonardo Andrade parece saber bem das suas obrigações e consegue abarcar nos momentos finais de sua trama todos os arcos abertos — o que considero ser um feito admirável. E com um final forte, mas que consegue manter a doçura da narrativa, a história se encerra de forma a satisfazer o leitor que foi até o fim.
O Presságio do Sineiro pode ser resumido como uma ótima leitura a ser feita na plataforma, que não só entrega um texto de qualidade, mas também bons elementos estilísticos, como capa, distribuição do texto, figuras, epígrafes… A obra como um todo é feita com um cuidado visual que evidencia um respeito muito grande para com os seus leitores. É um livro que emociona e que inspira, tanto leitores como outros escritores, e que guarda qualidades que apagam, quase que totalmente, os pontos que possam desagradar.
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Nota: 9,4
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